Foto: Chris | Creative Commons
Já escrevi e reescrevi o texto várias vezes. As primeiras versões
ficaram grandes ou pequenas demais, chatas e por vezes mais ácidas que a
lima mais azeda. Era um tema que sempre quis abordar por aqui: como emagreci 30kg.
Nos últimos anos o que mais escuto é: nossa, você é magro! E sempre respondo: hoje. Hoje, eu sou magro. (Confesso que dependendo do meu humor tenho vontade de responder: ué, eu tinha que ser obeso mórbido, é? *not amused*)
Hoje, eu sou magro. Um obeso sob controle. Um dia de cada vez. Para fazer jus ao que digo. Sim, qualquer semelhança com o AA não é mera coincidência.
Em 2005, eu não era.
Quando digo que pesei 90kg, praticamente ninguém acredita. E muito menos quando falo que eliminei praticamente 30kg. Sem cirurgia, sem medicamentos e sem regimes questionáveis.
Para alguns isso pode não parecer grande coisa, mas para mim foi. Tanto que resolvi mudar a situação, decidi que iria emagrecer e não seria mais gordo.
A verdade
Sejamos bem francos, todo mundo sabe o que precisa fazer para emagrecer! Mas faz?
Não. Você sabe, eu sei, todo mundo sabe!
Tirando as pessoas com algum
problema de saúde (metabólico/hormonal/psiquiátrico e afins), o restante — que é a maioria, é obesa por que
come mais do que devia e se
mexe menos do que o necessário. Alimentação de
gosto duvidoso, em quantidade questionável e sedentarismo.
Eu era membro desse time, com um agravante: comia bem tanto porcaria quanto comida de verdade. Se existe um atenuante, tentava me exercitar, mas né…
Assim, a matemática (e a natureza) são implacáveis: ingerir mais do que é gasto resulta em peso adicional.
E o que aconteceu para eu mudar?
Foto: Johnny Magnusson | SXC
No dia que percebi que estava com 90kg, bateu aquele click: não quero ser mais assim, cansei. Até me lembro que na semana que realizei isso tinha comprado doce de leite e a lata estava indo embora muito rápido.
Só isso? Sim. Nada de pressão da vil sociedade, não fui abandonado,
não sofri bullying (ao menos, não devido ao peso). Simplesmente, cansei.
E convenhamos é muito mais fácil colocar a culpa nos outros do que partir para a ação.
Ou seja, tomei para mim a responsabilidade (aliás, ela sempre é nossa!) e me decidi: iria mudar e emagrecer. Esse
tweet do
Gabriel Gilini resume muito bem o espírito:
the day I stopped worrying about being fat and started focusing in losing weight”
(o dia que eu parei de me preocupar em ser gordo e comecei a focar em perder peso)
Como foi?
Foto: Kevin Foley | Creative Commons
Fechei a boca, literalmente.
Sinta-se livre para dar um tapa de pelica (ou vários) em quem disser que é fácil.
Não, mas nem de longe foi fácil. Foi difícil, muito difícil. Gente, eu gosto de comer!
Pode não ser fácil,
mas é simples. Basicamente cortei todo e qualquer
junkfood
da minha dieta. No meu caso era: chocolate, refrigerante normal,
sorvete, doces, doces em geral. A minha amada e idolatrada confeitaria
foi limada durante a fase xiita. Difícil, mas
não é impossível.
Os três primeiros meses foram terríveis, terríveis.
Os três primeiros meses foram terríveis, terríveis.
Nada de açúcar simples (leia-se sacarose), ficar sem refrigerante (e
chocolate) não foi uma experiência boa. Já disse que foram terríveis? E
tudo aquilo que dizem quando se corta açúcar/doces acontece, ao menos
comigo: fiquei mais chato (sim, é possível), mal humorado, free-patadas,
irritação e tudo o mais. Crise de abstinência total.
Além disso comecei uma reeducação alimentar. Reaprender o que comer, quando comer e principalmente a quantidade
a ser ingerida. Mais fibras (leia-se saladas/frutas/vegetais), mais
proteínas (leia-se carne sem gordura) e quantidade moderadas de
carboidratos complexos (leia-se integrais/massas) e lipídeos (leia-se
azeite/manteiga).
Prefiro encarar como uma nova dieta do que regime. Regime tem começo, meio e fim. E dieta
é aquilo que se come normalmente. Tudo bem que o dicionário não
concorda comigo nessa minha definição, mas creio que é possível entender
a essência, não?
