Fábio, em 2009, com 32 anos
(Foto: Arquivo Pessoal)
"Olá, meu nome é Fábio Barlem Hohmann, tenho 35 anos e sou médico
em Porto Alegre (RS). Mas, quem sou eu? Sou um ex-obeso que até os 20
anos pesou em torno de 90kg e chegou aos 166kg com 32 anos, o que - com
meus 1,81m de altura- resultava em um IMC de 50,7. Ou seja, eu era um
obeso mórbido.
Nessa época tudo era difícil, tinha dores articulares e falta de ar
para subir escadas, dificuldade para amarrar os sapatos, não encontrava
as "roupas da moda" no meu tamanho e, o mais grave, me sentia menos
capaz que as outras pessoas para as atividades diárias, um verdadeiro
absurdo.
Ir a uma loja e não encontrar algo do seu número é humilhante"
Fábio Hohmann
Me sentia muito mal com toda essa "carga extra". Tinha medo que
acontecesse algo grave com minha saúde pois, apesar de ser relativamente
jovem, tinha um fator de risco grave para um AVC ou infarto cardíaco.
Também tinha a questão da auto-estima, pois uma das coisas mais
humilhantes para o obeso é chegar em uma loja de roupas e escutar que
não há seu número - isso chateia muito. Minha família se preocupava
diariamente com minha saúde, eu tentava dietas milagrosas, mas não tinha
êxito.
No início de 2009, minha mãe me telefona e diz que minha irmã
Clarissa havia marcado uma consulta para mim com o grupo de tratamento
de obesidade do Dr. Cláudio Mottin na PUC-RS. Fui na consulta e fui
atendido pelo Dr. Alexandre Padoin. Disse a ele que tinha a intenção de
colocar um balão intra-gástrico, que é posto por endoscopia.
Ele me
disse na hora que meu caso tinha indicação de cirúrgia bariátrica. Saí
de lá e falei a minha mãe que não faria a cirurgia de forma alguma. No
entanto, fui amadurecendo a ideia, pesquisando na internet sobre o
procedimento, pensando em como era bom na época em que era magro... E
também tinha uma torcida muito forte por mim vindo dos meus pais (Pedro e
Regina), minhas irmãs Cíntia e Clarissa e por um amigo que considero
como irmão, também médico, Ricardo Sudbrack.
O Ricardo também foi conversando comigo sobre o procedimento, quase
como que um terapeuta e, aos poucos, fui cedendo. Até que um dia liguei
para minha família e disse que faria a cirurgia. Voltei a procurar o a
equipe do Dr. Cláudio Mottin no Centro da Obesidade e Síndrome
Metabólica na PUC-RS de Porto Alegre e disse que agora queria fazer a
cirurgia.
Fiz todos os exames e entrevistas do protocolo. Minha cirurgia foi
marcada para 6 de abril de 2009 e fui internado na véspera. Juro que
acordei umas três vezes durante a noite e pensei em fugir do hospital.
Estava com medo da cirurgia, não da restrição alimentar ou da possível
dor que teria, tinha medo era de morrer. No entanto, a cirurgia foi
tranquila, "lisinha", como se diz no meio médico. À tarde, já estava no
quarto caminhando. Dois dias depois, já estava em casa.
Agora era o período de queimar gordura, malhar e comer coisas
saudáveis. Fiz natação minha vida inteira. Voltei a nadar, mas com a
correria do dia a dia estava difícil conciliar o horário da natação com o
trabalho e não tinha a regularidade que desejava. Em dezembro de 2011,
comecei a namorar a Caroline (ou Carol), ela corre com regularidade e me
colocou nesse esporte.
No início, corria 10 minutos e já tinha que parar, ficava com falta
de ar, mas fui com calma, fazendo musculação e esteira. Aos poucos, fui
melhorando meu preparo físico. Entrei então em um grupo de corrida do
local onde trabalho para ter um treino especializado.
Hoje meu peso é, novamente, em torno de 90kg. Corro provas de rua
e, até a metade do ano que vem, quero estar correndo meia maratona.
Fábio planeja correr uma meia em 2013
(Foto: Arquivo Pessoal)
Me sinto realizado, voltou a vontade e alegria de viver, voltou a
auto-estima. Sugiro a cirurgia bariátrica para qualquer pessoa que tenha
indicação, desde que seja com uma equipe organizada e com experiência.
Digo sempre que esse procedimento foi a melhor coisa que fiz na vida e
faria tudo novamente.
Ah, uma dúvida que todo obeso tem: não, não como mini porções de
comida, como um prato de uma pessoa que nunca fez a cirurgia. E sim,
também como pizza, churrasco e qualquer outra comida que tenho vontade.
Enfim, não tenho restrições. E não, não tenho dores e nem fico
vomitando. Aos obesos com indicação de cirurgia, façam-na que é
satisfação garantida. Viver é show!
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