OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:

Os textos a seguir são dirigidos principalmente ao público em geral e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes de cada assunto abordado. Eles não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores às informações aqui encontradas.

Mens sana in corpore sano ("uma mente sã num corpo são") é uma famosa citação latina, derivada da Sátira X do poeta romano Juvenal.


No contexto, a frase é parte da resposta do autor à questão sobre o que as pessoas deveriam desejar na vida (tradução livre):

Deve-se pedir em oração que a mente seja sã num corpo são.
Peça uma alma corajosa que careça do temor da morte,
que ponha a longevidade em último lugar entre as bênçãos da natureza,
que suporte qualquer tipo de labores,
desconheça a ira, nada cobice e creia mais
nos labores selvagens de Hércules do que
nas satisfações, nos banquetes e camas de plumas de um rei oriental.
Revelarei aquilo que podes dar a ti próprio;
Certamente, o único caminho de uma vida tranquila passa pela virtude.
orandum est ut sit mens sana in corpore sano.
fortem posce animum mortis terrore carentem,
qui spatium uitae extremum inter munera ponat
naturae, qui ferre queat quoscumque labores,
nesciat irasci, cupiat nihil et potiores
Herculis aerumnas credat saeuosque labores
et uenere et cenis et pluma Sardanapalli.
monstro quod ipse tibi possis dare; semita certe
tranquillae per uirtutem patet unica uitae.
(10.356-64)

A conotação satírica da frase, no sentido de que seria bom ter também uma mente sã num corpo são, é uma interpretação mais recente daquilo que Juvenal pretendeu exprimir. A intenção original do autor foi lembrar àqueles dentre os cidadãos romanos que faziam orações tolas que tudo que se deveria pedir numa oração era saúde física e espiritual. Com o tempo, a frase passou a ter uma gama de sentidos. Pode ser entendida como uma afirmação de que somente um corpo são pode produzir ou sustentar uma mente sã. Seu uso mais generalizado expressa o conceito de um equilíbrio saudável no modo de vida de uma pessoa.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Mens_sana_in_corpore_sano


sábado, 12 de novembro de 2011

Comer e emagrecer

Comer e emagrecer

Depois de anos de ostracismo, os regimes
de baixos carboidratos atraem milhões de
seguidores apesar de ainda enfrentarem
a desconfiança da medicina tradicional
Gabriela Carelli e Angela Pimenta, de Nova York


Entrevista com o médico Robert Atkins
Nada é mais frustrante para quem já tentou em vão emagrecer de todas as formas do que ouvir do médico a velha recomendação de comer menos e exercitar-se com freqüência. Com as mais mirabolantes variações de dietas, a contabilidade feita pelos médicos sempre foi uma só. Ela pode ser resumida pela fórmula que segue. Quem gasta menos calorias do que come engorda. Quem chega ao fim do dia tendo queimado mais calorias do que as ingeridas emagrece. Até aí estamos no reino das leis da física. Nada de novo, portanto. A novidade vem de outra área. Vem do sucesso das dietas que prometem mexer nos parafusos da bioquímica humana para fazer a máquina corporal queimar gorduras com muito mais eficiência. Um levantamento feito no mês passado por autoridades de saúde dos Estados Unidos encontrou 1.214 títulos nas prateleiras das livrarias ensinando alguma fórmula para emagrecer. Desses, os vinte mais vendidos eram justamente sobre dietas que se dizem capazes de turbinar o metabolismo e liquidar gorduras. A maioria, lançada há menos de dois anos, ensina maneiras de evitar ou reduzir ao máximo a ingestão de um único tipo de ingrediente, os chamados carboidratos.
Carboidratos? Sim. A ciência do emagrecimento voltou seus canhões para esses pequenos blocos de energia presentes no açúcar, nos pães, nos biscoitos, nas massas e, infelizmente, também em diversos vegetais, como a cenoura e os brócolis, e em muitas frutas. Sua presença excessiva no organismo desencadeia processos químicos que, em última análise, mandam o corpo humano estocar gordura. Em resumo, carboidrato demais engorda. Embora as idéias básicas sobre os efeitos dos carboidratos já tenham sido rascunhadas há muitos anos, só agora essa linha nada convencional de ataque à obesidade ganhou credibilidade em parte da comunidade médica. A nova onda pode ser medida pelo sucesso dos livros anunciando variações em torno da disciplina na ingestão de carboidratos. Pode ser avaliada também pela multidão de adeptos que está conquistando. São milhões em todo o mundo. VEJA ouviu mais de uma centena de personalidades nacionais incomodadas com os números que aparecem no visor da balança. Quase a metade delas aderiu a algum tipo de "dieta metabólica", como são chamados os regimes que, com a diminuição dos carboidratos, tentam intervir na maneira de o corpo funcionar.
 
