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ENTREVISTA - YOGA JOURNAL
COM LICENÇA, EU VOU À LUTA – POR CACAU PERES (Yoga Journal – Outubro/2009)
(…)
Hoje não é raro encontrar pessoas que não estão felizes com
determinado segmento de sua própria vida. Pode ser uma insatisfação com
um relacionamento afetivo que já não vai bem, um incômodo relacionado ao
trabalho, ou uma infelicidade em relação à própria autoimagem.
Enquanto algumas pessoas preferem manter-se em sua “zona de segurança
e conforto” (por mais que na verdade não se sintam seguras ou
confortáveis), permanecendo na mesma situação frustrante, reclamando de
sua sorte, de braços cruzados sem nada fazer, outras partem para a
mudança do que supostamente falta para que sejam felizes.
A insatisfação e a inquietação que nos afligem em algum momento da vida (ou em vários momentos), remete à ideia de uma samsara psicológica, de “andar em círculos”, de encontrar na própria mente uma prisão, onde é gerado o nosso sofrimento.
Segundo o monge budista Thanissaro Bhikkhu, a mudança de atitude não é
simples, pois requer esforço, dores e riscos, tanto mentais quanto
físicos. Além disso, o novo, a ausência de parâmetros que nos sejam
familiares, é perturbador, justamente pelo fato de termos de lidar com a
novidade para que a mudança seja promovida.
No Ayurveda também podemos encontrar explicações para as dificuldades
que se apresentam quando decidimos quebrar um ciclo de sofrimento em
nossas vidas, pois é por meio das qualidades sutis, ou seja, rajas, tamas e sattva, que nossa consciência mais profunda funciona.
Quando optamos pela mudança ou pela inércia, devemos ter em mente que
para cada ação corresponde uma consequência, e que mesmo a falta de
ação é uma ação por si só. Assim, podemos escolher ou não o que fazer,
mas não podemos escolher os resultados dessas escolhas nem tentar
alterar seus efeitos. Segundo o professor Pedro Kupfer, “isso é regulado
pela lei do karma. Não existem nem julgamento, nem juiz. Somente leis imutáveis”.
A SAMSARA DA AUTOIMAGEM
Caroline Schneider sempre foi vítima de sua própria samsara
psicológica quando o assunto era sua autoimagem. Ela conviveu com o
peso extra desde criança, comendo de forma compulsiva. Buscou várias
tentativas de emagrecimento, mas todas foram infrutíferas. O excesso de
peso trouxe complicações mais sérias para sua vida, fazendo com que ela
tivesse pré-eclampsia na gestação de sua filha, tendo esta nascido
prematura. Para completar sua frustração, seu casamento foi por água
abaixo quando a filha tinha somente 4 meses de vida.
Caroline diz que o confronto com o
espelho era evitado a qualquer custo, pois, segundo ela, “isto era uma
afronta ao meu ego”. Porém, quando se deparou com a verdade, ela estava
pesando 126 quilos, aos 27 anos de idade. Ela diz: “Fiquei tão tonta
para conseguir internalizar aquilo que lágrimas não foram o bastante
para exprimir o que senti naquele momento. Como pude chegar naquele
ponto?”
Caroline, no entanto, vendo a vida se desmoronar à sua volta, optou por quebrar a samsara
de sofrimento. Nasceu uma imensa vontade de reescrever sua história.
“Antes, minhas angústias, frustrações e medos comandavam meu apetite;
não sabia senti-los. Passei a frear o gatilho das minhas emoções, me
observando. Compreendi que a verdade dos outros nem sempre serve para
mim, assim como a minha nem sempre serve para os outros”.
A quebra da samsara é complexa
e requer esforço, pois ainda segundo Gopala, nós nos identificamos com o
pêndulo das emoções de nossas preferências e aversões (raga e devesha),
que nos iludem o tempo todo. Ele diz: “É necessário um despertar
luminoso (sattva) que nos permita sacudir a poeira acumulada de ignorância (tamas)
que se traduz em relacionamentos viciados e ciclos equivocados de
hábitos que nos levam ao sofrimento. A partir do momento em que podemos
reconhecer a verdadeira beleza e perfeição inerentes em todos,
desenvolvemos um respeito maior que se traduz em felicidade perene”.
