A obesidade é um dos problemas mais importantes que a
Saúde Pública enfrenta hoje no Brasil e em outros países do mundo. A
Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que, atualmente. nos países
desenvolvidos, ela seja o principal problema de saúde a enfrentar.
Por que as pessoas estão engordando tanto? De onde vem esse desespero pela comida e a dificuldade para perder peso?
A resposta, por certo, poderá ser encontrada nas raízes evolucionistas
do homem. Há 50 mil anos, nossos antepassados tinham grande dificuldade
para conseguir alimentos. A possibilidade de estocá-los é contemporânea
ao advento da agricultura há dez mil anos, um segundo em termos
evolucionistas. Essa carência alimentar moldou o cérebro humano de tal
maneira, que ele busca obter o máximo de calorias possível para
mobilizar energia acumulando-a sob a forma de gordura que, teoricamente,
será usada nos períodos de fome provocados pela escassez de comida.
Entretanto, no mundo moderno, a realidade é bem diferente. A
geladeira pode conservar alimentos variados por dias e semanas. Basta
abri-la para saboreá-los. A propaganda nos incita a comer produtos
altamente calóricos por preço razoável. Basta uma ligação telefônica
para temos comida de diversos tipos e nacionalidades entregue, em poucos
minutos, na porta das nossas casas.
Nosso cérebro condicionado em tempos de penúria agora encontra
fartura e o mecanismo evolucionista que selecionou pessoas capazes de
acumular gordura, decisão inteligente no passado, se volta contra elas.
Reverter esse processo é tarefa árdua e muitas vezes inglória. No
entanto, é preciso estar alerta. O excesso de peso está associado a uma
série de doenças que comprometem a qualidade e a duração da vida.
DESEQUILÍBRIO ENTRE INGESTÃO E QUEIMA DE CALORIAS
Drauzio – Você, que tem grande
vivência clínica e enfrentou pessoalmente o problema da obesidade, como
enxerga a dificuldade de tantas pessoas para perder peso?
Bernardo Leo Wajchenberg – O homem moderno está pagando as contas pela facilidade de conseguir alimentos. Além disso, a tendência ao consumo do fast-food
representa sério empecilho para resolver o problema. Na hora do almoço,
em vez de sentar-se e comer arroz com feijão e salada como se fazia
antigamente, a pessoa aproxima-se dos balcões das lanchonetes e se
contenta com um hambúrguer e um milk-shake, alimentos de alto
valor calórico que provocam sensação de saciedade. A gordura tem essa
vantagem: comê-la garante sensação de bem-estar, de estômago cheio. Por
outro lado, a vida moderna está marcada pela falta de atividade física e
não há o gasto calórico suficiente. Ninguém anda mais. Todos se valem
do transporte coletivo ou, o que é pior, do individual. Portanto,
estamos comendo mais e gastando menos. Do ponto de vista termodinâmico,
estamos armazenando calorias. É bem verdade que existem indivíduos,
infelizmente a minoria, que comem muito e gastam muito também. A regra,
porém, não é essa.
Já se procurou, por muitos anos, uma causa metabólica primária para a
obesidade. Existem as formas ditas genéticas que são extremamente
raras, raríssimas. Até hoje, encontrei apenas um indivíduo de cabelos
vermelhos obeso (os ruivos podem ter um defeito na produção de
melanocortina), mas esse achado tem valor apenas para o estudo da
fisiopatologia da obesidade.
Então, a experiência que tenho é muito ruim. Eu e todo o mundo. O que
costumo sugerir para os obesos é uma alimentação razoável, porque
dietas muito restritivas não têm mais cabimento nos nossos dias. O
indivíduo não deve perder muito peso. Em torno de 7kg a 10kg no prazo de
alguns meses melhora as complicações que a obesidade traz consigo.
O problema é tão sério que o número de cirurgias da obesidade, ou
bariáticas, aumenta a cada dia. Para muitos obesos mórbidos não existe
outra solução apesar de estarmos substituindo uma doença por outra.