DIETA DA RESTAURAÇÃO
O que se pode comer: proteínas e gorduras. Carboidratos, só até as 6 da tarde.
O que não se pode comer: carboidratos de alto índice glicêmico (pães, massas e doces) à noite.
Prós: a perda de peso é rápida e não há grandes restrições calóricas. Aumenta a disposição.
Contras: sem exercícios físicos, pode até engordar.

André Wanderlei
Quem já tentou:
Cristiana Oliveira, atriz: veterana de 22 anos de dietas. Come pouco e passou a evitar o carboidrato noturno. Faz duas horas de ginástica por dia. >>
Emerson Fittipaldi, empresário: evita carboidratos à noite. No café da manhã toma leite de arroz. Malha diariamente.
Fause Haten, estilista: trocou o manequim 44 pelo 40. Evita refrigerantes, carnes vermelhas e não come carboidratos à noite.
Lucélia Santos, atriz: perdeu 2 quilos. Ganhou massa muscular. Nada de carboidratos à noite. Toma suplementos naturais.
Não há melhor vitrine dessa nova onda que os corpos delgados das celebridades internacionais e brasileiras que se dizem adeptas dos regimes que evitam os carboidratos em todas as suas formas, especialmente as mais agressivas – as farinhas e o açúcar refinados. Jennifer Aniston, a loira de pele dourada e barriga de tábua, estrela do seriado Friends, exibido por canais de TV brasileiros, é uma delas. O milionário Donald Trump e a atriz cômica Whoopi Goldberg propagandearam sua adesão à dieta do baixo carboidrato. Mas o troféu mais vistoso dos adeptos do regime da moda é a magistral atriz galesa Catherine Zeta Jones, que voltou à forma original em poucas semanas depois de dar à luz o filho do ator Michael Douglas. No Brasil, a estrela Vera Fischer é a bandeira mais exuberante das qualidades cosméticas da dieta que permite comer carnes, ovos e bacon desde que se exilem da mesa os carboidratos.
Os especialistas que seguem essa linha divergem, no entanto, quanto ao grau de aversão que o candidato a perder peso deve ter dos carboidratos. A mais branda das receitas é chamada "dieta da restauração", modismo de academia, que só proíbe a ingestão de carboidratos depois das 6 da tarde. A idéia é que eles são mais nocivos durante o sono, quando afetariam a liberação do hormônio do crescimento, substância comprovadamente capaz de, nas pessoas adultas, induzir a formação de músculos e eliminar gorduras. Em seguida vem o regime conhecido no Brasil como "ponto Z", adaptação da famosa dieta americana The Zone. Em termos de carboidratos ele é muito menos amigável com os grãos, as massas e os doces que a tradicional "pirâmide dos alimentos", que os nutricionistas aprendem nas escolas há décadas e que prescreve a alimentação saudável com uma média de 60% de carboidratos, 20% de gordura e apenas 20% de proteínas. A dieta do ponto Z admite a ingestão de até 40% de carboidratos. Um pouco mais radicais são as dietas hiperprotéicas, que toleram 60 gramas de carboidratos por dia – o equivalente a duas fatias de pão dietético ou três colheres de granola. É nada para quem está acostumado ao arroz-feijão-batata-macarrão. Finalmente, no extremo mais radical da luta contra o carboidrato está o médico que popularizou essa linha de regime, o americano Robert Atkins. Pelo regime preconizado por Atkins, só se podem comer 20 gramas diárias de carboidratos nos primeiros dias da dieta, passando depois a 40 gramas ou um pouco mais. Coma uma maçã e você já estará ultrapassando o limite.
 
