OBESIDADE SE TRATA NA ESCOLA
A Revista Alto Astral deste mês é especial sobre o tratamento da obesidadeNa página 8, abaixo vc vê que
sou uma das especialistas entrevistada copie a imagem e arraste para sua área de trabalho ou, por mail, me solicite-a em PDF
Abaixo está o texto completo da entrevista:
Como se configura a obesidade em crianças? Existe um conjunto de sintomas?
Todos os(as) médicos pediatras, nutricionistas e enfermeiras(os)
acompanham a evolução do estado nutricional dos pequeninos e orientam os
pais, à partir das curvas de crescimento do peso e da estatura e de
alguns cálculos e adequações com estes números. O mais correto mesmo é
ir à consulta médica regularmente e perguntar à respeito do estado
nutricional da criança. O melhor de tudo é ir ao medico para o check up,
para prevenção, não apenas quando o problema já estiver instalado. Esta
questão é tão séria que no Brasil, em 1939, os professores de Educação
Física foram autorizados por Lei à pesar e medir os escolares para
este fim (na época a questão era previnir a desnutrição). Porém, as
coisas foram mudando e esta práica se perdeu. Neste sentido a USP
apoiou o desenvolvimento da pesquisa-ação AENE, onde os professores de
todos os componentes curriculares de ensino, aprender a avaliar o
estado nutricional dos escolares porque, em geral, quem procura o
sistema de saúde já está doente. Então, avaliar o estado nutricional na
instituição de ensino tem sido uma eficiente maneira de identificar as
crianças e adultos que precisam de uma atenção mais específica e
encaminhar para atendimento clínico. Estas informação estão disponíveis
em www.aenebrasil.com.br, participe e ajude a diminuir e prevenir a
obesidade infantil. Prevenir é o principal, sempre!
A partir de que momento é preciso se preocupar? À
partir da orientação destes profissionais de saúde! Não desconsidere,
em hipótese alguma, esta indicação! Mesmo que acredite ser “biotipo da
família”. A obesidade é uma alteração do estado de nutrição que pode
trazer conseqüências danosas, é fundamental evitá-la. Se o(a) medico(a)
orientou a necessidade de emagrecer, por favor, mobilize-se porque
deixar para depois só dificultará o processo!
Quais as consequências da obesidade para uma criança?
As principais conseqüências, que são sempre negativas, são idênticas às dos adultos, mas duas questões são primordiais:
- a
primeira é que 85% das crianças obesas se tornarão adultos obesos, isso
significa dizer que é imprescindível tanto prevenir quanto tratar da
obesidade infantil;
- a
segunda é que, mantendo-se longo tempo na condição de obesidade as
alterações ortopédicas passarão à ser estruturais, ou seja, o tecido
ósseo ficará deformado pois irá crescer “torto”, em função do excesso de
peso causado pelo acúmulo de gordura corporal;
O excesso de peso pode interferir no processo de crescimento?
Sim,
pois ele acelera o crescimento. Observe que as crianças obesas são
sempre mais altas do que seus coleguinhas na mesma faixa etária.
Posteriormente, com o passar da idade, eles até se igualam e, inclusive,
seus colegas podem vir à serem maiores.
É possível falar sobre as consequências psicológicas?
Para
falar do aspecto psicológico, ou emocional, é preciso, primeiro,
estabelecer que todos nós (eu você e o(a) leitor(a), inclusive), temos
nossas dificuldades nesta área em função da nossa capacidade para
enfrentar os problemas que experienciamos na infância. As pessoas
obesas, e mesmo as crianças obesas, NÃO TEM MAIS PROBLEMAS PSICOLÖGICOS
do que as pessoas ou crianças não obesas. Temos, todos, problemas
psicológicos, em diferentes graus. Porém, hoje a discriminação com
as pessoas obesas chegou à tal nível que eles estão apresentado, de
forma geral, menor prazer para as atividades sociais, por exemplo. Estão
mais caseiros, mais isolados. Mas se você observar atentamente o mesmo
acontece com os super dotados ou com aquelas crianças que gostam de
estudar, aprender, conhecer. Pois, como saem da média, passam a ser
motivo de chacota e, obviamente, preferem exporem-se o mínimo possível. É
uma questão de aceitar o que é diferente, fora do padrão. Com a
globalização mais e mais busca-se um estereótipo (inatingível). No meu
consultório costumo enaltecer as qualidades das crianças (ou
adolescentes) obesas que atendo. Busco estimulá-los à perceberem-se
perfeitos (pois são!), inteligentes, bonitos e competentes, de tal forma
que entendam a obesidade deles como um diferencial. Condição que em
nada os impede para as demais questões da vida que têm e que podem
desfrutar. Certamente que, embora ótimos, os estimulo a manterem-se no
propósito de tratar (diminuir) a obesidade deles. Ser obeso(a) não é
sinônimo de imperfeição, muito menos de burrice, incompetência ou falta
de beleza. Felizmente hoje também temos diversos ícones que são,
inclusive, modelos à serem seguidos, independentemente de serem obesos(as).
1 - Existe predisposição genética para obesidade?