O procedimento cirúrgico mais frequente em nosso meio é a cirurgia de
Capela em que se reduz o volume do estômago. Não se consegue
interferir, porém, na vontade de comer. O paciente para de comer porque
se o fizer vomita, não aguenta o mal-estar. Conheço um indivíduo que
passou a tomar leite condensado, alimento de alto valor calórico, como
se sabe, mas que é aceito pelo estômago cuja capacidade ficou reduzida a
20cm³ aproximadamente.
TENDÊNCIA AO SEDENTARISMO
Drauzio – Em geral, os obesos são vistos como pessoas desavergonhadas, de caráter fraco, o que injusto.
Bernardo Leo Wajchenberg – Isso é um absurdo. É
inconcebível tal julgamento. Ninguém quer ser gordo. Eu, que sou um
semigordo e fui um grande obeso tinha vergonha da minha condição e não
ia à praia nem ao clube. O problema da obesidade está relacionado com o
ambiente familiar, a genética e o sedentarismo. Decorre, em parte, como
consequência da vida moderna e da falta de ensinamentos sobre a
necessidade de praticar esportes. Só os adolescentes o fazem. A regra é
que com o passar dos anos o indivíduo se mexa menos e coma mais. O rapaz
se casa, por exemplo, as responsabilidades aumentam, ele come mais e
engorda. Quando estudei nos Estados Unidos, reparei que eram gordos os
diretores da instituição. A arraia-miúda, o pessoal de baixo, era toda
magra.
A obesidade de per si não é um mal, se o obeso não apresentar outros
fatores de risco, como colesterol elevado, hipertensão, diabetes. Não me
lembro de nenhum paciente meu, um grande obeso, que tenha ultrapassado
os 50 anos. Todos morreram antes de complicações cardiovasculares, de
fraturas seguidas de embolia pulmonar, etc.
Em alguns países, há grupos populacionais em que a obesidade é mais
frequente. Nos Estados Unidos, por exemplo, os índios que vivem no
Arizona constituem um caso típico. Eles eram pobres, trabalhavam no
campo e eram magros. Quando foi descoberto petróleo em seu território,
as companhias petrolíferas lhes compraram as terras, deram-lhes royalties e eles pararam de dedicar-se à agricultura familiar. Como consequência, a obesidade tornou-se prevalente entre eles.
Drauzio – Quanto mais pobre a pessoa, maior é a tendência para comer mais gordura e mais carboidrato?
Bernardo Leo Wajchenberg – O problema está na comida
com alto valor calórico. Em países da Europa Ocidental e nos Estados
Unidos, está caindo o número de obesos na classe A, ao passo que nas
classes B e C esse número está subindo. Outra constatação triste é que o
exercício físico não faz parte dos hábitos de vida dessa população. No
meu ponto de vista, andar não ajuda a pessoa a perder peso. Já fiz um
cálculo uma vez e cheguei à conclusão de que eu teria de caminhar 40km
para perder um quilo. O exercício tem que ser aeróbico. Nas academias e
clubes, só há jovens e umas poucas pessoas mais velhas que se
acostumaram na juventude com a atividade física.
A obesidade é um problema muito sério e não há empenho por parte das
autoridades governamentais para resolvê-lo de vez. Tenho uma triste
opinião que compartilho com pesquisadores americanos a respeito desse
assunto. Aos governos não interessa acabar com o problema. As indústrias
envolvidas na fabricação de produtos para o controle da obesidade, as
academias e outras instituições frequentadas por quem quer emagrecer
rendem valores altos em impostos. Campanhas como “São Paulo, mexa-se!”
são importantes, mas pouco eficientes e perdem para o apelo do interesse
comercial.
TECIDO ADIPOSO: MAIOR GLÂNDULA ENDÓCRINA
Drauzio – Na época em que fui seu aluno na faculdade, o
tecido adiposo era considerado um tecido inerte, mero depósito de
células gordurosas que acumulavam energia para ser queimada num momento
de necessidade. Esse conceito mudou completamente, não é mesmo?
