http://gastronomiadescomplicada.blogspot.com/2010/11/os-mais-caros-e-inusitados-cafes-do.html
Jacú Coffee x Kopi Luwak - O Café mais raro e caro do Mundo.
O filme “Antes de Partir” mostra um milionário sistemático que aprecia um café muito especial e se admira quando sabe por um colega de quarto de hospital a sua origem: “Kopi Luwak que é o café mais caro do mundo. No povoado de Sumatra onde os grãos são cultivados existem os gatos de algalha. Esses gatos comem os grãos, ingerem e depois defecam. Os aldeões coletam e processam as fezes. É a combinação de grãos e sucos gástricos destes gatos que dá ao Kopi Luwak o sabor e aroma que são únicos”. O café é o Kopi Luwak e o animal envolvido é um tipo de gato. O café que ele come acaba saindo no estrume. E este café agora tem a ver com uma realidade do Espírito Santo.
A Pedra Azul é um marco da região de montanhas do Espírito Santo onde vem se aprimorando ano a ano a
produção de cafés especiais. E uma fazendo perto do pé da pedra tem uma novidade.
Venda Nova do Imigrantes tem marcado a presença italiana que cultua bastante as
tradições culturais com origem na Europa.
Fazenda Camocim fica a pouco mais de 10 quilômetros de Venda Nova, ainda que esteja no município de Domingos Martins. São cerca de 300 hectares de café e eucalipto, com boa parte da área ainda mato.
Toda a produção no local é de café arábica orgânica. O jeito de colher café da fazenda é diferente do convencional por duas coisas.
Primeiro o café não vai no chão em cima de um pano vai direto para a peneira e só se colhe o grão cereja ou o seco, o verde fica no pé. E uma outra diferença é que chega uma hora que o colhedor deposita a peneira debaixo do pé de café, e sai pela rua caçando, olhando, procurando um outro tipo de grão.
“O que voc6e está pegando no chão”, pergunta o repórter.
“Eu estou pegando o café do jacu. O jacu vem de manhã cedo, de madrugada e como o nosso café é todo cheio de mata ele vem e come o café. E ele passa por processo no intestino e fica desse jeito. Como você pode ver, pegar na mão, ele não tem cheiro. A gente vai recolhe com uma tipóia, com um bonar de pegar bagre e a gente vem, vai catando seoparado e colocando dentro saco”, Márcio Bassani, trabalhador rural.
Ao fim de cada período os colhedores repassam de seus bornais para um saco o jacu coffee que conseguiram.
No terrero suspenso os bloquinhos com o jacu coffee são esparramados para esfarelar e soltar os grãos e ali ficam por até duas semanas. No ponto certo da seca são embalados e ficam a espera do comprador.
”E depois de beneficiado o jacu coffee fica diferente?”, pergunta o repórter.
“Ele fica com o mesmo aspecto, como se fosse um café convencional comum”, diz Rogério Lenke, supervisor da fazenda.
Hoje, no mesmo pé de café você colhe o cereja e também jacu coffee. No mesmo pé de café tem os dois.
Como é que começou esta história do jacu coffe?
A fazenda é cercada por várias matas, mata virgem e o jacu começou a migrar para comer o café e ia começar a dar prejuízo. Aí a gente chegou a pedir autorização para com eses jacus. Daí veio a notícia do café da Sumatra. Dái a a gente pegou o café de jacu fez um teste deu certo.
A tarefa agora é do câmera Jorge de Souza. Vai ter que filmar o jacu, e precisa mostrar que eles comem café e fazem o resto do serviço.
Não foi difícil ver jacus alí em volta nas árvores, fazendo até aquela zoada lá dentro. Um deles se coça, outro jacu na palmeira está espiando. Será que ele veio pelo café, que nada, o que ele quer é comer aquela semente mesmo.
Muitos dias a gente conseguiu refilmar a seqüência toda, com a pressa da reportagem aceitamos a oferta de filmar o jacu comendo o café que a gente mesmo colocou no viveiro. E comeu mesmo, com gosto.
Em coisa de 15 minutos foi ao ramo umas 10 vezes, quase nunca perdendo o bote sem espanto ou aflição.
Se engole o grão para aproveitar a polpa e o mel, o coco tem mesmo que sair e só pode ser mesmo na forma de pé de moleque que a gente viu na lavoura, o ciclo se fechou.
Henrique Sloper de Araújo, formado nos Estados Unidos em comércio exterior é o dono da fazenda Camocim.
“Qual a diferença do jacu coffee para o café da Sumatra?”, pergunta o repórter.
“A diferença básica é o processo do animal. O Sumatra ele faz uma digestão mais lenta, é um mamífero. O jacu ele faz a digestão muito mais rápido”, explica o dono.
E quanto que custa o jacu coffee? “Ele não tem preço. A gente faz o que a gente pode em uma no, é uma coisa que a natureza nos dá, a gente não tem certeza da quantidade que vamos produzir e a gente oferece aos nosso clientes e daí faz um preço de acorodo com a procura deles”, conta.
Já em São Paulo, levamos o café jacu ao centro de preparação de café do Sindicato da Cafeicultura de São Paulo. Quem vai prová-lo é a doutora Eliana Almeida, engenheira de alimentos e juradas de concursos de café.
Levamos o café jacu junto com o café da região do Espírito Santo, ambos apenas numerados, sem que a doutora Eliana soubesse qual era um qual era o outro.
Ela começou cheirando o café torrado, sentiou as outras fases até armar a mesa. Testou cada um mais de uma vez.
“Eu gostei deste café, achei que ele está com baixa adstringência, bom corpo, achei que ele é um café bem equilibrado, não tem nada nele que ressalte. Número 1. Eu daria uma nota maior para o número 2. É raro você comprar um café com esta complexidade, com esta leveza e este café número dois, parece um licor. O gosto que fica depois é mais leve. Eu daria uns 90 para o número 3 e 80 para o número 1”, afirma Eliana.
O número dois é justo o café jacu.
O café jacu, que é raro e caro, vai quase todo para a Europa e os Estados Unidos.
Considerado o café mais caro do mundo (US$ 600.00 por meio kilo), o Kopi Luwak
(ou Civet Coffee) é com certeza também o mais exótico.
Você tomaria uma bebida feita com fezes de animal? Antes de responder, saiba que é esse o ingrediente especial do café mais raro, saboroso e caro do mundo, o Kopi Luwak, originário da Indonésia. Essa, digamos, excentricidade do café sempre foi considerada uma lenda urbana, até que um estudo realizado pelo pesquisador italiano Massimo Marcone, em 2004, confirmou o que deve ter feito o estômago de muitos apreciadores da iguaria revirar.
Os preciosos grãos são mesmo processados pelo sistema gastrointestinal e depois retirados dos excrementos da civeta, um mamífero parecido com um gato, que não existe no Brasil (na Indonésia, as palavras Kopi e Luwak significam, respectivamente, café e civeta). O animal come somente os frutos mais doces, maduros e avermelhados do café, que são digeridos pelo seu organismo, com exceção dos grãos, que são excretados junto com suas fezes. E é justamente essa
produção limitada dos grãos (menos de 230 quilos por ano) o motivo de sua raridade, preço alto (cerca de mil dólares o quilo) e sabor inigualável, garantem os apreciadores. "Uma mistura de chocolate e suco de uva. Menos ácido e amargo do que os cafés comuns", descreve Marcone.
Pesquisa valiosa
O pesquisador explica que à medida que o grão passa pelo sistema digestório do animal, ele sofre um processo de modificação parecido com o utilizado pela indústria cafeeira para remover a polpa do grão de café, mas que envolve bactérias diferentes das usadas pela indústria, além das enzimas digestivas do animal. É isso que dá ao Kopi Luwak seu sabor característico inigualável. Mas esse processo um tanto quanto esquisito de produzir café não representa riscos à saúde? "Os resultados dos testes que fiz em meus trabalhos mostraram que a bebida é perfeitamente segura", garante Marcone.
Não existem registros precisos sobre a história do Kopi Luwak, mas acredita-se que sua origem data de cerca de 200 anos atrás, quando os colonizadores holandeses iniciaram
plantações de café nas ilhas de Java, Sumatra e Sulawesi, onde hoje é a Indonésia.
É nessas ilhas que vivem as civetas, que começaram a se alimentar da planta. Para evitar o desperdício, os plantadores de café começaram a coletar os grãos que saíam intactos das fezes dos animais. Em algum momento alguém resolveu experimentar essa variedade aparentemente pouco apetitosa e descobriu o que hoje é considerado o café mais saboroso do mundo. E você, ficou com vontade de encarar?
Receitas para perder a fome
O Kopi Luwak não é o único alimento excretado por
animais que consumimos. Veja outros exemplos :
Vômito de abelha: O mel nada mais é do que isso. O néctar é transportado para o sistema digestório das abelhas, onde é misturado a enzimas que convertem seu açúcar em glicose e frutose. Ele se transforma em mel e é regurgitado pelas abelhas. É esse o produto final que consumimos.
Saliva de pássaro: É o ingrediente de uma sopa considerada uma iguaria na China (também conhecida como "caviar do oriente"). O pequeno pássaro constrói ninhos com sua própria saliva. Esse ninho (que literalmente vale ouro) é usado para o preparo da sopa. O prato é consumido em várias partes do mundo, inclusive nos EUA, que são o maior importador.
Fezes de cabra: É essa a origem de um tipo de óleo usado no Marrocos. O animal se alimenta de um tipo de fruta similar à oliva, que origina o óleo, depois seu caroço é coletado de suas fezes e se transforma em um óleo usado para cozinhar, como cosmético e na medicina local.
Cerveja de cuspe: A chicha é um tipo de cerveja produzido no Equador. Os grãos de milho são mastigados e cuspidos em um recipiente, onde as enzimas da saliva quebram o amido que depois será fermentado e misturado ao álcool.
BRASIL - JACÚ COFFEE
O
café-jacu, ou jacu bird coffee, chegou a Londrina. O produto, que vem do Espírito Santo e está ganhando o mundo, tem como principal característica o fato de passar pelo intestino do jacu antes de chegar ao terreiro. A ave come o fruto maduro e defeca os grãos inteiros, que depois são processados para chegar ao consumidor. Na cidade, o café só é servido na forma de espresso: R$ 10 a xícara. Se fosse para levar para a
casa, a embalagem de 250 gramas (em
grãos torrados) sairia muito caro, já que o custo para o comerciante está em torno de R$ 40.
O produto é inspirado no café mais caro do mundo (R$ 25 a xícara, em São Paulo), o kopi luwak, da Indonésia, cujos grãos são comidos por um felino.
No caso do jacu, praticamente toda a produção vai para o mercado externo (Tóquio, Londres e Costa Oeste dos Estados Unidos) e uma pequena parte é vendida no Brasil, principalmente nas capitais.O café é produzido desde 2006, mas tornou-se conhecido em território nacional depois da divulgação na mídia em setembro do ano passado. Desde então, a comerciante Cristina Maulaz está tentando trazê-lo para Londrina, mas só conseguiu fechar o negócio agora porque faltava produto para atender a demanda. A novidade começou a ser servida nesta semana.
''Estou ligando para as pessoas virem conhecer. Comprei em pequena quantidade para sentir o mercado. Quem aprecia café está gostando. Na verdade, é uma iguaria, uma bebida fina'', diz Cristina, da loja O Armazém. Dois especialistas no assunto estiveram no local para uma degustação. Eles tomaram a bebida sem açúcar, do jeito que se prova os chamados cafés especiais.
Afinal, o tal café que vem nas fezes do jacu é bom? ''Muito bom. Harmonioso, equilibrado e tem uma acidez desejada. Deixa um sabor residual muito agradável na boca. Lembra fruto maduro, adocicado. Está vendo esse creme que fica na xícara depois que acaba? É sinal de qualidade. Enfim, é um café maravilhoso, para degustar como se estivesse tomando uma raridade'', descreve Marcos Aurélio Bacceti, produtor, corretor e degustador de café para fins comerciais e de pesquisa. Ele já havia experimentado a bebida em São Paulo.
A bioquímica Maria Brígida Scholz, pesquisadora de café do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), tomou o café-jacu pela primeira vez e também aprovou. ''Esperava que fosse um bom café. E realmente é. É muito doce, com acidez aceitável, bem agradável. O ponto de torra é suave, muito aromático'', afirma ela, que também é degustadora oficial de café. Segundo Brígida, trata-se de um café super selecionado, já que o jacu escolheu no cafeeiro os frutos bons e bem maduros. ''O pássaro é atraído pelo doce do café''.
Tanto Bacceti quanto Brígida observaram que, independentemente do processo no sistema digestivo do pássaro, a qualidade do café já é muito boa. É cultivado em uma região de montanhas e certificado como orgânico e biodinâmico. ''Vale lembrar que o Brasil sempre produziu um excelente café, mas não falávamos dessa qualidade. O Paraná, por exemplo, tem café excepcional'', observa Bacceti.
O empresário Daniel Malamud, que também participou da degustação, achou que a bebida tem ''sabor único, diferente''. ''É bem equilibrado, com uma acidez boa. Você sente aquele amarguinho só no final, mas depois some da boca'', diz.
Depois de algum tempo na mesa ao lado, na cafeteria, ouvindo as conversas sobre o ''jacu'', o médico Roberto Tino e a esposa Denise Tino, professora, tomaram coragem e pediram a bebida. ''Tirando a excentricidade, é um bom café. Não é só uma boa jogada de marketing'', disse ele. ''Fiquei meio receosa de tomar, mas gostei'', afirmou ela, a única pessoa entrevistada que assumiu o estranhamento de experimentar a bebida.
Globo Rural Cafes Especiais Jacu Coffee e Kopi Luwak
http://1001atividades.blogspot.com/2011/08/jacu-coffee-x-kopi-luwak-o-cafe-mais.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário