Eles deixam o corpo mais acelerado, mas depois o cansaço vem em dobro
Por Natalia do Vale
Geralmente
associada a festas, noitadas e a mistura com bebidas alcoólicas, os
energéticos são bebidas à base de cafeína e outras substâncias
estimulantes, como a taurina e a glucoronolactona, que potencializam a
resposta do cérebro aos estímulos, deixando o corpo mais ativo ou
acelerado. Um teste, feito no Laboratório de Análises de Alimentos da
FEA-Unicamp, analisou sete marcas diferentes de energéticos para saber
se elas continham as quantidades adequadas de cafeína e taurina.
O método da análise, chamado cromatografia eletrocinética micelar, usa
um reagente para separar cada um dos compostos do produto.
O teste mostrou diferença entre os valores indicados nos rótulos
e os reais. Segundo os pesquisadores do laboratório, as amostras
apresentaram uma pequena quantidade de cafeína superior à declarada, mas
justificada pela necessidade de manter o teor da substância até o final
de validade do produto. É admissível uma variação de 20% nos valores
declarados no rótulo. Porém, os produtos devem obedecer as quantidades
máximas de cafeína e taurina estabelecidas na lei - respectivamente, 35
mg/100 ml e 400 mg/100 ml. Duas marcas, Fusion e Monavie, extrapolaram
os limites.
As dúvidas que rondam essas bebidas não param de
surgir. Pensando nisso, o Minha Vida conversou com um time de
especialistas no assunto. A seguir, o fisiologista especializado em
medicina esportiva, Jorge Zogaib, o personal trainer Edson Ramalho, as
nutricionistas Roberta Stella e Patrícia Ramos e o clínico geral Flavio
Tocci falam sobre os pontos positivos e negativos dos energéticos.
Pode atrapalhar a dieta
A nutricionista Roberta Stella explica que os
energéticos podem conter até 148 calorias, valor semelhante a quantidade
de um copo de refrigerante ou suco de laranja. "Por isso, quem deseja
emagrecer deve consumir com moderação", diz.
Não é indicado para os exercícios
Por ser uma bebida diurética, os energéticos
fazem o organismo perder os líquidos que ele tanto precisa durante a
atividade física. 'Eles não foram desenvolvidos visando à hidratação e,
por isso, não devem ser consumidos com esta finalidade", explica Roberta
Stella. De acordo com o personal trainer, Edson Ramalho, o rendimento
físico de qualquer pessoa aumenta depois da ingestão deste tipo de
bebida, já os energéticos aumentam a frequência cardíaca e a temperatura
do corpo. "No entanto, a ação dos energéticos tem efeito rebote para o
organismo, deixando você ainda mais cansado e sentindo os efeitos do
estresse muscular", explica.
Combinação perigosa
Quando são consumidos em combinação com álcool,
os energéticos provocam aumento da adrenalina, palpitações, suor e
dependendo da quantidade ingerida, podem levar à desidratação já que os
dois são diuréticos. Segundo o fisiologista Paulo Zogaib, a combinação
do energético com o álcool é perigosa, porque leva a excessos de
ingestão de ambas as substâncias.
"O álcool é um depressor do sistema nervoso central (ele retarda as
respostas do cérebro aos estímulos), enquanto o energético é um
estimulante, por isso, quando ingerimos álcool é preciso aumentar a dose
de energéticos para se alcançar o efeito de euforia. A pessoa que bebe a
mistura fica mais acelerada pela ação do estimulante e mais corajosa
pela ação do álcool, o que pode ser perigoso", afirma o especialista.
Evite beber em jejum
O risco de tomar um estimulante em jejum está
ligado a absorção de suas substâncias pelo organismo. "Um energético
ingerido em jejum pode comprometer as funções do estômago e de todo o
aparelho digestivo, além de potencializar os efeitos da bebida na medida
em que sua absorção se torna mais rápida e os efeitos mais intensos",
explica o fisiologista Paulo.
Prejudicam o sono
Além de os energéticos te deixarem acelerado,
levando à insônia, eles também podem fazer com que você durma demais.
"Você fica agitado por umas horas e não dorme, depois, dorme demais para
compensar o tempo perdido", explica o fisiologista Paulo.
Cuidado com medicamentos
O resultado da combinação de energético com
medicamentos pode ser bastante prejudicial ao organismo. Se a pessoa já
tem algum problema de saúde, tende a piorar. O uso isolado de
estimulantes já altera as funções do organismo. "Se o remédio também for
estimulante, por exemplo, poderá haver uma inibição de seu efeito", diz
Zogaib.
Seu organismo pode viciar
Assim como os demais estimulantes químicos
(cafeína ou drogas, como a cocaína, dentre outros), eles deixam de fazer
efeito se tiverem o uso for contínuo e a pessoa passa a ingerir
quantidades cada vez maiores para obter o mesmo resultado. "Isso varia
muito de pessoa a pessoa, mas em geral, o corpo acostuma e pede cada vez
mais. Vira um círculo vicioso grave", explica Paulo.
Não pode ser consumido por crianças
Segundo o clínico geral Flávio Tocci, os
energéticos apresentam uma dose alta de cafeína e de substâncias com
nível toxicológico questionável, e o organismo de uma criança não está
preparado para receber tamanhas doses. "Se um adulto já fica acelerado,
imagine uma criança. Ela pode apresentar tremedeira, ficar nervosa e
muito acelerada. Não é apropriado", explica.
Riscos do excesso
Quando consumidas em excesso, as substâncias
estimulantes causam ansiedade, agitação, cefaleia e, em alguns casos,
apresentam grau de toxidade questionável, como a taurina e a
glucoronolactona. "São substâncias que alteram o funcionamento de nosso
organismo de forma brusca, por isso devem ser ingeridas com moderação e
certa cautela", diz Zogaib.
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