Por meio dessas mudanças internas,
Caroline buscou uma reeducação alimentar e com sete meses conseguiu
emagrecer exatamente a metade de seu peso, chegando a 63 quilos. Ela
mantém esse novo peso há três anos, mostrando que a mudança veio para
ficar. Pela internet, ela estimula outras pessoas em seu blog.
(…)
Segundo Janaína Chagas, terapeuta ayurvédica do Rio de Janeiro, por
meio do Ayurveda podemos resgatar essas essências até então perdidas, do
tamásico, que é a energia mais distante da luz, trabalhando para chegar ao rajásico,
que é a energia da paixão, a energia do movimento de mudança, o fogo
que nos impulsiona a transformar, que será necessário para enfim
chegarmos à energia sattvica, equilibrada.
Kupfer diz que o paradoxo entre as lágrimas das dificuldades e a
obtenção da nossa meta se resolve por meio do próprio caminhar, na
prática. Ele afirma: “Precisamos quebrar o casulo do ego para chegar à
essência. O verdadeiro milagre consiste apenas em estar vivo, respirando
e sendo”. Ele lembra ainda da famosa frase que diz: “Não existe caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho”.
Pensamentos ruins, sensação de derrota, querer voltar para aquilo que
é conhecido, pensar que tudo pode dar errado são comuns. Mas Patañjali
sabiamente dedica um tempinho no Yoga Sutra para falar que “se você
pensa isso, por que não pensar no oposto? As possibilidades são as
mesmas para ambas!”
A edição da agosto da Revista WRun traz uma reportagem sobre a
história de três ex-gordinhas que decidiram dar um basta no excesso de
peso com a ajuda de corridas e caminhadas. Texto de Cacau Peres
[maravilhosa! super competente! - te adoro!!!]. Vale a pena ler a
revista, não apenas a minha história [que vocês na maioria conhecem, mas
porque tem a história da Samantha e da Aline - duas guerreiras - e
muitas reportagens ótimas!]
Compartilho com vocês minha entrevista e fotos:
Não
há liberdade maior do que poder fazer as coisas que nós mesmos
tínhamos nos limitado. Quase não podia mais andar de tão gorda. Não
podia correr. Hoje, posso fazer isso e muito mais!
“Em abril de 2006, pesava 126 kg.
SENTIA-ME COMO SE ESTIVESSE PRESA. CAMINHAR ERA UM FARDO e, por
diversas vezes, perdi o ônibus por não conseguir dar aquela corridinha
para alcançá-lo.
Durante o primeiro mês de emagrecimento, qualquer tipo de atividade física era extremamente difícil. Só conseguia caminhar.
Passei a fazer caminhadas curtas e fui aumentando a distância conforme meu peso foi diminuindo. ELIMINEI 18 KG NO PRIMEIRO MÊS.
No segundo, entrei na academia e comecei a treinar em esteira e emagreci mais 12 kg.
A partir do terceiro, pude iniciar as corridas. Meu treino era de uma
hora. Primeiro, caminhava, depois passava ao trote e, logo em seguida, à
corrida.
Quando estava com 80 kg, pude fazer simulações de trilhas, com
diferentes alguras de inclinação. Fazia uma média de 3 a 4 km em uma
hora de atividade.
Curitiba é uma cidade muito fria e chuvosa. Portanto, a melhor forma de
treinar sem perder o foco e a motivação era usar a esteira da academia.
TANTO A CAMINHADA QUANTO A CORRIDA FORAM IMPRESCINDÍVEIS PARA A MINHA
POSTURA.
Fiz uma reeducação alimentar. Minha alimentação é rica em fibras,
frutas, verduras e legumes e pobre em gorduras e açúcares. Procuro comer
alimentos mais calóricos no início do dia, fazendo refeições mais
leves no fim dele. Em novembro, fará quatro anos que mantenho meu
peso.”
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