Dr. Geraldo Santana - Médico endocrinologista
O que é obesidade?
A obesidade se caracteriza por um excesso de tecido gorduroso em
relação à massa magra (constituída pela musculatura, ossos e órgãos). O
aumento de peso devido à retenção de líquido, prisão de ventre e aumento
muscular não é considerado obesidade. A obesidade é responsável por uma
série de complicações e prejuízos à saúde e pode interferir fortemente
na auto-estima e na adaptação
social.
Como posso saber se eu tenho excesso de peso?
Dois métodos são utilizados: o Índice de Massa Corporal (IMC) e a
Análise de Composição Corporal pela bioimpedância. Quando o IMC está
acima de 25 em pessoas com compleição muscular normal, os estudos
científicos mostram que já existe um risco para a saúde devido ao
excesso de peso que fica ainda maior a partir do IMC = 30. Entretanto,
em alguns casos o IMC é menor que 25 e o excesso de gordura às vezes é
compatível com obesidade. Portanto, quando o objetivo é a programação de
um tratamento individualizado para redução de peso é necessário
realizar a bioimpedância, que permite acessar o percentual de gordura,
de massa muscular e de água no corpo. Para a população de uma forma
geral, um percentual de gordura maior que 25% para homens e maior que
30% para mulheres já é compatível com o diagnóstico
de obesidade.
O que é o
IMC?
O IMC (Índice de Massa Corporal) é uma fórmula em que se
divide o peso em quilos pela altura em metros ao quadrado, ou seja, IMC=
Peso÷(Altura x Altura). De acordo com o resultado, temos a
classificação
apresentada na tabela abaixo:
IMC
|
Classificação
|
Risco
para a saúde
|
menor que 17
|
Magreza excessiva
|
aumentado
|
17 a 18,5
|
Magreza
|
moderado
|
18,6 a 24,9
|
Peso normal
|
---
|
25 a 29,9
|
Excesso de peso
|
pequeno
|
30 a 34,9
|
Obesidade classe I
|
moderado
|
35 a 39,9
|
Obesidade classe II
|
aumentado
|
acima de 40
|
Obesidade classe
III ou Obesidade mórbida
|
muito aumentado
|
A grande limitação do IMC é que seu
cálculo se baseia em apenas duas variáveis (peso e altura)
desconsiderando a massa magra, a idade e o sexo da pessoa. De qualquer
forma, o IMC ainda tem sido usado, pela sua simplicidade, como um método
prático e rápido de se identificar, em pessoas adultas, o risco de
aumentar a incidência de mortalidade e outras doenças.
Quais são as causas da obesidade?
A obesidade é considerada uma doença multifatorial, ou seja, múltiplos
fatores contribuem para o seu aparecimento e para sua manutenção. Aí se
incluem os fatores genéticos, alimentares, emocionais, culturais,
sociais, mudanças de comportamento, doenças endócrinas, gasto energético
com atividades físicas, hábitos compulsivos, etc. Na abordagem do
paciente com excesso de peso, o mais importante é identificar quais
fatores estão
contribuindo para este descontrole.
E quais são as doenças associadas à obesidade?
Doenças como diabetes, elevação do colesterol e triglicérides
(gorduras do sangue), hipertensão arterial, infarto agudo do miocárdio,
arteriosclerose (endurecimento das artérias), acidente vascular cerebral
("derrame" ou isquemia), trombose, problemas nas articulações,
alterações do sono e alguns tipos câncer que são mais freqüentes
em pessoas obesas do que em pessoas com peso na faixa
normal.
Que tipo de pressão social sofre
a pessoa obesa?
Além dos problemas de saúde, a obesidade traz uma série de
problemas sociais como dificuldades para comprar roupas, conseguir
empregos, freqüentar locais públicos e até mesmo de se envolver
afetivamente. Grande parte destas dificuldades está relacionada com um
falso preconceito de que o obeso é uma pessoa descuidada, sem força de
vontade e sem vaidade, o que só reforça o seu medo da rejeição e a
diminuição de sua auto-estima. Na verdade, não existe um traço
psicológico típico da pessoa obesa e o que se observa é que o tratamento
adequado permite que ela possa resgatar uma convivência social
saudável.
