Quando minha chefe Leianne Correia sugeriu a pauta, eu disse logo que ela era feita pra mim. Afinal, era preciso uma repórter de peso
para falar sobre os custos financeiros do emagrecimento. Até porque
estou mesmo na fase de contar calorias e reais. A reportagem acabou
virando a manchete do Diario de Pernambuco deste domingo. Torço,
sinceramente, que ela possa ajudar muitos fofuchos e fofuchas.
Emagrecer pesa no bolso
Mas se você tiver planejamento e paciência dá para chegar lá,
sim. Por isso, esta é uma reportagem declaradamente de autoajuda
financeira e emocional
Janeiro acabou. Rápido, não? Já faz um mês que um número incontável
de brasileiros se esforça para cumprir a promessa mais popular de todos
os réveillons. Ganha um copo de leite desnatado e um sachê de adoçante
quem acertar. Emagrecer, claro! Mas o hit das listas de resoluções de
ano novo também é sempre uma das primeiras promessas a serem solenemente
quebradas quando surgem os obstáculos. Eles podem aparecer no formato
de docinhos fantásticos, no aniversário do sobrinho da colega do
trabalho do marido. Ou nas (muitas) cervejinhas geladas para aplacar o
calor do verão. Só que o problema pode estar um pouco mais embaixo. No
bolso.
Quem está acima do peso e decide encarar pra valer o processo de
emagrecimento acaba dando uma mexida no orçamento. É um tênis para
caminhada aqui, aulas de hidroginástica acolá. Sem falar em todo um
mundo novo de frutas, verduras, hortaliças (repita o mantra: a alface é
minha amiga, não pastagem) e alimentos com baixas calorias.Um copo de
requeijão com zero teor de gordura custa o dobro do preço da versão
normal, só para ficar em um exemplo mais cremoso. Existem ainda as
reuniões em grupos de apoio, indicados para quem acha que não vai
conseguir sozinho. No Vigilantes do Peso, talvez os mais famoso, a
mensalidade custa R$ 83.
Já está pensando em desistir? Tenha paciência, respire fundo. Imagine
uma vida sem diabetes, sem hipertensão, sem o olhar de desdém da
vendedora quando você pedir para provar as calças da seção masculina (e
elas não entrarem!). Com um pouco de esforço e uma boa dose de
planejamento financeiro dá, sim, para vencer o desafio da balança e
ficar com a saúde e autoestima em dia. “O
que pode parecer um gasto deve ser encarado como investimento. É um
investimento para o futuro”, reforça o consultor e analista financeiro
Roberto Ferreira. Antes de sair por aí saltitando com a roupa nova de
ginástica, contudo, é preciso colocar no papel todos os seus gastos.
De acordo com Ferreira, as novas despesas entram na categoriados
gastos variáveis, obrigatórios ou não. Os obrigatórios são os que você
terá que conviver para sempre. Feita a planilha do orçamento, dá para
descobrir algumas coisas que poderão ser cortadas, ou melhor,
substituídas. Você não precisa deixar de ir à pizarria com a família.
Mas não precisa ir toda semana, não é mesmo? Roberto Ferreira sugere
outra coisa, que não tem nada a ver com comida: falar menos ao celular. É
caro. Segundo o IBGE, nos 15 anos do real, as tarifas do setor de
comunicação aumentaram 685%, bem acima da inflação do período, que ficou
em 251%. Já as hortaliças e verduras subiram 211,41%.
A servidora pública federal Ana Paula Souza, 46 anos, deu um basta no
cigarro. A promessa feita em 31 de dezembro gerou uma economia de R$
120 no mês. Parte deste dinheiro está agora aplicado no Vigilantes do
Peso. Ela complementa os ensinamentos do programa com caminhadas –
gratuitas – no calçadão de Boa Viagem. “Sai mais barato que o cigarro”,
diz. O presidente Lula bem que poderia ler isso. Quem também fez uma
“troca de prioridades” foi o publicitário Antonio Ribeiro, 54. Cinco
anos atrás, ele pesava 115 quilos, não conseguia emagrecer e já tinha
feito todo tipo de dieta. “Você quer por ordem alfabética ou
cronológica?”
Foi aí que Antônio começou a consumir os produtos da linha Herbalife
(aquela do slogan “Perca peso agora! Pergunte-me como”). Hoje, ele tem
20 quilos a menos. Gasta cerca de R$ 250 por mês com os produtos (que
incluem shakes e barras de proteína). Também freqüenta uma academia e
caminha na praia. “Você se empolga e começa a querer ficar melhor com
seu visual”, conta. Ai de quem contestar a opção dele. “Passei a ter uma
consciência maior do que é a alimentação. Ou a gente se reeduca ou vira
um balão de gordura, dor e baixa auto-estima”. E então? Está esperando o
que para fazer as contas e sair da inércia? Ou vai apelar para alguma
simpatia para desengordar?
* Matéria publicada na edição do Diario de Pernambuco de 31/01
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