PROTÉICAS
O que se pode comer: carnes, queijos magros, saladas e frutas
O que não se pode comer: pães, massas, doces e gorduras
Prós: a perda de peso é rápida.
Contras: o corte de carboidratos pode levar à perda de líquidos e massa muscular.


Fotos Oscar Cabral

Quem já tentou:

Mônica Carvalho, atriz: há quatro meses come só carnes brancas grelhadas, saladas e frutas. Perdeu 3 quilos. >>
Leandra Leal, atriz: quer baixar seu porcentual de gordura corporal de 24% para 15%. Suas refeições têm de ter carnes, verduras e frutas.
Carlos Velloso, presidente do STF: aveia e bolacha cream cracker no café da manhã são as únicas porções de carboidratos que ingere. Desde dezembro perdeu 1 quilo e meio. Quer livrar-se de outros 4.
Antonio Carlos Magalhães, senador: perdeu 2 quilos em três semanas eliminando totalmente o açúcar. Come proteínas, legumes e frutas. Toma Xenical e caminha uma hora todos os dias.
Dono de uma fome insaciável por leitores, ouvintes e consumidores de seus produtos dietéticos, além de um igual apetite para polemizar com quem se opõe a suas idéias, o cardiologista americano Robert Atkins chega aos 70 anos como o papa da dieta. "Sou o primeiro e até hoje o único profissional de saúde de toda a América a combater a obesidade com um método tão consistente quanto seguro", disse ele a Ângela Pimenta, de VEJA, que o entrevistou em sua clínica, que ocupa um prédio em Nova York. Na guerra santa – e milionária – que há mais de trinta anos trava contra a obesidade, Atkins ostenta cifras gordas. Em todo o planeta, seus livros já venderam cerca de 15 milhões de exemplares pregando um regime que libera a ingestão irrestrita de gorduras e proteínas, mas combate furiosamente os carboidratos. A marca Atkins também vende milhões de dólares em vitaminas, shakes e barras de cereais. Assíduo convidado dos mais populares programas de TV dos Estados Unidos, o doutor dieta tem um faro apurado para o marketing. Além de estrelar um programa de rádio semanal e de publicar uma revista que leva seu nome, três vezes por ano ele despacha cerca de 500 gordinhos para um cruzeiro no Caribe. Lá eles se bronzeiam, detonam toneladas de bacon com ovos e aprendem os truques do regime que há 29 anos divide radicalmente os médicos.
Lançada em 1972, a dieta Atkins ainda hoje é o mais popular e mais controvertido método de perda de peso nos Estados Unidos. Não sem oposição. Ele despertou ondas de protesto quando pela primeira vez sintetizou um método fácil – e muito agradável – de ser seguido para perder peso. Com a dieta Atkins, come-se muito. Não existe fome. O médico foi tão atacado que sua dieta se tornou quase uma seita, ou melhor, um cisma, que esteve no limbo por quase três décadas. Ressurgiu como sucesso de público há alguns anos, em parte porque os estudos recentes sobre o metabolismo humano mostraram que, com os parcos conhecimentos existentes sobre o metabolismo nos anos 70, Atkins já sabia ler os sinais que observava em seus clientes. O médico coleciona milhares de relatos atestando que, após os catorze dias daquilo que ele batizou de "fase de indução", seus seguidores perdem até 10 quilos. Atkins sustenta também que a maioria de seus adeptos não volta a recuperar o peso perdido. Ao todo, mais de 25 000 pacientes já passaram por sua clínica em Nova York. Privado de carboidratos, o corpo humano, segundo Atkins, viraria uma usina, passando a queimar freneticamente a gordura acumulada. O resultado é uma verdadeira revolução metabólica dentro do organismo. O tecido adiposo é "derretido" e vai parar na corrente sanguínea na forma de cetonas, pequenos fragmentos à base de carbono. Atkins afirma que a maioria de seus pacientes descreve sensações prazerosas nessa fase do regime, que ele chama de "cetose benigna".
 
HIPERPROTÉICAS
O que se pode comer: Na versão radical de Atkins, carnes, ovos, queijos, bacon e alguns poucos vegetais. São permitidos de 20 a 40 gramas de carboidratos por dia.
O que não se pode comer: arroz, pães, doces e raízes. Prós: a perda de peso é rápida e a dieta é fácil de ser seguida.
Contras: pode haver aumento no colesterol e sobrecarga na função hepática. Há perda de massa muscular.


Quem já tentou:
Luiza Tomé, atriz: teve náuseas e vontade louca de comer carboidrato. Sucumbiu a uma macarronada. Venceu a crise. Continuou só nas verdurinhas e grelhados e perdeu os 4 quilos que precisava em um mês. Está com 53 quilos. >>
Vera Fischer, atriz: por três meses, seguiu à risca uma dieta que permitia até 40 gramas de carboidrato, o que equivale a duas saladas por dia. Perdeu 15 quilos. Hoje seu médico libera duas torradas de glúten e duas frutas.
Ney Suassuna, senador: perdeu 15 quilos em três meses. Segue o método Atkins e toma Xenical. Faz 500 abdominais diárias. Quer perder mais 5 quilos.
O governo americano e as principais entidades médicas do país ainda condenam veementemente a dieta Atkins, afirmando que ela representa sérios riscos à saúde. "Não é possível endossar um regime como esse, que proíbe a ingestão de alimentos saudáveis, como frutas e vegetais, e prega o consumo de gorduras saturadas, que podem causar câncer e doenças do coração", diz a nutricionista Sheah Rarback, porta-voz da Associação Dietética Americana (ADA). Para a Associação Médica Americana (AMA), a privação de carboidratos é altamente prejudicial ao organismo, já que junto com as cetonas o corpo acaba eliminando também sais minerais, como sódio e potássio, expondo o indivíduo ao risco de desidratação e arritmia cardíaca. Uma comissão de médicos filiados à AMA, assustados com o sucesso de Atkins, chegou a propor que os livros dele viessem com um selo do governo americano, como aquele alerta que vem nos maços de cigarro. Outro estudo oficial afirma que o corpo humano necessita de pelo menos 150 gramas de carboidratos por dia. De acordo com ele, o consumo abaixo dessa quantidade é uma violência contra o metabolismo. "O cérebro necessita de energia rápida, na forma de glicose, para poder funcionar com eficiência, e acontece que leva muito tempo para que um organismo consiga produzir energia a partir de proteína e de gordura e transportá-la até o cérebro", diz Sheah Rarback.
"Isso tudo é uma grande besteira", rebate Atkins. "Você acha que se isso fosse verdade eu estaria vivo depois de 38 anos seguindo minha própria dieta?" De fato, o doutor Atkins parece estar em forma. Com 1,83 metro de altura e 89 quilos, ele é ativo e lúcido. Garante também que sua pressão arterial, níveis de açúcar e gordura do sangue estão estáveis. Best-seller no mundo inteiro, Atkins amealhou boa parte de sua fortuna, estimada em cerca de 200 milhões de dólares, em direitos autorais. Nos Estados Unidos, seus livros não costumam ter tiragens inferiores a 700.000 exemplares, rendendo adiantamentos que chegam à casa de pelo menos 1 milhão de dólares ao autor. Lançado há três anos, A Nova Dieta Revolucionária do Dr. Atkins vendeu cerca de 6 milhões de exemplares. No Brasil, já foram vendidos perto de 6.000 livros em dois meses.
 
BODY FOR LIFE

João Raposo

O que se pode comer:
seis refeições diárias, com porções de proteína e carboidrato. O que não se pode comer: gorduras.