E no Brasil, a obesidade é muito freqüente?
Enquanto nos Estados Unidos 30% da população têm obesidade, aqui no
Brasil, esta doença ocorre em torno de 10% (13% das mulheres e em 6% dos
homens). Como se trata de um problema ligado à vida moderna, a
tendência natural no Brasil é a de que esta prevalência aumente, a menos
que se consiga estabelecer medidas sociais e educativas. Embora
freqüente em países ricos como os Estados Unidos e Canadá, podemos
observar um fenômeno interessante no Brasil: pesquisas demonstram que a
obesidade vem nitidamente aumentando nas camadas mais pobres da
população e diminuindo nas classes mais ricas. Isto se deve ao fato de
que a comida (principalmente carboidratos e gorduras) tem custo
relativamente baixo em nosso país e a automação industrial e comercial
tem contribuído para uma diminuição do esforço físico ligado ao
trabalho. Por outro lado, o impacto do benefício dos cuidados
preventivos da alimentação saudável, da demanda estética e do combate ao
sedentarismo (esportes e academias) é mais visível
nas classes socialmente privilegiadas.
Eu posso iniciar um tratamento para
emagrecer mesmo já estando
dentro do IMC normal?
Sim, desde que haja um percentual de gordura elevado em
sua avaliação de composição corporal. Esta avaliação, geralmente feita
através da bioimpedância, permite estimar a faixa de peso ideal de
acordo com o peso da estrutura óssea
e muscular, sexo e idade.
Pratico musculação e meu índice de massa corporal está acima
de 25. Devo emagrecer?
Com a prática regular da musculação ou de atividades com
predomínio de exercícios anaeróbios, ocorre um aumento da massa muscular
e do peso corporal sem que isso signifique obesidade. Também neste
caso, a bioimpedância é indicada
para avaliar o percentual de gordura e estabelecer a faixa
ideal
de peso.
O
que é o exame de Bioimpedância?
É atualmente o método mais utilizado para a avaliação de composição
corporal pelo fato de ter uma boa precisão com custo relativamente baixo
e por não ser evasivo. Foi considerado, pelo último Consenso Latino
Americano de Obesidade como um método apurado para avaliação da
composição
corporal.
|
|
Avalia o percentual
de gordura, percentual de massa magra e hidratação,
permitindo calcular a faixa ideal de peso para o indivíduo de acordo com
o sexo e idade.
É um exame relativamente simples, em que uma corrente
elétrica passa pelo corpo através de dois pares de eletrodos adesivos
colocados na mão e no pé direito. O exame é totalmente indolor, mas não é
indicado para gestantes e portadores de marca-passo. Quanto maior é o
percentual de gordura, maior é a dificuldade para a corrente elétrica
atravessar o corpo. A bioimpedância é útil para informar o percentual de
gordura em sua totalidade, ou seja, mede tanto a gordura que está
debaixo da pele como a gordura que está entre os órgãos. As medidas
freqüentes das dobras cutâneas com um adipômetro de precisão
complementam as informações da bioimpedância. |
E qual é o percentual ideal de
gordura?
Depende do sexo e da idade. O percentual de gordura aumenta com
o passar dos anos e é maior em mulheres do que em homens.
Idade
|
11 a 20
|
21 a 30
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31 a 40
|
41 a 50
|
51 a 60
|
>60
anos
|
Masculino
|
13-17%
|
14-18%
|
15-19%
|
16-20%
|
17-21%
|
18-22%
|
Feminino
|
18-22%
|
19-23%
|
20-24%
|
21-25%
|
22-26%
|
23-27%
|
O que é um adipômetro? É
um aparelho usado para avaliar a gordura subcutânea
(que está debaixo da pele) através de medidas das dobras cutâneas com
alta precisão. Sua escala é dividida em décimos de milímetros. Em um
tratamento de obesidade, o adipômetro permite avaliar a diminuição da
gordura subcutânea por regiões específicas criando condições para se
alcançar um emagrecimento harmônico
e proporcional. |
|
O que é compulsão alimentar?
A compulsão alimentar está presente em aproximadamente 30% dos
pacientes que nos procuram no consultório com problemas de excesso de
peso. É mais freqüente em mulheres e sofre influência de fatores
emocionais, atividade física, quantidade de carboidratos da dieta,
intervalos das refeições e da fase do ciclo menstrual. A pessoa com
episódios de comer compulsivo geralmente come grandes quantidades em
pequeno espaço de tempo, às vezes sem fome, até se sentir
desconfortavelmente “cheia” e freqüentemente seguida de sensação
de arrependimento ou culpa.
O que causa a compulsão alimentar?
Cada vez mais, a diminuição da serotonina (uma substância química
encontrada no cérebro) vem sendo relacionada com o transtorno do
comportamento compulsivo. A descoberta de medicamentos mais recentes que
aumentam os níveis de serotonina no cérebro mostrou bons resultados em
muitos casos de compulsão. A atividade física também reduz a ocorrência
de episódios compulsivos enquanto situações de ansiedade, depressão e
dietas muito rígidas com poucos carboidratos nas refeições tendem a
aumentar a compulsão.
Qual é a diferença entre
a bulimia e a anorexia nervosa?
Ambas são consideradas transtornos de o comportamento
alimentar, são bem mais comuns em mulheres e possuem forte componente
psíquico. Na anorexia nervosa, o paciente geralmente possui uma
distorção de sua imagem corporal, possui um medo exagerado de engordar e
se recusa a manter um peso na faixa normal exibindo freqüentemente um
quadro de magreza importante com distúrbios menstruais e desnutrição. Na
bulimia, o paciente geralmente se encontra em uma faixa normal de peso
(ou pouco acima) mas também possui um medo exagerado de engordar. Para
compensar os freqüentes "ataques de comer", usa laxantes, provoca
vômitos, ou faz dietas radicais ou exercícios em excesso. Nestes
"ataques de comer", muitas vezes a pessoa come sem fome, mais rápido que
o normal e geralmente se arrepende ou fica com sentimento de culpa.
Tanto a bulimia quanto a anorexia nervosa são situações que podem trazer
grandes riscos à saúde
e, portanto, necessitam de tratamento especializado.
A maneira como a gordura está distribuída no corpo interfere nos riscos para a saúde?
Sim. Hoje se sabe que a gordura intra-abdominal
- mais freqüente nos homens - tem uma maior capacidade de
contribuir para problemas metabólicos e cardiovasculares
do que a gordura localizada nos quadris - mais freqüente nas
mulheres. Para se ter uma idéia, uma circunferência
abdominal medida com fita métrica, em pé e ao nível
do umbigo) maior que 94 cm para homens e maior que 80 cm para mulheres
já está associada a um risco aumentado para a saúde
independente de haver um excesso de peso.
Ansiedade e depressão engordam?
Indiretamente sim. Elas podem contribuir para
fenômenos compulsivos e freqüentemente prejudicam a
prática regular de atividade física. Mas tanto a
ansiedade quanto a depressão não conseguem estimular
a formação de gordura de uma forma direta, ou seja,
sem estar acompanhada de um aumento do consumo calórico
ou diminuição da atividade física. O que se
observa é que o paciente muito ansioso ou deprimido tem, às
vezes, dificuldade de avaliar o que come, podendo subestimar a
quantidade de calorias ingeridas. Na depressão é freqüente
haver uma redução nos níveis de serotonina,
favorecendo o aparecimento de episódios compulsivos. Acredita-se
ainda que em situações de estresse prolongado, um
aumento da secreção de cortisol pelo organismo pode
levar a uma maior formação de gordura a partir dos
alimentos consumidos.
É verdade que depois dos trinta anos é mais difícil
emagrecer?
Dos vinte anos em diante, há uma redução progressiva da
massa magra podendo chegar a 30% de redução aos 90 anos. Essa redução
causa uma diminuição no metabolismo basal, não apenas aos trinta anos,
mas gradativamente ao longo dos anos. O que muitas vezes acontece por
volta dos 30 anos é uma tendência a uma mudança no estilo de vida com
redução da atividade física e aumento das oportunidades sociais
relacionados à alimentação mais calórica.
Pílula anticoncepcional engorda?
Na grande maioria das vezes, não. As pílulas mais modernas, de baixa
dosagem, interferem pouco no organismo da mulher e, quando isso
acontece, é através da retenção de líquidos e não de gordura. Em casos
isolados, porém, os anticoncepcionais (orais ou injetáveis) podem
apresentar aumento de apetite como efeito colateral e, nesse caso, é
recomendável que sejam substituídos por outro método anticoncepcional
com orientação
do ginecologista.
Aspectos nutricionais e atividade física
Dr. Geraldo Santana - Médico endocrinologista
Nut. Caroline
Fernandes - Nutricionista clínica e esportiva
Em que consiste uma reeducação alimentar?
Uma reeducação alimentar é o principal objetivo de quem
quer realmente emagrecer e se manter em um peso saudável. Ela envolve,
além de um plano alimentar flexível e balanceado em relação à quantidade
de calorias e nutrientes, mudanças efetivas e duradouras de hábitos e
comportamentos que prejudicam a perda de peso. É muito mais que apenas
aprender o que engorda e o que emagrece: é, antes de tudo, condicionar o
organismo a uma maneira mais saudável de se alimentar. Assim, o que
seria uma dieta de sacrifício e restrições, pode se tornar um estilo
mais positivo de vida. O primeiro passo para se planejar uma reeducação
alimentar é identificar quais os principais erros alimentares,
compulsões e problemas de atitudes e comportamento que estão
mantendo o peso persistentemente fora do desejado.
Quais são os alimentos que mais
engordam?
Analisando somente o aspecto nutricional, os alimentos gordurosos
são aqueles que mais favorecem o ganho de peso tendo em
vista o alto nível calórico das gorduras. Para se ter uma idéia,
enquanto um grama de proteína ou carboidrato possui 4 calorias, cada
grama de gordura equivale a 9 calorias! É importante lembrar ainda que
muitos doces, embora culturalmente estejam associados apenas ao açúcar,
contém grandes quantidades de gordura, o que justifica o motivo de sua
restrição. O açúcar, apesar de engordar menos que a gordura, tem a
grande vantagem de poder ser substituído pelo adoçante. Além disso, o
açúcar estimula a produção de insulina que participa diretamente na
formação
da gordura corporal.
Os adoçantes são perigosos para a saúde?
Não. Os adoçantes são alternativas valiosas em um processo
de reeducação alimentar, pois permitem uma substituição da alimentação
ao invés de uma simples restrição. Os adoçantes, durante vários anos,
têm demonstrado sua grande segurança e seu uso hoje é também permitido
para crianças e alguns tipos até para gestantes. Os vários tipos e
combinações mais modernas de adoçantes se adaptam às variações
individuais de paladar.
Posso comer os produtos diet à vontade?
Os lançamentos da indústria alimentícia de versões reduzidas em
calorias vêm crescendo muito não só no número de alternativas, mas
principalmente na qualidade e paladar dos produtos. Este fato,
evidentemente, contribui para a reeducação alimentar (mais nítido nos
casos de obesidade infantil e em pacientes compulsivos) permitindo um
estilo de alimentação com menos densidade calórica. É importante, porém,
que seja avaliado com seu médico quais os produtos mais recomendados
para o seu caso porque os termos diet e light não se referem a um limite
do teor de calorias de um alimento e sim aos critérios para a
modificação daquele alimento. Desta forma, podemos ter produtos diet ou
light, que apesar da modificação em sua composição, ainda continuam
muito calóricos
como, por exemplo, o chocolate e o creme de leite.
Qual a diferença entre diet e light?
O termo Diet significa que o alimento foi modificado para atender
a um tipo específico de dieta como, por exemplo, a
substituição do açúcar pelo adoçante para os diabéticos e a retirada da
lactose do leite para pessoas alérgicas a lactose. Portanto, o fato de
ser diet não significa que tenha poucas calorias. O termo Light indica
que o produto tem menos calorias que o produto tradicional como, por
exemplo, a maionese light. O fato de ser light não indica
necessariamente que seja isento de açúcar. A maioria dos alimentos light
conseguiu a redução das calorias através da substituição do açúcar pelo
adoçante e portanto, são diet e light ao mesmo tempo, como é o caso dos
refrigerantes. O importante é acostumar a ler os rótulos
dos produtos e adequar as compras ao plano alimentar
prescrito.
A cerveja engorda?
O grande problema do consumo de cerveja, principalmente na primeira
fase de um tratamento, é o seu alto teor de
carboidratos e calorias (além do hábito
de ingerir tira-gosto), e a dilatação do estômago. Já
na fase de manutenção, seu uso com moderação não tem trazido problemas
para o tratamento. De acordo com a situação, algumas bebidas destiladas
diluídas e sem açúcar
podem ser usadas moderadamente. |
|
Por que não é recomendável beber líquidos no almoço
e no jantar, quando se quer emagrecer?
O uso de líquidos durante a refeição pode contribuir, a
médio e longo prazo, para a dilatação do estômago reduzindo a sensação
de saciedade. Além disso, os líquidos vão "lavando" a língua entre as
garfadas e diminuem a saturação dos sensores de gustação o que permite
que a pessoa coma mais. Por outro lado, beber bastante água nos
intervalos das refeições principais é altamente recomendável.
Se eu ficar apenas tomando sopa de legumes durante uma semana eu
vou emagrecer?
Provavelmente sim. A qualidade deste emagrecimento é que é o
grande problema. Alimentações desbalanceadas, neste caso pobre em
proteínas e ferro, podem causar desnutrição e até mesmo anemia, sem
contar que a pessoa não está criando hábitos mais saudáveis e sim
fazendo um sacrifício de curto período e de difícil manutenção a médio
prazo.
Se o ideal é uma dieta balanceada, uma dieta para
emagrecimento deve ter quantas calorias?
Hoje, a tendência é não se usar mais o termo "dieta" e
sim plano de adequação alimentar ou reeducação
alimentar. A palavra "dieta" freqüentemente está associada à doença,
sacrifício e período limitado que nada tem a ver com
as propostas de tratamento mais modernas. A abordagem ética
da obesidade propõe uma forma muito mais fisiológica
e natural de se perder peso quando se está realmente motivado.
Agora, voltando às calorias, a quantidade calórica
de um plano alimentar para perda de peso depende principalmente da
taxa metabólica de cada paciente que pode ser medido pelo exame de
CALORIMETRIA INDIRETA (clique aqui para
saber mais).
De uma forma geral, oscila entre 800 e 1800 calorias por dia considerando
que
planos alimentares
com menos de 800 calorias não são recomendados por
períodos prolongados por serem prejudiciais à saúde.
Parar de jantar ajuda a emagrecer?
Pelo contrário. Sabemos que longos períodos sem se alimentar
interferem negativamente na reeducação alimentar. Por outro lado, os
lanchinhos que costumam substituir o jantar freqüentemente têm mais
calorias que uma refeição
balanceada e geralmente proporcionam pouca saciedade.
O gás do refrigerante causa celulite?
Não, até porque o gás nem é absorvido pelo intestino. O
refrigerante comum favorece o aparecimento da celulite devido ao seu
alto conteúdo de açúcar. A celulite é um tipo de deposição de gordura na
forma de pequenos "pacotes", geralmente em mulheres e principalmente na
região dos quadris, com um certo inchaço, deixando a pele com um
aspecto de casca de laranja. A obesidade, o consumo de açúcar, a falta
de atividade física, o hábito de beber pouca água e a predisposição
genética é o que mais colabora para o seu aparecimento e manutenção.
A atividade física ajuda emagrecer?
A prática regular de exercícios físicos é importante tanto para o
emagrecimento quanto para a manutenção do peso. Os exercícios estimulam a
liberação de catecolaminas inibidoras do apetite e neurotransmissores
que melhoram o humor, a imunidade, o sono e diminuem a compulsão. |
|
Proporcionam
oportunidades
de convívio social e lazer sendo forte neutralizador
da ansiedade e do estresse. Além desses benefícios, previne a redução da
massa magra durante o emagrecimento evitando a recuperação do peso. A
atividade física regular tem a capacidade de prevenir ou minimizar a
gravidade de diversas doenças cardiovasculares e metabólicas como
hipertensão,
diabetes, dislipidemias, etc. |
Qual é o melhor exercício para emagrecer: aeróbico ou anaeróbico?
Depende da idade e da fase do tratamento em que a pessoa está. Embora a
atividade física aeróbica estimule eficientemente a oxidação ("queima")
da gordura, pesquisas mostram que atividades como musculação e
ginástica localizada com peso (predominantemente anaeróbicas) promovem
um aumento da massa muscular e um conseqüente aumento da taxa metabólica
basal que é extremamente útil para a fase de manutenção do peso
alcançado. Além disso, a quantidade de calorias gasta durante um
exercício aeróbico, como uma caminhada, por exemplo, depende diretamente
da quantidade de massa muscular que o indivíduo tem. Se ele aumentar a
massa muscular com exercícios com peso, as caminhadas passarão
a ser mais produtivas em termos de emagrecimento.
Quais as modalidades mais recomendadas?
Na prática, o que mais se observa, é que as atividades prazerosas são
as que trazem mais resultados pois o entusiasmo é maior e podem ser
incorporados de maneira agradável à vida da pessoa. Para pessoas idosas
ou com peso muito elevado os exercícios aeróbicos como caminhadas no
plano, esteira elétrica, hidroginástica e natação costumam ser mais
indicados no início. Homens e mulheres com espírito mais competitivo
costumam se adaptar melhor à prática de esportes ou corrida. Modalidades
mais recentes como pilates e spinning aquático têm ganhado popularidade
e também proporcionam bons resultados. Algumas pessoas preferem
atividades com música como dança de salão, dança do ventre e flamenco.
Quando praticadas com regularidade colaboram para o emagrecimento,
melhoram a auto-estima e ainda criam oportunidades de convívio
social.
E quem não tem tempo para atividade física?
Com a progressiva intelectualização do trabalho, a escassez de tempo
livre e o acúmulo de tarefas, o sedentarismo tem ficado cada vez mais
freqüente se tornando, em muitos casos, um obstáculo ao tratamento.
Melhor do reduzir as horas de sono, fazer meia hora de esteira e depois
ficar o dia todo sentado em frente ao computador, é fazer pequenas
mudanças no cotidiano que realmente farão diferença. Já está provado
cientificamente que incorporar ao longo do dia algumas caminhadas de
pequenos trajetos traz grandes benefícios ao longo das semanas. Trocar o
elevador pelas escadas, estacionar o carro mais distante, andar alguns
quarteirões depois do almoço, levar o cachorro para passear são algumas
sugestões.
Qual o papel do educador físico
no tratamento da obesidade?
O acompanhamento de um profissional especializado em
educação física é extremamente valioso para o sucesso de um tratamento
não só do ponto de vista técnico, mas sobretudo como forte elemento
motivador no projeto de adoção de hábitos mais saudáveis. Além de
orientar o tipo mais adequado de exercício para cada pessoa, há uma
otimização do gasto calórico através do controle da freqüência cardíaca e
ajuste da carga dos exercícios de fortalecimento muscular. Com uma
supervisão profissional, o paciente aprende a respeitar seus limites e
recebe todas as orientações para postura, alongamentos e vestuário mais
adequados no sentido de se reduzir ao máximo os riscos de lesões.