Por Jessica Soares
Colaboração para SUPERINTERESSANTE
Comer três vezes por dia, não abusar da gordura e fazer exercícios. Isso parece ser o suficiente para uma vida saudável.
Mas preocupar-se com a saúde pode ser uma tarefa bem mais difícil do
que se imagina. Por isso, se você deu uma escapadinha da vida saudável,
não se preocupe: você não está sozinho. Para ajudar, a SUPER reuniu 10
erros bem comuns cometidos por quem quer cuidar da saúde e acaba fazendo o contrário.
1. Deixar o sono em segundo plano
A ideia: Quem pratica exercícios regularmente e se alimenta bem pode se dar ao luxo de dormir algumas horinhas a menos.
Na prática: A maioria das pessoas precisa de pelo menos sete horas de sono para manter o corpo em funcionamento – e isso não é um exagero.
A ciência já provou que dormir pouco pode desencadear uma série de problemas
de saúde, como
pressão alta,
depressão, diabetes e diminuição da resposta do sistema imunológico a
vacinas, além de afetar a memória, desacelerar o metabolismo, diminuir a
criatividade e prejudicar o aprendizado. Uma vida saudável começa na
cama, com uma boa noite de sono.
2. Apostar todas as fichas na academia
A ideia: Para manter uma boa saúde e um corpo saudável, basta pegar pesado nos exercícios. Certo?
Na prática: Errado.
Estudos
mostram que fazer exercícios regularmente ajuda o sistema imunológico,
melhora o humor e dá mais energia. Mas não adianta exagerar nos pesos.
Se o consumo de calorias ingeridas diariamente não diminuir, correr uma
maratona na esteira não vai levar você a lugar algum. E outra. Malhar
geralmente abre o apetite – e
aquele pedaço de pizza vai ficar
ainda mais apetitoso. Portanto, aliar exercícios ao planejamento
nutricional é importante para garantir um bom resultado – seja ele
perder peso, ou ganhar músculos.
Além disso, é importante ter limites: pegar pesado demais na malhação
pode provocar fadiga, dificuldades para dormir, dores musculares e
diminuição da imunidade. O ideal é procurar um profissional que ajude a
avaliar o melhor programa de exercícios e de alimentação, mantendo um equilíbrio entre o que é consumido e o que é gasto nas atividades diárias.
3. Ignorar as informações nutricionais
A ideia: Parece tudo muito simples – alimentos
naturais são melhores que os não-naturais; tudo que tem menos calorias é
mais saudável; orgânico é sempre melhor que industrializado.
Na prática: Você viu essas afirmações em algum
lugar, mas certamente não foi na tabela de informações nutricionais. Se
você checar os outros dados que vêm nas embalagens, vai perceber que
eles revelam bem mais do que o número de calorias por porção.
Um dos mais ignorados (e mais alarmantes) é o sódio, ligado ao
aparecimento de doenças como hipertensão, problemas do coração e doenças
renais que estão entre os principais problemas de saúde pública do
Brasil segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O
Ministério da Saúde e a Organização Mundial de Saúde recomendam que o
consumo diário de sódio não ultrapasse 2.000 miligramas. Achou muito? Um
pãozinho francês tem, em média, 320 mg de sódio. Não por acaso, a
Anvisa publicou um
Guia de Boas Práticas, que orienta a diminuição gradativa da substância nesse e em outros
15 alimentos.
4. Pensar que alimentos orgânicos são sempre mais saudáveis
A ideia: Você vê a plaquinha com a palavra
“orgânico” e já consegue visualizar aquele tomate em uma fazenda
distante, sendo plantado e cultivado com imenso cuidado para preservar
todos os nutrientes.
Na prática: Pesquisadores da Universidade de Stanford
mostraram que não há muita diferença entre os alimentos orgânicos e os
convencionais. Ou seja, nada de tomates saltitantes. Produtos orgânicos
são, por definição, cultivados sem o uso de produtos químicos, como
fertilizantes e pesticidas – os infames agrotóxicos, que podem fazer
mal.
“Mas os alimentos orgânicos serão saudáveis se consumidos dentro de
uma dieta balanceada, como acontece com os demais alimentos”, afirma
Luana Caroline dos Santos, professora do curso de Nutrição da UFMG. Ela
explica que valem as mesmas regras: se tubérculos e cereais
convencionais devem ser consumidos com moderação, o mesmo se aplica às
suas versões sem pesticidas. Ou seja, não adianta nada se entupir de
batata-frita ~orgânica~.
5. Adiar os exames de rotina
A ideia: Quem se alimenta bem, faz exercícios e não
fuma não precisa ir ao médico com frequência – afinal, já está fazendo
tudo que deveria ser feito.
