Afinal, será que a Barbie tem anorexia?

Por Keren Valverde 

Barbara Millicent Roberts tem um bilhão de clones espalhados por todo o mundo. Mais conhecida como Barbie, a boneca da Mattel continua gerando controvérsias por causa de suas medidas, que, segundo alguns psicólogos e feministas, podem gerar ansiedade entre as meninas, expostas ao terrível mal da anorexia.

Meninas de todo o mundo brincam com a Barbie.São muitos os rumores que fizeram crer que a boneca loira de longas pernas e curvas vertiginosas tem um corpo que não poderia se sustentar na realidade, e que isto provoca ansiedade e depressão nas meninas que brincam com elas, mas, o que há de certo em tais acusações?

Em "Histórias da Neurociência", o cientista José Ramón Alonso mostra a verdadeira história da boneca, longe de mitos e superstições, e dá voz a estudos que consideram que a boneca é um pouco culpada pelo complexo eterno que algumas mulheres vivem.

Polêmica lendáriaBarbara Millicent Roberts nasceu em 1959 e, desde então, se transformou na boneca mais vendida do mundo, com mais de um bilhão de unidades comercializadas em mais de 150 países. De fato, Alonso afirma que a Mattel acredita que a cada semana sejam vendidas um milhão e meio de Barbies, o que representa 2,5 por segundo.

A Mattel, por sua vez, foi consultada para que tivesse a oportunidade de refutar seus opositores, mas seus representantes não se pronunciaram a respeito. Os milhões de Barbies espalhadas pelo mundo foram e continuam sendo protagonistas de sonhos desde a mais tenra infância, sobrevivendo a gerações de meninas que, já adultas, as compram para suas filhas.

O brinquedo mais famoso da história moderna passou também por filmes, como em Toy Story 3, ou se transformou em sucesso de vendas com o grupo Aqua em "I'm a Barbie Girl", mas muitos desconhecem suas origens.

Uma diva muito velha
A boneca Barbie foi criada por Ruth Handler, esposa de um dos sócios-fundadores da Mattel, Eliot Handler. Ruth tinha visto que sua filha Bárbara construía personagens de adultos quando brincava com suas bonecas. No entanto, a grande maioria tinha o aspecto de bebês ou crianças pequenas. 

 Foto de 1959 de uma boneca Barbie original. (AP)

Em uma viagem à Alemanha, Ruth encontrou uma boneca que aparentava uma idade adulta com a qual as crianças não brincavam, mas gente fetichista, e decidiu adaptá-la ao público infantil convertendo-a em um ícone que logo de cara vendeu 375 mil unidades.

Também gerou controvérsia seu físico, como corrobora Alonso em seu artigo, no qual afirma que a Mattel recebeu durante os primeiros anos de sua comercialização várias cartas de pais irados que se queixavam do tamanho dos seios da boneca.

A Mattel já mudou as medidas de Barbie por causa da pressão do mercado, mas paralelamente manteve sua estratégia de utilizar a boneca como ícone sensual, pois no ano passado lançou a "Video Girl Barbie", que tem uma pequena webcam bem em cima do peito.

É preciso acrescentar que também foi lançada há décadas Skipper, a irmã mais nova da Barbie, que em uma de suas versões mostrava como seu peito aumentava de tamanho quando rodava um de seus braços.

As medidas da mulher perfeita
As medidas da Barbie, se fosse uma mulher real, seriam de 91-46-84, bastante desproporcionais, mas reais em uma de cada 100 mil mulheres do planeta. Segundo o Hospital Central Universitário de Helsinque (Finlândia), com essas medidas Barbie não teria gordura subcutânea suficiente e teria perdido a menstruação, o que é considerado um dos sintomas da anorexia, e por isso, as associações feministas se aferram a este argumento para sustentar que Barbie incita tal transtorno.
No entanto, em 2009, no mesmo ano do 50º aniversário da boneca Barbie, o Dr. Worobey da Universidade de Rutgers realizou uma pesquisa sobre a relação de Barbie e suas proprietárias. Descobriu, fazendo um estudo em 254 mulheres, que nem a idade de sua primeira Barbie nem o número de Barbies que teve em sua infância ou sua adolescência tinham um impacto estatisticamente significativo em sua própria imagem nem em sua conduta alimentar.

O fator mais importante na hora de prever o comportamento alimentar e a obsessão com as dietas de uma mulher eram suas lembranças de quanto sua família avaliava sua aparência física.

Mais lenha na fogueira
Como se o físico da Barbie não tivesse gerado controvérsias suficientes, as associações feministas acusam também de machistas seus criadores. Existia a Barbie cabeleireira, recepcionista, babá e maquiadora, todas profissões desenvolvidas majoritariamente por mulheres, e, além disso, a Barbie falante repetia frases como "Adoro ir às compras" ou "Vamos ter roupa suficiente?"

A Mattel contra-atacou criando a Barbie "I can be", onde se pode encontrar a lendária loira trabalhando como arquiteta ou piloto de Fórmula 1.

As disputas e acusações contra a boneca duram de 1959 até hoje, e não parece que vão diminuir, mas, enquanto isso, Barbie continua sendo a boneca mais famosa e vendida do mundo.

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