Pela primeira vez, a tradicional
entidade passa a pontuar os alimentos por seu valor nutricional, e não
apenas de acordo com seu teor calórico
Rachel Costa
AUXÍLIO
O método dos Vigilantes ajudou Ana Carolina a escolher
opções mais saudáveis na hora de se alimentar
Emagrecer é uma ótima oportunidade para aprender a se alimentar
melhor. Essa é a mensagem que fica para quem tem contato com a nova
dieta anunciada pelos Vigilantes do Peso na Inglaterra e nos Estados
Unidos. Pela primeira vez, a entidade – presente em mais de 30 países,
com 18 mil associados só no Brasil – passa a classificar os alimentos de
acordo com seu valor nutricional, e não somente por sua quantidade de
calorias.
Os Vigilantes consagraram-se pelo método que estabelece pontos para
os alimentos e os limites de pontuação que cada um poderia consumir.
Pode-se comer de tudo, até alimentos gordurosos ou guloseimas, desde que
respeitado o teto de pontos diários. A tabela baseada no valor calórico
das comidas, porém, nem sempre encorajava a escolha saudável. Por
exemplo: uma maçã ou dois bombons valiam os mesmos dois pontos na
contagem diária.
Com as alterações da metodologia, isso muda. Frutas não contam mais
pontos, se consumidas dentro dos limites do plano de emagrecimento.
“Afinal, frutas também são fontes de carboidratos e são calóricas”,
lembra a nutricionista Patrícia Davidson, do Rio de Janeiro.
Mas, como a nova equação para se calcular os pontos não leva em conta
apenas as calorias, é possível fazer concessões em nome de uma vida
mais saudável. Isso porque o segredo do método é considerar não apenas a
energia contida em cada alimento, mas a forma como o organismo irá
consumi-la. Assim, quando há grande quantidade de fibras e proteínas,
que demoram mais para serem digeridas (o que significa uma sensação de
saciedade mais prolongada), a pontuação do alimento é menor. Já as
comidas com muitos carboidratos e gordura recebem pontuação maior.
O limite de pontos consumidos por dia também foi alterado. Antes, a
contagem era feita a partir de 20 pontos. Agora é iniciada com 29. “Mas
isso não significa que a pessoa pode comer mais”, diz Rodrigo Faro,
presidente da entidade no Brasil. “Foi apenas um ajuste necessário para
contemplar a nova fórmula.”
Com as modificações, pretende-se dar mais força a um objetivo que já
vinha sendo trabalhado pelo grupo: além de quilos a menos, adquirir
hábitos de vida mais saudáveis. Foi assim com a administradora Ana
Carolina Kammerer, 31 anos, que entrou para os Vigilantes do Peso em
agosto do ano passado, com a meta de perder 14 quilos. O objetivo foi
atingido em outubro, mas o que aprendeu no período passou a fazer parte
de sua rotina. “Aprendi a comer legumes e troquei a lasanha e a pizza
congeladas por sopa e vegetais”, conta.
As mudanças atualizam o plano alimentar do grupo com descobertas
recentes da nutrição – que já haviam sido absorvidas por
endocrinologistas e nutricionistas em seus consultórios. Isso, porém,
não tira o impacto da iniciativa, avalia Rosana Radominski, presidente
da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome
Metabólica. “A orientação do consultório é para um indivíduo. Nos
Vigilantes do Peso, será para milhares de pessoas”, diz.
Para os brasileiros que se interessaram pelo novo método, porém, é
preciso paciência. Pelas contas dos Vigilantes do Peso, ainda serão
necessários cerca de seis meses para finalizar a adaptação das tabelas
para os ingredientes e alimentos consumidos por aqui.
O poder da imaginação
Todo mundo sabe: pensar em um alimento delicioso no momento da fome
faz a boca salivar e aumenta o apetite. Agora, pesquisadores americanos
descobriram que a imaginação pode ser usada para ajudar quem precisa
perder peso. Como? Os cientistas defendem que a pessoa deve criar
imagens mentais de si mesma devorando com prazer a iguaria que vai comer
dali a minutos. “Imaginar-se comendo o alimento várias vezes reduz seu
desejo por ele quando estiver em frente ao prato”, diz Carey Morewedge,
da Universidade Carnegie Mellon, que liderou o trabalho. Mas atenção: é
necessário visualizar a comida que você vai comer para dar certo. Não
pode ser qualquer uma.
O trabalho que dá base a essas afirmações foi publicado pela revista
científica “Science”. Participaram do estudo 51 pessoas. Uma parcela dos
voluntários imaginou-se colocando 33 moedas em uma máquina de lavar. O
segundo grupo idealizou-se despejando 30 moedas, uma a uma, em uma
máquina de lavar e teve direito a pensar-se comendo três chocolatinhos
M&Ms. Já o terceiro colocou apenas três moedas e pôde sonhar que
comia 30 M&Ms. Depois, foram servir-se livremente de uma tigela com
os confeitos coloridos. “Quem imaginou que comia 30 doces comeu menos do
que os outros”, diz Carey. Os pesquisadores repetiram três vezes o
teste. A descoberta, no entanto, está sendo vista com reservas. “É uma
perspectiva interessante, porém mais pesquisas são necessárias para
investigar essas possibilidades”, afirma o renomado endocrinologista
Alfredo Halpern, da Universidade de São Paulo.
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