Na prática: Deixar para ir ao médico somente quando
se está doente ou sentindo dores é uma péssima decisão, mesmo para quem
mantém hábitos saudáveis. Fazer checkups anuais e buscar
conselhos médicos para manter a saúde do corpo é a melhor opção e ajuda a
prevenir e diagnosticar o desenvolvimento de doenças em sua fase
inicial.
6. Montar sua própria dieta
A ideia: Emagrecer é fácil – é só cortar carboidratos, doces e carnes para ver a mágica acontecer.
Na prática: Não existem fórmulas pré-estabelecidas
para o emagrecimento – e, caso existissem, com certeza não incluiriam a
exclusão de grupos alimentares inteiros do cardápio. “O grupo de
cereais, que inclui pães e arroz, é geralmente o primeiro a ser cortado
em dietas – e isso é um erro. Estes alimentos são importantes fontes de
energia e não devem deixar de ser consumidos”, explica a nutricionista
Aline Cristine Souza Lopes.
A ideia é manter uma alimentação variada, “colorida” e bem balanceada
que inclua leite e seus derivados – importantíssimas fontes de cálcio
-, os nutrientes, as vitaminas e minerais – ricos em fibras e
importantes para regular a digestão e fortalecer o sistema imunológico
-, proteínas e, com moderação, as gorduras e açúcares.
7. Acreditar que salada é sempre a melhor opção
A ideia: Almoçar um prato de salada é sempre melhor do que optar por um hambúrguer.
Na prática: Nem sempre. Em restaurantes, a lógica é
às vezes é colocada à prova – quem opta pelo lado verde do menu pode não
estar fazendo a escolha mais saudável. Não se deixe enganar pela
montanha de alface: uma salada acompanhada por frango frito, croûtons
(aqueles pedacinhos de pão, fritos ou assados e não muito saudáveis),
maionese ou outros temperos, pode ser muito mais prejudicial à saúde do
que um sanduíche leve.
8. Substituir a água por outras bebidas
A ideia: Para manter o corpo hidratado, consumir refrigerantes, sucos e outras bebidas é tão eficiente quanto ingerir água.
Na prática: A água não possui conservante, corante,
aromatizante e outros vários componentes que podem ser nocivos à saúde,
principalmente se consumidos em excesso. Além de causar sensação de
saciedade, ela dá ao corpo energia, protege o sistema imunológico e
ajuda a previnir dores de cabeça e musculares. Está com sede? Beba água.
9. Consumir doses grandes de vitaminas e suplementos
A ideia: O corpo precisa de vitaminas – e elas são vendidas em potinhos. Uma receita fácil para se tornar saudável, não é?
Na prática: Mesmo se tratando de substâncias
necessárias para o bom funcionamento de nosso organismo, o consumo de
vitaminas e suplementos alimentares sem orientação médica está longe de
ser a opção recomendada. Na verdade, é uma escolha desnecessária na
maioria dos casos.
Vitaminas e minerais podem ser obtidos diariamente através do consumo
de alimentos. Segundo a nutricionista Aline Cristine Souza Lopes, “a
primeira alternativa deve ser sempre a alimentação balanceada – ela é á
capaz de suprir plenamente as necessidades do organismo”. O uso de
suplementos só é recomendado em casos extremos de deficiências
nutricionais e um médico deve ser consultado para avaliação das
necessidades específicas do paciente.
10. Esquecer que saúde é um processo
A ideia: Ser saudável significa perder peso – e este é um objetivo conquistado com muito suor e pouco churrasco.
Na prática: Saúde não é medida nos ponteiros da
balança. “Muitas vezes as pessoas adotam dietas da moda para se
adequarem, de forma imediata, a um padrão. Mas uma vida saudável não é
ditada por uma fórmula. É um estilo de vida”, defende a nutricionista
Luana dos Santos. Isso significa que não são os números – de calorias
cortadas, de quilos a serem perdidos, ou de quilômetros corridos – que
vão determinar a qualidade de vida.
O termo que se costuma usar para denominar a lista de alimentos e
hábitos que melhor atendem às necessidades do organismo é “plano
alimentar”. O nome já entrega: a ideia é que manter-se saudável depende
de um planejamento duradouro e pensado em longo prazo. E, para que ele
dure, é preciso que esteja alinhado a atitudes que possam se tornar
hábitos – nada de receitas milagrosas.
Consultoria: Aline Cristine Souza Lopes, nutricionista, doutora em Saúde Pública pela UFMG e consultora do
Nutrition Research; Luana Caroline dos Santos, doutora em Saúde Pública pela USP e professora do curso de Nutrição da UFMG.
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