OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:

Os textos a seguir são dirigidos principalmente ao público em geral e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes de cada assunto abordado. Eles não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores às informações aqui encontradas.

Mens sana in corpore sano ("uma mente sã num corpo são") é uma famosa citação latina, derivada da Sátira X do poeta romano Juvenal.


No contexto, a frase é parte da resposta do autor à questão sobre o que as pessoas deveriam desejar na vida (tradução livre):

Deve-se pedir em oração que a mente seja sã num corpo são.
Peça uma alma corajosa que careça do temor da morte,
que ponha a longevidade em último lugar entre as bênçãos da natureza,
que suporte qualquer tipo de labores,
desconheça a ira, nada cobice e creia mais
nos labores selvagens de Hércules do que
nas satisfações, nos banquetes e camas de plumas de um rei oriental.
Revelarei aquilo que podes dar a ti próprio;
Certamente, o único caminho de uma vida tranquila passa pela virtude.
orandum est ut sit mens sana in corpore sano.
fortem posce animum mortis terrore carentem,
qui spatium uitae extremum inter munera ponat
naturae, qui ferre queat quoscumque labores,
nesciat irasci, cupiat nihil et potiores
Herculis aerumnas credat saeuosque labores
et uenere et cenis et pluma Sardanapalli.
monstro quod ipse tibi possis dare; semita certe
tranquillae per uirtutem patet unica uitae.
(10.356-64)

A conotação satírica da frase, no sentido de que seria bom ter também uma mente sã num corpo são, é uma interpretação mais recente daquilo que Juvenal pretendeu exprimir. A intenção original do autor foi lembrar àqueles dentre os cidadãos romanos que faziam orações tolas que tudo que se deveria pedir numa oração era saúde física e espiritual. Com o tempo, a frase passou a ter uma gama de sentidos. Pode ser entendida como uma afirmação de que somente um corpo são pode produzir ou sustentar uma mente sã. Seu uso mais generalizado expressa o conceito de um equilíbrio saudável no modo de vida de uma pessoa.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Mens_sana_in_corpore_sano


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quinta-feira, 7 de julho de 2016

Anorexia alcoólica: cada vez mais presente nas universidades norte-americanas

 
Na hora de beber há diferentes maneiras de consumir e desfrutar o álcool. Muitas pessoas gostam de tomar um vinho, uma cerveja ou alguns drinques com os amigos, utilizando o álcool como algo relaxante que faz parte dos programas sociais. Por outro lado, outros usam as bebidas alcoólicas para que possam esquecer de si mesmos e entrar em um estado - dependendo da situação - de euforia, diversão, alcoolismo ou coma.
Infelizmente este último objetivo vem se tornando cada vez mais comum nas universidades dos Estados Unidos e do Reino Unido, e para alcançá-lo da maneira mais rápida e econômica possível os jovens estão adotando uma moda perigosa: a anorexia alcoólica (drunkorexia em inglês).

Esta tendência consiste em deixar de comer ou fazer atividades físicas intensas horas antes de beber. Com estas duas condutas perigosas os universitários conseguem obter do álcool efeitos mais rápidos e fortes do que se começassem a consumi-lo descansados e bem alimentados.
A anorexia alcoólica foi descoberta por um estudo realizado na Universidade de Houston, nos Estados Unidos, onde os hábitos alimentares e alcoólicos de 1.200 alunos foram analisados. Os resultados mostraram que 8 de cada 10 estudantes haviam apresentado nos últimos 30 dias algum comportamento que poderia ser definido como anorexia alcoólica.
Alguns deles forçaram o vômito, outros deixaram de comer horas antes de sair, e alguns tomaram laxantes. Estas condutas perigosas vêm sendo praticadas tanto por homens quanto por mulheres. O Dr. Dipali Rinker, um dos autores do estudo, acredita que a anorexia alcoólica será no futuro um problema mais masculino, “porque os homens sempre arriscam mais a sua saúde e integridade física do que as mulheres,” conforme ele explicou em um comunicado.
As conclusões do estudo foram apresentadas na reunião anual que a Associação para Investigação do Alcoolismo nos Estados Unidos realizou no mês passado em Nova Orleans. No entanto, embora no futuro a anorexia alcoólica possa pertencer aos homens, hoje ela é majoritariamente das mulheres: 60% das alunas da Universidade de Houston reconhecem ter forçado o vômito ou deixado de comer antes de beber.
“É um novo fenômeno que combina transtornos alimentares para deixar de ingerir calorias e reservá-las para o álcool,” explica Alissa Knight, outra autora do trabalho. O álcool é uma das substâncias que mais engordam: um copo de vodka tem 300 calorias, um de uísque possui 245 calorias, e uma taça de vinho tem 79 calorias.

https://br.vida-estilo.yahoo.com/anorexia-alco%C3%B3lica-cada-vez-mais-presente-nas-072338790.html

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Mulher com 25,4 kg é considerada o caso mais grave de anorexia do mundo

25,4 kg – este é o peso de Valeria Levitin, uma modelo russa de 29 anos moradora de Mônaco.
Ela recebeu o título de mulher mais magra do mundo após anos de dieta extrema. É menos da metade do que uma mulher de sua altura (cerca de 1,72 m) deveria pesar. Ela não apenas se arrepende, como também luta para que outras garotas não sigam seu exemplo.
E ela tem motivos para isso: Ela diz receber e-mails de fãs desesperadas para conseguir seu corpo esquelético. “Geralmente, elas são mulheres de 20 e poucos anos que a veem como inspiração e querem dicas”, disse Valeria ao The Sun.
Por isso, ela decidiu advogar pelo fim do distúrbio alimentar que desenvolveu na adolescência e não ensinar a garotas como morrer ou como ter uma vida arruinada, como foi a dela.
Valéria acredita que sua mãe pode ter influenciado os seus hábitos alimentares. Quando jovem, ela teve sua dieta limitada para que não corresse o risco de ficar obesa como seus parentes. A obsessão era tanta que ela se pesava constantemente para garantir que nenhum quilo tinha sido obtido.
Aos 16, ela pesava pouco mais que 50 kg e se mudou para Chicago, onde fez uma dieta ainda mais extrema para perder peso, com medo de não ser aceita em sua nova escola. Açúcar e carboidratos foram removidos totalmente de sua alimentação. Eles ficaram tanto tempo longe dela, que seu corpo agora não pode processá-los, tornando-a intolerante a eles.
Um comentário de um colega de sala aumentou ainda mais sua determinação para perder peso. “Nós estávamos jogando futebol, e durante uma partida um homem disse: ‘Eu sei como podemos vencer. Temos que colocar a bunda grande da Valéria no gol’. Isso destruiu o meu mundo”.
Aos 23 anos, ela usava vestidos tamanho 6. Ainda assim, ela era considerada gorda para um emprego de modelo, que ela decidiu buscar. Aos 24 anos, ela pesava menos de 40 kg e foi banida de danças para que não se machucasse.
Durante os últimos anos ela consultou mais de 30 médicos e alcançou a impressionante marca de mais ou menos 20 kg. Como dito anteriormente, há alguns tipos de comida que ela não pode mais comer. Já faz tanto tempo que ela não come pão, por exemplo, que não consegue se lembrar do gosto.
Sua doença também arruinou sua vida amorosa. Há dez anos ela é solteira, e mesmo que namorasse, seria difícil manter uma relação, já que ela não poderia viver uma vida normal de casal. Ela não pode ir a restaurantes, por exemplo.
Valeria não acredita mais em uma cura para si mesma na base apenas de visitas aos médicos. Para ela, é uma questão de equilíbrio entre corpo e alma. Hoje, ela toma suplementos alimentares e evita atividades que possam envolver quedas.
Ela pretende se mudar de volta para Moscou, onde ela se sente mais à vontade consigo mesma e pretende ter um filho por meio de uma barriga de aluguel.
Adoraria ter uma família porque eu sinto que tenho muito para dar. Mas obviamente não seria certo ter um bebê enquanto estou doente. Não seria justo com a criança. Eu quero enfrentar a anorexia. Eu nunca desisti de nada na minha vida e não vou desistir agora”, de acordo com o DailyMail.
Valéria quer que as pessoas que sofrem de distúrbios alimentares procurem ajuda.
Veja exemplo de um e-mail enviado por uma fã para Valéria:
“Olá, querida Valeria,
Eu tenho 23 anos e peso 53 kg e não gosto de mim assim. Eu quero ficar magrela como a Tumbelina [personagem pequena e protagonista de um conto de fadas com o seu nome escrito pelo holandês Hans Christian Andersen]. Ninguém pode me convencer a não fazer dieta, embora eu tenha contraído gastrite e pancreatite.
Eu tentei todos os tipos de dietas, mas todas elas deram apenas resultados temporários. Em minha dieta atual eu não sinto fome... Eu não posso voltar para o meu antigo jeito de comer porque eu tenho receio que vou ganhar peso.
Todos os meus parentes estão me dizendo que isso vai me machucar, que eu serei uma vítima da anorexia. Eu estou um pouco preocupada que um dia eu terei problemas com um peso perigosamente baixo e eu quero saber quando eu devo me preocupar. Quando isso aconteceu com você?”

Fonte: DailyMail Foto: Reprodução / Barcroft Media via DailyMail / 02 / 03

http://www.jornalciencia.com/inusitadas/inacreditavel/2295-mulher-com-254-kg-e-considerada-o-caso-mais-grave-de-anorexia-do-mundo

terça-feira, 14 de abril de 2015

Estar abaixo do peso aumenta risco de demência, diz estudo

Médicos afirmam que resultados não são justificativa para engordar

ARTIGO DE ESPECIALISTA - PUBLICADO EM 14/04/2015
É sabida a importância de manter um peso equilibrado, e muito se fala sobre o controle da obesidade. Porém, um estudo publicado pela revista médica Lancet Diabetes & Endocrinology mostrou que o baixo também pode trazer riscos à saúde, aumentando consideravelmente o risco de demência, que pode levar ao Alzheimer.
A equipe, formada por cientistas da empresa Oxin Epidemiology e da universidade London School of Hygiene and Tropical Medicine, analisou registros médicos de 1,9 milhão de pessoas com cerca de 55 anos por um período de duas décadas. Foram registrados os casos de demência no decorrer do estudo e o peso dos participantes também foi acompanhado.
Terminada a pesquisa, os cientistas descobriram que pessoas abaixo do peso sofrem um risco 39% maior de desenvolver demência em relação àquelas que estão com um peso saudável. Além disso, participantes que estavam com sobrepeso tiveram uma taxa de redução de risco de 18%. Nos obesos, o percentual foi de 24%.

Os resultados surpreenderam os autores, que não sabem explicar ao certo porque pessoas acima do peso apresentam menor risco de demência. Por enquanto, não é possível afirmar que a gordura realmente seja um fator de proteção. Há algumas teorias de que deficiências das vitaminas D e E contribuem para a demência, e dietas pessoas que comem menos teria mais chance de não ingerir esses nutrientes adequadamente.
De qualquer forma, os pesquisadores afirmam que os resultados do estudo não são uma justificativa para ganhar peso. Mesmo que haja esse efeito protetor, eles afirmam que a obesidade ainda é um fator de risco para outras doenças, como hipertensão, infarto, diabetes e câncer. 

EUA deixou homens passando fome quase até à morte durante a Segunda Guerra Mundial para fazer experiências científicas

No final da Segunda Guerra Mundial, a notícia de que certas pessoas nos territórios ocupados estavam tendo uma “dieta de fome” se espalhou.
Pesquisadores norte-americanos queriam estudar os efeitos da fome e, por isso, recrutaram voluntários famintos.
O Experimento da Fome de Minnesota, que se iniciou em 1944, na Universidade de Minnesota, durou bastante tempo e queria descobrir os efeitos da fome e como reabilitar uma pessoa severamente faminta. Foi uma experiência motivada por notícias sobre as condições de vida na Europa durante a Segunda Guerra Mundial. O horror dos campos de concentração ainda estava por vir, mas as pessoas, em territórios devastados pela guerra, já estavam sofrendo com dietas severamente restritas.
De um grupo de 400 voluntários, 36 homens foram escolhidos. Todos tinham entre 22 e 33 anos, e estavam em boas condições de saúde. Eles foram informados de que o experimento iria passar por qua
tro fases. Durante três meses, eles iriam comer um número específico de calorias, de modo que os pesquisadores poderiam levá-los a um peso saudável e ter uma linha de base para sua dieta (eles foram mantidos ativos, e a dieta que foi dada foi de 3.200 calorias). Uma vez que tinha chegado até o seu "peso ideal", sua ingestão calórica foi reduzida quase para a metade. Eles ingeririam 1.560 calorias por dia, todos os dias, e nada mais. Eles tiveram uma dieta comparável ao que o povo na Europa teria disponível: vegetais de raiz e amidos com carne, ocasionalmente, ou gelatina. O objetivo da dieta era fazer os homens perderem um pouco mais de dois quilos por semana e 25% do seu peso corporal em seis meses.
Após seis meses, eles passaram por uma fase de reabilitação de três meses, a qual seria permitido mais alimentos. Eles seriam divididos em vários grupos, com diferentes quantidades de calorias e proteínas, gordura e vitaminas. Finalmente, eles seriam permitidos, durante oito semanas, comerem o que quisessem.
Durante este tempo, eles foram mantidos em dormitórios no campus, com testes regulares de sangue, de resistência, mentais e muitos outros tipos de testes. Eles receberam o trabalho administrativo no laboratório, que permitiu que eles frequentassem as aulas na universidade. Acima de tudo, eles eram vigiados. Para os testes serem bem sucedidos, os pesquisadores tiveram de ter certeza de que os participantes não estavam os enganando.
A dieta de reabilitação não permaneceu como interesse geral para as gerações seguintes, embora tenha ajudado os cientistas a entenderem que as pessoas que sofriam com a fome precisavam ser superalimentadas, em vez de apenas alimentada, para ajudá-los a reconstruir seus corpos. É o efeito que retêm fascínio duradouro para os cientistas e para o público. Primeiramente, os participantes apenas reclamaram de fome, de uma incapacidade de concentração e da falta de bom senso. Se os homens não perderam bastante peso, suas “rações” foram reduzidas, ou seja, alguns tinham mais comida do que outros. Todos comeram juntos, observando quem tinha o que. Sem surpresa, o ressentimento surgiu e havia um monte de lutas nos dormitórios.
Depois, veio a depressão extrema. Vários membros foram hospitalizados por problemas psiquiátricos. Alguns chegaram a se mutilar. Um homem amputou três dedos com um machado, embora tenha dito posteriormente que ele não sabia se tinha feito isso de propósito ou se simplesmente não conseguia pensar claramente. Considerando que ele havia machucado os dedos uma vez antes, deixando um carro passar sobre eles, os pesquisadores pensavam que a nova lesão foi provocada por problemas psiquiátricos e ele foi encaminhado para tratamento.
Depois veio fraqueza. Quando um homem traiu a dieta, os pesquisadores exigiram que o resto dos homens fosse a qualquer lugar com um amigo. Anos mais tarde, um dos participantes disse que estava grato pelo sistema de amigos, já que é impossível enfrentar algo assim sozinho. Os homens perderam o cabelo, ficaram tontos, sentiam frio o tempo todo, e seus músculos doíam. Muitos desistiram das aulas. Os cientistas observaram que a frequência cardíaca de repouso e a taxa de respiração também caíram. O corpo faminto estava tentando usar o mínimo de calorias possível. Por um tempo, eles mascavam chicilete. Eles mastigaram até quarenta pacotes todos os dias, até que os cientistas decidiram retirar completamente a goma.
Tornaram-se obcecados pela comida que tinham, segurando-a na boca e tentando prolongar as refeições. Um dos homens disse que o que o incomodava mais do que tudo foi o fato de que o alimento tornou-se o ponto central em sua vida. Ele não se importava mais com nada, somente com a comida. Ele assistia a filmes com cenas de comida e lia revistas só pelos anúncios de alimentos. Outro homem disse que tinha começado a odiar as pessoas que foram capazes de ir para casa e ter um bom jantar. A comida tornou-se sua maldição e obsessão. Isso foi surpreendente e também como uma boa parte dos homens ultrapassou a meta projetada de uma perda de 25% do peso corporal. Muitos homens caíram para 44 ou 45 kg.
Durante o período de reabilitação de três meses, os diferentes grupos de homens deveriam receber quantidades diferentes de alimentos. Os pesquisadores rapidamente abandonaram a ideia depois de perceberem que os homens com pequenas calorias na dieta não mostravam sinais de recuperação. Alguns até perderam peso mesmo depois do aumento da ingestão de calorias.
Apesar dos esforços sinceros dos pesquisadores, praticamente não havia homens que se sentiram recuperados depois de apenas três meses. No dia em que eles foram autorizados a comer novamente, alguns comeram tanto que ficaram doentes. Ele ficaram bem além do peso. Alguns disseram que não conseguiram parar de comer obsessivamente por um ano. Nenhuma quantidade de comida era suficiente para eles.
Hoje, os resultados do Estudo da Fome em Minnesota servem, em sua maioria, de nota para as pessoas que estudam transtornos alimentares. Muitos dos comportamentos dos homens famintos exibidos, tais como a diluição de alimentos com água para torná-la ‘recheados’, ou comer devagar para prolongar as refeições, também são exibidos por pessoas que sofrem de anorexia.
Subsequente, a alimentação implacável dos homens é semelhante à compulsão alimentar. Embora eles se tornassem doentes fisicamente, eles não conseguiam obter comida suficiente para fazê-los se sentirem satisfeitos.
Quando contatados anos depois, muitos dos homens disseram que o experimento foi a coisa mais difícil que já tinha feito, mas estavam felizes por terem participado e disseram que fariam novamente.

Fonte: Io9 Foto: Divulgação / Domínio Público
 
 http://www.jornalciencia.com/sociedade/comportamento/3768-eua-deixou-homens-passando-fome-quase-ate-a-morte-durante-a-segunda-guerra-mundial-para-fazer-experiencias-cientificas

domingo, 24 de novembro de 2013

Conheça os outros distúrbios alimentares que podem ameaçar sua saúde

Os portadores podem comer terra, substituir refeições por álcool, ingerir grandes quantidades de comida, entre outros problemas

foto especialista Por Especialista - publicado em 10/12/2013
Os Transtornos Alimentares também chamados distúrbios da alimentação mais conhecidos pela sociedade são anorexia nervosa e a bulimia nervosa. Infelizmente, existem outros tipos graves de perturbação do comportamento alimentar que causam sofrimento, como os transtornos da compulsão alimentar periódica (TCAP), o picacismo, a ortorexia, a vigorexia, a drunkorexia e o transtorno de ruminação. 

Uma pessoa passa apresentar um destes adoecimentos mentais através da combinação de muitos fatores. Alguns destes podem ser questões sociais como a dinâmica familiar, cultura magreza, mídia que hipervaloriza a beleza, pressões sociais para o sucesso. Outras causas são efetivamente mais psicológicas como dificuldades em lidar com problemas pessoais e alterações doentias dos pensamentos.  

Sempre deve-se lembrar das causas biológicas como a presença de outros transtornos mentais, pois é comum que alguns portadores de depressão, transtorno bipolar e dependência química apresentem doenças alimentares ao mesmo tempo. 

Além disso, em todos estes transtornos podem estar presentes sintomas como redução do sono, diminuição da capacidade de trabalho, falta de disposição para atividades rotineiras e estes sintomas desaparecem com o tratamento adequado. Outro fator comum é a presença do uso de substâncias psicoativas, como a cocaína, álcool e anfetaminas. 

O tratamento, assim como no caso da anorexia nervosa e da bulimia nervosa, é complexo, sendo necessário o acompanhamento por equipe multidisciplinar, sendo essencial a participação do médico psiquiatra para a avaliação médica e solicitação de exames; do psicólogo para avaliação psicológica e psicoterapia individual ou em grupo; do nutricionista para a reeducação alimentar e adequação do peso; do assistente social para o amparo social e familiar; e o terapeuta ocupacional para a reabilitação do indivíduo em suas atividades cotidianas. 

Infelizmente não existem medicações específicas para o tratamento destes adoecimentos ao mesmo tempo psíquico e nutricional. Apesar dos transtornos alimentares serem graves, complexos e causarem grande sofrimento para o portador, é possível a pessoa ter uma vida normal e com qualidade, principalmente se puder contar com a ajuda da família e de amigos. 

A seguir você poderá conhecer um pouco sobre cada um destes chamados transtornos alimentares:        

Transtorno da compulsão alimentar periódica - TCAP

Os sintomas do TCAP estão relacionados a padrões de alimentação alterados e doentios causadores de enorme sofrimento para o portador e para os familiares. A ingestão de alimentos neste transtorno é exagerada em comparação às pessoas próximas, alguns chegam dizer ??como muito mais que todos??, e sem contexto comemorativo. 

Este adoecimento gera grande sofrimento para o portador que geralmente demora a reconhecer ou ter o diagnóstico devidamente encontrado, repercute com grande desconforto físico e psicológico e por consequência leva ao aumento do peso e a obesidade.  

Muitos portadores relatam constrangimento diante de seu comportamento de comer de forma exagerada, sendo que preferem comer de forma solitária, para evitar críticas e desgastes com pessoas do relacionamento mais próximo. 

Vale ressaltar que diferentemente da bulimia nervosa, no TCAP não há o comportamento de purgar e atividades físicas excessivas. Isto é importante compreender, porque muitos comportamentos do TCAP são comuns com os sintomas da bulimia nervosa. 

Picacismo

Pica ou picacismo é nome que representa a ingestão de substâncias que não apresentam nenhum valor nutritivo e o portador continua ingerindo de forma persistente e desassociada a qualquer prática cultural. 

Segundo os psiquiatras brasileiros, Appolinário e Claudino (2000), nestes quadros é comum observar o consumo de terra, barro, cabelo, alimentos crus, cinzas de cigarro e fezes de animais. 
As principais complicações desta doença acontecem no sistema digestivo e podem ocorrer intoxicações.  

Nestes casos é necessário o médico avaliar se o comportamento de pica não se trata de um sintoma de outro adoecimento, como, por exemplo, no caso da esquizofrenia em que a pessoa acaba comendo substâncias sem valor nutritivo pela incapacidade de diferenciar o certo do errado. 

Outra informação que merece destaque é a necessidade de investigação do pica no pré-natal, uma vez que é alta a prevalência de pica entre gestantes, como observou Saunders e colaboradores (2009) em um estudo que revelou que 14,4% entre 227 gestantes apresentavam pica em uma maternidade escola do Rio de Janeiro. 

Ortorexia

A ortorexia nervosa, ainda é um quadro muito discutido nos meios científicos, não sendo contemplado nos manuais de diagnósticos das doenças mentais. Este adoecimento é caracterizado pelo comportamento exagerado, repetido e doentio pela busca da saúde alimentar, qualidade e pureza dos alimentos. Uma das consequências deste hábito alimentar radical e doentio é a restrição, ou até exclusão, de alguns alimentos necessários para a saúde física, o que pode levar à carência de nutrientes e gerando prejuízos para a saúde. 