Bernardo Leo Wajchenberg – Hoje está provado que o
tecido adiposo é a maior glândula endócrina do organismo. Existem
dezenas de hormônios produzidos por ele, hormônios ligados à hipertensão
(angiotensinogênio) e ao apetite, como a lepitina, por exemplo. Quanto
mais gordura, maior a produção desse hormônio que age no cérebro e faz
diminuir o apetite. O obeso, porém, que tem muita lepitina, desenvolve
resistência a ela. Se não fosse assim, ninguém seria gordo.
Drauzio – Quando a pessoa perde gordura, a lepitina cai. Nesse caso, o que acontece com a fome?
Bernardo Leo Wajchenberg – A lepitina não tem muito a
ver com a fome no grande obeso, como tem nos não obesos e nos animais
experimentais. Por isso, é dificílimo tratar da obesidade. A experiência
me mostra que deve ser dada uma orientação dietética aos pacientes. A
dieta baseada em pontos atribuídos a cada alimento pode ajudar.
Idealmente existe uma série de alimentos que devem ser evitados. Isso
não quer dizer que nunca mais se possa comer pizza ou beber uma ou duas
doses de uísque por semana, desde que alguma coisa de valor calórico
equivalente seja retirada do cardápio daquele dia.
E aí fica evidente a necessidade do exercício físico, o verdadeiro nó
da questão. O adulto de meia idade, a maioria em minha clínica, não
faz. Já propus ir com eles para a academia, porque conheço as técnicas e
posso orientá-los. Nenhum tem tempo. Nem mesmo depois de um infarto. No
começo, adotam um programa de exercícios, mas logo voltam ao velho
esquema sedentário.
No caso dos diabéticos, a obesidade é um fator de risco importante e
reduzir o peso faz com que melhorem bastante. Eles conseguem perder peso
por algum tempo, mas depois voltam a engordar. Manter o peso é um
desafio muito complicado.
TRATAMENTO COM DROGAS CONTRA A OBESIDADE
Drauzio – Qual é sua impressão sobre as drogas usadas nos
tratamentos contra a obesidade? Os médicos, em geral, defendem posições
bastante contraditórias a respeito de seu uso.
Bernardo Leo Wajchenberg - A palavra droga define
por si só as características dessas substâncias. Penso que usar drogas é
uma droga. O bom seria poder evitá-las sempre. Mas qual é a alternativa
que posso oferecer a meus pacientes? Experimento as mais variadas
mudanças nos regimes alimentares. Nenhum resultado. Introduzo, então, as
drogas mais leves, embora não haja estudos comparativos sobre a ação
das mais potentes a longo prazo. É verdade que elas têm efeitos
colaterais. Os psiquiatras me contam que vêem isso todos os dias. Eu não
vejo nunca. Vez ou outra alguém se queixa de palpitação ou de insônia.
Nesses casos, prescrevo um tranqüilizante.
O problema é que o uso dessas drogas precisa ser contínuo, o que as
faz perder a eficácia, e é preciso mudá-las ou fazer combinações. É uma
pena que isso não seja ensinado aos alunos de medicina na faculdade.
Drauzio – O fato é que o tempo de duração desses tratamentos tornou-se uma discussão importante para a ciência.
Bernardo Leo Wajchenberg – O tratamento deve ser
mantido no mínimo por cinco anos. Estudos realizados pelo Instituto
Nacional de Saúde dos Estados Unidos mostraram que, usando a droga por
cinco anos, o paciente mantinha a perda de peso. Embora a tendência
fosse perder e ganhar um pouco de peso ao longo do tratamento, o balanço
era a favor da perda.
Tenho pacientes que estão tomando essas drogas por mais de oito anos e
conseguem manter de 10kg a 15kg a menos com melhora significativa de
todos os outros fatores de risco. Os residentes que trabalham comigo
acham estranho que nunca tenham aprendido isso. Eu acho um absurdo.
Existem drogas modernas como a sibutramina, com menos efeitos
colaterais, mas que não resolvem o caso dos grandes obesos. No começo é
ótima, mas com o tempo perde o efeito. Existem outras que diminuem a
absorção intestinal de gordura. Essas são menos eficientes, quando se
suspende a ingestão de gorduras e têm efeitos adversos como a
incontinência fecal. Contra as drogas antigas há o tabu de que fazem
mal. Eu as uso e recomendo. Não como primeira opção. A primeira opção é
a dieta e a mudança de hábitos. Alguns raros indivíduos conseguem
manter o peso depois que emagreceram. O grande gordo não. Toma a droga,
emagrece dez quilos, acha horrível a dieta e volta a comer e a engordar.
