A Terapia Cognitiva baseia-se no conceito de
que a forma como pensamos afeta o que sentimos e
o que fazemos. Se pensar "estou com fome" e em
seguida tiver um pensamento irracional do gênero
"Isto é horrível, não posso tolerar, tenho de
comer!", vai sentir uma forte ansiedade e
procurar comida rapidamente.
Por outro lado, se treinar pensamentos
construtivos como "Ok, é desagradável mas posso
esperar e aguardar duas horas. Afinal comi há
pouco tempo e portanto não é uma necessidade, é
um desejo. O prazer que vou ter em comer agora é
muito curto em comparação com que vou pensar se
comer demasiado...", irá sentir maior controlo
da situação e poderá fazer outras coisas.
A Terapia Cognitiva ajuda-o a
identificar pensamentos irracionais,
desmoralizantes e sabotadores e a lidar com eles
de forma funcional, (entre outros aspectos) para se comportar de forma
mais produtiva.
Objectivos
A Terapia Cognitiva para perder peso tem os
seguintes
objectivos:
- Mudar o pensamento e o
comportamento sobre a dieta,
- Aprender a
tolerar o
emagrecer devagar,
- Treinar o
pensamento para ter bons hábitos alimentares,
- Saber lidar com as pessoas que estimulam a
comer,
- Aprender a ser tolerante à fome (quando
esta é apenas um desejo e não uma necessidade)
- Gerir adequadamente a emoção e o desejo
incontrolável de comer,
- Lidar de forma diferente
com a emoção negativa que leva ao comer
compulsivo,
- Aprender a manter a motivação e a
lidar com os inevitáveis avanços e recuos,
quando estamos a lidar com mudanças
psicológicas.
Tal como a Terapia Cognitiva tem sido
aplicada com sucesso a problemas como a
ansiedade e a depressão, também se desenvolveu,
desde há vários anos, a partir do Instituto
Beck, uma forma de terapia cognitiva aplicada à
perda de peso. Da mesma forma que na depressão
existem várias maneiras de distorcer a maneira
de pensar (como catastrofizar, pensar apenas no
pior, esquecer os eventos positivos, adivinhar o
futuro, etc), também na perda de peso existem
pensamentos sabotadores, que que
impedem que a dieta tenha sucesso, mesmo que
exista uma boa orientação nutricional ou médica.
Alguns destes pensamentos
"irracionais" que aparecem durante a
dieta (que em si já é uma experiência com um
certo grau de stress) podem ser:
- Pensamento tudo ou nada: "Ou faço a dieta
sem qualquer falha ou então desisto. Como
qualquer mudança implica erros e tolerância ao
imperfecionismo, este pensamento não funciona.
- Filtro Mental: "Comer este doce agora não
faz diferença... ". O acumular de "exceções"
deste género pode sabotar a dieta.
- Pensamento Ilusório: "Já que comi um doce
hoje, então posso comer tudo o que quiser no
resto do dia".
- Regras disfuncionais: "Não devo desperdiçar
comida".
- Leitura Mental "Aquela pessoa vai pensar
mal de mim se não comer o que ela me ofereceu"
Estes e outros pensamentos dificultam o
seguimento da dieta, muitas vezes ao ponto de
desistir ou a não manter o peso saudável.
Para emagrecer e manter o peso desejado, é
preciso saber lidar com vários problemas
práticos como por exemplo:
- Lidar com a sensação de estar
sobrecarregado pela pressão da dieta.
- Lidar com a sensação de estar em privação
- Lidar com desmotivação quando o
emagrecimento não corresponder ao que desejava.
- Lidar com ansiedade em relação a outros
problemas da vida.
Para emagrecer e manter o peso
saudável existem alguns factores cruciais:
- Escolher e conhecer
uma dieta equilibrada (por um nutricionista,
idealmente)
- Ter tempo e energia
para fazer a dieta
- Planear o que comer e
quando comer
- Procurar apoio (por
familiares e amigos) e/ou Iniciar as consultas
desta terapia cognitiva
- Lidar com a frustração
ou decepção quando as coisas não correm tão bem
quanto gostaria.
- Não catastrofizar o
ato de comer exageradamente, e ver isto como um
problema temporário que está a resolver.
- Saber lidar com a fome
e como desejo "incontrolável" de comer
- Aprender a não comer
devido a factores emocionais
- Fazer elogios a si
mesmo (a)
Ao longo da terapia irá
chegar a um ponto em que vai reagir de forma
diferente quando olhar para comida que não
deveria comer.
Esta forma de programa psicológico não é um
tipo de dieta alimentar, mas sim uma forma de
aprender a pensar a comida e a lidar com
pensamentos irracionais. Ao ter um programa
alimentar razoável, esta terapia é o complemento
ideal pois aprende a fazer modificações passo a
passo na maneira de pensar ao mesmo tempo que
têm uma dieta equilibrada que deve seguir. A
duração recomendada é de cerca de 10 a 20
consultas.
