A obesidade é uma doença caracterizada por ganho de peso devido à
um acúmulo de gordura (tecido adiposo) e é definida por um valor do
índice de massa corporal acima de 30 Kg/m2.
Na prática clínica diária a forma mais fácil de acessar a condição do
peso de um indivíduo é calculando o índice de massa corporal que é o
peso em Kg, dividido pela altura em metros ao quadrado (dividir o peso
pela altura e o resultado desta conta ser dividido novamente pela
altura)
Através da fórmula:
Só para você entender melhor: Se você pesa 100 kg e tem um metro e
setenta (1,70) seu IMC será de 34,6. (100 dividido por 1,70 e o
resultado divido novamente por 1,70)
Utilizando esta fórmula pode-se classificar como:
- baixo peso : IMC < 18,5 Kg/m2
- peso normal : IMC entre 18,5 e 24,9 Kg/m2
- sobrepeso: IMC entre 25 e 29,9 Kg/m2
- obesidade grau I: IMC entre 30 e 34,9 Kg/m2
- obesidade grau II : IMC entre 35 e 39,9 Kg/m2
- obesidade grau III: IMC entre 40 e 50 Kg/m2
- superobesidade: IMC acima de 50 Kg/m2
É uma fórmula simples e de fácil acesso, porém muitas vezes não
define a real situação do paciente e sua distribuição da gordura
corporal. Este só é conseguido através de algumas medidas
antropométricas como:
- Circunferência abdominal que é relacionada
com a gordura dentro do abdômen. Quanto maior a circunferência
abdominal , maior é o risco de apresentar doenças cardiovasculares e
risco de morrer delas quando presente. Valores de circunferência
abdominal maior que 94cm em homens e 80cm em mulheres , é um dos
critérios no diagnóstico da Síndrome Metabólica;
- Índice cintura-quadril que representa a razão (divisão) entre a circunferência abdominal e o quadril;
- Índice abdominal é determinado pela divisão entre a circunferência abdominal e a altura (normal = 0,5)
O peso ideal de um indivíduo pode ser calculado com a fórmula de Broca:
Nos homens : Altura (em centímetros) – 100
Nas mulheres : Altura ( em centímetros) – 105
Fatores de Risco da Obesidade
A causa da obesidade não é totalmente compreendida, mas acredita-se que esteja relacionada a inúmeros fatores:
- Genética : estudos em gêmeos , adotados por famílias diferentes mostraram que a obesidade tem influência genética;
- Idade: apesar de poder ocorrer em qualquer fase da vida sabe-se que o risco de aumentar o peso é maior com o avanço da idade;
- Sexo: mulheres em geral tem maior IMC que os homens;
- Circunstâncias fisiológicas : gravidez, puberdade, menopausa , andropausa;
- Condições sócio-econômicas: a obesidade afeta mais classes sociais menos favorecidas e menor nível cultural;
- Sedentarismo;
- Fatores psicológicos e doenças psiquiátricas;
- Distúrbios do comportamento alimentar;
- Medicamentos : certos medicamentos fazem
ganhar peso como antipsicóticos e anti-depressivos como clorpromazina,
haloperidol , doxepina e lítio (medicamentos utilizados pelos
psiquiatras), antiepilépticos como carbamazepina, corticóides,
isoniazida e a maioria dos medicamentos para tratar diabetes.
O que Acontece na Obesidade?
A obesidade consiste no aumento total da massa de tecido adiposo
causado pela hiperplasia (aumento do número de células) ou hipertrofia
(aumento do volume) dos adipócitos (células gordurosas) os quais
sofrem sobrecarga de triglicerídeos. O corpo de um adulto normal
funciona dentro dos princípios da termodinâmica onde o gasto energético
(atividades físicas diárias) é semelhante à energia consumida
(alimento). O aumento do aporte calórica (alimento) e diminuição do
consumo energético (atividade física diária) leva à um superávit
energético que será estocado no corpo como gordura. Quando se refere à
atividade física diária não nos referimos à exercício físico e sim à
andar, levantar e sentar, respirar, etc.
Em indivíduos com tendência para a obesidade ou obesidade:
- Nos Adipócitos : Os adipócitos são células
especializadas em guardar gordura e em indivíduos obesos estão em maior
numero e com o seu tamanho aumentado (literalmente “gordas”). Elas
apresentam uma capacidade maior de metabolizar os triglicerídeos e
secretar hormônios importantes como a leptina, resistina, substâncias
pro-inflamatórias como as citocinas, inibidor do ativador do
plaminogênio e angiotensinogênio. O importante é saber que estas substâncias aumentam o risco de doenças cardiovasculares e de diabetes tipo 2.
Simultaneamente nos obesos há uma diminuição da secreção de
adiponectina que tem um papel importante na proteção contra estas
doenças.
- Insulina: em geral nos obesos há um aumento na
secreção de insulina a qual estimula no fígado a formação de
triglicerídeos e diminuição da produção do colesterol bom (HDL).
- Fígado e Músculos: em condições básicas, pessoas obesas tem maior capacidade de incorporar ácidos graxos (gordura) no fígado e nos músculos.
Morfopatologia – Composição e Distribuição da Gordura Corporal
Em homens com peso normal , a gordura corporal está entre 12 – 20% enquanto nas mulheres entre 20 e 30%
Do ponto de vista morfológico existem dois tipos de obesidade:
- Obesidade Hiperplásica: caracterizada pelo aumento
do número de células gordurosas (adipócito) porém o tamanho delas
permanece dentro do normal. Este tipo de obesidade aparece muito cedo
(antes dos 18 ou 20 anos) , geralmente associada a obesidade ginóide
(mais comum nas mulheres) , conhecida, também, como obesidade baixa,
periférica ou glúteo-femoral e é mais resistente ao tratamento clínico.
- Obesidade Hipertrófica: caracterizada por aumento
do tamanho (hipertrofia) das células gordurosas, muitas vezes até em
número menor que o normal. A distribuição destas células geralmente é
andróide (abdominal) , mais comum nos homens, e geralmente se inicia na
fase adulta e é associada com diabetes tipo 2, hipertensão arterial
(pressão alta) , hiperlipemia (colesterol e triglicerídeos altos) e
doença coronariana.
- Obesidade Mista: Combina as características de ambas descritas.
Classificação da obesidade
Segundo a sua origem:
- Primária : que são a maioria dos casos. Toda obesidade que se exclui causas secundárias estão nesta categoria;
- Secundária: no caso de doenças
endocrinológicas como hipotireoidismo, síndrome de Cushing,
hipogonadismo masculino, ovário policístico, deficiência do hormônio do
crescimento ; e tumores ou lesões nas áreas do cérebro que comandam o
apetite.
Segundo Critério Clínico
- Obesidade Andróide: caracterizada
por apresentar um índice cintura-quadril > 0,85 em mulheres , >
0,95 em homens e um índice abdominal > 0,5. O acúmulo de gordura
ocorre predominantemente na parte superior do corpo (abdômen, tórax,
face). Estes pacientes geralmente tem seus níveis de insulina elevados,
diabetes tipo 2, dislipidemia (colesterol e /ou triglicerídeos elevados)
, hiperuricemia (ácido úrico elevado – gota) , doença coronariana e
hipertensão arterial. Este tipo de obesidade é hipertrófica e o
tratamento dela oferece melhora clínica importante.
- Obesidade Ginóide: caracterizada
por apresentar um índice cintura-quadril < 0,85 nas mulheres , <
0,95 nos homens e um índice abdominal < 0,5. A gordura se acumula
principalmente na parte inferior do corpo ( quadril, glúteos e coxas). É
mais associada a varizes e artrite. Este tipo de obesidade é mais
resistente ao tratamento.
Segundo Critérios de Severidade
De acordo com o IMC (Índice de Massa Corporal) :
- Grau I: IMC entre 30 e 34,9 Kg/m2
- Grau II : IMC entre 35 e 39,9 Kg/m2
- Grau III: IMC maior que 40 kg/m2
Segundo Critérios Evolutivos
- Obesidade Dinâmica: que representa a fase de aumento de peso e acúmulo de gordura
- Obesidade Estática : quando o peso máximo já foi atingido e há uma estabilização
Complicações da Obesidade e Doenças Associadas
Complicações Cardiovasculares:
A obesidade, principalmente a andróide é associada a um aumento do
risco cardiovascular devido à aterosclerose. Este risco aumenta
proporcionalmente ao aumento do IMC.
- Hipertensão Arterial (Pressão Alta): geralmente
associada a obesidade, aumento o risco de infarto do miocárdio e
acidente vascular cerebral (derrame). A perda de peso reduz a pressão
arterial, independente de outros fatores;
- Aterosclerose: é o depósito de placas de gordura
dentro das artérias. Sua principal manifestação é na doença arterial
coronariana e no cérebro quando ocorre o acidente vascular cerebral
comumente conhecido como derrame;
- Insuficiência Cardíaca: geralmente secundária à doença coronariana e hipertensão arterial . Esta doença se agrava muito com a obesidade.