É o chamado efeito sanfona.
PERDA DE PESO NOS DOIS GÊNEROS
Drauzio – Quem engorda mais fácil e quem tem maior dificuldade para perder peso, os homens ou as mulheres?
Bernardo Leo Wajchenberg – Os homens perdem peso com
mais dificuldade por causa da vida que levam. As mulheres perdem mais
facilmente por interesse pela aparência do próprio corpo. A longo prazo,
porém, ambos continuam gordos a não ser nos casos raros em que o
individuo adere à medicação. Tenho alguns pacientes nessa situação. Eles
me telefonam e dizem que o remédio deixou de funcionar e eu faço outra
associação de drogas. Não é a conduta ideal. O ideal é a mudança de
comportamento.
A propósito, gostaria de comentar que o governo americano patrocinou um programa chamado Diabetes Prevention Program (DPP),
Programa de Prevenção ao Diabetes, que custou 150 milhões de dólares.
Eles mostraram que os indivíduos que aderiram à mudança de estilo de
vida e aos exercícios perdiam mais peso e reduziam o desencadeamento das
complicações do diabetes em seis anos. Fiquei surpreso e fui conversar
com quem apresentou esse trabalho num congresso em Glasgow, em 2001.
Soube que o grupo de cinco mil pacientes que fazia parte do estudo foi
selecionado por anúncio de jornal e cada um recebia uma ajuda de custo
para não interromper a experiência. No dia a dia, os resultados não são
os mesmos.
Os endocrinologistas não podem desprezar as características de comportamento do obeso. A Behavior Therapy (Terapia Comportamental), teoria desenvolvida por um cientista da Filadélfia, visa exatamente à mudança de comportamento desse paciente.
TERAPIA COMPORTAMENTAL E EMAGRECIMENTO
Drauzio – Em que consiste a terapia comportamental utilizada nos casos de emagrecimento?
Bernardo Leo Wajchenberg - Não conheço exatamente
o processo, mas sei que o indivíduo conversa com o psicólogo ou com uma
pessoa habilitada para o trabalho que faz sugestões para a mudança da
dieta, do comportamento alimentar e cobra os resultados. No início, as
sessões são semanais. Com o passar do tempo, sessões de reforço são
realizadas pelo menos uma vez por mês. Infelizmente, isso consome tempo,
custa caro e não é pago pelo governo.
Não tenho informação de nenhum centro no Brasil dedicado a esse tipo
de serviço, mas sei de algumas pessoas que se beneficiaram com o
tratamento. Em recente congresso, o grupo de Filadélfia da Sociedade
Americana de Diabetes apresentou trabalhos com resultados encorajadores.
O paciente perde de 7% a 10% do peso corpóreo e mantém esse valor por
anos a fio.
Drauzio – Num estudo comparativo entre os diversos tipos de
dieta para emagrecer, os institutos nacionais de saúde dos Estados
Unidos (NHI) concluíram recentemente que uma pessoa costuma perder com
as dietas até 10% de seu peso corpóreo. Quando acompanhadas depois de um
ano, 50% delas voltaram ao peso original e cinco anos depois
praticamente todas readquiriram os quilos perdidos.
Bernardo Leo Wajchenberg – Qualquer regime pode ter
esse resultado. Por isso, a importância da mudança de comportamento.
Acompanhei no Hospital Sírio-Libanês um grupo de obesos e as psicólogas
me disseram que estavam pensando em introduzir a Teoria Comportamental
com reforço contínuo no tratamento da obesidade. Não sei se os planos
foram concretizados, mas é fundamental que iniciativas como essa sejam
postas em prática.
FALTA DE PREPARO ACADÊMICO
Drauzio – Você acha que nós médicos somos preparados nas
faculdades de medicina para lidar com um problema tão sério quanto esse?
