Felipe Rosa |
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Com 30 quilos a menos, Laura não guarda nem fotos da época anterior à cirurgia. |
Isso porque a maioria dos procedimentos é feito em mulheres entre 20 e 40 anos, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). “As mulheres representam cerca de 70% das cirurgias realizadas no país e grande parte está nesta faixa etária porque é nesta etapa da vida que elas têm mais dificuldade de emagrecer”, explica o cirurgião do Aparelho Digestivo do Hospital Vita e membro da SBCBM, Glauco Morgenstern.
De acordo com o chefe do Serviço de Cirurgia Bariátrica do Hospital Santa Casa de Misericórdia, Luiz Sérgio Nassif, as mulheres também têm mais tendência a desenvolver a obesidade. “No Brasil, existem pesquisas que mostram que 30% da população está com sobrepeso. Desse total, apenas 11% são homens”, conta. Essa condição é agravada por outros fatores. “As mulheres têm mais alterações hormonais e levam uma vida mais sedentária”.
Morgenstern explica que a cirurgia é indicada para quem tem Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 35. “Acima de 40, o procedimento é obrigatório, pois caracteriza obesidade mórbida Mas, já neste valor, o sobrepeso pode estar associado a outra doença, como pressão alta, diabetes ou problemas ortopédicos, e esta é a melhor forma de prevenção.”, relata. Este último foi o caso da enfermeira Laura Bortoli, 32 anos. “Fiz a cirurgia há um ano e meio porque estava com problemas no joelho e não conseguia nem fazer academia, pois doía muito. Desde então, já emagreci 30 quilos”, conta.
Pensando no bem-estar
Outro fator que leva as mulheres a optarem pelo procedimento é a questão da auto estima. “O IMC é o principal critério para avaliar se uma pessoa tem necessidade de fazer a cirurgia, mas muitas mulheres a procuram no intuito de emagrecer para ter mais qualidade de vida”, comenta Morgenstern. Este foi o motivo pelo qual a representante comercial Joana Muniz, 37 anos, optou pelo procedimento.
“É muito difícil você saber que está fora do padrão, quando você é a única gordinha enquanto todo mundo é magro. Apesar de ter pressão alta, não foi este o motivo que me levou à cirurgia, foi a baixa auto estima”, lembra. Mesmo depois de oito anos desde o procedimento, ela continua com o novo peso. “Eu tinha 120 quilos e passei a 60 com a cirurgia. Agora, estabilizei nos 64 e não saio mais disso”, conta.
Dieta e cuidados com a gravidez
Joana mantém o peso com uma dieta rigorosa. “Não sou muito de fazer exercícios, mas escolho muito bem os alimentos, não sou viciada em nada, me policio e me cuido. Antes, eu comia meia pizza, agora só um pedaço ou, no máximo, dois”, revela. Até tentou “quinhentas mil dietas” antes da cirurgia, mas não conseguia emagrecer porque tem hipotireoidismo.
Segundo Nassif, nenhum paciente deve fazer a cirurgia sem passar por um tratamento clínico. “Primeiro, tentamos fazer o paciente mudar seu estilo de vida. Se não der certo, optamos pela operação”, conta. E de nada adianta fazer a cirurgia se o paciente não mantiver esses hábitos depois do procedimento. “Está cada vez mais frequente ver pacientes que voltam a ganhar peso depois de dois ou três anos porque continuam com a má alimentação e o sedentarismo”, reforça Morgenstern.
Outra preocupação para as mulheres é referente à gestação após a cirurgia. “É preciso esperar um ano e meio para engravidar porque somente depois desse período é que a paciente estabiliza o peso. Senão, há um desequilíbrio no organismo porque ganha peso por causa da gestação ao mesmo tempo que perde por causa da cirurgia, interferindo na proporção hormonal e de vitaminas, o que pode trazer prejuízos para a criança”, explica.
Arquivo Pessoal | |
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Joana: antes, com 120 quilos; agora, com pouco mais de 60. |
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