Complicações Metabólicas
Obesidade abdominal é mais associada com este tipo de complicação
apresentando resistência a insulina e hiperinsulinemia (insulina alta no
sangue) . O pâncreas produz mais insulina na tentativa de compensar o
fato de não conseguir retirar o açúcar do sangue. O problema está no
fato da obesidade criar uma condição que impede que a insulina funcione
nos receptores específicos que estão na superfície das células para que o
açúcar seja retirado da circulação. O açúcar no sangue é altamente
tóxico. A insulina alta impede que as células hepáticas utilizem a
gordura como fonte de energia e portanto aumentam o acúmulo de gordura. A
resistência a insulina é o primeiro passo para o aparecimento do
diabetes tipo 2. Quando o pâncreas se esgota na tentativa de produzir
insulina aparece o diabetes. Até então , os altos níveis de insulina
conseguem manter a glicemia (açúcar no sangue) normal. Por isso é muito
importante além de pedir um exame de glicemia, também solicitar um exame
de insulinemia ( taxa de insulina no sangue).
- Diabetes Tipo 2: 80% dos pacientes com diabetes tipo 2 tem sobrepeso ou obesidade;
- Dislipidemia: a obesidade é
associada a inúmeras alterações dos lipídios circulantes como
triglicerídeos alto (hipertrigliceridemia) , baixo HDL-colesterol
(colesterol bom) e aumento do LDL e VLDL-colesterol que faz com que
aumente o risco de formar placas nas artérias;
- Hiperuricemia : Àcido úrico elevado – Gota;
- Síndrome Metabólica
Complicações Digestivas
- Hérnia Hiatal;
- Pedras na Vesícula (litíase biliar): 50 a 70% dos pacientes com pedras na vesícula são obesos;
- Pancreatite Aguda;
- Hepatite não Alcóolica.
Complicações Respiratórias
- Disfunções Ventilatórias Mistas: predominantemente restritivas, envolvendo insuficiência respiratória;
- Síndrome de Pickwick: caracterizado por extrema
obesidade, sonolência diurna intensa, hipóxia (falta de oxigênio no
sangue) , hipercapnia (aumento do gás carbônico no sangue) , cianose
(coloração azulada da pele , principalmente extremidades) , e dilatação
do coração;
- Apnéia do Sono: são períodos maiores que 10
segundos de parada respiratória durante o sono, geralmente associados a
roncopatia (roncos) e arritmia cardíaca.
Complicações Osteoarticulares
Artrose das articulações maiores dos membros inferiores e coluna.
Complicações Circulatórias Venosas
- Varizes : Dois terços das pessoas com varizes são obesas;
- Insuficiência venosa crônica;
- Trombose Venosa Profunda.
Doenças Oncológicas (Câncer)
- Câncer de Endométrio e Câncer de Mama são duas vezes mais comuns em mulheres obesas comparado à mulheres com o peso normal;
- Câncer de Esôfago;
- Câncer de Intestino Grosso e Reto.
Complicações GenitoUrinárias
- Alterações Menstruais;
- Diminuição da Fertilidade (capacidade de ter filhos);
- Síndrome do Ovário Policístico;
- Ginecomastia ( aumento das mamas no homen);
- Incontinência Urinária
Complicações Psiquiátricas
- Depressão;
- Ansiedade;
- Distúrbios Comportamentais.
Complicações de Pele (Dermatites)
- Infecções bacterianas
- Infecções por fungos
Posso voltar a engordar depois da cirurgia?
Atualmente no mundo são realizadas aproximadamente meio milhão
de cirurgias bariátricas por ano. O reganho de peso após a cirurgia já é
fato conhecido entre os cirurgiões bariátricos e representa uma parcela
pequena dos pacientes submetidos ao bypass gástrico ou cirurgia de
Fobi-Capella.
A causa da obesidade continua sendo multifatorial mas dois fatores em
especial contribuem para o reganho de peso: a dilatação do estômago
operado e o retorno da compulsão alimentar (ansiedade). É muito comum
neste grupo de pacientes um aumento na ingestão de carboidratos (doces e
massas). A explicação para este comportamento é simples: o carboidrato
estimula nosso cérebro a produzir substâncias que nos dão bem estar.
Baseados nestes dois fatores oferecemos aos nossos pacientes
tratamentos para perder o peso recuperado ou que ainda falta perder.
(somente em pessoas que fizeram o bypass gástrico ou cirugia de Capella)
A aplicação do argônio é feita ao redor da costura entre o estômago e
o intestino diminuindo o seu diâmetro e devolvendo ao paciente a
sensação de plenitude (saciedade) que tinha logo após a cirurgia. Não há
necessidade de internamento e a sedação é acompanhada por médico
anestesista. São 3 sessões com intervalo de 60 dias. O retorno após a
primeira aplicação deve ser mensal .
O acompanhamento com nosso psiquiatra faz parte do tratamento para
controlar o quadro de ansiedade que faz você comer mais carboidratos.
Não esqueça que não existe cirurgia para tratar sua ansiedade. O
tratamento medicamentoso permanente é fundamental para que após o procedimento você não reganhe peso.
O resultado com esta terapia têm se mostrado promissor, com perda de peso em torno de 20% do peso inicial.
Pacientes que não fizeram o acompanhamento multidisciplinar não alcançaram os resultados esperados.
O Caminho para Cirurgia
A cirurgia de redução de estômago é atualmente uma das operações mais realizadas no mundo. Sabe-se
que nos Estados Unidos da América do Norte são realizadas em torno de
200 mil cirurgias ao ano e no Brasil aproximadamente mais 50 mil.
O fato é que a obesidade já é considerada um problema de saúde pública e os números estão crescendo no mundo todo.
No Brasil trinta e sete por cento da população já apresentam excesso
de peso e algo em torno de dez milhões de brasileiros têm obesidade
mórbida.
Os primeiros passos para fazer a cirurgia da obesidade
Antes de ser submetido à cirurgia, todos os nossos pacientes são avaliados pela psicóloga ou psiquiatra.
O objetivo desta consulta é detectar qualquer distúrbio que possa
prejudicar a boa evolução no período pós-operatório. Em torno de 5 por
cento dos pacientes apresentam depressão ou outros distúrbios
psiquiátricos após a cirurgia. Estes profissionais estão à sua
disposição não só para uma avaliação no pré-operatório, como também para
ajudá-lo a solucionar o problema se vier a aparecer.
O papel do psiquiatra e psicóloga no tratamento da obesidade tem sido
cada vez mais valorizado. Atualmente cerca de 10% dos pacientes
operados podem voltar a ganhar peso. Isto se deve ao retorno da
ansiedade, conhecida no meio médico por compulsão alimentar. A compulsão
alimentar quando não tratada é a principal causa do reganho de peso.
Tão importante quanto a Cirurgia!
Outra profissional fundamental para que você tenha uma vida saudável no pós-operatório, é a nutróloga.
Além de realizar uma avaliação pré-operatória minuciosa, irá fornecer
através de documento uma orientação detalhada do que você deverá comer
em casa: quantidade e a qualidade dos alimentos.
Todas as operações para obesidade levam a um emagrecimento rápido na
sua fase inicial que diminui durante o tempo. A maior quantidade de
perda de peso acontece nos primeiros 6 meses. O acompanhamento com a nutróloga é feito com 3 meses, 6 meses, um ano e depois anualmente.
Em cada consulta destas são realizados exames de sangue para
verificar se existe alguma deficiência vitamínica ou de sais minerais.
Tão importante quanto a cirurgia é ajudar você emagrecer com saúde! Esta
é a função da nutricionista.
A suplementação com vitaminas, sais minerais e às vezes proteínas, é necessária durante os primeiros 12 a 18 meses. Não seguir as orientações ou não retornar para as avaliações pode custar muito caro à sua saúde. Há algumas deficiências vitamínicas ou de micronutrientes que podem trazer repercussões graves.
Outros Profissionais
Alguns pacientes precisam também ser avaliados pelo endocrinologista.
Pacientes que vêm à clínica já encaminhados por seu próprio
especialista não necessitam passar por esta consulta.
O endocrinologista tem um importante papel no diagnóstico de alterações hormonais que possam levar à obesidade.
Se você tem mais de 40 anos, tem pressão alta ou problemas no
coração, nós agendaremos uma consulta com um cardiologista de confiança
da Clínica Marchesini.
Se você já tem um cardiologista, será necessária uma carta de liberação para a cirurgia deste profissional.
