O papel dos hormônios leptina e grelina na gênese da obesidadeAutoras do artigo: Carla Eduarda Machado ROMERO, e Angelina ZANESCO Estudos populacionais têm demonstrado que o excesso de tecido adiposo, principalmente na região abdominal, está intimamente relacionado ao risco de desenvolvimento de doença arterial coronária, hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e dislipidemias. A maior parte dessas doenças está relacionada à ação do tecido adiposo como órgão endócrino, uma vez que os adipócitos sintetizam diversas substâncias como adiponectina, glicocorticóides, TNFa, hormônios sexuais, interleucina - 6 (IL- 6) e leptina, que atuam no metabolismo e controle de diversos sistemas. LEPTINA A leptina é uma proteína produzida principalmente no tecido adiposo. Seu pico de liberação ocorre durante a noite e às primeiras horas da manhã. É responsável pelo controle da ingestão alimentar, atuando em células neuronais do hipotálamo no sistema nervoso central. Sua ação promove a redução da ingestão alimentar e o aumento do gasto energético, além de regular a função neuroendócrina e o metabolismo da glicose e de gorduras. Existem dois tipos de receptores para a leptina, o ObRb, com maior expressão no hipotálamo, e ObRa, encontrados em outros órgãos como o pâncreas nas células alfa e gama das ilhotas de Langerhans. A leptina reduz o apetite a partir da inibição da formação de neuropeptídeos relacionados ao apetite, como o neuropeptídeo Y, e também do aumento da expressão de neuropeptídeos anorexígenos (hormônio estimulante de α-melanócito (α-MSH), hormônio liberador de corticotropina (CRH) e substâncias sintetizadas em resposta à anfetamina e cocaína. A hiperleptinemia, encontrada em pessoas obesas, é atribuída a alterações no receptor de leptina ou a uma deficiência em seu sistema de transporte na barreira hemato-cefálica, fenômeno denominado resistência à leptina semelhante ao que ocorre no diabetes mellitus. Friedman & Hallaas verificaram que, em quatro semanas de administração exógena de leptina, tanto em indivíduos eutróficos quanto obesos apresentaram perda significante de peso. Entretanto, essa redução só foi verificada quando os indivíduos não apresentavam hiperleptinemia, pois a administração de leptina em obesos com hiperleptinemia não provocou qualquer alteração no peso corporal destes indivíduos. A leptina, além de seu importante papel no metabolismo, controla o sistema hematopoiético, o sistema imune, o sistema reprodutor e o sistema cardiovascular. GRELINA A grelina é um hormônio produzido no estômago. É um potente estimulador da liberação de GH, nas células somatotróficas da hipófise e do hipotálamo sendo o ligante endógeno para o receptor secretagogo de GH (GHS-R). Além de sua ação como liberador de GH, a grelina possui outras importantes atividades, incluindo estimulação da secreção lactotrófica e corticotrófica, atividade orexígena acoplada ao controle do gasto energético; controle da secreção ácida e da motilidade gástrica, influência sobre a função endócrina pancreática e metabolismo da glicose e ainda ações cardiovasculares e efeitos antiproliferativos em células neoplásicas. Recentes estudos com roedores sugerem que a grelina, administrada perifericamente ou centralmente, independentemente do GH, diminui a oxidação das gorduras e aumenta a ingestão alimentar e a adiposidade. Assim, esse hormônio parece estar envolvido no estímulo para iniciar uma refeição. Sabe-se ainda que os níveis de grelina são influenciados por mudanças agudas e crônicas no estado nutricional, encontrando-se elevados em estado de anorexia nervosa e reduzidos na obesidade. A grelina está diretamente envolvida na regulação a curto prazo do balanço energético. Níveis circulantes de grelina encontram-se aumentados durante jejum prolongado e em estados de hipoglicemia, e têm sua concentração diminuída após a refeição ou administração intravenosa de glicose. Achados sugerem que a contribuição da grelina na regulação pós-prandial da alimentação pode diferir dependendo do macronutriente ingerido. Sua concentração plasmática é diminuída após refeições ricas em