Ana Paula Pontes e arquivo Crescer
Um estudo recente, realizado pela George Washington University School of Medicine and Health Sciences, nos Estados Unidos, revelou que até mínimas oscilações dessa glândula podem levar ao aborto e parto prematuro. “Apesar de não ser um consenso na obstetrícia, o exame para controle da tireoide deveria ser feito, a princípio, a cada quatro ou seis semanas”, diz Alex Carvalho Leite, endocrinologista do Hospital e Maternidade São Luiz (SP).
Abaixo, especialistas falam mais sobre a importância de manter os níveis desses hormônios sempre regulados:
Por que a gravidez afeta o funcionamento da tireoide?
A imunidade do corpo da mulher fica alterada pela presença do bebê, um hóspede estranho. Toda grávida tem a tireoide afetada, mas a maioria das vezes essa alteração fica dentro da normalidade. Quando o funcionamento fica mais lento, felizmente ocorre o hipotireoidismo, que atinge cerca de 5% das gestantes.
Por que felizmente?
Porque é mais fácil de tratar do que o hipertireoidismo, que acontece quando o metabolismo fica mais rápido, acelerando os batimentos cardíacos da mãe e do feto. Essa condição afeta mais ou menos 2% das grávidas. E, em 80% dos casos não tratados, ocorre parto prematuro ou aborto. Grávidas com histórico familiar têm mais chances de ter o problema.
Quais os sintomas do hipertireoidismo?
Emagrecimento, taquicardia, suor e uma inquietação exagerada que leva a tremores durante o dia e à insônia à noite.
Existem exames para detectar o problema na gestação?
Sim, são dois exames de sangue. Mas os obstetras não costumam pedir por desconhecer a importância da tiróide na gestação. O hipertireoidismo deve ser detectado ainda no primeiro trimestre para que não ocorra danos no desenvolvimento cerebral do feto.
Há riscos em tomar medicação para tratar o hipertireoidismo e o hipotireoidismo?
Tanto para mulheres que já tinham o problema mesmo antes da gravidez quanto para aquelas que desenvolveram na gestação é preciso tratamento para evitar complicações. No caso do hipotireoidismo, como a medicação é a reposição do hormônio que o organismo deixa de produzir não traz riscos para o bebê. Já, no caso do hipertireoidismo, é o seu obstetra quem deve avaliar o risco-benefício do remédio. No entanto, o maior risco é não tratar o problema.
Se a alteração do hormônio da tireoide surgiu na gestação, ela volta ao normal após o parto?
Não. Para todas as mulheres, tanto as que já sofrem do problema quanto as que apenas desenvolveram na gestação, e até quem não tem nenhuma alteração, é preciso fazer um controle nos próximos 12 meses após o parto. Isso porque o problema pode piorar depois do parto ou mesmo surgir em quem passou a gravidez com os níveis normais.
Fonte: Lino Sieiro Netto, doutor em endocrinologia
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