Os exames
Além das consultas você será submetido a inúmeros exames de sangue,
endoscopia e ecografia abdominal. Estes exames são de fundamental
importância não só para avaliar seu estado geral antes da cirurgia como
também para termos parâmetros de comparação com os exames que serão
realizados com 3 meses, 6 meses e anualmente após a cirurgia.
Na Clínica Marchesini realizamos endoscopias há mais de 15 anos. São
mais de 25 mil pacientes que foram submetidos à endoscopia pelo Dr. João
Caetano Marchesini que é Membro Titular da Sociedade Brasileira de
Endoscopia Digestiva (SOBED). As endoscopias são realizadas com
acompanhamento de anestesiologista. Os pacientes dormem durante o exame e
ficam prontos para reassumir suas atividades 2 horas depois do exame.
O último passo antes da cirurgia
A clínica dispõe de uma equipe de clínicos gerais que irão avaliar
todos os seus exames e se necessário investigar mais a fundo qualquer
alteração que for detectada.
O objetivo destas consultas e exames é tentar ao máximo evitar
qualquer surpresa desagradável que eventualmente possa acontecer no
período pós-operatório.
** Não se preocupe todas estas consultas serão agendadas pelas nossas secretárias.
Quais as minhas opções?
IMC abaixo de 27
Muitos
pacientes vêm até a nossa clínica procurando ajuda para perder peso com
IMC abaixo de 27. Procuramos orientá-los sobre a importância do
acompanhamento psiquiátrico.
Não, você não é maluco!
Mas veja se consegue me responder porque
apesar de saber o que deve fazer para perder peso , invariavelmente
boicota a dieta ou o exercício?
Qual a diferença entre você e uma pessoa que consegue comer só um pedaço para matar a vontade, ou rejeitar uma sobremesa?
A resposta muitas vezes está na
comunicação entre o comer e parar de comer que acontece no cérebro. A
mensagem é disparada pelos centros da saciedade (sensação de estar
“cheio”) e da fome e depende da capacidade destes centros se comunicarem
. Esta comunicação depende de uma substância química no cérebro chamada
neurotransmissor e lugares específicos que as recebem chamadas
neuro-receptores. Algumas situações podem disparar estas mensagens de
forma errada.
A correção desta falha de comunicação é
feita através de tratamento medicamentoso específico. O profissional que
prescreve estes medicamentos e entende muito do assunto é o psiquiatra.
Na Clínica Marchesini, o psiquiatra tem um papel fundamental para que a perda de peso seja persistente e duradoura.
IMC entre 27 e 35
Se seu índice de massa corporal está entre
27 e 35 e já passou por vários tratamentos clínicos com acompanhamento
nutricional e inúmeras
dietas
com resultados dos mais variados ou com endocrinologista utilizando
fórmulas ou medicamentos que alteram seu humor e com efeito temporário.
O balão intragástrico é uma boa alternativa.
É um dispositivo de silicone, preenchido com 650 ml de soro e 20 ml de azul de metileno.
A presença do balão dentro do estômago causa uma sensação de
plenitude (estômago cheio). O paciente sente-se satisfeito mais
rapidamente quando se alimenta.
Este fenômeno chama-se saciedade precoce. A saciedade precoce é um dos mecanismos utilizados em cirurgias para obesidade.
Sua colocação é por meio de endoscopia (mesmo procedimento utilizado
em exames para a detecção de problemas de estômago como úlcera e
gastrite), ou seja, não há cortes. Trata-se de uma alternativa
não-cirúrgica para o tratamento da obesidade e um dispositivo seguro e
eficaz para a redução de peso.
Existe Limite de Idade?
Existe limite de idade?
Sim, o limite
mínimo tolerado
está entre 14 e 16 anos com avaliação criteriosa de um endocrinologista
infantil e indicação do mesmo acompanhado de registro em cartório da
autorização dos pais.
Entre dezesseis anos e dezoito anos deve haver um consentimento assinado pelos pais do menor.
A idade cronológica máxima para a cirurgia é de 65 anos porém há pacientes que excedem esta idade e que biologicamente apresentam boa condição médica e podem ser candidatos à cirurgia.
Tudo está relacionado com o risco e benefício da cirurgia. Muitas
vezes pacientes de 70 anos com problemas de joelho , quadril ou
tornozelo estão clinicamente mais em condições de serem submetidos à
cirurgia comparado a pacientes de 60 anos com cardiopatias graves,
diabetes de difícil controle e já avançada. O mais importante é procurar
um centro de referência que tenha experiência com pacientes
bariátricos.
Outras Causas da Obesidade
Sedentarismo
Muitos brasileiros levam uma vida sedentária. Uma das razoes que isso
ocorre é que as pessoas tem passado horas na frente de TVs e
computadores.
Outros fatores que contribuem para a obesidade são as facilidades que
existem. Hoje em dia as pessoas utilizam carros, motos para ir em todos
lugares até lugares que poderiam ir caminhando.
Pessoas sedentárias tem muita facilidade de ganhar peso, porque elas
não queimam mais calorias do que ingere. Uma vida sedentária pode causar
vários problemas a saúde como aumentar os riscos de doenças
coronárias, pressão artérias elevada, diabetes e câncer de colón e
varias outras.
Genética e Hábitos Familiares
Os genes tem uma influencia muito grande na obesidade a prova disso é
um estudo sobre gêmeos idênticos que foram criados em famílias
diferentes e ambos apresentavam excesso de peso.
Outra causa da obesidade são a influencia dos hábitos alimentares
adotados em casa nos dia-a-dia. Crianças adotam os hábitos dos pais!
Crescer em um ambiente familiar em que se come alimentos altamente
calóricos associado a hábitos sedentários aumentam as chances da
criança ser obesa. No entanto, se a família tem uma alimentação saudável
e pratica atividade física as chances dessa criança ser obesa é muito
pequena.
Medicamentoso
Alguns medicamentos como antidepressivos, medicamentos
anti-convulsivantes e reposições hormonais podem causar efeitos
colaterais como retardar o metabolismo prejudicando a velocidade com
que o seu corpo queima calorias . Antes de iniciar qualquer medicamento
fale com seu médico sobre os riscos de ganhar peso.
Fatores Emocionais
Muitas pessoas quanto estão entediadas, com raiva, ou estressadas
acabam passando dos limites e acabam comento mais que o normal. Com o
passar do tempo esse habito de comer mais do que seu corpo necessita
pode causar a obesidade. É muito importante determinar se seu
comportamento frente ao alimento está associado à compulsão alimentar.
Existem inúmeros sinais que podem indicar distúrbios alimentares. Fique
atento e procure ajuda. O simples tratamento destes distúrbios
alimentares pode levar à uma perda de peso significativa. Por este
motivo que na Clínica Marchesini temos uma psicóloga e dois psiquiatras
especializados em obesidade.
Idade
Com a idade podem vir alguns quilinhos a mais. Isso corre porque seu
corpo não trabalha igual quando tinha 20 anos de idade. Seu corpo perde
massa muscular e isso faz com que ele diminua a quantidade de energia
que necessita fazendo com que haja um acúmulo maior de gordura. A
gordura nada mais é do que uma reserva de energia. Se você não se
preocupar em se alimentar bem e controlar as calorias que ingere com o
passar do tempo você pode ganhar peso.
Problemas na Tireóide
O que é Hipotireoidismo?
Hipotireoidismo é o termo médico utilizado para dizer que sua
glândula tireóide não está produzindo a quantidade de hormônios
necessária. A glândula tireóide está localizada no pescoço , logo abaixo
do pomo de adão (gogó). Ela produz hormônios que controlam seu
metabolismo. Metabolismo é o ritmo que seu corpo processa e estoca as
coisas como a velocidade que o seu coração bate e a velocidade que deve
queimar as calorias consumidas. Geralmente as mulheres acima de 50 anos
são mais susceptíveis do que os homens. Quando não tratado , o
hipotireoidismo pode causar obesidade , dor articular, infertilidade e
doenças cardiológicas.
Quais são os sintomas do hipotireoidismo?
Os sintomas do hipotireoidismo tendem a aparecer de forma lenta.
Podem ser diferentes de caso para caso. Os sintomas iniciais são
geralmente cansaço e lentidão. A medida que seu metabolismo vai
diminuindo pode apresentar outros sintomas como :
- Aumento da sensibilidade ao frio
- Intestino preso
- A pele seca e pálida
- rosto inchado
- Voz rouca
- Colesterol elevado
- Ganho de peso inesperado
- Dores musculares, cãimbras, rigidez muscular
- Períodos menstruais mais intensos
- Depressão
- Pescoço inchado ( da tireóide)
- Cabelos e unhas quebradiças
- Esquecimento
O que causa o hipotireoidismo?
A causa mais comum do hipotireoidismo é uma doença autoimune
conhecida como tireoidite de Hashimoto. Normalmente os anticorpos
produzidos pelo sistema imunológico ajudam o corpo se proteger contra
bactérias, vírus e outros corpos estranhos. Um doença autoimune acontece
quando seu sistema imunológico começa a produzir anticorpos contra
tecidos ou órgão do seu corpo. O sistema imunológico não reconhece mais a
tireóide ( no caso) como se fosse um órgão que pertence ao seu corpo e
começa a destruí-la.
Outras causas de hipotireoidismo são:
- Tratamento para hipertireoidismo
- Radioterapia
- Cirurgia da tireóide
- Alguns medicamentos
Algumas causas menos comum:
- Doenças congênitas : aproximadamente 1 em cada 3.000 crianças podem
nascer com uma tireóide pouco funcionante ou sem função nenhuma
- Doenças de uma glândula conhecida como pituitária.É nela que é
produzido um hormônio que comanda a tireóide na produção de seus
hormônios. Chama-se hormônio estimulante da tireóide. Nos exames de
sangue é identificado como TSH ( em inglês thyroid stimulating hormone)
- Gravidez: Algumas mulheres grávida podem desenvolver anticorpos contra a glândula tireóde.
- Deficiência de iodo: O iodo é um mineral utlizado pela glândula para
fazer o hormônio. A deficiência do iodo pode levar a um quadro de
hipotireoidismo. No Brasil ,bem como na maioria dos países desenvolvidos
o iodo é misturado junto com o sal de cozinha.
Os cuidados com a estética começam logo após a cirurgia. A
qualidade de sua perda de peso depende em grande parte da sua
participação ativa neste processo. A reposição regular das vitaminas e
controle da sua evolução durante os primeiros meses quando há uma perda
de peso mais acentuada é fundamental. Sua pele, cabelos e unhas
respondem rapidamente à esta perda de peso. Por isso insistimos na
importância do acompanhamento da nutricionista ou nutróloga.
Exames de sangue com tres meses , seis meses e anualmente vão nos dar uma noção de como você está.
Posso fazer massagens e drenagem linfática?
Após 15 dias de cirurgia liberamos nossas pacientes para iniciar seus tratamentos estéticos
O que mais posso fazer para melhorar minha aparência depois da cirurgia?
E a cirurgia plástica?
A cirurgia plástica é liberada após um ano de cirurgia , quando há
uma estabilização na perda de peso. Tente ter boas referências do seu
cirurgião plástico. Atualmente existem cirurgiões plásticos
especializados em pacientes operados de obesidade.
O bom julgamento do cirurgião plástico é fundamental para você atingir seus objetivos.
Procure fazer os reparos em etapas. Evite muitos procedimentos ao mesmo tempo.
Ter informações sobre o cirurgião que você escolheu, através de
pacientes já operados ou do site da sociedade brasileira de cirurgia
plástica também ajuda.
Hábitos Alimentares
Mudar a forma de se alimentar não é um bicho de sete cabeças.
Ter bons hábitos alimentare não significa passar fome ou se restringir à poucos alimentos.
Significa fazer escolhas inteligentes! E não esqueça: coma DEVAGAR!
Ao mastigar você irá estimular inúmeros centros associados à fome,
saciedade e digestão.
Guarde o momento da refeição para você.
Evite ficar na mesa quando acabar o seu prato. Muitas vezes ficamos
“beliscando” depois de comer e isto só piora as coisas. Alguém tem que
sair da mesa: você ou a comida.
Preste atenção na sua capacidade de ficar longe dos carboidratos
(massas e doces). Boicotar constantemente as dietas pode ser um sinal de
um distúrbio de comportamento alimentar. Neste caso precisa de ajuda de
um bom psiquiatra. Na clínica temos dois psiquiatras muito experientes
nesta área.
Atividade Física
A atividade física vem sendo proposta como uma das armas mais eficientes na perda de peso satisfatória e a sua manutenção.
Atualmente recomenda-se um estilo de vida ativo que atinja os níveis
mínimos recomendados para a redução de peso (150 a 300 min/semana)
através de atividades físicas variadas, e/ou com a participação em um
programa regular e bem prescrito de exercícios físicos.
A finalidade é diminuir as causas de mortalidade geral em indivíduos
obesos reduzindo os riscos de doenças associadas, como doença
coronariana, infarto, diabetes tipo II e alguns tipos de câncer.
Uma vida mais ativa também relaciona-se à redução da pressão
sanguínea, melhora dos níveis de colesterol e triglicerídeos , do
processo inflamatório crônico que é a obesidade e outros problemas
cardíacos. Diminuir a resistência à insulina tem um importante papel no
balanço energético e portanto no controle do peso.
Este posicionamento é compartilhado por instituições
internacionalmente reconhecidas, dentre as quais American College of
Sports and Medicine (ACSM), American Heart Association (AHA) e European
Society of Cardiology (ESC), e, no Brasil, pela Sociedade Brasileira de
Cardiologia (SBC), Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH) e pela
Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).
Introdução
Existem atualmente 5 técnicas conhecidas e reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina e Ministério da Saúde.
São elas :
- Banda gástrica ajustável,
- Gastrectomia Vertical ,
- Bypass Gástrico,
- Derivação Biliopancreática ou cirurgia de Scopinaro
- Derivação Biliopancreática com Duodenal Switch.
Todas são descritas com detalhes nesta página
Nós temos ampla experiência em todas as técnicas.
Muitas novidades tem aparecido na TV , rádio e jornais.
CUIDADO!! A MAIORIA DELAS NÃO
SÃO RECONHECIDAS PELOS ÓRGÃOS OFICIAIS E DEVEM SER RESTRITAS A GRUPOS DE
ESTUDO COM APROVAÇÃO DE UM CONSELHO DE ÉTICA E PESQUISA
Nossa larga
experiência de quase 20 anos nesta área e mais de 4 mil e quinhentos
pacientes operados nos permite sugerir qual o melhor tratamento para
você.
A cirurgia tem riscos?
Os Riscos da Cirurgia
Toda cirurgia pode apresentar riscos inclusive risco de vida.
Atualmente as publicações médicas referem um risco de morte desta operação entre 0,1 a 0,4 %. Um risco pequeno, porém presente. Em questões práticas signiica que um em cada mil pacientes operados pode ter um fim trágico.
Na nossa clínica nossos números são bem inferiores a estes encontrados nas publicações médicas.
Complicações também não são comuns, mas podem ocorrer em 1% dos casos.
Entre as complicações que mais preocupam o cirurgião estão a trombose
venosa profunda que é o entupimento das veias da perna; pneumonia
(infecção no pulmão); atelectasia (quando parte do pulmão murcha e não
quer se expandir ); e finalmente a fístula ( quando há o extravasamento
do conteúdo intestinal ou do estômago por uma abertura das costuras
feitas durante a cirurgia) que, de todas as complicações é a que mais
preocupa o cirurgião.
O que é uma fístula?
Fístula é quando ocorre um “vazamento” do conteúdo do estômago ou
intestinal para dentro da cavidade abdominal. De todas as complicações
que existem relacionadas à cirurgia , esta é a mais temida pelos
cirurgiões. Atualmente um dos grandes desafios das empresas que fabricam
materiais para a cirurgia de obesidade é criar um produto que evite o
aparecimento de fístulas. Já existem no exterior produtos que podem ser
usados durante a cirurgia que diminuem ainda mais os riscos do
aparecimento de uma fístula , mas ainda não temos acesso a estes
mateirais devido ao seu alto custo. As causas do aparecimento das
fístulas são variados: desde um ingesta alimentar exagerada pelo
paciente nos primeiros dias de pós-operatório até uma “rejeição” do
estômago aos “grampos” utilizados na cirurgia entre muitas outras
causas. A incidência de uma fístula varia entre 0,5 a 1%: traduzindo
varia de 1 em 100 a 2 em duzentas cirurgias. Isto em serviços de
cirurgia bariátrica com grande experiência.
Se algum cirurgião te falar que não tem fístulas… desconfie. Os
números estatísticos que se referem à incidência de fístulas estão em
todas as publicações médicas pelo mundo. Não acredito que este
profissional tenha recebido uma bênção divina e que só ele não tem
complicações. Ter complicações faz parte do risco de qualquer cirurgia. É
neste momento que você descobre se escolheu o cirurgião correto. Bons
cirurgiões sabem o que fazer para resolver o problema.
O Dr. João Caetano Marchesini (Curitiba) , Dr. Manoel Passos Galvão
Neto (SP) e o Dr.Josemberg Marins Campos (Recife) são pioneiros no
Brasil em um novo tratamento endoscópico das fístulas onde os resultados
são excelentes auxiliando o paciente a voltar para casa precocemente.
A grande maioria das complicações podem ser evitadas com as medidas
que serão tomadas antes, durante e depois da cirurgia pela nossa equipe.
Sua colaboração é muito importante durante as sessões de fisioterapia.
As outras complicações são prevenidas se você ficar o máximo
fora da cama. Caminhar e ficar sentado fazendo os exercícios que a
fisioterapêuta recomendar são o segredo para uma boa evolução.
Banda Gástrica Ajustável
Banda gástrica ajustável
Consiste na colocação de uma prótese de silicone com uma pequena
câmara pneumática interna ao redor do estômago em sua porção inicial.
Esta câmara comunica-se através de um tubo a um pequeno dispositivo
que é implantado embaixo da pele do pacientes. Através deste dispositivo
é possível insuflar a câmara pneumática que se encontra na banda,
restringindo ou “liberando” mais o fluxo dos alimentos através dela. Foi
um procedimento muito realizado no final da década de 90.
Vem caindo em desuso no Brasil e Europa. Nos Estados Unidos foi
liberado seu uso apenas há alguns anos e somente agora os seus
resultados ruins vem sendo observado neste país.
Quando lançada nos anos 90 seu grande apelo era o fato de ser o único
procedimento que na época era realizado por videolaparoscopia.
Atualmente poucos grupos no Brasil realizam este procedimento.
Por ser um procedimento puramente restritivo, a comunidade cirúrgica
bariátrica hoje em dia dá preferencia à gastrectomia vertical ou sleeve.
A perda média de peso é de 20 a 25% e as taxas de reganho de peso são muito elevadas.
Gastrectomia vertical ou Sleeve
Consiste em uma ressecção (retirada) de dois terços do estômago em seu eixo vertical transformando-o em um tubo afilado.
Esta cirurgia se baseia em dois princípios: o da restrição do volume
alimentar ingerido e o da retirada de uma área do estômago onde é
produzido um hormônio chamado grelina. Este hormônio é responsável por
gerar a sensação de fome. Outras partes do intestino delgado também
produzem este hormônio e ainda não se conhece totalmente suas ações.
Ela apresenta duas grandes vantagens. A primeira e mais importante é o
fato de que pacientes submetidos à esta cirurgia necessitam de pouca ou
em alguns casos nenhuma suplementação vitamínica.
É bem indicada em pacientes com anemias crônicas , osteoporose grave
ou ainda em condições clínicas que necessitem a primeira porção do
intestino para absorção de medicamentos. Também está indicada em
pacientes que estejam dispostos a não perder tanto peso.
Aqui se torna obrigatório fazer um acompanhamento adequado com a
psicóloga ou psiquiatra da clínica. A perda média de peso é de 25 a
30%do peso inicial. Outra vantagem é se houver reganho de peso é possível a realização de outras cirurgias bariátricas subsequentes.
Entre as desvantagens estão o fato de ser uma cirurgia irreversível;
não deve ser indicada em paciente comedores de doce e que tenham doença
do refluxo gastroesofágico. O acompanhamento com o psiquiatra é
fundamental para o tratamento da compulsão alimentar, componente comum
no paciente com obesidade.
Duodenal Switch – derivação biliopancreática
Derivação biliopancreática com duodenal switch
Como esta cirurgia é considerada uma evolução da derivação
biliopancreática pura ou cirurgia de Scopinaro, mas vamos nos ater a
explicar este procedimento.
Consiste em uma ressecção (retirada) de dois terços
do estômago em seu eixo vertical transformando-o em um tubo afilado
seguido de um desvio intestinal ampliado deixando uma área aproximada de
um terço da área total de absorção de nutrientes.
Por ser uma cirurgia mais invasiva ela é bem indicada em pacientes
que precisam perder muito peso. Pacientes do sexo masculino se sentem à
vontade com este procedimento porque exige que se alimente de um
considerável volume de proteína diário principalmente através do consume
de carne.
Esta cirurgia também tem sido considerada como a cirurgia que
apresenta melhor resposta no tratamento da diabetes (em torno de 95% de
remissão da doença). Por isso é indicada em pacientes obesos diabéticos.
Em pacientes diabéticos com menos peso ela pode ser realizada porém o
desvio intestinal realizado é menor. Sua taxa de reganho de peso é muito
inferior ao das outras cirurgias não ultrapassando 2% contra os 10% a
20% dos outros procedimentos.
Perde-se em torno de 40 a 45% do peso inicial e portanto deve ser
indicada em um grupo especial de pacientes para não correr o risco de
levar o paciente à desnutrição que pode ocorrer em menos de 2% dos
pacientes . Outra desvantagem desta cirurgia é mau cheiro dos gases e
fezes. Fato que nos leva a não indicar este procedimento para as
mulheres e pacientes que dividem o mesmo banheiro em seu trabalho. Somos
o grupo com maior experiência nesta cirurgia no Brasil.
Abaixo , um vídeo esplicativo de como a cirurgia é feita. Lembre que
as imagens são puramente ilustrativas e que os cortes feitos para a
entrada dos instrumentos no abdômen variam para cada cirurgião. A
coloração azul representa o alimento e a coloração amarela representa os
sucos digestivos. Note que há um desvio intestinal bastante grande.
Posso Operar?
Atualmente existem critérios bem definidos para pacientes com indicação para fazer a cirurgia de obesidade:
Os critérios são baseados no seu peso e altura. Chama-se índice de massa corporal ou IMC.
Podem operar pacientes com:
- IMC entre 35 e 39,9 com doenças associadas à obesidade como diabetes
tipo 2, pressão alta e doenças osteoarticulares (problemas de joelhos,
tornozelos, quadril ou coluna);
- IMC acima de 39,9 em qualquer situação;
Além deste grupo de pessoas existem outros critérios?
Em pacientes com IMC entre 30 e 35 podem ser candidatos à cirurgia.
Em casos especiais onde doenças cardiológicas graves, diabetes de
difícil controle ou outras condições onde a obesidade é fator
determinante no controle destas doenças.
Devo Operar?
A chance de uma pessoa obesa morrer pela simples presença desta doença é 10 vezes maior que uma pessoa magra.
Associando esta condição (obesidade) à doenças graves como pressão alta
e diabetes tipo 2 , o risco de morte se eleva ainda mais.
Existem publicações médicas demonstrando que a obesidade associada ao
diabetes tipo 2 pode roubar até 15 anos na expectativa de vida de uma
pessoa.
Cirurgia só pelo umbigo?
No ano passado começamos a realizar esta cirurgia através de uma única incisão no umbigo.
Este acesso chama-se de “single port”. Somos o primeiro grupo na
América Latina a usar o método. Há uma grande vantagem estética do
método com trauma muito menor sobre a parede abdominal. É um método que
irá beneficiar muito as mulheres que tem uma obesidade mais localizada
no quadril e pernas, e que provavelmente após o emagrecimento não irá
necessitar de uma cirurgia plástica no abdomen. Este método exige a
utilização de equipamento especial e portanto ainda não é coberto pela
maioria dos planos de saúde, mas acreditamos que no futuro todos os
pacientes terão acesso a esta nova tecnologia.
Bypass Gástrico ou Cirurgia de Capella
Bypass gástrico ou cirurgia de Fobi-Capella
Desvio de uma grande parte do estômago e uma parte do intestino delgado
Sem dúvida é a cirurgia mais realizada no mundo. Só nos Estados
Unidos são realizadas mais de 200 mil cirurgias por ano. No Brasil
acredita-se que o número chegue a 70 mil.
Ela consiste em uma redução do estômago através de grampeamento.
O estômago é dividido em duas partes: uma menor que será por onde o
alimento irá transitar e outra maior que ficará isolada. Este pequeno
estômago é então ligado ao intestino para que o alimento possa seguir
seu curso natural. Todas as secreções do estômago separado serão levadas
a uma nova costura do intestino feita adiante no intestino que é
costurado no “estômago pequeno” .
O fato do estômago ficar menor não quer dizer que você irá passar fome. O pouco que ingerir irá dar sacieade .
Atualmente sabemos que existe um hormônio responsável pelo nosso
apetite chamado grelina. Este hormônio é produzido em todos os segmentos
do trato digestivo,mas é produzido em maior quantidade no estômago na
parte que irá ficar isolada depois desta cirurgia gerando uma
inapetência no período pós-operatório. É muito comum depois desta
operação os pacientes perderem totalmente o apetite. Com o tempo o
apetite volta devido ao aumento de produção deste hormônio pelo
intestino. É muito importante não confundir apetite com “vontade de
comer”.
A perda média de peso nesta cirurgia é de 35 a 40% do peso inicial.