Num sentimento totalmente subjetivo e empírico, tenho a sensação que comia mais
em volume, porém com menos calorias vazias. Meu
meu prato de almoço no começo da dieta (deem um desconto para a imagem, ela é muito antiga).
Sério, eu não passei fome. Sentia vontade de comer tal coisa, mas não era fome.
Uma pedra no caminho ou um caminho no meio da pedra?
Nem tudo foram flores. No meio do caminho, cai no erro mais comum de todos: tentei voltar a dieta antiga!
Consequência: engordei novamente! É, amigos… não foi nada divertido. Serviu para aprender uma lição: a reeducação alimentar é para toda a eternidade! Ad-infinitum, se conforme. Podia ter sido diferente, mas valeu o ensinamento.
Quando isso aconteceu, comecei a associar exercícios físicos regulares. Antes até fazia, mas de modo esporádico. Entrei para academia e ia embora a pé do trabalho para casa.
Só afirmo o seguinte: DETESTO academia. Comecei umas
4 vezes já, mas não vai. O máximo foram 6 meses, depois largo mão. É
muito tedioso. Prefiro controlar mais a alimentação do que ir na
academia para você ter uma noção de como não desce. Mas eu gosto de correr! Vou andar/correr mais por gosto mesmo e acabo tendo o bônus saudável.
Aprendizado
Demorou cerca de 2 anos e 6 meses, mais ou menos. Entre a eliminação
do peso e a fase de manutenção para segurar o peso novo. Meu mínimo foi
62kg, mas não gostei do resultado. Fiquei muito magro, então, fui para
65kg.
Sempre que o assunto é emagrecimento e afins é dito o seguinte: para
cada quilo eliminado é preciso um mês de manutenção (na dieta) para o
corpo se acostumar. Verdade ou não, segui a dica. Porém, de qualquer
maneira o período não vai bater… porque: Reeducação alimentar forever.
Nesse tempo, aprendi a comer. Isso foi “fácil”. Só coloquei em prática.
A parte difícil mesmo é ter autocontrole e força de vontade para não largar tudo.
Dizer para você mesmo que não precisa comer o bolo todo ou 5 fatias deles, uma só basta. Ter a consciência que os outros bombons da caixa vão estar lá amanhã, não existe a necessidade de comer todos agora. Exige bastante. É um processo constante e criar vergonha na cara, ninguém te obriga a comer. :P
Como sou uma criatura sugestionável, quando li a frase do
Arnaldo Lourençato (editor gastronômico da VejaSP) quando perguntaram como ele não ficava gordo, guardei para mim: “
Depois da segunda garfada, a terceira é igual” (via
Comes & Bebes)
“Depois da segunda garfada, a terceira é igual”
— Arnaldo Lorençato
Nesse processo todo, me tornei mais seletivo em relação ao que comer. Pois comer é necessário, além de ser um ato de extremo prazer, como todo mundo sabe.
Não me apego tanto às calorias na escolha de um
alimento, se fosse assim passaria longe de abacate, por exemplo. Aquela
máxima, um copo de coca-cola tem menos calorias que um suco de laranja.
Verdade.
Mas existe uma diferença gritante entre os dois, calorias vazias.
O refrigerante fornece basicamente açúcar simples (sacarose), sódio e
água. Já a dona laranja tem vitaminas, sais minerais e fibras, é mais
completa. E não me venha falar da Coca-cola Light com vitaminas, ¬¬
Caloria vazia é quando o alimento fornece muita
caloria/energia (na sua maioria na forma de açúcar e depois gordura),
porém sem valor nutricional válido. Não fornece vitaminas, fibras, sais
minerais e proteínas. Basicamente somente energia na forma de açúcar
simples e/ou gordura.
Bom, também podem ser isso
daqui… :)
Hoje?
Foto: Nietnagel | Creative Commons
Continuo com a mesma essência da minha reeducação alimentar. Como o que quero, porém a grande mudança é na quantidade de cada alimento. Comer tudo o que deseja não significa que sempre e nem em quantidade.
Como, só que pouco. Experimento de tudo, não
deixaria de experimentar algum prato novo se tenho a chance. Eu me
permito transitar entre 65-70kg, é a zona de conforto para mim. Estou feliz com ela.
Resumindo, como certo nos dias úteis e me permito
uma guloseima nos fins de semana, por assim dizer. É a minha meta, não
precisa e nem deve ser rígida, mas é o meu ponto de partida.
