11/10/2011 07h14
- Atualizado em
13/10/2011 12h22
Dona de casa de GO perdeu 4 kg com medicação, mas não quer aparecer.
Até sexta, série do G1 dá dicas sobre como emagrecer de forma saudável.
Jamila Tavares, Mário Barra e Tadeu Meniconi
Do G1 DF e em São Paulo
A dona de casa Marta*, de 68 anos, começou a tomar sibutramina há três
meses para intensificar os resultados de uma dieta que está fazendo há
um ano. Ao todo, ela perdeu 12 quilos, os últimos quatro com a ajuda do
medicamento.
“Eu estava fazendo acompanhamento com endocrinologista, e ele
recomendou que tomasse o remédio para acelerar a perda de peso”, afirmou
ao G1.
(Série 'Emagrecedores: sim ou não?'. O G1 publica
nesta semana reportagens com exemplos de pessoas que lutam contra a
obesidade, com ou sem a ajuda de remédios moderadores de apetite)
Mesmo com o sucesso do tratamento e usando a medicação com
acompanhamento profissional, a dona de casa prefere não se identificar
por medo de ser repreendida por parentes e conhecidos, que não querem
que ela use o remédio.
Moradora de Goiânia, Marta disse que, com a dieta, mudou sua
alimentação e reduziu o consumo de açúcar. “Sou uma formiguinha, gosto
de comer doce em prato de refeição, não de sobremesa.”
Caminhadas diárias e hidroginástica três vezes por semana passaram a
ocupar espaço na agenda da dona de casa. Mas, sem o remédio, ela
acredita que não teria conseguido alcançar o peso que tem hoje.
“Acho que não teria emagrecido os últimos quilos. Estava muito difícil.
Quando a pessoa tem ansiedade, é mais difícil controlar o peso sem
medicação”, declarou.
Feliz com os resultados da combinação dieta-atividade
física-sibutramina, Marta estima que já no próximo mês seu médico vai
recomendar que ela interrompa ou diminua o consumo do medicamento. “As
pessoas têm que usar, não abusar.”
Sem vergonhaPara o endocrinologista Antônio
Roberto Chacra, da Unifesp, não há problemas em tomar o remédio, desde
que ele seja acompanhado por um médico, como fez Marta. “Há casos em que
os remédios se justificam e muitas pessoas precisam deles para perder
peso. Não há vergonha nenhuma em tomar emagrecedor. Mas qualquer
paciente que queria tomar precisa de prescrição e acompanhamento
médico”, afirma.
O que a sibutramina faz no cérebro não é exatamente inibir o apetite,
mas estimular a saciedade. “Na prática, o indivíduo fica satisfeito com
menos comida”, resume o endocrinologista Walmir Coutinho, pesquisador
que participou da maior pesquisa já feita sobre o remédio, que
acompanhou quase 10 mil pacientes durante um período médio de 3 anos e 5
meses.
A nutricionista Karin Honorato, da Clínica Funcional, acredita que
mesmo quem usa remédios deve ter junto uma alimentação saudável e a
atividade física, como fez a dona de casa. “Não basta o médico
prescrever o remédio, ele deveria exigir que o paciente também faça um
acompanhamento para melhorar seus hábitos de vida, aprendendo a se
alimentar, se exercitando mais e fazendo um trabalho psicológico”, diz a
especialista. “O medicamento deve ser uma opção no curto prazo e sem
retorno constante.”
A endocrinologista Leila Maria Batista Araújo concorda. “Se não houver
mudança de estilo de vida, nenhum tratamento para obesidade vai ter
sucesso,” diz. “De cem pessoas que vêm ao meu consultório, somente 15
mantêm o peso baixo no longo prazo.”
Sobre a vontade Marta de não aparecer para não ser reconhecida por seus
parentes, o psicólogo Carlos Henrique Bohn afirma ser um comportamento
comum. “Colegas e familiares às vezes reforçam essa ideia [de que
emagrecer com remédios não deve ser valorizado]”, afirma. “Não é tanto
uma questão de vergonha. Se ela falar que tomou a medicação, essa
valorização [do esforço] é muito menor", completa
Para Bohn, no entanto, desde que a pessoa esteja usando uma medicação
permitida pela Anvisa e com acompanhamento médico, não tem do que se
envergonhar.
(* Nome fictício usado, porque a personagem não quer ser identificada)
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