Comer escondido e sentir culpa depois de comer são dois indícios do problema
Por Laura Tavares - publicado em 13/03/2013
Você
é do tipo que se limita a consumir apenas o que coloca no prato ou não
resiste a beliscar o que sobrou na mesa ou mesmo repetir a refeição?
Quando percebe que está comendo demais consegue fechar a boca
imediatamente ou passa a comer longe dos outros para não repararem? A
maneira como um indivíduo lida com a comida pode denunciar que ele se
tornou vítima de um transtorno alimentar chamado
compulsão alimentar.
Embora a maior parte das pessoas esteja sujeita a episódios esporádicos
de gula, a forma como eles são encarados e suas consequências podem
indicar a necessidade de buscar ajuda.
Segundo o psiquiatra
Adriano Segal, responsável pelo departamento de Psiquiatria e
Transtornos Alimentares da Abeso, há duas principais definições de
compulsão alimentar. A princípio, ela pode ser entendida como um
episódio de descontrole, em que são consumidas grandes quantidades de
comida com sensação de perda de controle sobre o quanto se come. Em
casos mais graves, ela recebe o nome de Transtorno da Compulsão
Alimentar Periódica, quadro que apresenta as características descritas
anteriormente, mas com mais frequência e, além disso, gera desconforto.
Para entender se você sobre do problema, veja se você se identifica com
as situações abaixo descritas:
Comer escondido
"Comer escondido é uma tentativa de fugir do
julgamento alheio e até próprio", explica a psicóloga clínica Marisa de
Abreu, de São Paulo. Desta maneira, o indivíduo busca fugir de críticas
quanto à qualidade do que ingere e a velocidade com que o faz. Não
confunda o hábito com um estado de sonambulismo, em que a pessoa come de
madrugada, mas não se recorda de o ter feito. Neste caso, o isolamento é
premeditado por vergonha da dificuldade de autocontrole.
Comer rápido
Consumir os alimentos com rapidez é um quesito
que faz parte dos critérios para diagnóstico da compulsão alimentar.
"Embora a origem do hábito possa ser interpretada de várias maneiras,
uma coisa é certa: quem come rápido tende a comer mais", aponta o
psiquiatra Adriano. Isso acontece porque a sinalização da
saciedade
decorrente da liberação de determinados hormônios demora algum tempo
para acontecer. Quanto mais rápido uma pessoa comer, portanto, mais
comida ela irá ingerir até que se sinta saciada.
Comer sem estar com fome
"O ato de comer nem sempre tem relação com a fome
para quem sofre de compulsão alimentar", explica a psicóloga Marisa.
Nesses casos, inclusive, é mais comum que a pessoa prefira consumir
alimentos ricos em gorduras e carboidratos simples. Frituras, bolos,
doces, fast food, ganham espaço. A comida deixa de funcionar como um
combustível necessário para as funções vitais do organismo e passa a ser
apenas fonte de prazer.
Comer até se sentir mal
"O desconforto pelo consumo excessivo de
alimentos acontece por conta da distensão gástrica sofrida pelo
estômago", alerta o psiquiatra Adriano. O exagero, por sua vez, costuma
ser decorrente da rápida ingestão de comida. Além disso, o indivíduo não
come muito mais por satisfação emocional do que por necessidade física.
Estar sempre comendo
Quem sofre de compulsão alimentar pode sentir
necessidade de comer com mais frequência, já que a falta de comida cria
um vazio emocional. "A sensação pode até ser a de fome, mas seu corpo
não precisa de comida", aponta a psicóloga Marisa. Desta maneira, ele
repete refeições e costuma estar sempre beliscando alguma guloseima.
Comer para se sentir emocionalmente bem
"Diante de situações que causem sentimentos
negativos ou muito positivos, é comum que a pessoa com compulsão
alimentar desencadeie um episódio de descontrole", afirma o psiquiatra
Adriano. Segundo ele, isso neutraliza o sofrimento, mas também serve
como forma de comemoração ou recompensa.
Sentir culpa após um episódio de descontrole
A sensação de culpa após um episódio de
descontrole diante da comida é consequência da percepção de uma atitude
que o indivíduo reconhece estar errada e diante da qual se sente incapaz
de mudar. Isso também é normal acontecer com pessoas que se submetem a
uma
dieta muito restritiva. Em um dia colocam em risco semanas de dedicação.
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