Os doces fazem parte da minha dieta, claro. Porém, em quantidades
menores. O vício do refrigerante passou do normal para o light e agora
para o Zero. Mas hey, bebo bem menos! E agora acho o normal doce e com gosto estranho.
A neurose pavor medo o receio de voltar a engordar existe, não vou negar. Sim, meu Inner-Gordo ainda existe. Está aqui, quieto, na espreita. Esperando qualquer oportunidade para sair. Por isso o sob controle. Neste ponto entra o autocontrole mais uma vez.
Talvez, agora alguns possam entender por vezes algumas das minhas opiniões não tão simpáticas sobre obesidade. Eu já estive do outro lado.
Pensamentos & Dicas
Foto Bryan Ochalla | Creative Commons
Agora vem um ponto bem delicado e não recomendo para ninguém. Eu não procurei ajuda especializada,
ou seja, não fui em nutricionista, endócrino ou nutrólogo. Por causa da
faculdade (em tempo: tenho formação em Farmácia), tomei para mim a
responsabilidade. Sabia dos riscos envolvidos. Não faça isso, PROCURE AJUDA PROFISSIONAL antes de tomar medidas drásticas. Eu sei, mesmo assim, eu deveria ter procurado.
Vale lembrar, tudo que relatei funcionou comigo. Pode valer para você? Claro! Pode não funcionar para você? Claro, também. Somos todos diferentes. O que realmente desejo é mostrar que é possível, sim.
Depois disso tudo, meus pitacos seriam:
- Procure ajuda especializada.
- Apenas e somente você pode decidir o que é melhor para a sua vida. A decisão é sua! Nunca se esqueça disso.
- Quem já começa com o discurso “eu não consigo” é negativismo e derrotismo demais (até para mim).
- Além do autocontrole, força de vontade e uma dose dupla de vergonha na cara também ajuda, tá? ;P
- Não gosta de verduras? Tem problema não. Há hortaliças, legumes e
frutas! HA! :D Prove antes de fazer birra igual a uma criança de 3 anos.
Ela pode, você não.
- Não existe fórmula milagrosa. Aquele regime-de-revista-de-banca não é a solução. E muito menos ração humana.
- Aprenda a dizer: Não quero, obrigado.
- Medicamentos podem ajudar quem realmente
precisa, e infelizmente são utilizados como a fonte da magreza eterna.
Sem a mudança no estilo de vida, não vai adiantar nada depois…
- Tantos casos de pessoas que forçam o aumento de
peso para fazerem a operação e depois não aguentam a pressão do novo e
extremo estilo de vida. E bebem leite condensado depois… so many levels of wrong!
- Barrinha de cereal é um paliativo na hora do desespero, mas prefira
frutas! No dia que percebi a quantidade de açúcar que tinha naquele
treco, parei na hora. Eram quase 20g de carboidratos! E na sua maioria simples (sacarose, glicose e frutose). Frutas também tem açúcar, mas tem fibras, vitaminas e tralalá.
- Não se apegue apenas um tipo de alimento ou uma alimentação muito
igual em todas as refeições, você vai enjoar e criar repulsa. E
pensamentos de desistência irão aparecer.
- Selecione melhor o que come. Não precisa comer arroz, macarrão e
batata ao mesmo tempo. Escolha um só. E nem venha com a piada de comer
um cada vez.
- Já disse que DETESTO academia! Mas gosto muito de uma corrida. Encontre uma atividade física que você goste também e coloque as pelancas para mexer!
- Troque seus pratos. Sim, use pratos menores para colocar menos comida e nem ouse repetir a mesma quantidade.
- 15.5 PLUS: notaram que praticamente não usei o verbo “Perder“? Ao invés foi eliminar ou emagrecer. Quem perde, acha. E nós queremos eliminar, certo! Bobo? Talvez, mas é mais um reforço para continuar.
- E se você está feliz, be my guest! :)
Bom, acho que é isso! :) Caso tenha algo para me dizer, é só deixar um comentário.
[Atualização — 22/03/2011]
Eu disse que gostava de correr, né?
Meu primeiro
circuito de corrida, 4K. Na minha categoria (idade) cheguei em #33 e fiz 25min52s. Todo
finisher ganhava uma medalha. :)
INSPIRE-SE
https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6029403843721524196#editor/target=post;postID=9190752030461454863
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