O tempo produtivo e os comportamentos do indivíduo portador deste adoecimento se voltam quase exclusivamente para o ritual de comer, desde o planejamento, compra e preparo dos alimentos até o ato de ingerir.  

Estes comportamentos somados ao fato do portador sentir necessidade de convencer pessoas próximas a adotarem a mesma dieta, acaba sendo comum o desgaste e dificuldades de relacionamentos, conflitos e finalmente o isolamento social. 

Vigorexia

A vigorexia também é discutida no meio acadêmico dos estudiosos destes assuntos e não foi reconhecida nos manuais de diagnósticos médicos. 

O portador de vigorexia apresenta uma preocupação extrema e contínua em ser forte e musculoso. Devido a sua distorção da imagem corporal, ou seja, não enxergam seus próprios corpos de maneira real, estes indivíduos percebem-se como fracos e pequenos, mesmo quando já possuem um corpo com musculatura acima da média do local onde vivem. 

Assim os portadores realizam atividades excessivas e repetidas para aliviarem seus desconfortos como: exercícios físicos de forma exacerbada, menos atividades aeróbicas pelo medo de perderem a aparência de musculoso; e dietas restritivas e ingestão de suplementos alimentares, que podem gerar diversas complicações à saúde pelo uso de forma inapropriada e sem preocupação com segurança da sua saúde. 

Infelizmente, entre a população de pessoas com esta perturbação da saúde, também é frequente o uso de esteroides e anabolizantes, que são drogas e podem causar dependência, além de complicações físicas, mentais e até morte.  

Drunkorexia

A drunkorexia ainda estar em discussão entre a comunidade médica. Este é o nome proposto para esta associação simultânea dos adoecimentos da dependência de álcool com a anorexia nervosa que traz danos tanto decorrentes do consumo do álcool como pela redução alimentar extrema. O relato das pessoas portadoras da drunkorexia é de que o álcool tira apetite, e de que preferem substituir as calorias dos alimentos pela do álcool, além destas bebidas diminuírem a ansiedade diante do medo da alimentação aumentar o peso e tornar o corpo feio. Ainda hoje não é possível determinar qual doença ocorre primeiro, se o alcoolismo ou a anorexia nervosa. 

Transtorno de ruminação

O transtorno de ruminação é caracterizado por episódios de regurgitação, ou seja remastigação, frequentes. Segundo Appolinário e Claudino (2000): "As principais complicações médicas podem ser desnutrição, perda de peso, alterações do equilíbrio hidroeletrolítico, desidratação e morte".

Artigo elaborado com a colaboração da psicóloga Ana Carolina Schmidt, da Vida Mental Serviços Médicos.  

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Mulher com anorexia mostra o rosto após ganhar 10 kg em uma semana


16/10/2013 08h53 - Atualizado em 16/10/2013 09h32

Aline pesava 24 kg antes de internação na Santa Casa de Piratininga, SP.
Ela recebe alimentação por via oral e por sonda, e já caminha pelo hospital.

Alan Schneider Do G1 Bauru e Marília
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Paciente com anorexia apresentou melhora uma semana depois de começar o tratamento (Foto: Alan Schneider/G1)Paciente apresentou melhora uma semana depois de começar o tratamento (Foto: Alan Schneider/G1)
Uma semana após ser internada na Santa Casa de Piratininga (SP), a ex-gerente de restaurante que sofre de anorexia nervosa apresenta uma melhora significativa no quadro clínico. Aline Alves da Silveira Souza, de 34 anos, que até então preferia não revelar a identidade porque pesava apenas 24 kg, perdeu a vergonha da aparência e aceitou mostrar o rosto. Com o tratamento nutricional, em apenas sete dias ela obteve um ganho de quase dez quilos.
A vontade de querer se recuperar também é outro ponto positivo aparente. Aline se alimenta por via oral e por sonda. O cardápio já conta com ovo mexido e iogurte. “Estou me sentindo fisicamente melhor. Taquicardia que sentia não tenho mais. Até comi ovo mexido, iogurte e tudo que tenho vontade, claro, que aos poucos. Graças a Deus não estou tendo rejeição”, informou.
Aline e a mãe Teresa: pensamento positivo de recuperação (Foto: Alan Schneider / G1)Aline e a mãe com pensamento positivo na
recuperação (Foto: Alan Schneider / G1)
Passeios diários pela área externa da Santa Casa são outros sinais da evolução da mulher. “Consigo andar melhor e tomei meu primeiro banho de sol no hospital. Foi pedido meu. Quero virar essa página na minha vida e vou conseguir”, disse a paciente que mora em Bauru e tem uma filha de 12 anos.
A mãe de Aline, Teresa Alves, que acompanha o tratamento da filha no hospital, está com a esperança renovada. “O resultado da parte clínica estou satisfeita. Ela está sendo bem monitorada e não tenho o que reclamar. O risco de morte já reduziu bem e, felizmente, nenhum órgão dela foi prejudicado”.
No entanto, Teresa ainda tem receio em relação ao tratamento psiquiátrico. “Fico com um pé atrás por causa da parte psiquiátrica depois de ela sair do hospital. O principal é o bloqueio da cabeça. A luta é para conseguir uma clínica para ela porque não tenho condições de manter o tratamento psiquiátrico. Na Santa Casa não tem, mas a psiquiátrica Vanessa Gimenes se solidarizou e começou a trabalhar na recuperação da minha filha. Fico direto com ela no hospital e não estou cansada porque estou otimista”.
Ex-gerente quis 'tomar a luz do sol' (Foto: Alan Schneider / G1)Ex-gerente quis 'tomar luz do sol'
(Foto: Alan Schneider / G1)
Segundo a enfermeira responsável pelo setor da Santa Casa, Priscila Ferreira Poli, a paciente apresenta uma força grande de recuperação. “Quando ela chegou ao hospital sequer conversava com a gente. Hoje ela já é outra pessoa, com uma disposição incrível e querendo fazer as coisas, como passear e se alimentar”, avisou.
O resultado na primeira semana internada tem despertado outros desejos em Aline para um futuro próximo. “Quero voltar a usar meus sapatos de saltos, minhas roupas, sair de casa e até ir à praia e usar biquíni. Quero viver. Quem sabe um dia até arrumar um namorado”. Apesar da recuperação, Aline ainda não tem previsão de alta da Santa Casa de Piratininga.
Médico psquiatra diz que ela corre risco de morrer de até 40%  (Foto: Alan Schneider / G1)Aline deu entrada na Santa Casa pesando apenas 24 quilos (Foto: Alan Schneider / G1)
Entenda o caso
A primeira crise de anorexia em Aline ocorreu entre os 13 e 17 anos de idade. Ela disse que no tempo de escola, os alunos a chamavam de gorda. Apesar de mostrar os sintomas da anorexia, no fim da adolescência, a mulher se casou e pouco depois teve a filha.
Já a segunda crise foi mais grave. Há três anos, após ser demitida do emprego de gerente em um restaurante e a separação do marido fizeram agravar a saúde. A doença tomou conta de Aline. A perda drástica de peso e a vergonha com a aparência a impediram de sair na porta do apartamento.

A alimentação dela até a semana passada era praticamente à base de água. Além disso, o risco de morte por conta do grau de debilitação chegou a 40%, já que os rins estavam fragilizados.
Aline um ano antes de apresentar a segunda crise (Foto: Arquivo pessoal)Aline um ano antes de apresentar a segunda crise (Foto: Arquivo pessoal)
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sábado, 5 de janeiro de 2013

‘Álcoolréxicos’ substituem refeições por bebidas e têm comunidade no Orkut

Maioria dos seguidores é jovem e não quer engordar.
Médicos de SP alertam para os riscos de dependência química.
Carolina Iskandarian Do G1, em São Paulo


Álcoolréxicos substituem as refeições por bebidas, principalmente, destilados (Foto: Mateus Mondini/ G1)

“Eu sou 'álcoolréxica', mas vivo muito bem assim!!! (...) Pra que comer?? Vamos beber e ficar legal!!”. O trecho desse depoimento que uma jovem deixou no Orkut em março de 2007 resume um tipo de comportamento que tem preocupado os médicos. Homens e mulheres, a maioria na faixa entre 18 e 25 anos, estão substituindo as refeições por bebidas alcoólicas. Para a maioria, o objetivo é emagrecer. Os médicos alertam para os riscos de dependência química.

