Em que momento precisamos ser leves? quando a água começa a encher a canoa. Fora do sentido figurado, quando o projeto que nos deu tanto trabalho naufragou por conta de obstáculos que não pudemos controlar.
Pois é evidente que a vida não é só sucesso e vitória. Ela também tem caudalosas porções de fracasso e derrota. Há rejeição, traição, incompreensão. Às vezes estamos no lugar errado, na hora errada, com o projeto errado.
Mas são nos tempos duros que a gente tem que mostrar nosso valor. Seja como pessoas, seja como profissionais. O escritor Oswald de Andrade (1890-1954) nos deixou uma dica inestimável: "A alegria é a prova dos nove".
Você perdeu um bom trabalho, ou um grande amor, ou não passou no concurso para o qual tanto estudou. Como você reagirá? Vai enfiar a cabeça na terra quem nem um tatu, ou vai procurar outras árvores que nem um pássaro?
Tem gente que mergulha na amargura e sai maldizendo todas as coisas do mundo. Outros e outras por vingança viram malas sem alça. Há casos extremos: aqueles que desistem de tentar qualquer empreitada futura.
Tenho para mim que sairá ganhando quem conseguir relativizar, ou mesmo esquecer, o fracasso. Aquele que, passado o luto, vai procurar um outro trabalho, acreditar num novo amor, encarar o próximo concurso.
É certo que, desde a infância, criamos couraças e inventamos máscaras para nos defender das intempéries dos outros e da vida mesma. Defender-se é a primeira ação de sobrevivência.
No entanto, à medida do amadurecimento, é interessante se libertar das couraças que machucam e marcam nosso corpo. Rasgar as máscaras que escondem e até desfiguram nosso verdadeiro rosto.
O poeta Fernando Pessoa (1888-1935) também nos deixou outra dica inestimável: "Quando quis tirar a máscara/Estava pegada à cara/Quando a tirei e me vi ao espelho/Já tinha envelhecido".
Resumindo: prefira a alegria à amargura. Arranque a máscara o quanto antes. Melhor assinar os comentários com o próprio nome, do que se camuflar no pseudônimo. Leve a vida a sério, mas não se leve tão a sério.
* iPhonografia: Régine Ferrandis, de Avignon.
Bela reflexão ! Meu carinho.
ResponderExcluirÉ...Também gostei muito! Abraços!
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