Bernardo Leo Wajchenberg – Acho que não. Aliás, de
certa forma, os cursos das faculdades são irrelevantes. A formação
médica vai se alicerçando depois da formatura com a aquisição de novos
conhecimentos que surgem numa velocidade espantosa nos últimos tempos.
Por exemplo: há 20 anos o diabetes constituía um ramo pequeno da
endocrinologia. Hoje, é maior do que todos os outros assuntos somados.
Nos congressos, as sessões sobre diabetes são as que têm maior número de
ouvintes médicos. Eu me especializei em diabetes e obesidade, embora
trate de outras doenças da mesma área. Todo diabético adulto é obeso até
que provem o contrário. Quando não é obeso, é preciso investigar o que
possa estar interferindo em seu emagrecimento.
PREVISÕES PARA OS PRÓXIMOS 50 ANOS
Drauzio – Como você acha que o problema da obesidade vai ser r4solvido no futuro?
Bernardo Leo Wajchenberg - Diz um ditado popular que
o futuro a Deus pertence. Não posso fazer previsões. Quando vi o
primeiro computador em 1964, enorme, achei que não teria muita
utilidade. Hoje, ele está aí, em todo o canto, pequeno e popular.
Entretanto, posso imaginar que se as coisas continuarem do mesmo
jeito, o número de obesos vai aumentar. Nós, que vivemos no hemisfério
sul, podemos ter uma ideia do que pode nos acontecer, se olharmos para o
número de casos de obesidade em nossos irmãos do hemisfério norte.
Vejo que a educação na infância é a única forma para tentar resolver o
problema. Não se pode induzir a criança a comer batata frita como um
prêmio nos finais de semana. Isso não é prêmio, é punição. Batata frita
tem alto valor calórico e muita gordura saturada. A educação deve
começar em casa. Agora, me pergunto como médico e como pai de família:
desde quando temos tempo para almoçar ou jantar com nossos filhos?
Refeições em família tornaram-se um evento raro em nossas vidas. Com
isso, não ajudamos a criar hábitos alimentares saudáveis nas crianças,
que acabam engordando.
Quero frisar, também, que nos últimos anos me impressionaram os casos
de obesidade na infância e na adolescência nos quais o fator
desencadeante foi a separação dos pais. Se existe tendência na família,
conflitos emocionais desse tipo podem ser a origem do problema.
Drauzio – Você disse que a genética é responsável apenas por
pequeno número de casos de obesidade. O que me intriga é ver, muitas
vezes, um casal obeso com filhos pequenos também obesos.
Bernardo Leo Wajchenberg – Isso me faz lembrar os
quadros do pintor colombiano Botero, em que o pai e a mãe são gordos, o
filho é gordo e o gato também é gordo. Trata-se, porém, de uma situação
diferente da encontrada naqueles casos raros determinados pela genética,
como os de obesidade mórbida em indivíduos com cabelos cor de fogo.
Na verdade, não se pode negar que exista um componente genético
familiar que ainda não foi bem definido. Um dos mais famosos cientistas
no estudo da obesidade no Canadá, publica todos os anos um relatório dos
genes envolvidos nessa doença, mas até agora não foram definidos
exatamente quais são eles. Sabe-se que se trata de uma doença em que
estão envolvidos múltiplos genes. Somos capazes de entender as doenças
monogênicas, isto é, aquelas que estão associadas a um único gene. Para
as outras ainda não foi encontrada explicação. É o caso do diabetes e da
hipertensão, patologias que estabelecem interações gênicas de altíssima
complexidade.
Não acredito que se encontrem soluções para essas doenças num futuro
imediato, mas espero que a cura para ela apareça nos próximos 50 anos.
Drauzio – Você espera viver para assistir a essa descoberta?
Bernardo Leo Wajchenberg – Não espero nem quero.
Também não cabe a mim decidir isso. Sou apenas um joguete nessa
história. No momento, doença poligênica é ainda um brinquedo nas mãos
dos pesquisadores. Você encontra em todos os números da revista Diabetes trabalhos sobre genética. Um dia, alguém acaba acertando e descobre a solução para esse enigma.
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