Prós: o programa une exercícios com dieta e promove reeducação. Tem um dia de folga semanal.
Contra: é rígido e estimula desistências.
Quem já tentou:
Flávio e Gustavo Mendonça, gêmeos do SuperPositivo: perderam 20 e 22 quilos. De manhã comem claras de ovo, ricota e batata cozida. No almoço e no jantar, proteínas, verduras, carboidratos e shakes protéicos. Treinam pesado seis vezes por semana. >>
A legião de 10.000 pacientes que a cada ano se tratam no Atkins Center discorda frontalmente dos críticos. É fácil entender a pressa e a ansiedade que os americanos, mais que qualquer povo do planeta, têm para emagrecer. Pesquisas oficiais mostram que hoje a gordura virou uma epidemia no país: 60% dos americanos adultos estão acima do peso. Só os obesos são 25% desse contingente. Estudos complementares afirmam que os gordos têm menos chances que os magros de entrar na faculdade, conseguir empregos e até mesmo de se casarem. Só no ano passado essa multidão aflita gastou cerca de 50 bilhões de dólares com regimes e alimentos dietéticos. Erguido em Manhattan, a cinco quarteirões da loja de departamentos Bloomingdale's, o quartel-general do doutor Atkins promete alívio rápido para os gordos. Aliás, a própria sede do Atkins Center é a tradução perfeita do método de emagrecimento de seu fundador. Nada ali lembra uma clínica de medicina convencional, dessas em que os tons de cinza e bege dominam o mobiliário, jalecos ou gravatas. Já da fachada, o letreiro azulão do Atkins Center anuncia o estilo do dono.
"Sempre acreditei que a saúde é inimiga da depressão", diz Atkins, refestelado em sua poltrona violeta, num consultório povoado de obras de arte modernosas. Comandando diariamente um batalhão de oitenta empregados, entre médicos, enfermeiros e nutricionistas, ele cobra entre 1.400 e 2.500 dólares por pacotes de tratamentos que incluem consultas, exames e sessões de fisioterapia. Os preços variam de acordo com o número de consultas e exames prescritos. A maioria da clientela do Atkins Center é composta por americanos de classe média cujos seguros de saúde cobrem o custo do atendimento. "Eu me cansei de tratar esse pessoal de Hollywood", diz Atkins. "Eles aparecem a primeira vez e depois começam a fugir dos regimes e faltar às consultas."
 
EQUILIBRADAS
O que se pode comer: um pouco de tudo, desde que não ultrapasse a quantidade diária permitida de calorias. As mais conhecidas são a dieta dos pontos e a dos Vigilantes do Peso.
O que não se pode comer: a príncipio nada é proibido.
Prós: a dieta leva à reeducação alimentar. O paciente dificilmente sente fome.
Contras: na dieta dos pontos, os pacientes acabam preferindo alimentos pouco saudáveis. Nos Vigilantes do Peso, pode ficar muito dependente das reuniões semanais.
Quem já tentou:

