OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:

Os textos a seguir são dirigidos principalmente ao público em geral e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes de cada assunto abordado. Eles não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores às informações aqui encontradas.

Mens sana in corpore sano ("uma mente sã num corpo são") é uma famosa citação latina, derivada da Sátira X do poeta romano Juvenal.


No contexto, a frase é parte da resposta do autor à questão sobre o que as pessoas deveriam desejar na vida (tradução livre):

Deve-se pedir em oração que a mente seja sã num corpo são.
Peça uma alma corajosa que careça do temor da morte,
que ponha a longevidade em último lugar entre as bênçãos da natureza,
que suporte qualquer tipo de labores,
desconheça a ira, nada cobice e creia mais
nos labores selvagens de Hércules do que
nas satisfações, nos banquetes e camas de plumas de um rei oriental.
Revelarei aquilo que podes dar a ti próprio;
Certamente, o único caminho de uma vida tranquila passa pela virtude.
orandum est ut sit mens sana in corpore sano.
fortem posce animum mortis terrore carentem,
qui spatium uitae extremum inter munera ponat
naturae, qui ferre queat quoscumque labores,
nesciat irasci, cupiat nihil et potiores
Herculis aerumnas credat saeuosque labores
et uenere et cenis et pluma Sardanapalli.
monstro quod ipse tibi possis dare; semita certe
tranquillae per uirtutem patet unica uitae.
(10.356-64)

A conotação satírica da frase, no sentido de que seria bom ter também uma mente sã num corpo são, é uma interpretação mais recente daquilo que Juvenal pretendeu exprimir. A intenção original do autor foi lembrar àqueles dentre os cidadãos romanos que faziam orações tolas que tudo que se deveria pedir numa oração era saúde física e espiritual. Com o tempo, a frase passou a ter uma gama de sentidos. Pode ser entendida como uma afirmação de que somente um corpo são pode produzir ou sustentar uma mente sã. Seu uso mais generalizado expressa o conceito de um equilíbrio saudável no modo de vida de uma pessoa.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Mens_sana_in_corpore_sano


quinta-feira, 26 de julho de 2012

Lindo ...

BILLY ELLIOT


 

Billy Elliot De Stephen Daldry

RAPIDINHO O lugar é uma cidadezinha de mineiros, no norte da Inglaterra. O tempo é a década de 80, quando Margareth Tatcher arrochava salários e mandava bater nos grevistas. Os personagens são, quase todos, homens e mulheres comuns, imersos num cotidiano que nem a presença de centenas de policiais consegue alterar significativamente. Nada de heróis, nem de bandidos. O centro da narrativa é um garoto de 11 anos, Billy, que, em vez de lutar box, como quer seu pai, é atraído por um grupo de dança clássica, onde só há meninas. Estes elementos estão arranjados harmoniosa e dialeticamante, de modo que lugar, tempo, personagens e protagonista explicam-se e completam-se uns aos outros. Resultado? Uma pequena obra-prima. Billy Elliot já é um dos melhores filmes do ano.
AGORA COM MAIS CALMA No parágrafo anterior, só utilizei a palavra "dança" na quinta frase. Esquecimento? Talvez. Os próprios créditos iniciais, maravilhosos, que mostram Billy pulando em câmara lenta, parecem sugerir um filme sobre a dança. A "story-line", poderosa em sua simplicidade, também não poderia ser outra: "garoto quer trocar box por balé". Mas será que a obra de Daldry é mesmo sobre a dança? Creio que não. A dança é parte importante do filme, assim como a música (e que bela trilha, abusando de T.Rex e com uma seqüência antológica com The Clash); contudo, o tema de Billy Eliot é outro. O que realmente emociona, o que realmente faz a história adquirir a grandeza que ela tem, é o retrato de um garoto órfão de mãe, condenado a cuidar de sua avó e a agüentar um pai e um irmão grosseiros, ambos reis da testosterona, incapazes de perceber no caçula da família algo que nunca terão: sensibilidade. Neste tempos em que a crítica feminista e a análise teórica de gêneros se fortalecem, é inevitável ver Billy Elliot também como uma obra sexualmente libertária. Billy é um garoto heterossexual (ao contrário de seu melhor amigo, gay assumido), mas isso não o impede de ter várias qualidades femininas e desgostar de certas coisas típicas do universo masculino. A ausência da mãe, que poderia protegê-lo e servir-lhe de espelho, agrava a situação. Em seu lugar, aparece uma professora de balé, também infeliz na vida familiar, que consegue reconhecer em Billy o talento e a vocação para a dança. Entretanto, ela não é a mãe. E Billy não está disposto a destruir sua relação com o pai e o irmão. É neste momento que o roteiro se mostra genial. Em vez de contar, pela milionésima vez, um confronto sem solução entre um garoto sensível e fraco contra um pai machista e forte, Billy Elliot conta a história de como o pai machista e forte descobre que seu filho tem o direito de ser o que é. E, mais do que isso, sendo o que é poderá fugir das minas de carvão, dos baixos salários, das greves. A angústia do pai de Billy, que ama tanto seu filho que é capaz de reformular sua visão do mundo e passar por "fura-greve" (ou seja, um "maricas"), para conseguir o dinheiro da passagem de ônibus, é o momento mais forte do filme. Billy luta pelo que quer ser. Isso é difícil. Seu pai – e, depois seu irmão - lutam contra o que são. Isso é mais difícil ainda. E é isso que emociona no filme. O elenco é homogêneo e absolutamente verossímil. A fotografia, bem cuidada, mas discreta, emoldura o norte da Inglaterra com competência. A montagem se destaca nas belas cenas de ação paralela (provavelmente já previstas no roteiro, mas executadas com perfeição). Os diálogos são divertidos e concisos, sem apelar para o melodrama e mantendo a riqueza e a musicalidade do sotaque local. Para o meu gosto (vocês sabem que não gosto de finais felizes) a última cena, com Billy adulto, um belo e emplumado cisne num espetáculo grandioso, é dispensável. Billy venceu antes disso. Entretanto, é apenas uma pequena concessão, num filme que se afirma pelo vigor de sua originalidade. Só há uma coisa em Billy Elliot que, definitivamente, não está em seu lugar: a tradução das legendas. Que fiasco! Há inúmeros palavrões, principalmente "fuck of", que viraram "não enche". Imagine alguém levando um cacetete na cabeça e gritando "não enche" para o policial... Mas isso até já virou padrão nessas terras de falso moralismo e puritanismo de fachada. A pior mancada de todas, contudo, é quando a situação do marido da professora de balé é definida como "ele se tornou redundante". O cara foi despedido, está desempregado! Tem que baixar o cacete na cabeça do tradutor. Fuck of!
Billy Elliot (EUA, 2000). De Stephen Daldry
Carlos Gerbase é jornalista e trabalha na área audiovisual, como roteirista e diretor. Já escreveu duas novelas para a Terra Networks (A Gente Ainda Nem Começou e Fausto). Em 2000, lançou seu terceiro longa-metragem, Tolerância, com Maitê Proença e Roberto Bomtempo.
http://www.terra.com.br/cinema/opiniao/billy1.htm

Nenhum comentário:

Postar um comentário