O termo é recente e, em inglês, pode ser traduzido para drunkorexia. “Dez latas de cerveja valem por um bifinho. Certeza”, diz outra jovem na mesma página da comunidade do Orkut sobre o tema. Uma terceira amiga responde: “e depois de dez latas de cerveja eu sempre quero um bifinho. (...) Vamos parar com essa mamata de ficar comendo. Vamos voltar a beber!”.

O psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, coordenador do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad), vinculado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), disse que a preferência das pessoas que têm esse vício é pelos destilados. “Se a pessoa bebe cerveja, fica com a barriga estufada. O álcool [nos destilados] suprime o apetite e, tomado em grande quantidade, dá uma sensação de saciedade e certo enjoo da comida”, explicou.

Barriga 'estufada' e incômodo

Formada em administração de empresas, a paulistana Camila (nome fictício), de 36 anos, acredita estar curada do problema. Ela conta que deixava de comer à noite quando saía com os amigos para beber mais e aproveitar “a balada”. Constrangida, não quer se identificar. “Eu substituía o jantar pelo álcool e não tomava cerveja, mas saquê porque é mais levinho, tem menos calorias”, relata.

Camila passou a suprimir os pratos noturnos depois que começou a se sentir incomodada. “Eu comia, ficava estufada e ia para a balada beber cerveja. Então, ficava mais estufada ainda”. De acordo com ela, jantar e sair em seguida causava um desconforto. “A roupa aperta e você se sente mais gorda. Incomoda”.

Hoje, sete meses após ter procurado a ajuda de um psiquiatra, Camila considera ter superado o problema. Por orientação médica, parou de comer alimentos mais pesados, como arroz e carne, e colocou no prato saladas e sanduíches feitos com peito de peru e queijo branco. “Foi uma reeducação”.

Camila conta que foi a um psiquiatra a pedido dos amigos, que acharam que ela estava virando alcoólatra. Um dos momentos dos quais não gosta de lembrar foi quando chegou tão bêbada em casa que vomitou na porta do elevador do prédio. As câmeras do circuito interno captaram a cena. “É meio constrangedor”.

Riscos



Para os médicos, álcool dá sensação de saciedade e perda de fome (Foto: Mateus Mondini/ G1)

Acostumado a lidar com dependentes químicos, o psiquiatra Dartiu Xavier não vê os "álcoolréxicos" como “normais”. “É um absurdo. Existem hoje medicações seguras para inibir o apetite. Não justifica usar o álcool, que é tóxico”. De acordo com ele, as pessoas nesse perfil, geralmente, "têm preocupação com o peso".
  
Também psiquiatra do Proad, Marcelo Niel calculou que, em um ano e meio, atendeu dez pacientes com esse perfil. A maioria era de mulheres. “Por causa da preocupação em não engordar, elas acabam bebendo e evitando a alimentação. É um fenômeno que vejo com frequência. Elas evitam comer para beber mais e escolhem bebidas de menor teor alcoólico”, disse Niel, que não vê o distúrbio como doença e sim um “erro de comportamento”.

Para ele, está ligado aos transtornos alimentares e pode trazer complicações futuras. “O problema é a perda de controle. Se você não se alimenta e só bebe pode virar um alcoólatra e isso traz prejuízos mentais. A pessoa não se alimenta, não se hidrata”, acrescentou o psiquiatra.

 Como se fosse água 


João conta que ficou sem comer dois dias seguidos e ficava só bebendo (Foto: Divulgação/ arquivo pessoal )

Ficar quatro dias bebendo sem parar e sem comer é como uma rotina para Mariana (nome fictício), de 19 anos. “Quero emagrecer. Em alguns horários do dia, quando sinto fome, troco a refeição por uma bebida. Geralmente, é vodca”, contou a menina, que mora em Balneário Camboriú (SC). “Bebo como se fosse água”.

Medindo 1,65 m e pesando 58 kg, Mariana diz que perde a noção do quanto bebe. Calcula que seja meia garrafa de vodca em um dia. “Quando vejo que vou ficar mal, como alguma coisa. Quando eu comia, engordava com facilidade. Aí resolvi beber”. Questionada se não ficava enjoada ou de ressaca com tanto álcool, respondeu: “acho que meu organismo se acostumou”. 

Competição de bebida

Na turma de amigos de Mariana, ela não é a única que tem o perfil dos álcoolréxicos. “Quando a gente está junto, fica competindo para ver quem bebe mais. Só que eu me controlo para não ficar muito mal”, contou ela.

João (nome fictício), de 21 anos, também trocava o arroz e o feijão por algumas doses na mesa de bar ou em casa. “Você se olha no espelho e se vê gordo. Aí passa dois dias bebendo”, justificou ele. O rapaz jura que “parou de fazer isso” há quase dois meses. “Já estou tomando consciência. Vi que não me fazia bem. Como ficava muito tempo sem comer, comia tudo o que via pela frente”.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Oito em cada 10 obesos conseguem controlar o peso após tratamento sem cirurgia



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Nem dietas milagrosas, tampouco redução do estômago. Levantamento realizado pela Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo aponta que 80% dos obesos atendidos no Grupo de Estudo e Tratamento do Obeso (Gesto), serviço da pasta na capital paulista, conseguem manter o peso perdido após passarem por tratamento não cirúrgico na unidade.

O estudo também mostrou que, em apenas quatro meses, a perda é de até 5% do de peso total do paciente, o que já garante melhora na agilidade, motricidade e respiração. Do total de 149 pacientes analisados, que tinham entre 31 e 76 anos, 92% eram mulheres.

Baseado em métodos comprovados cientificamente, o tratamento oferecido pelo Gesto tem duração de dois anos, e é realizado em grupos que se reúnem duas vezes por semana com uma equipe multiprofissional, formada por psicólogos, nutricionistas, enfermeiros, educadores físicos e médicos em período integral.

A coordenadora do Gesto, Maria Flora Almeida, o tratamento foca na compulsão e no impulso de comer do obeso. Com isso, a perda de peso se torna gradual e saudável, porque é obtida através da sociabilidade, da prática de atividade física, da reeducação alimentar e do entendimento de sua psicodinâmica.

A obesidade é uma doença plurimetabólica, multifatorial, e um de seus marcadores é o  o índice de massa corpórea maior do que 30.

Esse índice é calculado pela divisão do peso pela altura, elevada ao quadrado (IMC=P/H²). Além de diminuir a qualidade e a expectativa de vida, a obesidade aumenta o risco de diabetes, hipertensão, doenças coronarianas, acidentes vasculares, entre outros problemas que podem levar à morte.

Flora também afirma que o controle do peso conquistado em 80% dos casos que passaram pelo tratamento se deve à continuidade da atividade física aprendida e, principalmente, à alimentação mais adequada. Isso nos mostra que a principal dificuldade encontrada no início do tratamento, que é a mudança das crenças individuais nos meios mágicos e rápidos para emagrecer, pode ser superada e substituída pelas alterações de estilo de vida que propiciam o prazer de ser saudável.

O tratamento no Gesto é gratuito e aberto a todos os pacientes obesos. Para participar, basta entrar em contato no telefone 3329-4463 para agendar uma entrevista com a equipe.

http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2012/11/28/oito-em-cada-10-obesos-conseguem-controlar-o-peso-apos-tratamento-sem-cirurgia.htm


Grupo em SP tem bom resultado tratando obesidade como vício em comida





Amanda Caroline
Do Adecio Piran

  
 

   
Comer pode ser "viciante", dar "barato" e ainda dificultar a interação em situações cotidianas. É levando esse aspecto em conta e tratando obesos como dependentes em álcool ou outras drogas que uma iniciativa está conseguindo bons resultados em São Paulo.

Em cerca de quatro meses, boa parte dos pacientes obesos atendidos pelo grupo conseguiu perder até 5% da massa corporal -uma mudança que representa melhor qualidade de vida, facilitando a agilidade, o deslocamento e a respiração.

No Gesto (Grupo de Estudo e Tratamento do Obeso), é feita uma espécie de "reabilitação" dos atendidos, envolvendo tanto a parte física quanto a psicológica.

O trabalho -não por acaso localizado no Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo- é conduzido por uma equipe multidisciplinar de profissionais.

Além da orientação nutricional e de atividades físicas, os pacientes necessariamente passam por sessões de terapia. Esse, que é um dos principais pilares do método, conscientiza o obeso de sua relação de dependência com a comida e daquilo que o leva à compulsão.

"A obesidade é uma doença e, como tal, exige dedicação para o tratamento. Muita gente acha que é bobagem, que é só seguir uma dieta. O obeso tem um vício em comida e ele precisa ter consciência disso", afirma a médica Maria Flora Almeida, coordenadora do Gesto.

CIRCUITO

Pesquisas já demonstraram que obesos podem apresentar alterações na química cerebral, a exemplo do que ocorre com dependentes químicos. Essas mudanças afetam o chamado circuito de recompensa do cérebro.

"É uma compulsão danada. Às vezes, a gente está mastigando e nem sabe o que está comendo", conta a auxiliar de escritório Regina Célia Neves, 50, em tratamento no grupo há um ano.

Segundo ela, o tratamento, que ocupa dois dias em período quase integral, já está dando resultados. Além de ter perdido peso (ela não revela quanto), Regina diz estar mais consciente sobre sua compulsão.

"Aprendi a saber quando tenho fome", avalia ela.

Tratar obesos como viciados, porém, não é unanimidade entre os especialistas.

Na opinião de Walmir Coutinho, membro da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) e presidente eleito da Iaso (Associação Internacional para o Estudo da Obesidade), essa pode ser uma abordagem "supersimplificada".

"A obesidade é uma doença multifatorial e nem todos os obesos se enquadram nesse caso de vício e compulsão. Reduzir todo obeso a essa categoria é simplesmente equivocado."

ALTERNATIVAS

Mas nem só de terapia vive o grupo. Os pacientes também participam de visitas a museus, parques, exposições e até de workshops de culinária, além de reaprender como fazer compras na feira e no supermercado.

"Isso serve para aprender a se relacionar de uma maneira saudável com a comida. Eles aprendem que é possível estar fora de casa sem pensar o tempo todo em comida", diz Maria Flora Almeida, coordenadora do grupo.

"É uma abordagem mais individualizada. Não adianta chegar para o paciente e dar uma folha de papel com a dieta. O comprometimento muda quando compreendem a razão das alterações no cardápio", completa Flora.

Segundo a médica, esse é um dos fatores que explicam o bom resultado do grupo mesmo com o fim do acompanhamento.

Um levantamento da secretaria de Estado da Saúde indica que 80% dos pacientes que terminaram o tratamento conseguiram manter o peso perdido, mesmo um ano após o fim do tratamento no Gesto. Foram analisados 149 pacientes com idades entre 31 e 76 anos, sendo que 92% eram mulheres.

A perda de 5% do peso corporal foi observada após quatro meses de acompanhamento no grupo.

O atendimento é gratuito e aberto a pacientes obesos. É preciso entrar em contato no telefone (11) 3329-4463 para agendar uma entrevista com a equipe.

Fonte:Folha de São Paulo

domingo, 25 de novembro de 2012

Perturbações do comportamento alimentar

O que são perturbações do comportamento alimentar?

Ainda hoje, e mesmo com o século XXI já instalado, continuam a habitar alguns mitos e falsas crenças associadas às Perturbações Alimentares. É ainda possível ouvir-se dizer que se tratam de “simples problemas com a comida”, de “esquisitices”, “modernices”, “mania das magrezas”, “chamadas de atenção” ou “falta de assuntos sérios em que pensar”, e desmontar estas cristalizadas convicções, é por vezes uma tarefa bastante difícil.
Antes de mais, é importante percebermos que muito deste suposto conhecimento do problema se traduz em puro desconhecimento. É isso mesmo, um evidente desconhecimento de que estamos perante doenças, perturbações psíquicas que acarretam com elas um intenso e prolongado sofrimento, com sérias consequências físicas, emocionais e psicossociais, e que assim devem ser consideradas.
Convém também esclarecer que muito deste desconhecimento se pode dever ao facto de estarmos perante perturbações de definição clínica mais recente. Embora existam pesquisas históricas que relatem a sua possível presença desde a Grécia antiga, só desde há cerca de quatro séculos elas têm vindo a ser percebidas como doenças. Vejamos o caso da Anorexia Nervosa, cuja primeira descrição científica remonta ao século XVII , mas que só nos finais do séc. XIX foi determinada como doença e apenas em 1970 definida pelo Psiquiatra Inglês Gerald Russel da forma que a conhecemos hoje, ou o caso da Bulimia Nervosa, que só em 1979 foi definida pelo mesmo Psiquiatra como uma perturbação alimentar autónoma. Ainda o caso da Ingestão Compulsiva, também designado por Binge Eating, que apenas no início da década de 80 do século XX, se compreendeu como uma doença independente, e que assim será integrada na próxima edição do manual de diagnóstico das perturbações mentais.
Resultantes de uma interacção entre factores biológicos, psicológicos, familiares e socioculturais as Perturbações do Comportamento Alimentar são mais do que hábitos de dieta pouco saudáveis ou caprichos com a comida. Elas caracterizam-se por uma atitude rígida e obsessiva de controlo da alimentação, do peso e da forma corporal, conduzindo a alterações dos hábitos alimentares, tais como a redução, a recusa, ou a ingestão excessiva de alimentos, e a possível prática de comportamentos compensatórios.
Com o tempo, as obsessões acerca da alimentação, do peso e da forma corporal tomam conta do funcionamento diário da pessoa, podendo em alguns casos tomar contar da sua própria vida.

SINAIS DE ALERTA

  • Preocupações intensas e frequentes com o peso e forma corporal;
  • Preocupações intensas e frequentes com alimentos, calorias e nutrição;
  • Dietas constantes, mesmo quando apresentam sinais de magreza corporal;
  • Oscilações de peso rápidas e inexplicáveis;
  • Toma de laxantes ou medicação para emagrecer;
  • Exercício físico intenso e excessivo;
  • Jejuns prolongados;
  • Arranjar pretextos e desculpas para abandonar os momentos de refeição;
  • Evitar situações sociais que envolvam comida;
  • Refugiar-se na casa de banho após as refeições;
  • Isolar-se para comer, ou comer mesmo em segredo;
  • Evitar alimentos altamente calóricos;

