OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:

Os textos a seguir são dirigidos principalmente ao público em geral e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes de cada assunto abordado. Eles não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores às informações aqui encontradas.

Mens sana in corpore sano ("uma mente sã num corpo são") é uma famosa citação latina, derivada da Sátira X do poeta romano Juvenal.


No contexto, a frase é parte da resposta do autor à questão sobre o que as pessoas deveriam desejar na vida (tradução livre):

Deve-se pedir em oração que a mente seja sã num corpo são.
Peça uma alma corajosa que careça do temor da morte,
que ponha a longevidade em último lugar entre as bênçãos da natureza,
que suporte qualquer tipo de labores,
desconheça a ira, nada cobice e creia mais
nos labores selvagens de Hércules do que
nas satisfações, nos banquetes e camas de plumas de um rei oriental.
Revelarei aquilo que podes dar a ti próprio;
Certamente, o único caminho de uma vida tranquila passa pela virtude.
orandum est ut sit mens sana in corpore sano.
fortem posce animum mortis terrore carentem,
qui spatium uitae extremum inter munera ponat
naturae, qui ferre queat quoscumque labores,
nesciat irasci, cupiat nihil et potiores
Herculis aerumnas credat saeuosque labores
et uenere et cenis et pluma Sardanapalli.
monstro quod ipse tibi possis dare; semita certe
tranquillae per uirtutem patet unica uitae.
(10.356-64)

A conotação satírica da frase, no sentido de que seria bom ter também uma mente sã num corpo são, é uma interpretação mais recente daquilo que Juvenal pretendeu exprimir. A intenção original do autor foi lembrar àqueles dentre os cidadãos romanos que faziam orações tolas que tudo que se deveria pedir numa oração era saúde física e espiritual. Com o tempo, a frase passou a ter uma gama de sentidos. Pode ser entendida como uma afirmação de que somente um corpo são pode produzir ou sustentar uma mente sã. Seu uso mais generalizado expressa o conceito de um equilíbrio saudável no modo de vida de uma pessoa.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Mens_sana_in_corpore_sano


sexta-feira, 26 de junho de 2015

Balão intragástrico (imaginário!) emagrece

Introduzido por hipnose, o dispositivo tem efeito semelhante ao balão real. Até os médicos aprovam!

Escrito por Redação M de Mulher
Atualizado em 11/08/2014 em Boa Forma

Balão intragástrico (imaginário!) emagrece
Thaís Cavalheiro - Edição: MdeMulher
<span> Ilustração: Tereza Bettinardi
Chegou o grande dia: a arquiteta Vitória Torres (nome fictício), 28 anos, já está prontinha para o procedimento que promete livrá-la dos quilos extras. A postos, médico e assistentes conversam baixinho. Ela sente o cheiro forte dos antissépticos e do anestésico. Tum-tum, tum-tum, ecoam no ar os sons dos batimentos cardíacos, juntando-se ao chiado do monitor de pressão. Pausadamente, uma voz vai explicando o procedimento, passo a passo: "Você está sedada. Um balão de silicone, murcho, começa agora a ser introduzido, pela boca, no seu estômago. Pronto, já chegou lá. Agora, com a ajuda de um cateter, ele está sendo preenchido com soro fisiológico. Ok, está cheio e ocupa quase metade do seu estômago. A partir de hoje, a sensação de fome será menor porque há menos espaço para a comida. Você vai comer menos, bem menos do que antes. E ficará saciada. Assumirá o controle sobre a comida, resistindo à segunda fatia do bolo. Emagrecerá e nunca mais terá de volta os quilos perdidos." 
 
A cena parece de verdade, mas não é. O que você acaba de ler é a descrição de uma sessão de hipnose - uma simulação quase perfeita do procedimento real. Nele, o médico introduz no aparelho digestivo do paciente um balão intragástrico por endoscopia. Para isso, utiliza um tubo, com um balão de silicone murcho e uma microcâmera na ponta, que entra pela boca e viaja até o estômago. 
O passo seguinte é encher o dispositivo com soro fisiológico para, assim, roubar um bom espaço da comida e frear o apetite.
 
Voltando à experiência de Vitória, ela conta: "Não cheguei a dormir. Fiquei acordada, consciente, em estado de profundo relaxamento e sabendo que estava sendo hipnotizada. Foi algo mais forte do que a imaginação pura e simples. Praticamente, vi, ouvi e senti tudo o que estava sendo sugerido naquele momento." Quem conduziu a sessão foi Vania Calazans, psicóloga clínica e hipnoterapeuta cognitiva, de São Paulo, que há seis anos usa a técnica de hipnose apoiada na terapia cognitiva comportamental (TCC) para tratar obesidade, depressão, ansiedade e fobias, entre outros problemas de fundo emocional. "A hipnose ajuda a paciente a identificar crenças e pensamentos distorcidos que tem de si própria para, então, gerar novos padrões de comportamento", explica a terapeuta. 
 

Resultado rápido 

Vitória Torres, que mede 1,56 metro e hoje está com 57 quilos, perdeu 13 quilos em apenas três meses. "Quero chegar aos 52 e continuar fazendo sessões de auto-hipnose para manter o peso", diz. Ela aprendeu a técnica e passou a entrar em transe sozinha depois da quinta sessão no consultório. O material de apoio consiste de CDs com a voz da psicóloga. Ela diz frases que guiam a imaginação, reforçam os pensamentos positivos e afastam os sentimentos negativos. Há também apostilas com estratégias para evitar pensamentos que sabotam o plano de emagrecimento, e exercícios de autoavaliação, que levam a pessoa a observar se está ou não no controle de situações desafiadoras. Resistiu ao pudim de leite e preferiu a salada de frutas? Ótimo sinal. Assim, você vai se condicionando a adotar atitudes capazes de mudar hábitos antigos e cristalizar os novos.
 