Entrevista
à Revista Farmácia Distribuição (Novembro de
2013)
FD:
Por que razão, apesar de saberem as
consequências, as pessoas continuam a cometer
excessos alimentares?
Por razões emocionais: se alguém sente um humor
deprimido, a comida calórica pode proporcionar
um alívio temporário, criando um ciclo vicioso
em que automaticamente se come para obter
conforto; por pressão cultural (é desejável
socialmente aceitar comida numa festa, por
exemplo);
devido a desconhecimento: não sabem como perder
peso e não sabem que estão a cometer um excesso;
porque os maus hábitos alimentares tornaram-se
um ciclo automático e não se apercebem disso;
têm pensamentos sabotadores do género “é muito
difícil perder peso…” ou “sou um caso perdido”;
perderam a esperança de emagrecer, a motivação
não é suficiente; sub- avaliam as calorias dos
alimentos, etc
FD:
Que conselhos deixa de modo a que se possa
estabelecer uma “boa relação” com a comida?
- Aprendendo a gerir
as emoções: pensar e agir de forma a evitar a
depressão e a ansiedade excessivos, bem com
manter hábitos saudáveis na alimentação e
praticar exercício físico. Ao praticar uma
psicologia positiva e a ter bons hábitos de
saúde mental é possível evitar um comer
emocional.
- Distinguir entre fome, vontade e desejo
incontrolável de comer
- Permitir-se comer sem sentir culpa nem
pressão, equilibrando com uma alimentação
equilibrada e exercício. (outras ideias estão na
resposta seguinte)
De que modo se pode “usar” a psicologia para
travar os excessos alimentares?
- Se existirem
problemas psicológicos subjacentes à obesidade,
estes devem ser tratados com terapia cognitiva,
pois é muito difícil perder peso quando existem
problemas psicológicos importantes.
- A psicologia cognitiva- comportamental tem um
arsenal de técnicas para a gerir os pensamentos
“sabotadores” , que fazem agir de maneira
disfuncional,
ensinando
respostas lógicas para os pensamentos
irracionais. Por exemplo, em vez de pensar “Foi
terrível hoje ter comido muitos doces”, poderá
pensar “ Não é importante, amanhã continuo a
dieta, eu tolero as imperfeições”.
- Escrever
as
vantagens de emagrecer e trazer consigo esse
cartão na carteira, pois os pensamentos
irracionais podem faze-lo desviar do percurso
que lhe interessa.
-
Comprometer-se com a mudança. Perceber o que
realmente valoriza e deseja e que escolhe fazer as coisas difíceis
para se tornar feliz. Agir e resolver problemas
em vez de se preocupar com eles,
aceitando que
else existem.
-
Suspender os julgamentos!
Ao preocupar-se com o peso carrega
julgamentos inúteis sobre o que é bom ou
mau, que só aumentam a pressão para perder peso.
Em vez de
julgar a realidade,
descreva-a em termos de cores ou impressões.
“Apenas vi o meu peso na balança”, em vez de
“estou horrível”. Agir é diferente de estar a
preocupar-se!
-
Aprender a progredir por passos graduais e
imperfeitos.
Se
quer mudar, isso não é
numa semana. O sucesso significa adotar
comportamentos que não terão um resultado
perfeito.
Significa
progredir
por meio de passos imperfeitos. Cada passo (ou
exerício) imperfeito que fizer
irá
conduzi-lo na
direção desejada. O perfecionismo desmotiva, mas
se tolerar
a imperfeição pode
começar hoje a seguir a dieta.
-Praticar
um
desconforto construtivo: aceitar que vai sentir
ansiedade ao evitar o excesso alimentar.
Começamos
fazendo do
desconforto uma meta – com a entrada na zona
de desconforto –, para fazer
coisas que não queremos. O desconforto torna-se um
meio para um fim pois ajuda a atingir as outras metas.. É muito mais
produtivo fazer coisas desconfortáveis do que
se preocupar anos em perder peso.
- Escolher duas dietas razoáveis, saudáveis e
flexíveis : uma com planeamento de refeições e
outra que permita gerir um certo número de
calorias por dia.
- Posteriormente, é
útil aprender uma forma de pensar mais racional
que permita manter uma maneira de pensar em
direção aos aos objectivos, como por exemplo
seguir uma terapia cognitiva.
Algumas das tarefas a seguir são:
elogiar-se,
comer devagar , conviver com pessoas
positivas que a motivem;
organizar o tempo para fazer dieta;
comprometer-se por escrito; definir metas
realistas; aprender a tolerar a fome; aprender a
gerir emoções negativas com actividades
construtivas, em vez de usar a comida, etc…
Ler também
Terapia Cognitiva
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário