Os textos a seguir são dirigidos principalmente ao público em geral e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes de cada assunto abordado. Eles não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores às informações aqui encontradas.
Mens sana in corpore sano ("uma mente sã num corpo são") é uma famosa citação latina, derivada da Sátira X do poeta romanoJuvenal.
No contexto, a frase é parte da resposta do autor à questão sobre o que as pessoas deveriam desejar na vida (tradução livre):
Deve-se pedir em oração que a mente seja sã num corpo são.
Peça uma alma corajosa que careça do temor da morte,
que ponha a longevidade em último lugar entre as bênçãos da natureza,
que suporte qualquer tipo de labores,
desconheça a ira, nada cobice e creia mais
nos labores selvagens de Hércules do que
nas satisfações, nos banquetes e camas de plumas de um rei oriental.
Revelarei aquilo que podes dar a ti próprio;
Certamente, o único caminho de uma vida tranquila passa pela virtude.
orandum est ut sit mens sana in corpore sano.
fortem posce animum mortis terrore carentem,
qui spatium uitae extremum inter munera ponat
naturae, qui ferre queat quoscumque labores,
nesciat irasci, cupiat nihil et potiores
Herculis aerumnas credat saeuosque labores
et uenere et cenis et pluma Sardanapalli.
monstro quod ipse tibi possis dare; semita certe
tranquillae per uirtutem patet unica uitae.
(10.356-64)
A conotação satírica da frase, no sentido de que seria bom ter também uma mente sã num corpo são, é uma interpretação mais recente daquilo que Juvenal pretendeu exprimir. A intenção original do autor foi lembrar àqueles dentre os cidadãos romanos que faziam orações tolas que tudo que se deveria pedir numa oração era saúde física e espiritual. Com o tempo, a frase passou a ter uma gama de sentidos. Pode ser entendida como uma afirmação de que somente um corpo são pode produzir ou sustentar uma mente sã. Seu uso mais generalizado expressa o conceito de um equilíbrio saudável no modo de vida de uma pessoa.
17 dúvidas sobre redução de estômago respondidas por médicos
As perguntas mais comuns nos consultórios que tratam obesidade respondidas por três especialistas no assunto
Chris Bertelli, iG São Paulo
levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Cirurgia
Bariátrica e Metabólica mostrou que, só em 2010, foram realizados mais
de 60 mil cirurgias de redução do estômago no Brasil, um número três
vezes maior do que em 2005.
Cada vez mais popular entre os tratamentos para a obesidade, o
procedimento ainda é cercado de dúvidas, especialmente de parte dos
pacientes. O iG Saúde reuniu as dúvidas mais comuns nos
consultórios dos especialistas em obesidade no País e pediu a três
profissionais que respondessem a essas questões.
1 – A cirurgia bariátrica é reversível?
Apenas a gastrectomia vertical (em que um pedaço do estomago retirado) e o duodenal switch,
onde uma das etapas da cirurgia é a gastrectomia vertical, não são
reversíveis. As demais técnicas podem ser revertidas. No entanto, a
reversão é extremamente complicada, oferece mais riscos do que a
cirurgia em si e realmente só é feita em casos extremos, como em
pacientes com câncer ou com aids. Se o paciente está com peso normal estável e as doenças estão controladas não há razão para desfazer o procedimento.
2 – Vou poder comer como antes, mas sem engordar?
Não. Nenhum procedimento faz milagre. As cirurgias prescindem de
reeducação e manutenção alimentar e física para que os resultados sejam
efetivos. O paciente precisar ter em mente que a cirurgia é apenas o
início de uma mudança de vida, que inclui comer corretamente, de forma
mais saudável, incluindo no cardápio frutas, verduras, legumes, carnes,
pães integrais, sucos. O paciente poderá comer de forma mais comedida e
com mais frequência, de 3 em 3 horas, deixando as guloseimas para
ocasiões especiais.
3 – Como ter certeza de que a técnica é regulamentada?
No Brasil existem hoje quatro técnicas regulamentadas pela Resolução
nº 1.942/2010 do Conselho Federal de Medicina (CFM), que estabelece
normas seguras para o tratamento cirúrgico da obesidade mórbida,
definindo indicações, procedimentos e equipe (veja aqui quais são).
Os demais procedimentos e técnicas cirúrgicas para o controle da
obesidade não apresentam indicação atual de utilização ou ainda estão em
fase de estudos.
4 – Qual o perigo de me submeter a técnicas não regulamentadas?
Profissionais que praticam técnicas não aprovadas pelo CFM estão
atuando fora da legislação brasileira e expondo seus pacientes a riscos
desnecessários de complicações e morte. Para uma técnica ser aceita, ela
precisa ser comprovada por anos de pesquisa clínica e ter perfis de
segurança e eficácia aceitáveis, passando pelo crivo dos órgãos
regulatórios de saúde de cada país. Prometer soluções mágicas do tipo
“coma tudo o que quiser e não engorde” é, no mínimo, mentiroso e
antiético.
5 – Quais as chances de ganho de peso posterior? Em quanto tempo isso é observado?
Até dois anos após a cirurgia, o paciente ainda está perdendo peso. A
partir do momento que esse processo se estabiliza, é possível haver
algum ganho, caso o paciente “baixe a guarda” e não se esforce para
manter o peso. Esforço significa manter uma dieta balanceada e atividades físicas, o que é recomendado para os
operados ou não. A cirurgia é apenas o primeiro passo rumo a uma nova
vida e é preciso abandonar antigos costumes nocivos e adotar uma forma
de vida mais saudável, que inclui dieta equilibrada e a prática de
exercícios.
O principal fator para ganho de peso posterior é a não adesão ao
tratamento, que não se resume apenas às cirurgias bariátricas. O
tratamento deve ser multidisciplinar, ou seja, com médico,
nutricionista, psicólogo e educador físico, já que o paciente deverá a
aprender a viver de uma maneira diferente.
6 – Como escolher um bom cirurgião bariátrico?
Ao tomar a decisão, procure profissionais habilitados com experiência
comprovada na área, evitando aqueles que prometem soluções milagrosas
ou que pratiquem técnicas não aprovadas pelo CFM. No site da SBCBM
consta a relação de todos os cirurgiões associados, que,
obrigatoriamente, passam por programas de atualização e revisão
científica.
7 – A mulher que passa por uma cirurgia de estômago pode engravidar? Ela deve ter algum cuidado extra nesse período?
Recomenda-se que a mulher aguarde 18 meses depois da cirurgia para
engravidar, assim o organismo estará mais adaptado. É importante ter um
acompanhamento médico e nutricional durante toda a gravidez, para evitar a carência de vitaminas essenciais para o bebê. Se for o caso, o médico pode indicar uma
suplementação oral ou injetável. O pré-natal deve ser acompanhado pelo
nutricionista, cirurgião e obstetra.
8 – O paciente que vai se submeter à cirurgia deve parar de
fumar e de beber? Por quanto tempo? Quanto tempo depois da cirurgia ele
pode voltar a fumar e ingerir bebidas alcoólicas?
Quem faz uso destas substâncias têm um risco maior para complicações
em qualquer procedimento. Portanto, o ideal é que pare de fumar e de
beber. Além de todos os riscos, a nicotina prejudica a cicatrização da
pele, o que pode levar à infecção. As bebidas alcoólicas são agressores
das mucosas do estômago e do intestino e reduzem a absorção de alguns
nutrientes, por isso devem ser evitadas, sobretudo nos primeiros 6
meses, quando ocorre uma readaptação do trato gastrointestinal. O álcool
é absorvido muito rapidamente após a cirurgia e cai na circulação
sanguínea podendo levar à embriaguez mesmo com pequenas quantidades.
9 – O que é o dumping? Todo operado tem?
Todo operado está sujeito a ter a síndrome de dumping. O consumo de
alimentos calóricos doces (pudins, sorvetes, milk-shake, leite
condensado, sucos com açúcar, refrigerantes) e gordurosos pode causá-la.
O Dumping acontece quando, depois de beber ou comer, o paciente
apresenta taquicardia, sudorese, tontura, queda da pressão arterial e
diarreia. Qualquer combinação destes sintomas pode ocorrer em
intensidades variadas, dependendo do que a pessoa comeu. Alimentos ricos
em açúcares e gorduras, em excesso, não devem fazer parte do cardápio
de ninguém, operado ou não.
10 – Alguns pacientes operados relatam queda de cabelo intensa e unhas quebradiças, entre outros sintomas. Porque eles ocorrem?
Queda de cabelo e unhas quebradiças são sintomas comuns durante
qualquer processo de emagrecimento, seja por cirurgia, dieta ou em
decorrência de doenças que "consomem" a pessoa (como o câncer, por
exemplo). No caso do paciente bariátrico, esses sintomas não devem
persistir por mais de quatro meses.
Se não houver acompanhamento com a equipe multidisciplinar, o paciente
pode apresentar déficit de vitaminas e proteínas, o que pode levar a
estes sintomas. Nesses casos, é preciso rever a alimentação com o
nutricionista e, se necessário, iniciar suplementação vitamínica oral ou
injetável.
11 – Quais as possíveis complicações durante e após a cirurgia?
Os riscos são os mesmos de outras cirurgias abdominais, por isso a
bariátrica deve ser feita em um hospital com estrutura adequada. Nas
cirurgias disabsortivas é comum haver falta de nutrientes devido à baixa
ingestão de alimentos e é necessária a suplementação vitamínica. Mais
raramente, a cirurgia bariátrica pode gerar complicações como infecção,
tromboembolismo (entupimento de vaso sanguíneo), deiscências
(separações) de suturas, fístulas (desprendimento do grampo), obstrução
intestinal, hérnia no local do corte, abscessos (infecções internas) e pneumonia.
12 – O efeito da pílula anticoncepcional após a cirurgia pode ser reduzido?
Nas cirurgias restritivas não há problemas, mas nas cirurgias que
privilegiam a mal-absorção, pode ser que a pílula anticoncepcional tenha
eficácia reduzida. Em muitos casos, recomenda-se a utilização de dois
métodos anticoncepcionais concomitantamente, mas essa é uma avaliação
que deve ser feita caso a caso pelo ginecologista.
13 – É necessário fazer complementação de vitaminas? Por quanto tempo?
O paciente submetido a cirurgia bariátrica deverá ser acompanhado por
uma equipe multidisciplinar por toda a vida. Ele deverá realizar exames
sempre e a reposição poderá ou não ser realizada. No entanto, se o
paciente conseguir manter uma alimentação adequada, rica em carnes
magras, verduras, legumes, frutas e massas integrais, a suplementação
vitamínica não é necessária.
Contudo, com o estilo de vida moderno, nem sempre isso é possível, então
os suplementos vitamínicos entram como aliados para combater os sinais
da falta de nutrientes (fraqueza, queda de cabelo, unhas quebradiças, dor de cabeça). Em alguns casos, a suplementação pode ser para a vida toda.
14 – Depois da operação, terei que fazer exercícios físicos?
Sim, sempre. Os exercícios físicos fazem parte do tratamento da
obesidade, independente da técnica utilizada. Os benefícios do exercício
são ainda maiores para os operados: aceleração do processo de
emagrecimento, ganho de massa magra (músculo), redução da flacidez,
melhora do condicionamento físico, melhora do desempenho
cardiorrespiratório, fortalecimento dos ossos e ganho de disposição.
16 - Alguma técnica permite comer mais do que outra?
Em todos os procedimentos, o paciente deve se habituar a comer
pequenas quantidades, várias vezes ao dia. As cirurgias disabsortivas,
como o Scopinaro e o Duodenal Switch,
permitem que o paciente tenha uma capacidade maior de alimentação. Em
contrapartida apresentam efeitos colaterais sérios como o aumento da
frequência evacuatória e a urgência evacuatória.
17 - Quanto tempo dura o processo de emagrecimento? Há risco de emagrecer demais?
Perde-se peso mais rapidamente no primeiro e no segundo ano após a
cirurgia, mas a velocidade do emagrecimento vai diminuindo até
estacionar, geralmente por volta do segundo ano. Todo ser humano tem um
peso ideal em torno do qual o corpo tende a se estabilizar, ainda que
pequenas variações para mais ou para menos sejam comuns ao longo dos
anos.
Fontes consultadas: Ricardo Cohen, presidente da Sociedade
Brasileira de Cirurgia Bariátria e Metabólica (SBCBM); Claudia Cozer,
endocrinologista da Associação Brasileira para Estudo da Obesidade
(Abeso); Hercio Azevedo Cunha, professor de gastroenterologia da
Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC), e membro da SBCBM
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