Você já deve ter ouvido falar que fumar maconha dá fome. E mais
surpreendente nem é essa informação, mas sim o que um novo estudo
descobriu: o fato de que, quando você começa a comer batata frita, não
consegue parar porque os alimentos gordurosos acionam o organismo para
produzir substâncias químicas muito parecidas com as encontradas na
maconha.
Esses produtos químicos, chamados “endocanabinóides”, fazem parte de
um ciclo que faz você continuar comendo porcarias sem parar.
Segundo os pesquisadores, a sinalização endocanabinóide no intestino
tem um papel importante na regulação da nossa ingestão de gordura. O
estudo descobriu que a gordura no intestino provoca a liberação de
endocanabinóides no cérebro: e ele não é o único órgão que faz produtos
químicos naturais parecidos com a maconha.
A pele humana também os produz. Canabinóides na pele podem
desempenhar o mesmo papel que têm nas plantas: proteção oleosa contra o
vento e o sol.
Os endocanabinóides também são conhecidos por influenciar o apetite e
o paladar – o que explica a “larica” das pessoas quando fumam maconha.
No estudo, os pesquisadores equiparam ratos com tubos que drenam o
conteúdo de seus estômagos. Esses tubos permitiram que os pesquisadores
disessem se a gordura estava agindo sobre a língua ou no intestino.
Os ratos tomaram um milkshake saudável, uma solução de açúcar, um
líquido rico em proteína chamado peptona, ou uma bebida rica em gordura
feita de óleo de milho. Em seguida, os pesquisadores anestesiaram e
dissecaram os ratos, rapidamente congelando seus órgãos para análise.
Açúcares e proteínas não afetaram a liberação de substâncias químicas naturais parecidas com a maconha, mas a gordura sim.
Os resultados mostram que a gordura sobre a língua dispara um sinal
para o cérebro, que repassa uma mensagem até o intestino por meio de um
feixe de nervos, que comanda a produção de endocanabinóides no
intestino, que por sua vez acionam uma cascata de sinais com a mesma
mensagem: comer, comer, comer!]
Segundo os pesquisadores, no passado, essa mensagem foi útil para os
mamíferos. Gorduras são cruciais para a sobrevivência, e elas eram
difíceis de obter na dieta de mamíferos. No mundo de hoje, no entanto,
onde há uma gama tão grande de junk food em cada esquina, o nosso amor
evolutivo pela gordura é um tiro que sai pela culatra.
A boa notícia é que a descoberta pode ajudar os pesquisadores a
desenvolver novas terapias. Bloqueando a recepção de sinais de
endocanabinóides, os médicos podem ser capazes de quebrar o ciclo que
leva as pessoas a comerem alimentos gordurosos em excesso.
Os cientistas alertam que bloquear os receptores endocanabinóides no
cérebro também pode causar ansiedade e depressão, mas um medicamento
projetado para atacar apenas o intestino pode não provocar tais efeitos
colaterais negativos.[
LiveScience]
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