O número de pessoas obesas supera o de famintos no mundo, mas
o sofrimento dos desnutridos está aumentando, em meio a uma crescente
crise alimentar, alertou a Cruz Vermelha Internacional.
O grupo humanitário, com sede em Genebra, dá destaque ao tema
nutrição em seu relatório anual World Disasters Report, divulgado em
Nova Délhi, que se volta para o abismo entre ricos e pobres e aos
problemas causados pelo aumento recente dos preços.
Em estatísticas usadas para ilustrar o acesso desigual à
comida, a Cruz Vermelha assinala que 1,5 bilhão de pessoas sofriam de
obesidade no mundo no ano passado, enquanto 925 milhões estavam
desnutridas.
"Se a livre interação entre as forças do mercado produziram um
resultado em que 15% da humanidade passam fome, enquanto 20% estão
obesos, alguma coisa deu errado", disse o secretário-geral, Bekele
Geleta.
O diretor para a Ásia e o Pacífico, Jagan Chapagain, em entrevista
coletiva na capital indiana, assinalou que "o excesso de nutrição,
atualmente, mata mais do que a fome".
O problema da fome existia não porque faltava comida no mundo, lembrou
Chapagain, mas por causa de falhas na distribuição, do desperdício, e do
aumento dos preços, que tornou os alimentos inacessíveis.
O preço dos alimentos deu um salto global em 2011, aumentando os
temores de um retorno da crise de 2008, que levou a distúrbios e à
instabilidade política em vários países.
O aumento do preço dos alimentos, que a Cruz Vermelha diz se dever à
especulação e às mudanças climáticas, entre outros fatores, contribuiu
para a instabilidade no norte da África e no Oriente Médio este ano.
"Uma nova rodada de inflação está puxando muitas das pessoas mais pobres
do mundo para a pobreza extrema, e para situações de fome severa e
desnutrição", alerta a organização.
O World Disasters Report é uma publicação anual da Cruz Vermelha
Internacional que procura dar destaque a um tema que gere preocupação em
todo o mundo. O relatório do ano passado concentrou-se na urbanização, e
o de 2009, no vírus HIV.
(Fonte:AFP)
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