Guilherme Baffi
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Nutricionistas Camila Eduane e Sílvia Albertini exibem modelo de prato com a divisão ideal para uma dieta balanceada
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Comer de forma balanceada é um dos caminhos para uma alimentação
saudável. Mas muitas dúvidas surgem sobre como montar um prato com
alimentos que possam atender a todas as necessidades do corpo,
equilibrando suas proporções.
Uma antiga referência sobre como isso deve ser feito é a tradicional Pirâmide Alimentar, onde estão grupos de alimentos
separados da base até o topo. Essa divisão, no entanto, acabava sendo
de difícil compreensão no que diz respeito às proporções que devem estar
em cada refeição, situação que ganhou um aliado para facilitar a busca
pela alimentação correta.
Esse método é chamado de My Plate, onde as porções dos grupos de
alimentos são ilustrados no formato de um prato. Para conhecer mais
sobre esse novo tipo de orientação alimentar, confira as explicações da
nutricionista Camila Eduane, de Rio Preto, na entrevista a seguir.
Diário da Região - Como funciona o My Plate?
Camila Eduane - O prato é dividido em quatro seções: frutas,
grãos, hortaliças e proteínas. Um círculo menor, anexo ao prato,
representa os produtos lácteos. Isso estimula de uma forma mais
clara um maior consumo de frutas e vegetais nas refeições, o que era
mais difícil no modelo da pirâmide alimentar, educando a população sobre
os princípios da alimentação saudável. Além disso, esse novo modelo faz
um alerta aos consumidores em relação ao tamanho das porções, à maior
ingestão de água e ao menor consumo de bebidas gaseificadas e
açucaradas. Embora se trate de uma ferramenta para facilitar a
compreensão do público, não exclui uma orientação nutricional
individualizada, que deve ser feita por profissional especializado.
Diário - O método é exatamente o mesmo ao adotado nos EUA? Se não, o que muda para o padrão brasileiro?
Camila - Não. Aqui no Brasil algumas mudanças já estão sendo
sugeridas e aplicadas na prática clínica. Assim, a nossa equipe tem
trabalhado com a proposta do “prato ideal”, idealizado segundo
pesquisadores da Universidade de Harvard (veja gráfico nesta página).
Neste modelo que estamos seguindo, o leite e derivados de leite devem
ser ingeridos fora das grandes refeições (almoço e jantar), pois não é
interessante combinar alimentos fontes de cálcio (laticínios) e ferro
(feijões e carnes) na mesma refeição. Isso porque eles competem pelo
mesmo sítio de absorção intestinal, o que poderia trazer uma redução na
absorção adequada desses nutrientes. No nosso hábito brasileiro, os
laticínios já são consumidos no café da manhã e nos lanches
complementares, e as carnes e o feijão são frequentemente ingeridos no
almoço e/ou jantar. Então, já tem sido feita esta separação.
Diário - Que tipos de alimentos e quais proporções devem estar presentes nesse método?
Camila - Os alimentos que fazem parte deste método são os
mesmos que fazem parte da pirâmide alimentar, ou seja: grupo dos
cereais, pães e massas (preferencialmente os integrais), 6 a 11 porções
ao dia; grupo das hortaliças (verduras e legumes), 3 a 5 porções ao dia;
grupo das frutas, 2 a 4 porções ao dia; grupo das carnes, ovos, feijões
e nozes, 2 a 3 porções ao dia; grupo do leite e derivados, 2 a 3
porções ao dia; e grupo dos óleos e gorduras, com uso limitado (evitar
açúcares simples, gorduras saturada e trans).
Diário - Por que ele é visto como um método mais fácil para manter uma alimentação balanceada?
Camila - Devido ao fato de se utilizar uma imagem de um prato, que é bem mais familiar do que a tradicional pirâmide alimentar.
Diário - O que de fato propõe a tradicional pirâmide alimentar?
Camila - A pirâmide alimentar demonstra os grupos alimentares
distribuídos em formato triangular de acordo com a quantidade que devem
ser consumidos diariamente. Na base, estão os alimentos que deveriam
ser ingeridos em maior quantidade, e à medida que se aproxima do topo,
são colocados os alimentos que deveriam ser consumidos em menor
quantidade durante o dia.
Diário - Há uma restrição de idade para começar a seguir essa proposta? A partir de quando?
Camila - Este método pode ser utilizado a partir dos dois
anos de idade, obedecendo-se, entretanto, os tamanhos das porções de
acordo com a idade, o sexo e o nível de atividade física do indivíduo.
Também é importante considerar que, se um indivíduo tem alguma doença,
deve ter as recomendações nutricionais ajustadas à sua condição.
Diário - De que forma o método deve ser dividido, obedecendo a variação de idade e sexo?
Camila - As porções de alimentos seguem de acordo com o
recomendado na pirâmide alimentar, segundo idade, sexo e nível de
atividade física. O que muda é a forma como isso é explicado, ou seja,
no modelo do prato ideal as porções e as quantidades de alimentos são
traduzidas em exemplos práticos, do dia a dia.
Diário - Afinal, por que há tanta dificuldade em manter, hoje em dia, uma dieta saudável e o peso em dia?
Camila - A dificuldade em manter uma dieta e um peso
saudáveis ocorre em grande parte pelas falhas na difusão de informações
mais acessíveis e de fácil entendimento à população brasileira. O
governo deve continuar elaborando políticas públicas que visem a
melhorar qualitativamente a alimentação da população, a fim de que estas
doenças crônicas e suas complicações, como infartos, acidente vascular
cerebral, etc., possam ser reduzidas. Uma boa alternativa é, sempre que
possível, procurar orientação e acompanhamento individualizado de um
nutricionista, que é o profissional melhor habilitado para elaborar um
plano alimentar voltado à realidade e necessidades específicas de
indivíduos sadios e enfermos.
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