Menos de 3% dos casos mundiais de obesidade tem causa endógena, quer
dizer, que originaram-se de questões genéticas, metabólicas ou
endócrinas. Estas pessoas precisam tomar medicamento para o resto da
vida delas e, não necessariamente, emagrecerão. Afinal, o remédio é para
corrigir o dito “defeito endógeno”, não para emagrecer. Isto posto,
fica evidente que mais de 97% dos casos mundiais de obesidade têm causa
exógena, ou seja, desenvolveu-se por sedentarismo, alimentação
inadequada, aspectos emocionais ou culturais. Por estes motivos,
inclusive, é que se diz que a obesidade é multifatorial, ou seja, não
tem causa única. Aliás, mudar comportamento é a principal e mais
eficiente forma de tratamento.
Biotipos
devem ser respeitados, por exemplo, pessoas com tendência a serem
“miúdas” e outras com tendência a serem robustas (mas não obesas)?
Sim. Cada um de nós temos nossas particularidades genéticas. Agora
observe que em ambos os exemplos você explica que eles não são obesos,
justamente porque NÃO existe tendência para engordar. Existem sim
comportamentos que potencializam o desenvolvimento da obesidade
(infantil ou adulta).
2 - Qual a dificuldade de se reverter a obesidade em crianças e
adolescentes? Se possível, explicar por fase.
O que os experts no assunto mostram, em nível internacional, com os estudos deles, são três aspectos específicamente:
a) quanto
mais tempo o ser humano (em qq idade), permanecer na condição de
obesidade (por exemplo: 2 anos, 5 anos ou 10 anos), mais difícil será
emagrecer exatamente porque o comportamento ficou mais internalizado;
b) quanto
mais precocemente se instalar a condição de obesidade, ou seja, qto
mais cedo começou, pior será “sair”, mudar, reverter o quadro, pelo
mesmo motivo acima;
c) quanto
mais grave a condição de obesidade, quer dizer, a obesidade evolui do
grau 1 para o 2, depois para o 3 e para o alto risco porque em cada um
deles a proporção de gordura corporal aumentou significativamente.
Assim, quanto maior o grau de obesidade, mais difícil será reverter o
quadro, embora não seja impossível. Observe que é SEMPRE POSSÏVEL!
Porém, será a dificuldade aumenta na mesma proporção que aumenta o grau
de obesidade.
3 - Crianças podem ser tratadas com remédios? Não. Todos
os especialistas internacionais e nacionais, respeitáveis, esclarecem
os efeitos deletérios dos medicamentos de emagrecimento para crianças e
adolescentes. O fundamental é mudar o comportamento.
4 -Qual a influência dos pais nos quadros de obesidade infantil?
Um assunto delicadíssimo é este dos pais pois nem sempre são eles os
vilões da história! Nós, quando somos bebês (novamente quero incluir
nesta fala eu, você e o(a) leitor(a), tornamos-nos
especialistas em identificar como manipular nossos pais (em especial
nossa mãe), pois quisemos, à qualquer preço, conquistar a atenção dela
só pra nós!! Então, há crianças que são verdadeiros tiranos em miniatura
e precisam ser identificados pois, do contrário, os pais irão morrer de
culpa!! Exageros à parte, no geral, os pais precisam de ajuda pois o
alimento pode estar sendo utilizado como um símbolo paraa significar
afeto e cada caso é único. É impossível generalizar. Cada família tem
uma história. Certamente os pais são exemplos que os filhos seguirão e
não adiantar negar ou dizer: “mas eu sou grande... “pois as crianças não aprendem ouvindo, elas preferem “copiar” comportamentos, sem pestanejar.
5 - Como ensinar uma criança a se alimentar adequadamente?
Dando
o exemplo. É como ler. Dizer, apenas, que “ler é bom” não conquista os
filhos(as), não convence. É preciso dar o exemplo, lendo. Então, coma
alimentos saudáveis por opção, por prazer, não por obrigação e muito
menos para emagrecer. Isso, sozinho, não resolve. Aqui no Instituto
Perfil Esportivo temos um programa para pais de crianças e adolescentes
obesos e para professores porque, a escola pode ser uma grande aliada
tanto na prevenção quanto no tratamento da obesidade se não proibir as
cantinas. Afinal, o livre arbítrio deve prevalecer e os jovens precisam
aprender a escolher. É isso que ensinamos aqui: autonomia e
independência para “construir o corpo que se quer”. Mais informações
estão disponíveis em www.perfilesportivo. com.br.
(aproveito para destacar que os créditos saíram em nome da UNIFESP,
como se o NEOBE fosse de lá e como se eu ainda fosse
coordenadora...triste, muito triste).
Na página 10 eles explicam como usar o IMC e eles mesmos criticam
POR FAVOR, OBSERVE QUE NO AENE NÃÃÃOO USAMOS O IMC!!!! NÓS AVALIAMOS O ESTADO NUTRICIONAL!!
Agora, a palavra combate é bélica! Não use..
Se emagrecer fosse fácil não seria um problema mundial...
As
pessoas obesas precisam ser tratadas com dignidade, ética e respeito!
Em especial as crianças! Aqui, na Perfil Esportivo, especial quer dizer:
com carinho e proteção!
Professor(a)!! Conto com vc para amenizarmos a dor de quem precisa emagrecer!
Agradeço à profa. Miriam Assis por mais esta indicação.
Somos mesmo uma rede de pessoas interessadas no bem do ser humano, sim?
Eu fico muito triste com a agressividade velada, e vc?
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