6 de janeiro de 2015
Pesquisadores
do Instituto Salk (EUA) desenvolveram um novo tipo de pílula que engana
o organismo, fazendo-o pensar que consumiu calorias, provocando a
queima de gordura. O composto interrompeu o ganho de peso, diminuiu o
colesterol, controlou a pressão sanguínea e reduziu inflamações em
ratos. Os resultados empolgaram os cientistas, que já pensam em levar o
teste a seres humanos.
Ao contrário da maioria das pílulas de dieta no mercado, a nova,
chamada fexaramine, não se dissolve dentro da corrente sanguína, como
inibidores de apetite ou medicamentos para emagrecer à base de cafeína à
base de cafeína. Ela permanece no intestino, causando menos efeitos
colaterais.
— A pílula é como uma refeição imaginária — compara Ronald Evans,
diretor do Laboratório de Expressão Gênica de Salk e autor principal da
pesquisa publicada esta segunda-feira, 5, na revista “Nature Medicine”. —
Ela manda os mesmos sinais que normalmente ocorrem quando você come uma
grande quantidade de alimentos, de modo que o corpo começa a abrir
espaço para estocá-los. Mas não há calorias nem mudanças no apetite.
Nos EUA, mais de 30% dos adultos é obeso e 29,1 milhões são
diabéticos, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças. A
obesidade e a diabetes levam a complicações cardíacas e diminuem a
expectativa de vida.
O laboratório de Evans gastou quase 20 anos estudando o farensoid-x
receptor (FXR), uma proteína que desempenha um papel na forma como o
corpo libera ácidos biliares do fígado, digere o alimento e armazena
gorduras e açúcares. O corpo humano ativa a FXR no início da refeição,
na preparação para a digestão da comida. A FXR não só atinge o
lançamento dos ácidos biliares, mas também muda os níveis de açúcar na
corrente sanguínea e faz o corpo queimar algumas gorduras antes da
chegada do alimento.
Companhias farmacêuticas que trabalham no tratamento de obesidade,
diabetes, doenças do fígado e outras condições metabólicas desenvolveram
drogas sistêmicas para ativar a FXR, o que levou à criação de muitas
maneiras para controlá-la. Mas estas drogas afetam diversos órgãos e
provocam efeitos colaterais. Evans cogitou se restringir a ação da
proteína ao intestino — em vez de usá-la também no pulmão, nos rins e
nas glândulas suprarrenais ao mesmo tempo — teria um resultado
diferente.
— Quando você come, você precisa ativar rapidamente uma série de
respostas em todo o corpo — explica o pesquisador. — E a primeira
resposta vem do intestino.
Evans e seus colegas deram a pílula de fexaramine a ratos por cinco
semanas. Neste período, os roedores deixaram de ganhar peso, perderam
gordura e apresentaram níveis mais baixos de açúcar no sangue e
colesterol do que ratos que não passaram pelo tratamento.
Até mesmo a quantidade de bactérias nos intestinos dos ratos mudou
quando receberam a droga, embora ainda não esteja claro o que esta
mudança significa.
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