O vídeo abaixo é uma representação do que ocorre na cirurgia. Algumas
variações técnicas são possíveis e podem variar de cirurgião para
cirurgião. Estas pequenas modificações não alteram os princípios básicos
que estão representados no vídeo ilustrativo abaixo.
Pós-Operatório
Depois da Cirurgia
Ao sair do centro cirúrgico deverá ficar deitado nas próximas 4 horas
quando ainda os medicamentos anestésicos estarão sendo eliminados pelo
seu corpo. Após este período poderá sair da cama para ir ao banheiro, ou
mesmo ficar sentado na poltrona do seu quarto. O mais importante é
lembrar que antes de sair do leito deverá ficar sentado com as pernas
para fora da cama pelo período mínimo de 20 minutos. Este procedimento é
necessário para que não fique tonto ao se levantar. A tontura acontece
porque quando ficamos um período muito longo deitado há uma adaptação do
coração , diminuindo a pressão sanguínea.
O Dreno
Alguns cirurgiões deixam dreno outros não deixam. Por que?
A explicação é bem simples. O dreno é uma comunicação entre o meio
interno e o meio externo. Esta comunicação traduz para o cirurgião o que
pode estar acontecendo. Se em uma eventualidade houver qualquer
complicação cirúrgica , é o dreno que vai “avisar” ao cirurgião de forma
muito precoce qual atitude tomar. Inclusive a necessidade de uma
reoperação. A presença do dreno pode prevenir a necessidade de uma
reintervenção cirúrgica. Já quando o dreno não é utilizado,
invariavelmente o paciente deve ser submetido à outra cirurgia para
tratar qualquer evento inesperado. A justificativa de não colocar o
dreno dada por alguns colegas ainda não me convenceram. SEGURANÇA para
mim ainda é a base do nosso modo de tratar os nossos pacientes e a
presença do dreno nos ajuda a proporcionar mais segurança.
Este dreno é deixado próximo às regiões onde foi feito o
grampeamento. Funciona como um “sentinela” que vigia estas pequenas
costuras. Ficará até completar uma semana de cirurgia quando será
retirado na clínica.
A nossa prioridade é a sua segurança.
O que é uma fístula?
Fístula é quando ocorre um “vazamento” do conteúdo do estômago ou
intestinal para dentro da cavidade abdominal. De todas as complicações
que existem relacionadas à cirurgia , esta é a mais temida pelos
cirurgiões. Atualmente um dos grandes desafios das empresas que fabricam
materiais para a cirurgia de obesidade é criar um produto que evite o
aparecimento de fístulas. Já existem no exterior produtos que podem ser
usados durante a cirurgia que diminuem ainda mais os riscos do
aparecimento de uma fístula , mas ainda não temos acesso a estes
mateirais devido ao seu alto custo. As causas do aparecimento das
fístulas são variados: desde um ingesta alimentar exagerada pelo
paciente nos primeiros dias de pós-operatório até uma “rejeição” do
estômago aos “grampos” utilizados na cirurgia entre muitas outras
causas. A incidência de uma fístula varia entre 0,5 a 1%: traduzindo
varia de 1 em 100 a 2 em duzentas cirurgias. Isto em serviços de
cirurgia bariátrica com grande experiência.
Se algum cirurgião te falar que não tem fístulas… desconfie. Os
números estatísticos que se referem à incidência de fístulas estão em
todas as publicações médicas pelo mundo. Não acredito que este
profissional tenha recebido uma bênção divina e que só ele não tem
complicações. Ter complicações faz parte do risco de qualquer cirurgia. É
neste momento que você descobre se escolheu o cirurgião correto. Bons
cirurgiões sabem o que fazer para resolver o problema.
Voltando ao seu pós-operatório : o curativo do dreno deverá ser feito
em casa diariamente e a coloração do líquido que molha a gaze deverá
ser um amarelo-claro e um pouco rosado às vezes. Se precisar trocar o
curativo mais do que 3 vezes ao dia entre em contato comigo ou alguém da
nossa equipe.
Se você faz uso de medicamentos para pressão alta, diabetes,
depressão ou qualquer outra doença, vai continuar seu tratamento
exatamente como antes da cirurgia.
Se o comprimido for grande, parta-o em pequenos pedaços. Se for em
cápsula, abra a cápsula e derreta o conteúdo em 10ml de água. Se for
pequeno pode engolir. Depois da primeira semana procure seu clínico ,
cardiologista ou endocrinologista para controle de sua doença.
É muito comum pacientes diabéticos e hipertensos melhorarem ou até
ficarem livres de suas doenças depois desta cirurgia. Cerca de 70% dos
hipertensos e 85% dos diabéticos tem uma melhora significativa ou até o
desaparecimento da doença. Ao longo dos anos um grupo de pacientes podem
voltar a ter as suas doenças , mas mesmo assim um grande número não.
Após a operação o seu jejum continuará até que seu médico libere sua
dieta. Receberá o líquido necessário no pós-operatório através do soro. É
por este acesso venoso que receberá antibióticos, analgésicos e outros
medicamentos para seu bem estar até a alta hospitalar.
Também receberá uma pequena injeção sob a pele que é para prevenir o
aparecimento de trombose. Chama-se heparina de baixo peso molecular.
Uma fisioterapeuta fará sessões de exercícios para evitar
complicações respiratórias ou de trombose. Estes exercícios irão fazer
com que sua recuperação seja mais rápida.
Lembre que deverá ficar o máximo possível fora da cama após a cirurgia, desta forma poderá ajudar a evitar algumas complicações.
Após 2 ou 3 dias internado receberá alta.
Depois de Uma Semana
Ao completar uma semana de operado deve retornar à clínica para
retirar o dreno. O próximo retorno será em 3 semanas, quando completar
um mês. Habitualmente , se não houver qualquer contra-indicação,
recomendamos iniciar as atividades físicas com 30 dias de operado(a).
Não esqueça de seguir todas as orientações da nutricionista. As
vitaminas e sais minerais são de extrema importância para que seu
pós-operatório seja saudável.
Seus próximos retornos deverão ser com 3 meses, 6 meses e anualmente.
Nestes retornos serão pedidos exames de sangue e eventualmente endoscopia e ecografia, para avaliar a sua evolução.
O objetivo é simples: queremos que emagreça com saúde!
Em alguns casos a nutricionista pode pedir para retornar com 9 meses para controle.
Aspectos Psiquiatricos
Além de um grave problema de saúde pública consistindo uma verdadeira
epidemia tanto em países desenvolvidos quanto nos emergentes a
obesidade traz uma série de problemas físicos e psicológicos para os
indivíduos que dela sofrem.
São bastante conhecidas as intercorrências metabólicas comumente as-
sociadas à obesidade, como aumento da resistência à insulina,
dislipidemias e diabetes, além do risco aumentado para acidentes
vasculares cerebrais e infarto agudo do miocárdio, por exemplo.
Do ponto de vista psicológico, os problemas podem ser inúmeros, e
variam desde a desmoralização decorrente de várias tentativas
fracassadas de reduzir o peso até quadros depressivos severos e
incapacitantes.
As modernas técnicas cirúrgicas de redução de peso disponíveis, como a
cirurgia bariátrica e o balão intragástrico, são fortes aliados contra a
obesidade. Quando adequadamente indicados e realizados, estes métodos
são altamente eficazes na promoção da perda de peso.
Os pacientes submetidos às técnicas cirúrgicas de redução de peso
devem ser avaliados por equipes multiprofissionais, antes e após a
realização do respectivo procedimento, e um psiquiatra que trabalhe com
estes pacientes terá bastante trabalho a realizar. Em contrapartida, os
frutos deste trabalho costumam ser gratificantes.
O psiquiatra e o psicólogo, atuando em uma clínica de tratamento
cirúrgico para obesidade, têm uma função complexa, que envolve papéis
tão distintos quanto os de orientadores, consultores, psicoterapeutas e
clínicos em saúde mental. O psiquiatra tem, em adição a todas estas
funções, a de psicofarmacologista, isto é, a de selecionar, dentre os
medicamentos disponíveis, o que será a melhor opção para o paciente
bariátrico, quando ele necessitar. De fato, nem todos precisam.
A função de um psiquiatra de uma equipe de cirurgia bariátrica é
desenvolvida tendo como principal objetivo favorecer e manter um vínculo
de confiança junto do paciente durante todo o seu tratamento. Este
vínculo
aumenta muito as chances de sucesso cirúrgico e terapêutico.
Com base neste vínculo é que todo o trabalho complementar ao cirúrgico
deverá se pautar. Há muito trabalho a ser realizado após o procedimento
cirúrgico.
