Este é o sonho dourado de todo mundo que está acima do peso:
passar o dia inteiro comendo e, mesmo assim, ver o ponteiro da balança
baixar. Os que defendem a tese argumentam que, comendo de 3 em 3 horas,
você chega à mesa com menos fome, ingere porções menores, mastiga mais
devagar e ainda acelera o metabolismo - o que aumentaria a queima
calórica, levando ao emagrecimento. Sim, fracionar a alimentação pode
ajudar você a diminuir a quantidade de comida em seu prato. Mas não
garante um metabolismo turbinado.
Até porque não existe uma única forma
de torná-lo menos ou mais acelerado. São vários fatores envolvidos, que
devem ser considerados individualmente. "Peso, idade, sexo e atividade
física contam muito na regulação do metabolismo", diz o endocrinologista
e nutrólogo João César Castro Soares, da Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp).
Ele não está sozinho. Segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS), faltam estudos que comprovem que comer de 3 em 3
horas contribua para a manutenção da boa forma. Pelo contrário: é
preciso considerar que existe um grande risco de você perder o controle
nas refeições intermediárias - ou seja, enfiar o pé na jaca. Pouco vai
adiantar fracionar a dieta se você confundir lanches com guloseimas - o
que acontece na maioria dos casos.
"Salgadinhos, bolachas recheadas,
bolos, chocolates definitivamente não são boas opções. Se seu objetivo é
emagrecer, não se engane: essas beliscadinhas não são inocentes", diz
Soares. Opções leves e saudáveis - como frutas, gelatina sem açúcar,
barras de cereal (sem exagero), iogurte desnatado ou sanduíche de pão
integral com queijo branco - sustentam e ajudam a manter seu nível de
glicose estável, acalmando a gula. Não consegue resistir às tentações do
açúcar? O endócrino dá a dica: eleja o "dia do doce" e libere geral. "O
problema não é comer docinhos de vez em quando, e sim abusar todos os
dias. A sacarose do açúcar comum faz o pâncreas liberar muita insulina,
dificultando a queima de gordura."
É claro que encher o prato no
café da manhã, almoço e jantar também não é a saída. "A recomendação é
comer menos, com mais qualidade e de maneira tranquila. Isso porque o
cérebro demora pelo menos 15 minutos para liberar substâncias que agem
sobre o centro da saciedade. Portanto, pegue leve e coma devagar",
aconselha o especialista da Unifesp. Além do cardápio saudável, é
recomendável se dedicar à prática de uma atividade física regularmente -
essa, sim, capaz de ajudar o metabolismo a manter o ritmo mais
acelerado.
Quem faz refeições de 3 em 3 horas corre o risco de perder o controle e confundir lanches com guloseimas.
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