Marlos Bakker

Ivete Sangalo,
cantora: ela perdeu 5 quilos em três meses malhando com personal trainer e comendo de tudo um pouco. Ficam de fora de seu cardápio só chocolates, frituras e doces. >>
Lucília Diniz, empresária: perdeu 30 dos 100 quilos em um ano seguindo um método próprio. Hoje tem sua própria linha de produtos light.
Angélica, apresentadora: dois anos num programa de reeducação alimentar. Perdeu 8 quilos comendo bem no café da manhã e pouquísismo à noite. Frituras e doces, nem pensar. Malha quatro vezes por semana.
Carla Perez, dançarina: a ex-loira do Tchan vivia de sanduíches. Foi ao médico, detectou o colesterol elevado. Consome quantidades pequenas de pães, sucos, água-de-coco, feijão, arroz e carne. Perdeu 4 quilos.
Costanza Pascolato, consultora de moda: segue a dieta dos Vigilantes do Peso. Freqüentou reuniões de grupo, aprendeu a comer moderadamente e perdeu 8 quilos. Está em manutenção.
Luciano do Valle, comentarista esportivo: perdeu 10 quilos em dez meses com reeducação alimentar. Aboliu o açúcar e anda na praia todos os dias.
Danielle Winits, atriz: desde que começou sua reeducação alimentar perdeu 10 quilos. Aprendeu a escolher melhor o que come e evita consumir muito leite. Faz exercícios diários.
Alexandre Herchcovitch, estilista: perdeu 12 quilos em seis meses com a dieta dos pontos. Voltou a engordar e começou o regime outra vez. Já perdeu 8 novos quilos.
Antonio Calloni, ator: baixou de 104 quilos para 92 quilos em cinco meses. Segue a dieta dos pontos e caminha na orla carioca. Toma vinho todas as noites.
Suzy Rêgo, atriz: há dez anos abandonou as dietas radicais e aderiu à reeducação alimentar. Faz exercícios diariamente e abre exceções para compromissos sociais. Perdeu 10 quilos.
No Brasil, o sucesso evidente do regime de Vera Fischer aumentou o número de clientes do badalado consultório do nutrólogo Alberto Serfaty na Zona Sul do Rio de Janeiro. Serfaty é um dos maiores entusiastas brasileiros da dieta de baixo carboidrato. Seguindo suas recomendações, a ex-modelo Monique Evans recorreu a esse tipo de regime e perdeu 15 quilos. A atriz Luiza Tomé livrou-se de 4 quilos. "É errada a crítica de que a comida rica em proteínas e gorduras vai aumentar a concentração de lipídios no sangue. Com o emagrecimento, cai naturalmente o índice de colesterol e de outras gorduras circulantes", diz Serfaty. Um dos mais atualizados médicos brasileiros, o endocrinologista paulista Geraldo Medeiros acha razoável a argumentação científica que embasa as dietas metabólicas. "A ingestão de proteínas é correta. Mas os médicos americanos que seguem essa linha são excessivamente permissivos com as gorduras", diz Medeiros.
O americano Morrison Bethea, autor de uma dieta metabólica quase tão radical quanto a de Atkins, lembra que apenas a restrição calórica e exercícios, em geral, são insuficientes para acertar o alvo em que os pacientes miram. As pesquisas mostram que nove em cada dez pessoas que fazem dieta querem perder pelo menos 30% da massa corporal. Do ponto de vista puramente médico, perder 5% e manter-se assim por um ano já é o bastante. "As pessoas querem emagrecimento rápido e duradouro, essa é a verdade", diz ele. Bethea é autor do livro Sugar Busters (Exterminadores do Açúcar), que condena os carboidratos, dos quais o açúcar refinado é o representante mais agressivo. Ele diz que, no caso de alguns pacientes com predisposição genética para obesidade, cerca de 20% de todos os gordos, a dieta de alta proteína e baixo carboidrato é a única saída para emagrecer.
Outra ala dos inimigos dos carboidratos sustenta que privar-se deles traz até benefício adicional à saúde: a regularização hormonal. "Com uma alimentação adequada é possível obter a liberação máxima de hormônio do crescimento", diz o geriatra Eduardo Gomes de Azevedo. Ele aconselha seus pacientes a cortar totalmente a ingestão de carboidratos depois das 6 da tarde, de modo a não interferir na síntese desse hormônio que ajuda o corpo a criar músculos em vez de gorduras. "Desde que iniciei a dieta de indução do hormônio do crescimento ganhei músculos e emagreci e me sinto muito disposta para praticar esporte", comemora a apresentadora Cléo Brandão, que perdeu 5 indesejáveis quilos em um único mês. Lucélia Santos e Emerson Fittipaldi também adotaram a dieta que promete induzir a liberação de hormônio do crescimento pelo corte dos carboidratos na dieta vespertina.
Mesmo diante dos formidáveis resultados práticos obtidos pelas dietas que mantêm os carboidratos longe do prato, as autoridades de saúde acham que é preciso ainda muita investigação científica para dar-lhe uma chancela oficial. Muitos dos mecanismos citados por Robert Atkins para explicar o sucesso de sua dieta ainda são rejeitados. Como tudo o mais que altera o metabolismo humano, as dietas que mexem com a síntese de hormônios e mudam a química corporal não oferecem certezas. A única certeza, aliás, que cruzou a fronteira do século XXI junto com a endocrinologia é que cada caso é um caso. Muitos pacientes gordinhos vão beneficiar-se das dietas tradicionais que visam apenas racionalizar a alimentação, evitando excessos. Outros vão ter de recorrer a métodos mais drásticos. Cabe aos médicos dizer quem se encaixa em cada um dos casos.
 
ALTERNATIVAS
O que se pode comer: depende da dieta. Geralmente são regimes de baixas calorias.
Prós: a perda de peso é constante.
Contra: a pessoa volta a engordar em pouco tempo.

Ronaldo Ceravolo
Quem já tentou:
Xuxa, apresentadora: não come carne vermelha desde os 13 anos. Faz duas refeições por dia, evita sal e bebidas alcóolicas. Segue a orientação do livro sobre a dieta do sangue.
Yeda Crusius, deputada federal: no café da manhã e no almoço só ingere um composto à base de produtos naturais diuréticos. No jantar, come verduras, grelhados e legumes.
Galvão Bueno, comentarista esportivo: perdeu 14 quilos seguindo uma dieta própria. Deixou de lado as bebidas alcoólicas, toma só vinho. Nos restaurantes fez da entrada seu prato principal. Corre, anda e joga golfe.
Simone, cantora: trocou alimentos gordurosos por refeições leves. Duas vezes por semana passa cinco horas fazendo massagem redutora. Em dois meses, perdeu 6 centímetros de cintura.
Emmanuel Bassoleil, chef: a cada três meses passa uma temporada de sete dias num spa naturista onde são proibidas carne vermelha e comida com conservantes. Já perdeu 10 quilos. 


"Para fazer dieta não
é preciso passar fome"

O médico Robert Atkins recebeu a repórter
Angela Pimenta em sua clínica em Manhattan,
onde concedeu a seguinte entrevista
 
Lui Claudio Ribeiro
Robert Atkins e os produtos que vende: depois de quarenta anos de dieta, ele já esqueceu o sabor de pães e doces
 
