A falta de hábitos saudáveis – dieta equilibrada e exercícios físicos
regulares – tem aumentado o número de pessoas com peso acima do ideal no
País.
Quase metade da população brasileira tem excesso de peso
(46,6%). O que mais preocupa é que os índices que mais crescem são os
da obesidade. As mulheres são as mais afetadas.
A pesquisa
Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por
Inquérito Telefônico (Vigitel) 2009, divulgada nesta segunda-feira
(21/6) pelo Ministério da Saúde, revela que a obesidade atinge 13,9% da
população. A maior concentração de obesos está na população feminina:
14%.
A maior prevalência de mulheres obesas está na faixa
etária de 55 a 64 anos (21,3%), mas, em um ano, a faixa etária em que a
obesidade se tornou mais presente é a mais jovem, de 18 a 24 anos. Em
2008, 3,5% das jovens com essas idades estavam obesas. Em 2009, o número
quase dobrou.
O índice sobe a cada ano. Em 2006, quando o
levantamento começou a ser feito, o percentual de mulheres com obesidade
era de 11,5%. O crescimento em quatro anos foi de 22%. De modo geral,
42,3% das brasileiras têm peso acima do ideal. Entre os homens, 51%
estão acima do peso e 13,7% obesos.
Para a coordenadora de
Vigilância de Agravos e Doenças Não Transmissíveis do Ministério da
Saúde, Deborah Malta, os resultados apresentam um cenário preocupante.
“Os números são uma estimativa muito próxima da realidade do País. Há
uma ascensão do aumento do sobrepeso em todo o mundo desde a década de
70, mas o crescimento nesses quatro anos é muito significativo”, afirma.
Amélio Fernando de Godoy Matos, endocrinologista e membro da
Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome
Metabólica (Abeso), afirma que os resultados não surpreendem, mas
preocupam. “Essa é uma tendência secular no Brasil. Vivemos uma
transição nutricional, em que o aumento do poder aquisitivo da população
muda os hábitos”, diz.
Hábitos nada saudáveis Amélio
explica que as pessoas passaram a comprar mais produtos que tendem a
aumentar o sedentarismo, como televisões e carros. Além disso, aumentam o
consumo de alimentos doces e industrializados. “É preciso entender que o
fenômeno nutricional não é puramente alimentar. É sociocultural. Apesar
de terem maior poder aquisitivo, as pessoas não são educadas a ponto de
saberem prevenir o problema da obesidade”, ressalta o endocrinologista.
Os dados do Vigitel, segundo Deborah Malta, mostram que as
causas genéticas da obesidade não representam a maioria dos casos de
sobrepeso. “Apenas 14,7% dos entrevistados admitiram praticar exercícios
físicos em níveis adequados”, comenta. As conseqüências impactam o
atendimento no SUS. De acordo com a pesquisa, 24,4% da população foi
diagnosticada com hipertensão arterial e 5,8% com diabetes.
Na
avaliação do representante da Abeso, os casos de diabetes no País podem
estar subestimados pela pesquisa. “Pelos estudos feitos nos últimos
anos, imagino que esse índice é de 10%. O estudo é baseado em
autodeclaração e muita gente não compreende a doença”, diz.
Nas capitais O
estudo, realizado com 54 mil adultos em todas as capitais por meio de
entrevistas por telefone, mostra que houve mudanças nas capitais que
mais têm mulheres obesas. Em 2008, Macapá liderava a lista. Agora, é
Campo Grande.
Obesidade entre mulheres brasileiras
Os
especialistas garantem que, para combater o fenômeno da obesidade,
diferentes ações terão de ser realizadas simultaneamente. O investimento
em programas de estímulo à prática de atividades físicas não funcionará
sem ações educativas nas escolas, por exemplo. “A educação para saúde é
essencial. Esse é um problema sério mundial”, afirma Deborah.
Amélio
concorda que a educação é fundamental. “Informar não é educar. As
campanhas são importantes, mas é preciso uma política de governo de
educação intensa”, comenta.
Fonte: Site DELAS.
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