Anorexia nervosa

Tudo parece começar com uma imensa insatisfação com a imagem corporal. Na realidade, embora consigam ver as suas formas corporais de modo real e objectivo, sentem-nas e interpretam-nas distorcida e exageradamente.
“Não me sinto nada bem assim, estou tão gorda”, “Não gosto do que vejo ao espelho”, “Tenho de fazer qualquer coisa para emagrecer, não tarda estou uma baleia autêntica”, são expressões habituais de quem se sente insatisfeito com o seu próprio corpo e com a imagem que ele anuncia, e para modificar essa triste realidade, nada parece mais óbvio, fácil e libertador que iniciar uma dieta. Poder perder peso e com isso melhorar o estado emocional, aumentar a auto-estima e uma maior aceitação dos outros, é no mínimo aliciante.
A dieta inicia-se e a dicotomia perder peso, emagrecer, perder peso, emagrecer, perder peso, emagrecer instala-se… À medida que o peso diminui, o medo de o poder voltar a ganhar intensifica-se, perpetuando esta tendência. Jejuar ou limitar os alimentos ingeridos, controlando obsessivamente todas as calorias, assumem-se como tarefas dominantes e podem ser acompanhadas por períodos de exercício físico intenso. O recurso ao vómito e à utilização de laxantes ou diuréticos para acentuar o emagrecimento podem também ocorrer.
Toda a perda de peso é percebida como um constante triunfo, sinal de adequada disciplina e sensação de controlo, e o percurso continua a ser dirigido para a maior magreza.
Assim, tendem a apresentar um peso inferior ao nível normal mínimo para a sua idade e altura, e por vezes, chegam mesmo a atingir valores tão exageradamente baixos, que põem em risco a sua própria vida.
É uma doença que se manifesta maioritariamente no sexo feminino e que tende a surgir na adolescência, podendo ocorrer entre os 13 e os 18 anos.

Bulimia nervosa

A Bulimia Nervosa é uma doença silenciosa. Como não está associada a acentuadas perdas ou aumentos de peso, é das perturbações alimentares aquela que mais despercebida pode passar.
Por detrás de uma imagem aparentemente normal esconde-se um corpo insatisfeito, que se move continuadamente entre ingestões excessivas de comida e comportamentos compensatórios para dela se libertar. A ideia assumida é de que tudo pode ser ingerido, pois tudo será expelido de seguida, mesmo antes da absorção do organismo, impedindo qualquer ganho de peso. Nessas ingestões, quantidades de alimentos consideradas exageradas pela maioria das pessoas, são consumidas compulsivamente num curto espaço de tempo, a um ritmo acelerado, sempre acompanhadas por uma sensação de falta de controlo sobre o que está a acontecer.
O que é ingerido parece ser variável, mas verifica-se uma tendência para comida altamente calórica e de fácil deglutição, como os doces, as bolachas e os bolos ou os iogurtes, as papas e os salgados. E se inicialmente existe alguma sensação de prazer ou saciedade, rapidamente emergem as sensações de ineficácia e falta de controlo, e surgem os de sentimentos de angústia, vergonha, culpa e a baixa auto-estima. A vergonha leva a que estes comportamentos sejam na sua grande maioria praticados às escondidas, longe dos olhares e críticas dos outros, acontecendo quando se encontram sós, ou sob estratégias como as de levar a comida para locais seguros como o quarto, onde sabem que não serão descobertas.
A culpa, o mal-estar e o medo intenso de ganhar peso, conduzem à urgência da libertação da grande quantidade de alimentos acabada de ingerir. É necessário “limpar o corpo”, é fundamental “purificá-lo”, e numa tentativa vã de prevenir o ganho de peso e aliviar o desconforto, é comum serem praticadas algumas das seguintes estratégias: vómito auto-induzido, tomada de laxantes ou diuréticos, uso de clisteres, actividade física exagerada ou períodos de jejum prolongados. Contudo, estes comportamentos acabam mesmo por estimular a fome, e conduzem a novas ingestões compulsivas, facilitando a perpetuação do ciclo vicioso da bulimia.
Com o tempo, o impulso para comer vai-se tornando cada vez mais intenso, levando ao aumento da frequência e duração das ingestões bem como ao da quantidade de alimentos ingeridos. Consequentemente o medo de engordar também se vai intensificando, podendo surgir como uma resposta extrema, a tentativa de eliminação imediata de tudo o que é ingerido.
O descontentamento com a aparência física e o intenso medo de engordar, conduzem por vezes à prática de dietas restritivas e inflexíveis, impossíveis de cumprir, e amplamente responsáveis pela instalação deste ciclo bulimico. Mas a Bulimia não surge apenas do intenso desejo de emagrecer, ela é resultado de uma complexa interacção entre factores biológicos, psicológicos, familiares e socioculturais. Traduz-se numa dificuldade em lidar com sentimentos e quando a doença está instalada, as crises de ingestão compulsiva parecem surgir como resposta às instabilidades emocionais, cumprindo a comida uma função calmante, de preenchimento de vazios psicológicos e de estabilização emocional. E o ciclo bulimico passa a ser uma resposta de gestão de situações de ansiedade, stress, raiva, tristeza, frustração, rejeição, entre outras.
A Bulimia Nervosa é uma doença que se manifesta maioritariamente no sexo feminino, sendo a sua prevalência ao longo da vida de 1% a 3%. No sexo masculino também pode ser verificada, embora numa percentagem aproximadamente 10 vezes inferior, e aqui o exercício físico excessivo apresenta-se como o comportamento compensatório mais utilizado.
A maioria dos casos encontram-se na faixa etária dos 20 anos, mas também podem surgir no período da adolescência ou numa idade mais tardia, e o problema tende a persistir durante vários anos até à procura de ajuda.

Critérios de diagnóstico de bulimia nervosa

SINTOMAS

FÍSICOS

PSICOLÓGICOS

COMPORTAMENTAIS

  • Grandes variações no peso; Embora normalmente se apresentem com um peso dentro da normalidade;
  • Glândulas salivares inchadas, resultante da provocação continuada do vómito;
  • Garganta irritada;
  • Problemas dentários (esmalte desgastado e surgimento de cáries).
  • Fadiga;
  • Fraqueza muscular;
  • Dificuldades em dormir;
  • Irregularidade menstrual;
  • Vasos sanguíneos rebentados.
  • Alterações de humor;
  • Emotividade e Depressão;
  • Obsessão por dietas;
  • Dificuldade de controlo, relativa ao acto de comer;
  • Medo de não conseguir parar de comer voluntariamente;
  • Auto-criticismo severo;
  • Pensamentos de auto-censura depois de comer;
  • Auto-estima determinada pelo peso;
  • Necessidade de aprovação dos outros.
  • Obsessão por comida e ingerir grandes quantidades de alimentos;
  • Comer às escondidas;
  • Indisposição após as refeições;
  • Provocação de vómito;
  • Abuso de laxantes, substâncias para emagrecer e diuréticos;
  • Uso de clisteres;
  • Jejum prolongado e frequente;
  • Exercício físico excessivo;
  • Fuga a situações que envolvam restaurantes, refeições planeadas e eventos sociais.
  • Isolamento Social;

CONSEQUÊNCIAS!!!!

.
  • Depressão
  • Ansiedade;
  • Baixa auto-estima;
  • Isolamento social;
  • Fadiga e perda de energia;
  • Baixa pressão arterial;
  • Batimentos cardíacos irregulares;
  • Dores no peito;
  • Tonturas e Dores de cabeça;
  • Falta de ar;
  • Inchaço das extremidades;
  • Aumento das glândulas salivares;
  • Garganta irritada;
  • Sangue no vómito;
  • Perda de esmalte e cáries dentárias;
  • Calosidades e feridas nas mãos;
  • Retenção de líquidos;
  • Desidratação;
  • Anemia;
  • Menstruação irregular ou inexistente;
  • Enfraquecimento e queda de cabelo
  • Prisão de ventre e diarreias;
  • Inchaço e dores de estômago;
  • Úlceras;
  • Dilatação e rompimento gástrico;
  • Problemas de fígado e rins;
  • Alteração do mecanismo de saciedade;
  • Desequilíbrio hidroelectrolítico (alterações ao nível da concentração de sódio, cálcio, potássio, cloro e fosfato – grandes responsáveis pelo funcionamento do organismo);
  • Paragem cardíaca;
  • Morte.