Desta forma, o primeiro contato com o paciente é fundamental. Nesta
entrevista, o papel do psiquiatra será o de identificar quem é aquele
paciente, isto é, como foi que ele ou ela ganhou peso, quais foram as
razões para que procurasse um tratamento como a cirurgia ou o balão,
quais são as expectativas em relação ao tratamento, como“se relacionam”
com a comida. Se os pacientes são ansiosos, apáticos, depressivos,
irritáveis ou ainda impulsivos. Se são saudáveis do ponto de vista
físico ou fazem algum tipo de tratamento. Se são saudáveis do ponto de
vista psiquiátrico ou fazem algum tipo de tratamento. Se têm bom
relacionamento com a família ou costumam fazer atividades físicas de
forma regular. Se já usaram “fórmulas” para emagrecer (Em caso
afirmativo, quais foram as reações psicológicas a elas).
As respostas a estas questões auxiliarão a elaborar uma estratégia
terapêutica que minimize riscos de intercorrências psiquiátricas
pós-operatórias. Tais intercorrências variam desde situações mais
simples, como o pesar pela perda de um comportamento alimentar – muitas
vezes profundamente arraigado na vida dos pacientes ou da angústia,
normalmente associada às tentativas iniciais de se engajar em um
programa dietético ou de exercícios físicos regulares, até situações
mais graves, como os transtornos por uso de substâncias, os transtornos
do humor – tais quais a depressão ou o transtorno bipolar – e os
transtornos alimentares, a exemplo da anorexia nervosa.
Dr.Hélio Tonelli
Psiquiatra da Clínica Marchesini
Médico pela Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná (1991)
Psiquiatra pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (1995)
Mestre e Especialista em Farmacologia pela Universidade Federal do Paraná (1999 e 2006)
Será que sou obeso?
Obesidade é o aumento de peso às custas de tecido adiposo. O
inchaço (edema) ou muita musculatura (massa magra) que aumentam o peso
do indivíduo não constituem obesidade. Para saber se é obeso ou não siga
o link calculando seu IMC
Se sou obeso posso ser operado?
Não. Se é obeso deve antes passar por uma investigação clínica
para determinar as possíveis causas. Estabelecidas as causas deverão, se
possível, serem removidas com tratamento clínico. Se mesmo assim
continuar obeso então deverá consultar-nos para ver se se enquadra nos
critérios de indicação cirúrgica.
Quais as causas da obesidade?
A obesidade é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal no indivíduo. Para o diagnóstico em adultos, o parâmetro utilizado mais comumente é o do índice de massa corporal (IMC).
O IMC é calculado dividindo-se o peso do paciente pela sua altura
elevada ao quadrado. É o padrão utilizado pela Organização Mundial da
Saúde (OMS), que identifica o peso normal quando o resultado do cálculo
do IMC está entre 18,5 e 24,9.Para ser considerado obeso, o IMC deve
estar acima de 30.
O Brasil tem cerca de 18 milhões de pessoas consideradas obesas. Somando o total de indivíduos acima do peso, o montante chega a 70 milhões, o dobro de há três décadas.
A obesidade é fator de risco para uma série de doenças. O obeso tem mais propensão a desenvolver problemas como hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, entre outras.
São muitas as causas da obesidade. O excesso de peso pode estar ligado ao patrimônio genético da pessoa, a maus hábitos alimentares ou, por exemplo, a disfunções endócrinas. Por isso, na hora de pensar em emagrecer, procure um especialista.
Como é que sei quando a origem é genética?
Geralmente um obeso tem pais ou parentes próximos obesos. A
obesidade genética freqüentemente aparece em vários membros de uma mesma
família. Existem estudos que demonstram este fato. Um relato científico
curioso é de um estudos de gêmeos obesos adotados na Dinamarca, por
pais adotivos diferentes. Ambos continuaram obesos independentemente dos
pesos dos pais adotivos e mesmo sendo criados separadamente. Uma
substância chamada Leptina tem sido responsabilizada como a causadora da
obesidade quando o organismo a produz de forma deficiente ou quando
seus receptores cerebrais (hipotalâmicos ) não a reconhece. A Leptina é
responsável pela sensação de saciedade (sensação de estar satisfeito com
a comida ingerida) e com a termogênese (gasto de energia do corpo).
E como sei que é decorrente de distúrbios psicológicos?
Distúrbios psicológicos são muito freqüentes e não raramente
associados às outras causas da obesidade. Merecem muita atenção e não
devem ser deixados de lado. Merecem tratamento concomitante. Quando
presentes e não tratados tornam o restante do tratamento bem mais
difícil.
E a depressão endógena? Será que tenho isto?
Depressão endógena é um distúrbio na produção de certas
substâncias no cérebro das pessoas e que fazem com que as células do
sistema nervoso se comuniquem funcionalmente com deficiência. São os
neurotransmissores. (Exemplo: Serotonina). As manifestações clínicas são
características e com freqüência estão associadas a bulimia, que é o
ato de comer compulsivamente e o de engordar progressivamente. Um
paciente nunca deverá ser operado sem tratar a depressão endógena quando
presente.
O que são causas endócrinas?
Existem doenças da tireóide como o seu mau funcionamento que
levam o paciente a aumentar seu peso e ficar “preguiçoso” (
hipotireoidismo ). O médico fará o diagnóstico ao pedir exames da função
da glândula tireóide, tais como T3, T4, TSH e outros. Feito o
diagnóstico a doença será tratada e o peso do paciente será normalizado.
Outra situação é o ganho de peso pela doença da glândulas supra-renais,
que como o nome indica ficam em cima dos rins. Quando presente além do
ganho de peso, o paciente aumenta a quantidade de pêlos no corpo
(mulheres com barba, crianças peludas, etc.), apresenta estrias na pele
esticada pelo excesso de gordura e inchaço, acumula gordura na face
(cara de lua cheia ) e no dorso (corcova de búfalo). Exames
laboratoriais (cortisol e outros ) farão o diagnóstico. Outras doenças
como hipogonadismo (diminuição dos hormônios sexuais) e outras mais
poderão causar ganho de peso. Vamos deixar o médico fazer o diagnóstico.
Que tal?
Como devo proceder se sou obeso?
Inicie com uma consulta médica com seu clínico de confiança. Faça
exames para excluir causas orgânicas. Visite um(a) Nutricionista para
avaliar sua dieta e saber como orienta-la. Vá a seguir para uma consulta
com um(a) Psicólogo(a). Não deixe de fazer uma programação de
exercícios físicos compatíveis com seu peso, sua idade e com suas
aptidões. Um médico especialista em medicina do exercício saberá
orienta-lo. Esta é a forma correta, científica e honesta para que seja
investigado e tratado. Podemos servi-lo se nos der a honra.
Que tal remédios para emagrecer?
Medicamentos para emagrecer são “facas de dois gumes”. Se
adequadamente prescritos e orientados por quem entenda serão bem
aplicados. Cuidado! Anorexígenos podem piorar doenças cardiovasculares.
Pacientes depressivos pioram com medicamentos para emagrecer
(Catecolaminérgicos) Alguns antidepressivos ajudam a emagrecer. Não os
tome se não sofrer de depressão. Cuidado com hormônios receitados sem
causa endócrina da obesidade. Não acabe viciado em tranqüilizantes. Não
existe medicamento milagroso. O tratamento deve ser feito com
medicamentos junto com adequada orientação de Nutricionista, com
programa de exercícios bem dimensionado e apoio psicológico.
E se eu decidir continuar gordo? Tem perigo?
Não haverá nenhum perigo desde que não haja nenhuma doença outra
decorrente da obesidade, desde que seu índice da massa corporal seja
inferior a 40. Se tiver doenças associadas a obesidade, se junto com
isto tiver índice de massa corporal de 35 a 40 ou mesmo sem doença
associada tiver IMC acima de 40, estará correndo risco de sérias
conseqüências.
Que doenças são estas? Que perigo é este?
A obesidade mórbida, ou seja a que já causa doenças secundárias
ao excesso de peso é acompanhada mais cedo ou mais tarde de uma série de
doenças como doenças coronarianas (angina e infarto), hipertensão
arterial, diabetes, hiperlipemias (gordura no sangue), arteriosclerose ,
acidente vascular cerebral (derrames), varizes, flebites, tromboses
venosas, embolia pulmonar, hemorróidas, doenças osteo-articulares,
hérnias e o próprio câncer. O obeso mórbido aumenta de dez vezes o risco
de morrer em relação ao indivíduo normal e sua expectativa de vida
diminui em 20% do que seria o tempo que viveria se fosse dotado de peso
normal. A obesidade mórbida pode matar.
Onde entra a cirurgia da obesidade mórbida?
A cirurgia da obesidade mórbida, ou seja, a operação que reduz a
capacidade do estômago do paciente e o obriga a comer menos, está
indicada quando existirem doenças associadas decorrentes do excesso de
peso junto com índice e massa corpórea acima de 35 ou quando ainda não
existirem estas doenças associadas, porém, quando o paciente já estiver
com seu IMC acima de 40.
Qualquer um pode ser operado?
Não! Nem todos podem ser operados. Pacientes com distúrbios
psicóticos graves, pacientes com alto risco anestésico ou com doenças
associadas de alto risco não poderão ser operados. No restante,
pacientes bem investigados e com doenças associadas bem controladas
podem ser operados (desde que tenham índice de massa corporal de 40 kg/
m2 ou 35 kg/ m2 associados a doenças decorrentes da obesidade.
Como são estas operações ?
Existem muitas operações diferentes para o tratamento da
obesidade mórbida. Não são operações para embelezamento. Muito pelo
contrário. Ao serem operados os pacientes poderão ficar feios pela perda
da gordura e acabarem no cirurgião plástico para tirar os excessos de
pele e dobras. As cirurgias para obesidade mórbidas poderão ser
restritivas e disabsortivas. As restritivas só impedem que o paciente
coma em grande quantidade. As disabsortivas fazem com que o paciente,
após comer, não absorva os alimentos. Da associação das duas usando um
pouco de restrição e um pouco de disabsorção chega-se a um ponto ideal
onde o paciente poderá perder de 40 a 50% do seu peso inicial. Cirurgias
que desviavam o trânsito intestinal drasticamente, foram abandonadas
devido as conseqüências indesejáveis. Outras doenças eram criadas no
lugar da obesidade com mesmo risco. Depois de uma vasta experiência de
milhares de doentes operados vários centros de referencia mundial nos
tem ensinado que as melhores operações são as que associam os dois
mecanismos descritos. O modelo do Dr. Raphael Capella, é o que tem
dadoos melhores resultados em todo o mundo. Após São Paulo, nosso grupo é
o segundo em experiência nesta cirurgia no Brasil.
Tem perigo?
Sim, tem perigo. Todas as operações envolvem morbidade e
mortalidade. Não existe cirurgia sem risco. O que precisa ser avaliado é
o quanto de risco. A operação de Capella tem mortalidade próxima de
zero em pacientes jovens sem doenças graves associadas. Se olharmos
todos os doentes, de qualquer idade ou doenças associadas, o risco de
morrer chega nas vizinhanças de 1%. Recente levantamento da casuística
do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo demonstrou que a
mortalidade dos pacientes na fila da operação foi maior do que a
mortalidade dos que foram operados. Em outras palavras, a obesidade
mórbida é mais perigosa do que seu tratamento. Quanto às complicações
(morbidade) elas são similares a qualquer operação de estômago ( úlcera,
por exemplo) O risco é baixo, dá para assumi-lo, vale a pena se livrar
da obesidade mórbida.
Se eu me arrepender, dá para revertê-las?
Dá para reverter. Não é o hábito reverter esta operação. Se o
paciente passar mal (fisicamente) poderá voltar a comer como antes com
reoperação. Se o paciente tiver questionamentos pelas saudades de comer a
vontade, é necessária reavaliação por parte da psicologa. O paciente
poderá esquecer a razão de todo seu sacrifício. Nunca tivemos
necessidade de reverter as operações pois os pacientes se deram bem após
a operação de Capella, no entanto, um bom preparo psicológico e um bom
esclarecimento pré-operatório previne tal ocorrência.
Basta operar e está tudo resolvido?
Não. A operação é só um capítulo do livro do emagrecer. Junto com
a operação é necessária a participação de um programa orientado de
fisioterapêutas, exercícios físicos, acompanhamento com Nutricionista,
não raramente um acompanhamento com Psicólogo e principalmente com o
Cirurgião que fará revisões mensais (sem ônus) até encaminhar o paciente
para o Cirurgião plástico findo aproximadamente um ano de seguimento..
Depois disto as revisões serão anuais.
Posso falar com alguém que foi operado?
Normalmente os pacientes querem sigilo a respeito de suas
operações. Mas tenha certeza que assim que começar a frequentar a nossa
clínica irá encontrar inúmeras pessoas que foram operadas e poderão dar
testemunhos sobre suas experiências.
Balão Intragástrico
É uma prótese de silicone, semelhante a prótese que as mulheres
usam para aumentar os seios, porém seu formato é esférico, possui uma
superfície lisa e apresenta uma válvula por onde é insuflada dentro do
estômago do paciente. Quando iniciamos a colocação do balão
intragástrico em 1999 era conhecido como Bioenterics Intragastric
Balloon ou BIB®. Apesar da empresa já ter sido vendida duas vezes e seu
proprietário não ser a Bioenterics, o nome BIB perdurou até o ano
passado quando a empresa Allergan , atual proprietária, optou por mudar o
nome para ORBERA. Além do ORBERA existem no mercado inúmeros outros
balões. Alguns de ar e outros de líquido. Pessoalmente minha preferencia
é pelo ORBERA por inúmeros motivos que aqui não cabem discutir.
Como funciona?
A
presença do balão dentro do estômago causa uma sensação de plenitude
(estômago cheio). O paciente sente-se satisfeito mais rapidamente quando
se alimenta. Este fenômeno chama-se saciedade precoce. A saciedade
precoce é um dos mecanismos utilizados em cirurgias para obesidade como
grampeamento do estômago ou a banda gástrica ajustável. Estes métodos
são indicados em pacientes com obesidade mórbida.
Quem pode colocar o balão?
Basicamente qualquer paciente com IMC entre 28 e 35 Kg/m2 que já
tenha se submetido a outros tratamentos convencionais ou com IMC acima
de 35 Kg/m2 que não quer se submeter à cirurgia e tentar mais uma vez um
tratamento clínico.
Como é colocado?
Ao contrário dos outros procedimentos que são cirúrgicos, o balão é
colocado através de uma endoscopia digestiva. É um procedimento
ambulatorial no qual o paciente é sedado. É realizada uma endoscopia
digestiva para acompanhar enchimento e posicionamento do balão dentro do
estômago.
O balão é preenchido com soro fisiológico adicionado de um corante
azul chamado azul de metileno . Se o balão romper o corante azul é
absorvido pelo intestino e o paciente começa a urinar azul . Neste caso o
balão deve ser retirado ou trocado, dependendo da época do tratamento
em que acontecer.
ATENÇÃO : balão não explode!
Atualmente nossa casuística ultrapassa 1000 balões colocados e
tivemos apenas um caso que o balão se rompeu antes do prazo de seis
meses.
Quais os riscos?
Devido a todos os cuidados tomados previamente, os riscos da
colocação e retirada do balão se eqüivalem à de uma endoscopia. Como
todo procedimento médico o balão pode apresentar algumas complicações.
Todas estas complicações serão esclarecidas pelo Dr.Caetano Marchesini
através de informação falada e escrita.
Vou sentir alguma coisa?
Sim , é muito comum o paciente passar por uma fase de adaptação.
Quatro a seis horas após a colocação , a maioria dos pacientes
apresentam náusea, vômitos e sensação de peso causando desconforto
importante. Todos estes sintomas são tratados com medicação oral e
endovenosa e devem passar em dois ou três dias. Se o paciente não se
adapta à presença do balão, é realizado novo exame de endoscopia para
sua retirada.
Quanto tempo vou ficar com o balão?
A vida média do balão é de 6 meses .É muito importante observar em
cada paciente a sua curva de emagrecimento. Trabalhos científicos tem
demonstrado que o volume maior de perda de peso ocorre nos primeiros 4
meses.
Mas então é só colocar o balão e emagrecer?
Não , infelizmente o milagre para o emagrecimento ainda não chegou.
Na verdade o balão é como o motor de um carro. Sozinho não faz o carro
andar! O automóvel só anda devido a uma engrenagem complexa que faz as
coisas funcionarem.
Junto com o balão é feito um acompanhamento por psiquiatra,
nutricionista, personal trainer , endoscopista e cirurgião bariátrico.
Haverá uma redução calórica importante na dieta do paciente com mudanças
dos hábitos alimentares. É nesta reeducação alimentar que se baseia
todo o tratamento do balão intragástrico. É um processo lento e
trabalhoso que necessita da colaboração plena do paciente.
É de fundamental importância o paciente entender que sem a sua
colaboração e participação ativa no tratamento este ficará totalmente
comprometido.
Como é retirado o balão?
Após 6 meses , uma nova endoscopia é realizada para a retirada do
balão.O balão é perfurado e esvaziado com um kit especialmente elaborado
para sua retirada. O balão é retirado vazio através da endoscopia. Após
o tratamento o paciente deve continuar sendo acompanhado pelo
psiquiatra e manter o hábito da atividade física. A importância do
psiquiatra será discutida durante sua consulta.
“O paciente com obesidade deve ser acompanhado por toda sua
vida para que os resultados de qualquer tratamento sejam satisfatórios.”
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