carboidratos,e aumentada após refeições ricas em proteína animal e lipídeos, associados ao pequeno aumento da insulina plasmática. Os recentes achados, envolvendo a descoberta da leptina e grelina, abrem novos campos de estudo para o controle da obesidade, principalmente nas áreas de nutrição e metabolismo. Data: 06/05/2011 Autor(a): Rita de Cássia Borges de Castro Fotógrafo: Camila G. Marques http://www.nutritotal.com.br/notas/?acao=bu&id=500 Pesquisadores europeus publicaram na revista The Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism um estudo que concluiu que mulheres obesas com altos níveis de leptina e baixos de grelina são mais resistentes à perda de massa gorda no início do tratamento dietético. O objetivo do estudo foi investigar o valor preditivo dos níveis da leptina e grelina na perda de peso e de massa gorda após 12 semanas de intervenção com dieta de baixa caloria em mulheres obesas. Os pesquisadores avaliaram 78 mulheres obesas com idade média de 36,7 ± 7 anos e não diabéticas. As participantes foram submetidas a um programa de perda de peso durante 12 semanas. A redução do peso corporal (0,5-1 kg por semana) foi induzida por uma dieta com redução de 600 kcal das necessidades energéticas, seguindo a seguinte distribuição: 55% de carboidratos, 30% lipídeos e 15% de proteínas. As participantes foram avaliadas antes e após a intervenção dietética com relação a composição de massa gorda por absortometria de raio-x de dupla energia, gasto energético de repouso (GER) por calorimetria indireta e níveis de leptina e grelina. Os altos níveis de leptina foram correlacionados com menor GER antes (p < 0,008) e após a intervenção dietética (p < 0,001). Similarmente, altos níveis da razão leptina/grelina foram fortemente associados com menor GER tanto no início quanto no final da dieta (p < 0,001). Os níveis iniciais mais elevados de leptina e menores níveis iniciais de grelina predizeram menor perda de peso corporal e de massa gorda depois de 12 semanas de intervenção dietética. "A homogeneidade da amostra estudada e a intervenção bem controlada são os pontos fortes do nosso estudo. No entanto, precisamos ser muito cautelosos antes de extrapolar as nossas conclusões para outras populações e na replicação de nossos achados", explicam os autores. "Nossos resultados sugerem que as mulheres obesas, com altos níveis de leptina e baixos de grelina podem ser mais resistentes à perda de peso induzida por uma dieta de restrição calórica. A razão leptina/grelina pode ser proposta como um biomarcador para predizer adaptações metabólicas durante o tratamento dietético e, se confirmados em estudos futuros, como um preditor de sucesso ou fracasso do tratamento", concluem. Referência(s) Labayen I, Ortega FB, Ruiz JR, Lasa A, Simón E, Margareto J. Role of Baseline Leptin and Ghrelin Levels on Body Weight and Fat Mass Changes after an Energy-Restricted Diet Intervention in Obese Women: Effects on Energy Metabolism. J Clin Endocrinol Metab. 2011 Apr 6. [Epub ahead of print]. |
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:
Mens sana in corpore sano ("uma mente sã num corpo são") é uma famosa citação latina, derivada da Sátira X do poeta romano Juvenal.
No contexto, a frase é parte da resposta do autor à questão sobre o que as pessoas deveriam desejar na vida (tradução livre):
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A conotação satírica da frase, no sentido de que seria bom ter também uma mente sã num corpo são, é uma interpretação mais recente daquilo que Juvenal pretendeu exprimir. A intenção original do autor foi lembrar àqueles dentre os cidadãos romanos que faziam orações tolas que tudo que se deveria pedir numa oração era saúde física e espiritual. Com o tempo, a frase passou a ter uma gama de sentidos. Pode ser entendida como uma afirmação de que somente um corpo são pode produzir ou sustentar uma mente sã. Seu uso mais generalizado expressa o conceito de um equilíbrio saudável no modo de vida de uma pessoa.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mens_sana_in_corpore_sano
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