Nome dado à necessidade fisiológica que o ser humano tem de se alimentar para obter energia, a fome
nem sempre está ligada somente à manutenção do funcionamento do corpo.
Muitas vezes, ela serve como válvula de escape para diversos outros problemas emocionais ou até mesmo carência de vitaminas, tornando-se psicológica.
Segundo a psicóloga Rosane Nascimento e Silva, do Centro de Pesquisa em Psicanálise e Linguagem (
CPPL),
do ponto de vista fisiológico, determinadas carências de vitaminas
intensificam a sensação de fome e precisamos comer para nos sentirmos
nutridos.
"Comemos também de acordo com o aspecto da comida - o
visual, o cheiro, o formato - e para aliviar uma dor ou tensão, fatores
comuns em mulheres que sofrem de
TPM, por exemplo, quando sentem mais necessidade de doces", acrescenta.
Além dos
fatores hormonais
e fisiológicos, as situações de tensão e ansiedade também agem como
grandes desencadeadores do aumento ou falta de apetite. As situações de
compulsão alimentar geralmente estão atreladas a fatores como perdas e
lutos.
"Quando o indivíduo se alimenta, mesmo após atingir suas
necessidades orgânicas, está apenas suprindo fatores emocionais. É
fundamental estabelecer as diferenças entre sensações e comportamentos,
bem como entre apetite e fome. O descontrole da fome psicológica pode
causar o desenvolvimento dos transtornos de
compulsão alimentar", revela a endocrinologista Maria Juliana Arruda, do Hospital Jayme da Fonte.
Dentre
os transtornos ansiosos e os obsessivo-compulsivos, a ingestão de
comida aparece como um sintoma secundário. Nesta categoria, encontramos
diversas formas de expressão para as síndromes que se caracterizam como
hiperfagia (ato de comer compulsivamente), que pode ou não estar
associada a perturbações psicológicas.
"Dentre as mais conhecidas estão a
bulimia
nervosa, ataques de hiperfagia e preocupação excessiva com o controle
do peso corporal. Neste caso, as questões socioculturais têm tido grande
influência, além dos fatores fisiológicos e desdobramentos
psicológicos. No caso da hiperfagia em si nem sempre está associada a um
quadro bulímico e, na maioria das vezes, ocorre como reação a eventos
angustiantes", explica a psicóloga. Para largar esse "vício" de comer
além da conta, é preciso buscar auxilio de um psiquiatra,
endocrinologista e nutricionista.
A endocrinologista comenta que
alguns hábitos devem ser colocados em prática na tentativa de controlar
este problema alimentar. Uma modificação no estilo de vida, com
utilização de medidas comportamentais, é a melhor maneira de manter o
equilíbrio da saúde física e mental. "Tentar consumir uma maior
variedade de alimentos nutritivos, fazer pequenas refeições a cada três
horas, mastigar bem os alimentos, ter uma boa ingestão de água, praticar
atividades físicas
regularmente e, principalmente, evitar suprimir e ingerir grandes
quantidades de alimentos hipercalóricos são essenciais para uma mudança
saudável de comportamento", analisa.
Existem, ainda, os casos em
que a utilização de remédios é a melhor forma de controlar o impulso
pela comida. Neste mecanismo, são utilizados os sacietogênicos e os
anorexígenos. De acordo com Maria, ainda pode ser complementado com um
antidepressivo, quando a pessoa está apresentando este quadro e procura o
alimento como forma de saciedade.
A endocrinologista afirma que mudar a forma de se alimentar não é
tarefa fácil, pois todo o comportamento alimentar envolve questões
físicas e emocionais difíceis de serem alteradas e que são as principais
responsáveis pelo fracasso das dietas.
"O
tratamento, nesses casos, deve ser multiprofissional, envolvendo
médicos, psicólogos e nutricionistas, no qual o indivíduo, para
emagrecer e permanecer magro, deve mudar o comportamento alimentar,
reeducando os seus hábitos, identificando e desvinculando a
ansiedade do comportamento alimentar", finaliza.
Por Carolina Pain (MBPress)
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