por Renata Galdino
2002
Dentre o número de pessoas obesas no Brasil, 60% são provenientes de problemas emocionais. A especialista afirma que a ansiedade faz com que a pessoa coma muito, sendo que o ideal é que ela procure fazer algum tipo de atividade física. Se estiver ansiosa por muito tempo, o organismo vai procurar aliviar toda a tensão. A sua resposta é dizer que quer ser alimentado, diz. Ao comer, o corpo relaxa e causa a sensação de prazer e bem-estar.
Olga Inês diz que o alimento possui um forte componente emocional desde a infância. De acordo com a especialista, um bebê, ao chorar porque não consegue abrir os olhos diante de uma luz forte, é acalmado pela mãe com uma deliciosa mamadeira. Ela acha que o filho está chorando por sentir fome. Ao ser amamentado, o bebê fica prostrado e com uma sensação física muito agradável pela ingestão exagerada de alimento e passa a associar que, quando está incomodado com algo, é só comer que o problema desaparece. Essa relação dor/comida é incorporado pela vida afora, toda vez que se sentir incomodado com algo, afirma.
No entanto, os problemas não são solucionados. Somente ficam, por alguns instantes, em segundo plano. Ao voltarem a incomodar, será de forma mais intensa. Esse círculo vicioso não tem fim porque o conflito não é resolvido, apenas sufocado, observa Olga Inês. A estudante Renata Araújo é um exemplo. Ela diz que recorre ao chocolate sempre que está angustiada ou ansiosa com alguma coisa. Ao comer um pedaço, já me sinto aliviada, garante, mas lembra que os problemas permanecem.
Outro fator que leva à ingestão exagerada de alimentos é a falta de prazeres e de coisas boas acontecendo na vida, conforme complementa Olga Inês. A pessoa que não tem uma fonte de prazer, encontra na comida todo a sensação de bem estar necessária para a sua sobrevivência, ressalta. Ela acrescenta que não há idade para que a obesidade ocorra. Tanto adolescentes como adultos, homens e mulheres apresentam os sintomas de ansiedade e depressão que fazem com que a pessoa engorde.
Nos jovens e adolescentes, em geral, a dor da perda do namorado vai fazer que o corpo adquira mais peso, principalmente porque o chocolate fará parte de sua alimentação, explica. Além disso, segundo a psicoterapeuta, o doce, bastante requisitado por eles, contém uma substância euforizante e que o seu consumo excessivo causa as gordurinhas extras.
Parar de comer não é solução para a obesidade causada por problemas emocionais. A psicoterapeuta Olga Inês recomenda a procura por especialistas, como psicólogos e nutricionistas, para que haja uma investigação a fundo dos fatores que têm causado a obesidade. Acreditar que fazer uma dieta é a saída pode ser um pensamento equivocado, afirma. É preciso que o profissional faça um histórico para descobrir o que está incomodando. Além disso, é necessário que aprenda a lidar com os conflitos da forma adequada.
Por que há gordos e magros?
Quais são as causas da obesidade?
2% da população de obesos tem problemas glandulares, 8% possuem distúrbios do pâncreas, 30% tem hábitos alimentares errados e cerca de 60% são obesos devido a conflitos emocionais.
Os primeiros 10% da população de obesos deve ser tratada por um médico endocrinologista já que, devido aos distúrbios orgânicos, a pessoa sempre voltará a engordar enquanto não corrigir o problema.
Vamos falar dos 90% restantes, começando pelos 30% que são gordos por hábitos alimentares errados.
O hábito é a segunda natureza do homem!
Infelizmente, ninguém nos ensina a comer!
Aprendemos a comer por tentativa e erro: esta comida é gostosa, aquela é horrível e assim por diante. Seguimos os hábitos alimentares de nossos pais( nem sempre corretos).
Além disso, por desconhecermos as necessidades do nosso corpo (em termos de nutrientes), comemos de forma desequilibrada e irregular, gerando uma ansiedade do próprio corpo em querer que você forneça a ele os nutrientes adequados, provocando aquela "gula" insaciável: você come sem parar e nunca se sente saciado uma vez que , com certeza, não forneceu o alimento certo para o seu organismo (e o corpo "ordena" que você continue comendo na expectativa de que você vá fornecer o que ele está necessitando!).
Exemplo: seu corpo está carente de vitaminas e sais minerais e provoca a "gula": ao invés de você comer frutas ou uma salada, ingere bolachas, salgadinhos ou doces( alimentos ricos em carbohidratos ) e a "gula" persiste porque você não ingeriu os nutrientes exigidos.
Você é de origem italiana ou judia?
Se for, sabe muito bem que as "mamas" só ficam felizes se comermos muito! E que nestas famílias come-se o tempo todo e que tudo é motivo para se comer! E o cardápio é constituído por alimentos altamente calóricos e engordativos!
Na nossa sociedade, comemora-se tudo com comida! Encontros, casamentos, aniversários, visitas, cinema, passeios, em todas as situações o alimento está presente de forma marcante! Quem nunca ouviu alguém dizer: "hoje eu vou a uma festa, vou fazer jejum o dia todo para comer na festa tudo o que eu tenho direito e até um pouco mais?" Ou ainda: "eu vou ao Shopping só para comer naquele fast food!"
Temos hábitos alimentares da época em que vivíamos do trabalho no campo, onde era necessária a ingestão de grande quantidade de alimentos altamente calóricos para que pudéssemos ter energia suficiente para podermos plantar, colher, etc... Hoje em dia, vivemos em cidades onde nosso gasto energético é ínfimo, mas a alimentação continua a mesma... Conseqüência: engordar!
Os conflitos emocionais: 60% dos obesos!
Um exemplo de como o alimento possui um forte componente emocional começa na infância: imagine um bebê no berço que chora porque está incomodado com uma luz forte que o impede de abrir os olhos. A mãe vem correndo com uma mamadeira enorme dizendo que o bebê está chorando porque está com fome (para a mãe qualquer choro do bebê é sinal de fome!). O bebê suga toda a mamadeira, fica prostrado e com uma sensação física muito agradável pela ingestão exagerada de alimento e passa a associar que quando está incomodado com algo é só comer que o problema desaparece! E continua neste comportamento pela vida afora, toda vez que se sentir incomodado com algo...
Outro exemplo: quem é que nunca ouviu da mãe que se comesse tudo seria uma criança boazinha ou que o irmão dela é mais querido pela mãe porque sempre come tudo(com fome ou sem fome)?
Passamos a associar amor e afeto com comida: "se eu comer tudo, a mamãe vai gostar mais de mim"...
Mais um exemplo: uma pessoa que morre de medo de viajar de avião: ingere muitas bebidas alcoólicas ou calmantes, fica bêbado ou sedado e, aparentemente, supera o seu medo (é como se seu conflito houvesse desaparecido!).
Sempre que há algum conflito emocional (ansiedade, tensão, agitação, solidão, tédio, carências, perdas - de namorado, marido, de emprego, etc..., planos que não dão certo, excesso de obrigações, falta de lazer, privações ou outros conflitos), é natural que se busque uma forma de acabar com este conflito - ninguém gosta de ficar sofrendo! Só que a forma que procuramos para acabar com ele nem sempre é satisfatória.
Alguns exemplos: beber, ingerir calmantes, drogar-se, criar manias, brigar, isolar-se, comer! O problema não desaparece, apenas fica em segundo plano, fora da consciência por um certo tempo, retornando com toda força depois, levando a pessoa a buscar novamente o alívio temporário!
Esse círculo vicioso não tem fim porque o conflito não é resolvido, apenas sufocado!
Outro fator que leva à ingestão exagerada de alimentos é a falta de prazeres e de coisas boas acontecendo na vida!
Observe que o gordo é uma pessoa aparentemente feliz, sem problemas, que está sempre rindo e brincando! Na realidade, ele está abarrotado de serotonina, uma substância secretada no organismo pela ingestão maciça de alimentos e que é responsável pela sensação de prazer, alegria e bem estar!
E o gordo fica cada vez mais gordo justamente porque acaba trocando muitos prazeres da vida pelo prazer de comer: porque chama muito a atenção, não vai à praia, clube ou caminha pela rua; não consegue namorar porque ninguém deseja um gordo(é assim que ele pensa e que a mídia enfatiza);priva-se de sair também porque seu excesso de peso é um fardo para carregar, não tem roupas agradáveis e na moda para usar ou os lugares não acomodam bem os gordos( as cadeiras são pequenas e frágeis demais para eles, por exemplo).
E cada prazer que é eliminado de sua vida é substituído por comida: a conseqüência é comer cada vez mais uma quantidade maior de alimentos e engordar cada vez mais!!!
Como se pode verificar, existe uma gama enorme de fatores que provocam a obesidade. Quando se come para abafar um conflito, este não é resolvido e outro conflito aparece: o aumento de peso! E a ansiedade leva à uma ingestão maior de alimentos, provocando um aumento de peso cada vez maior!
Para emagrecer é preciso que se investigue a fundo esse fatores!
E, principalmente, aprender a lidar com os conflitos da forma adequada!
Dra Olga Inês Tessari Autora do livro "Dirija a sua vida sem medo" Escritora - Palestrante - Pesquisadora – Supervisora – Consultora Psicóloga e Psicoterapeuta desde 1984 (CRP06/19571) atuando nas áreas de ansiedade, auto-estima, medos, timidez, pânico, stress, depressão, orientação de pais, problemas específicos da criança, do adolescente, da mulher, do homem, da terceira idade, do casal e da família, mediadora de conflitos dos problemas e dificuldades nos relacionamentos em geral (do casal, de pais com filhos, entre amigos, parentes, vizinhos, colegas de trabalho, etc.), trabalha também em equipe multidisciplinar com os distúrbios da alimentação (compulsão, obesidade, anorexia, bulimia). Atendimento e aconselhamento de adolescentes, adultos, pais, casais, grupos e famílias. Desenvolve e ministra palestras, cursos, palestras e projetos específicos para empresas e grupos em geral. Consultora em temas de Psicologia para a mídia em geralVisite o site: www.ajudaemocional.com |
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