CURIOSIDADES HISTÓRIA DE CLIENTE
Sabia que… 
A origem da palavra Bulimia deriva dos termos gregos bous, que significa “boi” e limos, que significa “fome”, e que em conjunto se lê “fome de boi”, traduzindo-se num apetite insaciável?
Sabia que…
Estas figuras públicas sofreram de Bulimia:
- Jane Fonda (Actriz);
- Diana Spencer “Lady Di” (Princesa de Gales);
- Alanis Morissette (Cantora;
- Gery Halliwell (Cantora);
- Elton John (Cantor);
“ A história repete-se com frequência nos 3 últimos anos. Por mais que não o queira fazer dou por mim a comer quilos e quilos de comida alucinadamente, como uma louca, e não tenho outra alternativa senão vomitar de seguida para me livrar de tudo isso.  Sempre me achei um pouco gorda e lembro-me de ter feito imensas dietas durante a adolescência. Embora conseguisse sempre emagrecer, com o tempo voltava a engordar e parecia que todos os sacrifícios que tinha feito na dieta tinham sido feitos em vão. Um dia percebi que podia comer tudo o que quisesse sem engordar, se depois vomitasse logo de seguida. Pensei que tinha encontrado a resposta para os meus problemas e comecei a agir dessa forma. Conseguia aliviar a culpa dos ataques de gula, e achava que não engordaria.
Ao princípio isto não acontecia muitas vezes, mas com o tempo foi ficando mais frequente e agora chega a acontecer diariamente. É algo terrível. Tenho vergonha de dizer o que como e de dizer as quantidades monstruosas de comida que devoro. Eu própria me espanto… como é possível ser-se tão alarve?! Posso dizer que chego ao cúmulo de ir comprar comida de propósito para os meus ataques, outras vezes como tudo o que consigo encontrar em casa. E como tudo sem descriminação. Depois fico tão enjoada e super irritada comigo e preciso urgentemente de vomitar. Às vezes fico extremamente cansada, mas pior que isso é a raiva que sinto e o desespero de não conseguir sair deste esquema.
Pela primeira vez resolvi pedir ajuda, não aguento mais este sofrimento, e preciso que me ajudem a parar com ele. Mereço tentar ser feliz.”
Maria, 23 anos, Estudante Universitária Bulimia Nervosa


Ingestão compulsiva

“Tudo começa comigo a pensar em comida… de início não passa disso, mas depressa os pensamentos se transformam em fortes desejos e o impulso de comer espreita de perto. É aqui que cedo, e começo mesmo a comer. De início é um alívio… um grande conforto… que aos poucos se transforma numa sensação de êxtase e sei que ai já não tenho qualquer controlo sobre o que estou a fazer… é comer e comer alucinadamente até mais não, até estar completamente a rebentar, e sentir-me terrivelmente maldisposta com isso. Depois, imóvel, sem me conseguir mexer de tantas dores de estômago e barriga, sou invadida por uma enorme culpa e uma imensa raiva de mim própria”

“Crises de Voracidade Alimentar”, “Ingestão Compulsiva” ou “Binge Eating” sãos os termos que utilizamos quando nos queremos referir a esta disfunção alimentar. Embora não seja ainda reconhecida nos manuais de diagnóstico psiquiátrico como uma Perturbação do Comportamento Alimentar, há indicações que desde a década de 90 que é identificada pelos clínicos que trabalham nesta área, e tenderá assim a ser reconhecida como uma perturbação independente, na próxima edição dos manuais.
Ela caracteriza-se como foi atrás descrita, por um comer excessivo e descontrolado de uma quantidade de alimentos, considerada exagerada pela maioria das pessoas, que só termina quando um intenso mal-estar ou exaustão física extrema são atingidos. A ingestão é feita aceleradamente e num curto período de tempo, e acontece normalmente quando a pessoa se encontra sozinha ou em locais mais isolados, onde não existe possibilidade de se confrontar com os outros ou onde essa hipótese e muitíssimo reduzida. E se os primeiros momentos da ingestão podem ser agradáveis, sendo até possível saborear-se a comida, depressa se transformam em momentos de angústia e até mesmo aversão, que se vão intensificando com o aumento do consumo alimentar.
Depois dos episódios surgem habitualmente os sentimentos de tristeza e fracasso, de culpa e de raiva, e enfartadas de comida sentem-se excessivamente vazias. O aumento de peso é uma consequência destas práticas alimentares e as dietas evidenciam-se como uma tentativa de resposta. E quanto mais peso ganham, mais se esforçam por cumprir as dietas, mas quanto mais se esforçam por cumpri-las, mais se vêem envolvidas em ingestões excessivas, num ciclo que parece não ter fim.
Tal como acontece na Bulimia, os episódios tendem a ser desencadeados devido a alterações de humor, tensões emocionais ou problemas do quotidiano, e mais uma vez, a procura de comida cumpre a função de apaziguamento e estabilização emocional. Mas contrariamente à Bulimia, na Ingestão Compulsiva não se verificam comportamentos compensatórios.
Surge tendencialmente no início da idade adulta e no que respeita à sua incidência, parece ser a perturbação alimentar que menor diferença entre sexos regista, embora se verifique tal como nas outras, uma maior prevalência de casos no sexo feminino.

SINTOMAS

FÍSICOS

PSICOLÓGICOS

COMPORTAMENTAIS

  • Rápido aumento de peso
  • Oscilações constantes de peso
  • Depressão;
  • Ansiedade;
  • Medo de não conseguir controlar a ingestão de comida;
  • Sentimentos de incapacidade em parar de comer;;
  • Peso é responsável pelos fracassos socioprofissionais;
  • Vergonha dos seus hábitos alimentares;
  • Culpa;
  • Obsessão por comida e ingerir grandes quantidades de alimentos;
  • Ingerir uma quantidade excessiva de alimentos num curto espaço de tempo;
  • Comer rapidamente, e por vezes mesmo sem apetite;
  • Isolar-se para comer ou comer às escondidas;
  • Comer até ao limite – sensação de não conseguir comer mais nada;
  • Ingerir maioritariamente alimentos de alto valor calórico;
  • Evitação a situações que envolvam restaurantes, refeições planeadas e eventos sociais;

CONSEQUÊNCIAS!!!!

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  • Obesidade
  • Diabetes;
  • Colesterol elevado;
  • Pressão arterial elevada;
  • Problemas respiratórios;
  • Problemas de rins;
  • Problemas de ossos;
  • Artrites;
  • Problemas de pele;
  • Menstruação irregular;
  • Dificuldades em engravidar;
  • Ansiedade;
  • Depressão;
  • Pensamentos suicidas;

CURIOSIDADES

HISTÓRIA DE CLIENTE

Sabia que… 
É um mito pensar que as pessoas com Ingestão Compulsiva têm uma especial obsessão por alimentos doces?
Contrariamente ao que se pensa, a maioria dos alimentos ingeridos num episódio de ingestão compulsiva, como os bolos, gelados ou chocolates, possuem na realidade maiores concentrações de gordura do que de açucares. As quantidades de açúcar ingeridas nestas situações são muito semelhantes às das refeições de uma pessoa sem perturbação alimentar.
“É horrível…  Comer às escondidas, sem parar, como se não houvesse amanhã, até ficar caída na cama a contorcer-me de dores no estômago. Nestes instantes o meu coração bate tão depressa com o medo que alguém me veja que praticamente só engulo a comida, nem chego a mastigá-la.
É assustador como uma pessoa não consegue ter controlo sobre si própria e, o pior de tudo, é a sensação de desespero e tristeza no final dos “ataques”. Como sobretudo quando estou desmotivada com a vida, quando tenho o tempo todo à minha frente, quando me sinto triste ou ansiosa. E por vezes, arrisco mesmo dizer a maior parte das vezes, é só para me castigar. Estou constantemente a pensar em comida, acho até que vivo em função dela.”
Ana, 26 anos, Estudante Universitária
Ingestão Compulsiva