"Meu nome é Paulo Malanga, tenho 43 anos, sou médico pediatra,
casado, tenho três filhos e moro em Eldorado do Sul (RS). Já nasci
pesadão, com mais de 5kg. Me mantive acima do peso por grande parte da
minha vida. Com 16 anos, pesava cerca de 110kg. Na época, realizei
vários tratamentos buscando perder peso, sem sucesso.
Paulo, após a primeira operação
Nessa idade, comecei a cursar Medicina e isso me trouxe
conhecimento sobre minha doença. Odiava quando as pessoas me achavam
burro ou ignorante ao ver um médico obeso. Sabia o que fazer, como agir,
mas a obesidade é uma doença, um vício. Sofria com a hipertensão
(passei a tomar remédios aos 18 anos), tinha um problema no quadril que
me dificultava até o sono e dormia pouco por conta da dor. O trabalho
diário era prejudicado, e esporte, nem pensar, era lesão certa.
Em 2000, resolvi fazer uma operação quando pesava 160kg,
distribuídos em 1,91m de altura. Obesidade mórbida. Na época, os
procedimento cirúrgicos para controle da obesidade estavam engatinhando,
e eu resolvi realizar um procedimento por videolaparoscopia para
colocação de uma banda gástrica.
Deu tudo errado, houve uma perfuração
de esôfago tive que remover a banda gástrica logo depois, fiquei na UTI
por vários dias, com infecção generalizada, pneumonia por germe
multi-resistente, insuficiência renal, embolia pulmonar, entre outras
complicações.
Não morri porque Deus não quis. Minha mulher estava
grávida de 8 meses do nosso segundo filho, e eu não sabia naquele
momento se iria conhecê-lo. Sobrevivi.
Como fiquei quase um ano sem trabalhar, tive que vender tudo que
tinha para manter minha família. Depois do caos, encarei a vida mais
positivamente, mas o peso continuava a me atrapalhar. Com todos
problemas de saúde por conta da obesidade, não pensava em fazer outra
operação. Me resignei. Pensava que já havia gasto a minha chance.
Meus filhos cresciam e eu morria a cada dia"
Paulo Malanga
Estava cansado de sentir dor e não conseguir dormir direito. Meus
filhos crescendo e eu morrendo dia a dia. Não havia mais o que fazer a
não esperar o inevitável, um infarto ou um edema agudo....
Conheci um grande amigo, também médico e também obeso mórbido
(Fábio), que me fez perceber que ainda tinha chance. Ele fez a cirurgia e
deu certo. Pensei que comigo poderia ser igual, podia dar certo. Por
que não tentar novamente?
Muitas pessoas me deram força nesta mudança, mas sem dúvida minha
família teve papel decisivo nesta tragetória vitoriosa. Meus pais,
irmãos e amigos foram decisivos. Minha esposa, Fabiani, que me
estimulava dia a dia a cuidar de mim com todo carinho do mundo. Meus
filhos lindos. Deus esteve sempre comigo, em todos os momentos.
Procurei uma equipe médica do Centro de Obesidade mórbida da PUC-RS
que me abraçou, me acolheu. O Dr. Cláudio Motimm me mostrou que havia
muitas pessoas que se encontravam em situação parecida. Então, após uma
longa etapa de preparação pré operatória realizei a cirurgia de redução
de estômago.
Pesava antes da cirurgia 160 quilos (IMC 44). Um ano e 10 meses
depois estou com 89kg (IMC 24). Não tenho mais hipertensão e meu quadril
não dói mais. Resgatei o prazer de dormir.
Viver, me manter vivo era meu grande desafio. Foi e é uma luta
seguir, mas não desisti, mesmo sendo chamado de louco por querer fazer a
operação de novo. Pensei em mim, queria ser feliz. Me lembro que
durante todo a minha vida sempre sonhei que corria e era uma sensação
muito boa. Hoje, não sonho mais, eu corro. Troquei aquele vicio pelo
amido e pelo açúcar pelo vicio em correr.
Com 89kg, Paulo completa mais uma prova
(Foto: Arquivo Pessoal)
Comecei a fazer caminhadas antes da cirurgia, como preparação.
Frequentava academia só para caminhar. Depois da cirurgia continuei
caminhando e fazendo musculação. Comecei a correr gradativamente três
meses após a cirurgia. Não conseguia caminhar uma quadra sem ficar com
falta de ar pela obesidade e pelas sequelas respiratórias da embolia
pulmonar que sofri no meu calvário.
Hoje, consigo correr 5, 10, 15km e
estou me preparando para enfrentar uma meia maratona até o final do ano
que vem, afinal, não tenho muita pressa.
Gostaria de deixar um conselho a quem possa interessar: a cirurgia
da obesidade é uma ferramenta a ser usada para quem precisa, mas a
prática diária de exercícios físicos me trouxe a estabilidade que tanto
busquei. Hoje sou mais feliz. Fé na mudança e nunca perca as esperanças.
Tudo pode ser mudado, basta dar o primeiro passo, rumo à primeira
corrida".
Que história mais linda esta ... Ele mudou totalmente, É OUTRA PESSOA !
ResponderExcluirÉ, muito bacana mesmo!!!
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