Veja – Como o senhor explica o ressurgimento das dietas de ingestão quase zero de carboidrato aproximadamente trinta anos depois de seu primeiro livro sobre o assunto ter sido escrito, feito sucesso e, em seguida, ter sido esquecido?
Atkins –
É muito simples: eu escrevi um novo livro para uma nova geração que não conhecia nada sobre emagrecimento seguro. Além do mais, hoje a obesidade é o mais grave problema de saúde pública na América. O grande culpado disso é o açúcar. Nos últimos quinze anos, o consumo desse produto de maneira geral cresceu abissalmente neste país. Já detínhamos um triste recorde mundial, de 53,5 quilos per capita por ano, e hoje consumimos estrondosos 62,5 quilos! O americano está comendo cerca de 700 calorias por dia em forma de açúcar, calorias completamente vazias do ponto de vista nutricional.
Veja – O senhor não sente falta de comer um pãozinho, beber vinho ou mesmo tomar um sorvete de chocolate?
Atkins –
Vamos por partes. Já existem vários farináceos pobres em carboidratos que substituem perfeitamente o trigo, a aveia e a cevada. Eu mesmo licenciei uma fábrica que produz a mistura Atkins para pães e bolos, que atende perfeitamente ao meu paladar.
Veja – Todos esses produtos substitutivos têm o mesmo paladar do sorvete, do bolo e do pão normais?
Atkins –
Francamente não posso responder a isso simplesmente porque faz quase quarenta anos que não ponho esses venenos na boca (risos).
Veja – Por que o senhor proíbe o uso do adoçante dietético aspartame e da cafeína em sua dieta?
Atkins –
Ainda não entendi perfeitamente o metabolismo dessas substâncias, mas estou certo de que elas inibem a cetose, justamente a reação bioquímica que minha dieta induz e que leva ao emagrecimento. Libero meus pacientes para consumir café descafeinado e adoçantes alternativos, como a sucralose, que é vendida no mercado com a marca Splenda.
Veja – Que tipo de relação o senhor mantém hoje com a Associação Médica Americana, a AMA, e com o Departamento de Agricultura do governo de seu país?
Atkins –
Absolutamente nenhuma. Somos mais que inimigos. Eles me atacaram injustamente nos anos 70 e jamais se desculparam por isso. Especialmente a AMA me odeia porque é financiada por grandes laboratórios farmacêuticos. Acontece que minha dieta prega justamente o equilíbrio do corpo e rejeita um monte de drogas que eles continuam empurrando para as pessoas.
Veja – O que tem a ver a dieta com os remédios?
Atkins –
Minha dieta acaba livrando o paciente de alguns dos remédios mais vendidos neste país. Uma imensa variedade deles, eu diria. Já tratei mais de 25 000 pessoas no Atkins Center, e, depois que elas se submeteram a minha dieta, a grande maioria não precisa mais tomar remédios contra pressão alta, diabetes, artrite, nem serotonina, diuréticos, estrogênio. A lista é imensa. E quando as pessoas se libertam dessas drogas elas se sentem rejuvenescidas em trinta, quarenta anos.
Veja – Qual sua opinião sobre essa nova safra de dietas de baixos carboidratos, como Sugar Busters e The Zone (chamada no Brasil de a dieta do Ponto Z)?
Atkins –
Nenhuma delas é séria. Têm nome chamativo, mas não combatem o consumo dos açúcares da maneira consistente como deveriam. The Zone, por exemplo, permite que a pessoa coma 40% de carboidratos. Isso é piada! Ela vai inflar como um balão.
Veja – Como o senhor desenvolveu sua dieta?
Atkins –
Em 1963 eu era um jovem cardiologista quando comecei a me interessar profundamente por obesidade, que aliás é uma das doenças mais relacionadas a problemas cardíacos. Na época, eu era viciado em pães e doces de padaria e tinha uma pança que ao que tudo indicava jamais iria parar de crescer. Foi então que depois de conhecer as pesquisas dietéticas feitas pelos pesquisadores ingleses Chalmers, Kekwick e Pawan tive a idéia de me submeter a um método pessoal de emagrecimento.
Veja – E como é que sua dieta funciona?
Atkins –
Basicamente por um processo que chamo de cetose benigna, que consiste na queima das cetonas por meio da supressão de carboidratos e do aumento no consumo de gorduras e proteínas. Na primeira fase da minha dieta a pessoa só ingere 20 gramas de carboidratos, mas em compensação pode comer carne, peixe, bacon e queijos na quantidade que desejar, além de um boa quantidade de hortaliças. Dessa forma, os níveis de insulina caem drasticamente e o corpo entra em cetose. Sempre digo a meus pacientes que a cetose é tão gostosa quanto o sexo ou os banhos de sol, só que sem fazer mal à saúde (risos). Ela é o método mais seguro para perder peso que existe.
Veja – Quem não pode seguir sua dieta?
Atkins –
Apenas não a recomendo para mulheres grávidas e para doentes renais, já que na primeira fase a dieta significa um esforço a mais para os rins, que eliminam a cetona pela urina.
Veja – Por que sua dieta é tão atacada pelas principais instituições de saúde de seu país?
Atkins –
Esse pessoal é de uma desonestidade intelectual impressionante. O primeiro ataque que recebi da Associação Médica Americana veio em 1973. Na época eles reuniram uma comissão de nutricionistas escolhidos a dedo para condenar meu livro. Tenho refutado tudo o que vêm dizendo, mas eles prosseguem com os ataques. Entre outras coisas, ainda naquela época eles diziam que não havia estudos conclusivos sobre a dieta cetogênica. Até hoje esses estudos independentes não existem. Sabe por quê? Porque essas pesquisas levariam a conclusões que contrariam os interesses da indústria da alimentação nos Estados Unidos. São corporações bilionárias de refrigerantes, pães, cereais, sorvetes, balas e chocolates, para não dizer todo o lixo vendido pelas lanchonetes de sanduíches e batatas fritas. Este é um país em que 60% dos adultos estão acima do peso. Isso é uma epidemia! Se minha dieta pegar nacionalmente, os lucros dessas empresas vão despencar de uma hora para a outra.
Veja – O senhor acha que sua dieta, que prevê alta ingestão de gordura, é viável para um país tropical, como o Brasil?
Atkins –
Claro que é. A diferença para os brasileiros é que possivelmente vocês fiquem saciados com quantidades menores de gordura, já que vivem num país de clima quente. Mas o importante é frisar que na minha dieta é a própria pessoa que estabelece a quantidade daquilo que vai comer. E quando você não precisa passar fome seu regime tem chances muito maiores de ser bem-sucedido do que se você se submeter a essas dietas de baixas calorias, que deixam as pessoas famintas. Com meu regime, as pessoas emagrecem mesmo ingerindo uma quantidade ainda maior de calorias da que consumiam antes.


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