Pesquisa Vigitel mostra queda também entre fumantes passivos no domicílio
No Dia
Nacional de Combate ao Fumo (29 de
Agosto)
o Ministério da Saúde divulgou hoje um dado inspirador: a parcela da
população brasileira acima de 18 anos que mantém o vício em
cigarro caiu 20% em todo país nos últimos seis anos, de acordo com a
pesquisa
Vigitel 2012 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças
Crônicas por Inquérito Telefônico), do Ministério da Saúde. Já em São
Paulo, o número de fumantes reduziu 17%, passando de 18%, em 2006, para
15%, em 2012.
Os dados revelaram também que os homens continuam fumando mais. Ano passado, o índice de homens fumantes foi de 21%,
contra 22% em 2006. Já entre as mulheres, esse dado era de 14% e foi reduzido para 11% em 2012.
O levantamento revela ainda que em São Paulo a frequência de
fumo passivo no
domicílio é de 9%, sendo 7% em homens e 11% em mulheres. Além disso, a
frequência entre pessoas que fumam 20 ou mais cigarros por dia em São
Paulo é de 5%: 7% homens e 3% mulheres.
Em relação ao número de adultos fumantes por cidade, o levantamento
mostra que a
capital que tem a
maior concentração é Porto Alegre (RS) com 18% - o estado também detém a
maior proporção de pessoas que fumam 20 cigarros ou mais por dia (7%).
Já a capital com o menor índice é Salvador (BA), onde 6% da população
adulta diz ser fumante. Em São Paulo, a frequência de adultos fumantes é
de 16%.
Sobre a pesquisa O estudo Vigitel
tem o objetivo de medir a prevalência de fatores de risco e proteção
para doenças não transmissíveis na população brasileira e subsidiar
ações de promoção da saúde e de prevenção de doenças. O levantamento
monitorou 45,4 mil adultos residentes em domicílios com telefone fixo em
todas as capitais do país.
Uma novidade nesta edição do Vigitel é a atualização dos dados da
população de referência levantados pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). No estudo deste ano foi utilizado o
censo demográfico de 2010, e não de 2000. Ao utilizar informações mais
atuais, os dados revelam uma população maior, mais escolarizada e também
mais idosa. Em função disso, as análises de tendência foram refeitas
para o período de 2006 a 2012 - para todas as variáveis, incluindo o
tabagismo ? o que explica as possíveis diferenças nos números impressos
em anos anteriores.
Sete métodos ajudam a parar de fumarQuem
já tentou sabe que largar o cigarro não é fácil. Vários métodos podem
ser utilizados para deixar de fumar, desde a parada abrupta até o
suporte de produtos à base de nicotina, as chamadas terapias de
reposição. "Vários fatores influenciam na escolha do método, como
motivação, medos sobre parar de fumar e sintomas de ansiedade", afirma a
psicóloga e especialista em tabagismo Sabrina Presman, da Associação
Brasileira de Estudo do Álcool e Outras Drogas (Abead). Segundo a
especialista, um tratamento efetivo envolve a abordagem de três
aspectos: físico, psicológico e comportamental. "Além de contornar a
abstinência (físico), é preciso desvincular o cigarro de emoções como
alegria ou tristeza (psicológico) e de hábitos como tomar café ou
dirigir (comportamental)", diz. Só uma avaliação médica criteriosa é
capaz de indicar qual o tratamento ideal para cada paciente. Está
interessado e quer saber mais sobre os métodos disponíveis? Confira as
orientações dos especialistas:
Chicletes de nicotina
As gomas de mascar feitas à base de nicotina
devem ser utilizadas quando o paciente estiver com sintomas de
abstinência ou vontade intensa de fumar. "Aos serem mastigados, os
chicletes liberam nicotina gradualmente, e esta é absorvida pela mucosa
oral, com pico em 20 minutos", explica o cardiologista Roberto Cury, do
Laboratório Pasteur, em São Paulo. Nesse caso, a ação da nicotina no
organismo é diferente de quando é inalada com a fumaça do cigarro, pois
será depositada na corrente sanguínea em doses pequenas com o objetivo
de controlar o vício. A psicóloga e especialista em tabagismo Sabrina
Presman, da Associação Brasileira de Estudo do Álcool e Outras Drogas
(Abead), diz que um fator importante para que o uso desses chicletes
seja eficaz é sua técnica de utilização. "Eles não devem ser mastigados
como um chiclete comum, e sim mascados algumas vezes até que o sabor da
nicotina fique aparente, e após isso deve-se depositar o chiclete entre a
gengiva e a bochecha até que o gosto desapareça", afirma. "O mesmo
ciclo de mastigar e depositar o chiclete deve ser repetido até que se
completem 30 minutos de uso, quando ele deve ser desprezado."
O
cardiologista Roberto afirma que os chicletes de nicotina são
contraindicados para pacientes com distúrbios da articulação
temporo-mandibular, má dentição ou gengivite e gestantes. "No caso das
futuras mães, sabe-se que a nicotina está associada ao nascimento de
bebês de baixo peso, devendo ser excluída toda a nicotina da gestação",
afirma a psicóloga Sabrina. "Entretanto, a utilização das terapias de
reposição de nicotina, como adesivos e chicletes, ainda é mais segura
que continuar fumando." Os efeitos colaterais podem incluir náuseas,
vômito, dor abdominal, cefaleia, tosse, excesso de salivação e irritação
da mucosa da orofaringe. Além disso, ingerir líquidos enquanto masca a
goma pode "lavar" a nicotina bucal, tornando o produto ineficaz.
Pastilhas de nicotina
Parecidas com os chicletes, as pastilhas de
nicotina também liberam a substância gradativamente, devendo ser usadas
em baixo na língua. "As pastilhas exigem uma dose maior para pacientes
que fumam o primeiro cigarro em menos de 30 minutos após acordar",
afirma o cardiologista Roberto. Por não exigir mastigação, ele pode ser
usado em pacientes com distúrbios da articulação temporo-mandibular ou
má dentição, mas as demais contraindicações são as mesmas do chiclete.
"As pastilhas de nicotina podem ser usadas por até três meses e os
efeitos colaterais são similares ao da goma." O ideal é que a pastilha
seja movida de um lado para o outro da boca até se dissolver
completamente, sendo utilizada quando o paciente sentir vontade de
fumar, não excedendo a quantidade diária indicada na bula.
Adesivos de nicotina
Com o objetivo de aumentar ainda mais as taxas de
abstinência ao tabaco, foram desenvolvidos os adesivos de nicotina
transdérmica. "Eles devem ser usados constantemente e trocados a cada 24
horas, sem interferir nas atividades do indivíduo", explica a
especialista em tabagismo Sabrina. O cardiologista Roberto afirma que
eles estão indicados para todas as pessoas que querem largar o
tabagismo, não possuindo nenhuma contraindicação formal, com a ressalva
para gestantes. O uso dos adesivos de reposição deve ser feito durante
45 a 90 dias, sendo que a dosagem depende de quantos cigarros a pessoa
fumava por dia. Entre os efeitos colaterais estão a presença de
irritações na pele, que podem impedir a continuidade do tratamento.
"Efeitos colaterais mais comuns devido ao uso durante a noite são
insônia e pesadelos, nestes casos o adesivo deve ser retirado antes de
dormir", alerta o cardiologista.
Spray nasal de nicotina
O spray nasal libera uma solução aquosa com
nicotina na mucosa nasal com rápida absorção e pico de 10 minutos,
quando comparada ao chiclete e pastilha. Seu uso é recomendado por até
três meses. Ele deve ser ministrado a uma ou duas doses por hora, sem
exceder o número de cinco doses por hora ou 40 doses por dia. "Seus
efeitos colaterais mais comuns são irritação nasal e da orofaringe,
rinite e lacrimejamento, sendo que 94% dos usuários apresentam algum
sinal de irritação nasal nos primeiros dois dias", afirma o
cardiologista Roberto. No entanto, nenhum desses efeitos justifica a
suspensão do tratamento. O produto pode ser usado em conjunto com outras
formas de reposição, conforme indicação médica. ?A maioria dos
pacientes usa em média 15 doses por dia, diminuindo o número de doses
com o passar do tempo?, diz Sabrina.
Bupropiona
Originalmente um antidepressivo, essa medicação foi aprovada pelo
Food and Drug Administration
(FDA) para tratamento do tabagismo. Seu efeito no combate ao tabaco foi
descoberto em estudos para verificar seus efeitos contra a depressão,
nos quais os participantes declaravam diminuição do desejo de fumar.
Diferente das terapias de reposição de nicotina citadas acima, os
fumantes devem iniciar o uso da bupropiona uma semana antes da
abstinência. "Ela é administrada por meio de comprimidos via oral e age
no sistema nervoso central, não sendo recomendado que a pessoa fume
durante o tratamento", explica o cardiologista Roberto. Os efeitos
colaterais mais comuns são insônia, agitação, boca seca e dor de cabeça.
Os especialistas lembram que a bupropiona pode ser usada em conjunto
com outras terapias de reposição, como o chiclete de nicotina, mas
independente de ser ministrada individualmente ou não, pede o
acompanhamento médico.
Parada abrupta
Algumas pessoas optam por não usar qualquer tipo
de terapia ou medicamento para cessar o vício, optando apenas pela
parada imediata - que consiste em marcar uma data para largar o vício e,
chegado o dia, não ter qualquer cigarro guardado e interromper seu uso.
"É importante nessa situação que o paciente receba acompanhamento
psicológico, para atingir com sucesso a abstenção do tabagismo sem
reincidência do vício", explica Roberto Cury. Os principais efeitos
colaterais da parada imediata podem ser ganho de peso e ansiedade.
Parada gradual
O método de parada gradual consiste em diminuir o
número de cigarros com o passar dos dias ou então retardar a hora do
primeiro cigarro. "Com a parada gradual, você tem um risco menor de
abstinência, mas o sucesso muitas vezes é dependente do acompanhamento
médico e psicológico", diz o cardiologista Roberto. A redução varia
conforme a quantidade que o paciente fuma. "Um fumante de 30 cigarros
por dia, por exemplo, pode reduzir cinco cigarros a cada dia, cessando
completamente após uma semana", explica Sabrina Presman. Ou então, uma
pessoa que começa a fumar às 9h vai atrasando em duas horas o seu
primeiro cigarro a cada dia, chegando ao sétimo dia sem cigarros. "A
estratégia gradual não deve durar mais de duas semanas, pois pode se
tornar uma forma de adiar, e não de parar de fumar", explica Sabrina. O
mais importante é marcar uma data para que seja seu primeiro dia de
ex-fumante.
Lembre-se também que fumar cigarros de baixos teores
não é uma boa alternativa, pois todos os derivados do tabaco (cigarros,
charutos, cachimbos, cigarros de Bali, cigarrilhas, narguilé, entre
outros) fazem mal à saúde. Ao sinal de dificuldades, o paciente pode
optar por terapias de reposição de nicotina associado à parada gradual.
Cigarro eletrônico
A comercialização do cigarro eletrônico é
proibida no Brasil. Segundo a especialista em tabagismo Sabrina Presman,
o cartucho interno desses produtos contém nicotina, a mesma substância
dos cigarros comuns que causa dependência, apesar de os fabricantes
alegarem que a fumaça é apenas vapor d?água. A Agência Nacional de
Vigilância Sanitária afirma que não há evidências de que o dispositivo
tenha alguma utilidade no processo de cessação do tabagismo. "Como se
trata de um produto não regulamentado, não há como saber de fato quais
são as substâncias presentes nesses cigarros nem se elas podem trazer
malefícios", explica Sabrina. O cardiologista Roberto afirma que existem
pesquisas sobre o cigarro eletrônico que não mostraram benefício a
longo prazo, mas sim problemas e dificuldades respiratórias nos
usuários.