Essa mudança de pensamento, essencial para a perda de peso, não acontece instantaneamente, como em um passe de mágica. Mas é um processo rápido, que dura cerca de dez semanas - da consulta inicial à "introdução" do balão. "As emoções têm tudo a ver com o ganho de peso", explica Vania Calazans. "Numa escala de 0 a 10 para medir os sentimentos relacionados ao descontrole alimentar, quem chega ao consultório declarando-se incompetente para resistir à comida em geral situa-se entre 8 e 10. Mas, conforme a pessoa vai repensando as razões que a levaram a fazer uma avaliação negativa de si própria e da sua relação com a comida, recua para 6." Em duas sessões, garante a hipnoterapeuta, a ansiedade, que faz atacar o pote de sorvete, cai 70%. "Um resultado que a psiquiatria pode levar dois ou mais anos para conseguir - e com ajuda de muito ansiolítico", ressalta Vania. 
 

Mudança de hábitos 

A administradora Andréa Magalhães (nome fictício), 43 anos, está na fase de preparação para a colocação do balão por hipnose. Com 1,62 metro e 92 quilos, já perdeu 3 quilos desde que começou a terapia, há cerca de um mês e meio. E mudou completamente seus hábitos. Ela era louca por doces. Após poucas sessões, a compulsão passou. "Hoje, quando vejo um bolo de chocolate com cobertura de brigadeiro, morro de vontade de comer uma maçã", diz, divertindo-se. "Antes da terapia, só comprava banana e abacate para alimentar os passarinhos e os macacos de uma área de proteção ambiental pertinho da minha casa. Agora, não passo um dia sem frutas variadas. Se eu colocar um doce na boca, parece que o açúcar queima minha garganta. A sensação é horrível!" 
 
De sedentária, Andréa passou a malhadora assídua. "Detestava atividade física e agora virei rata de academia. Só não vou aos domingos porque está fechada. Se perco o sono de madrugada, salto da cama e vou andar ou pedalar", conta. Ela se lembra da sessão em que a psicóloga a estimulou a rever seus pensamentos negativos em relação aos exercícios. "Ao simular uma ginástica aeróbica, senti os batimentos cardíacos bem mais acelerados e cheguei até a transpirar, como se tivesse corrido de verdade."
 
Vitória e Andréa, que sempre tomaram remédios da classe das anfetaminas, como anfepramona, femproporex e mazindol, ficaram livres dessas substâncias químicas, com fortes efeitos colaterais e resultados que deixavam a desejar - os quilos extras sempre acabavam voltando. 
 

Médicos aprovam 

O ginecologista Osmar Ribeiro Colás, que também é psicoterapeuta cognitivo comportamental, coordena há 14 anos um grupo de estudos em hipnose na Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp. Ele ressalta que o método ainda não é considerado científico, pois seus resultados só foram observados empiricamente, isto é, na prática, por meio de experiências e vivências. "Do ponto de vista médico, não existem evidências científicas para recomendar a técnica do balão a uma pessoa obesa. No entanto, ela pode, sim, funcionar." Ele destaca três condições para o sucesso: "O paciente tem de ser suscetível à hipnose, o terapeuta precisa ser competente e a confiança nesse profissional deve ser absoluta para que o transe hipnótico conduza à hipermnésia, que é a lembrança nítida do passado e de cenas que possam ter relação com o problema que a pessoa vive."
 
Colás destaca que a hipnose é uma ferramenta médica, reconhecida pelos Conselhos Federais de Medicina e Psicologia. "Assim, pode ser usada por médicos de qualquer especialidade e também por psicólogos." Há pessoas que são facilmente tomadas pela hipnose, enquanto outras mostram-se imunes a ela. "Isso é detectado logo na primeira sessão", explica Osmar Colás. Artistas em geral, que têm o lado emocional e intuitivo mais à flor da pele, costumam ser mais capazes de transformar a imaginação em realidade do que os matemáticos, por exemplo, que são mais racionais. 
 
Por que a hipnose funciona? Uma das hipóteses mais aceitas é a de que, durante o transe, o sistema límbico, região do sistema nervoso responsável pelas imagens e emoções, deixa de enviar informações para o córtex, região do cérebro que cuida da consciência e do raciocínio. Assim, nosso lado consciente fica sem reservas - e, por isso, totalmente vulnerável às sugestões do hipnotizador. O cérebro passa a focar uma coisa e se desliga do resto, como acontece quando você lê um livro, assiste a um filme ou ouve uma música.
 
Transformada em show circense, a hipnose ganhou má fama e perdeu credibilidade. Hoje, é reconhecida como um recurso terapêutico importante por instituições de renome, como o Hospital A. C. Camargo, especializado na luta contra o câncer, para aliviar os efeitos colaterais da quimioterapia, e no Hospital das Clínicas, ambos em São Paulo, no tratamento de dores crônicas. Vania Calazans calcula ter implantado o balão imaginário em cerca de 200 pessoas. "Perdi o contato com muitos desses pacientes, o que é comum depois que se atinge a meta de emagrecimento." Mas comemora: "Entre os 80 que ainda mandam notícias, nenhum voltou a engordar!".

http://mdemulher.abril.com.br/saude/boa-forma/balao-intragastrico-imaginario-emagrece

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