Os textos a seguir são dirigidos principalmente ao público em geral e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes de cada assunto abordado. Eles não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores às informações aqui encontradas.
Mens sana in corpore sano ("uma mente sã num corpo são") é uma famosa citação latina, derivada da Sátira X do poeta romanoJuvenal.
No contexto, a frase é parte da resposta do autor à questão sobre o que as pessoas deveriam desejar na vida (tradução livre):
Deve-se pedir em oração que a mente seja sã num corpo são.
Peça uma alma corajosa que careça do temor da morte,
que ponha a longevidade em último lugar entre as bênçãos da natureza,
que suporte qualquer tipo de labores,
desconheça a ira, nada cobice e creia mais
nos labores selvagens de Hércules do que
nas satisfações, nos banquetes e camas de plumas de um rei oriental.
Revelarei aquilo que podes dar a ti próprio;
Certamente, o único caminho de uma vida tranquila passa pela virtude.
orandum est ut sit mens sana in corpore sano.
fortem posce animum mortis terrore carentem,
qui spatium uitae extremum inter munera ponat
naturae, qui ferre queat quoscumque labores,
nesciat irasci, cupiat nihil et potiores
Herculis aerumnas credat saeuosque labores
et uenere et cenis et pluma Sardanapalli.
monstro quod ipse tibi possis dare; semita certe
tranquillae per uirtutem patet unica uitae.
(10.356-64)
A conotação satírica da frase, no sentido de que seria bom ter também uma mente sã num corpo são, é uma interpretação mais recente daquilo que Juvenal pretendeu exprimir. A intenção original do autor foi lembrar àqueles dentre os cidadãos romanos que faziam orações tolas que tudo que se deveria pedir numa oração era saúde física e espiritual. Com o tempo, a frase passou a ter uma gama de sentidos. Pode ser entendida como uma afirmação de que somente um corpo são pode produzir ou sustentar uma mente sã. Seu uso mais generalizado expressa o conceito de um equilíbrio saudável no modo de vida de uma pessoa.
Aprendi
intuitivamente a lidar com a morte muito cedo em minha vida. Aos cinco
anos, perdi minha irmã mais velha. Aos nove, uma das melhores amigas da
escola. Aos quinze, a senhora que trabalhava há cerca de quarenta anos
na casa do meu tio avô morreu nos meus braços. Era a vida me mostrando o
quanto era imprevisível.
Minha vida foi marcada por separações, centenas de mudanças de casa, de país…
Mas
meu “diploma” veio em 89, quando fui fazer um curso intensivo de três
meses sobre Livro “Tibetano dos Mortos”, no instituto Nyingma.
Nos anos seguintes, perdi duas das pessoas mais importantes da minha vida: minha mãe e meu avô.
Nós do ocidente ainda temos muita dificuldade em lidar com a morte. Mal mencionamos a palavra, com medo que ela nos apanhe.
Obviamente
toda perda gera dor, mas se compreendemos e aceitamos que o fim é
inevitável, natural e fundamental ao nosso processo evolutivo, a vida se
torna de fato significativa.
O
número de pessoas que se recusa a aceitar ou lidar com a perda (de um
ente querido, seja causada pela morte física ou uma separação) não é
nada pequeno.
Para fugirmos do luto,
tão necessário de ser vivido, recusamos-nos a abrir mão de quem, ou do
quê, já teve seu papel cumprido. Insistimos em carregar pessoas,
lembranças ou situações finitas, em levá-las adiante, sem ao menos nos
darmos conta de que, com isso, só retardamos nosso crescimento. Poluindo
o nosso presente com descartes impossibilitamos o futuro.
Entulhamos
a casa só pra não termos que lidar com o vazio deixado e nem nos damos
conta de que lidamos com a morte o tempo todo. Sem ela, a vida seria
pura estagnação e a existência totalmente sem sentido.
Para
nascermos temos que abandonar a segurança uterina. Para comermos
abdicamos do leite materno. Para entrarmos na escola, temos que deixar o
aconchego de casa. Para aprendermos a ler, largamos as fraldas. Para
entrarmos na puberdade, deixamos a infância. Para nos tornarmos
adolescentes temos que abrir mão da puberdade e para nos tornando
adultos deixar que ela se vá.
Vivemos
milhares de perdas, grandes e pequenas, o tempo todo, a cada minuto.
Ações são interrompidas para darem lugar a novas, afinal, não haverá
vida se não pactuarmos com infinitas mortes. Simples assim.
Adriana Vitória : colunista Conti outra
Mineira
de alma e carioca de coração, a artista plástica, escritora e designer
autodidata Adriana Vitória deixou Belo Horizonte com a família aos seis
meses para morar no Rio de Janeiro. Se profissionalizou em canto,
línguas e organização de eventos até que saiu pelo mundo sedenta por
ampliar seus horizontes. Viveu na Inglaterra, França, Portugal, Itália e
Estados Unidos. Cresceu em meio à natureza, nas montanhas de Minas,
Teresópolis, Visconde de Mauá, e do próprio Rio. Protetora apaixonada da
Mata Atlântica e das tribos ao redor do mundo, desde a infância, buscou
formas de cuidar e falar deste frágil ambiente e dos seres únicos que
nele vivem.
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