Ana Carolina Prado 18 de fevereiro de 2013
Agora que começamos a primeira semana pós-carnaval, não há mais
desculpas: o ano começou de verdade. Portanto, se você estava
postergando seus planos de
Ano-Novo até agora, não tem mais saída, meu chapa. Já dei a receita da ciência para duas metas capazes de mudar a sua vida:
parar de procrastinar e
conseguir sair da cama mais cedo. Para finalizar a série, escolhi outro tema muito recorrente nas listas de resoluções: emagrecer.
O grande segredo, segundo um estudo recente da Universidade de
Bristol, é mudar as suas memórias associadas à comida. Esse pequeno
truque vai ajudar você a comer menos e, consequentemente, perder algum
peso (em uma quantidade que vai variar, é claro, de acordo com sua
dieta, rotina de exercícios e outros fatores).
Fome fisiológica x fome psicológica
A fome é um meio de nosso organismo fazer com que consumamos a
quantidade necessária de calorias para nosso corpo ter energia
suficiente. Mas, de acordo com a pesquisa, publicada na
PLOS One, ela também tem um componente psicológico, o que torna possível que a manipulemos.
O autor, Jeffrey Brunstrom, fez um experimento bem elaborado para
chegar a essa conclusão. Ele convocou voluntários para tomarem sopa em
tigelas de dois tamanhos diferentes: metade recebeu uma de 300 ml e a
outra metade, uma de 500 ml. Mas havia um truque: usando um sistema de
tubos e válvulas secretos que podiam encher ou esvaziar as tigelas, os
pesquisadores enganavam os voluntários em relação a quanto eles haviam
consumido.
Parte das pessoas consumiu a quantidade de sopa que havia visto na
tigela, mesmo, enquanto a quantidade real para outros foi diferente –
gente com uma tigela de 500 ml podia acabar tomando 300 ml e vice-versa.
Depois, os pesquisadores mediram a fome que cada um sentiu mais tarde e
puderam separar os aspectos puramente fisiológicos (que têm a ver com o
volume consumido anteriormente, ou quão cheio o seu estômago está) dos
cognitivos (que têm a ver com quanto você acha que comeu).
Lembranças podem encher a barriga, sim
A primeira conclusão a que Brunstrom chegou foi a de que não há como
enganar o estômago logo após a refeição. Quando testados logo após comer
a sopa, os indivíduos que tinham comido mais se sentiam mais saciados
do que aqueles que haviam comido menos e pouco importava o quanto eles
pensavam que haviam comido.
Porém, duas horas depois, a mágica acontece: a fome de cada um tinha pouco a ver com o volume que realmente
tinham consumido. O fator determinante era o que eles se lembravam de
ter visto na tigela – ou seja, quem comeu a menor quantidade, mas achou
ter recebido a maior sentiu menos fome do que quem comeu o equivalente à
tigela grande, mas achou ter consumido a menor porção.
Isso nos ensina que a fome que sentimos pode ser bastante
influenciada pela memória e, provavelmente, pelo contexto em que
consumimos os alimentos. Uma pesquisa anterior já havia sugerido que
comer distraidamente (vendo TV, por exemplo) faz com que as pessoas
sintam mais fome depois, enquanto quem está bem consciente do que está
consumindo acaba se sentindo mais cheio. Isso pode ser porque, quando
prestamos atenção ao que comemos, criamos “memórias alimentícias” mais
fortes – o que é um forte antídoto contra a fome futura.
Assim, um truque útil é se concentrar no que está comendo e trabalhar
a sua percepção para considerar aquele prato algo enorme ou, quando
sentir a fome vindo, manter em mente a última refeição que você teve. A
dieta que escolher pode variar, mas saber que dá para burlar sua fome já
é um ponto a seu favor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário