O desafio chamado emagrecer
A necessidade de emagrecer vai muito além de motivos esté ticos. A obesidade predispõe o indivíduo a adquirir uma série de doenças. Em relação ao magro, o obeso está mais propenso a morrer de derrame cerebral (AVC), diabetes, infarto e hipertensão, segundo explica o nutrólogo Ênio Cardillo Vieira, um dos primeiros especialistas de Belo Horizonte nesta área e ex-professor de bioquímica da UFMG, onde atuou por 40 anos.
De acordo com Ênio, que acaba de participar do Con-gresso Mundial sobre Obe-sidade realizado na Suécia, 20% dos cânceres, no mundo, estão associados à alimentação, incluindo o ex-cesso de peso. Portanto, entre as recomendações para se prevenir câncer e outras enfermidades, a redução da gordura corporal está entre as principais.
A obesidade, nos EUA, tornou-se um problema de saúde pública. E no Brasil, também, o número de obesos é crescente. Segundo pesquisas já amplamente divulgadas, essa realidade se deve à grande oferta de alimentos com alto teor calórico e ao sedentarismo motivado pela modernidade (vidro elétrico da janela dos carros, controle remoto, computadores, televisão, etc.). Uma situação preocupante é a obesidade infantil considerando que, conforme estudos científicos publicados, a criança com sobrepeso, na idade pré-escolar, tem 32% de chance de ser tornar um adulto gordo; na fase escolar a chance é de 50%; e na adolescência o percentual sobe para 80%. Por isso é tão importante dar ênfase à prevenção.
Perda de peso saudável
Na luta contra a balança, as pessoas se valem de diversas alternativas que envolvem múltiplas dietas. O ponto comum entre elas é a ingestão de menos alimentos, assim se diminui o armazenamento e excesso de energia. Muitas se baseiam na monotonia dietética, ou seja, a repetição sucessiva do mesmo tipo de alimento, gerando um desestímulo ao paladar, o que faz reduzir as quantidades ingeridas.
Nutrólogo Ênio Cardillo Vieira, um dos
primeiros especialistas de Belo Horizonte
nesta área
“Sugiro que as pessoas não se prendam a contar número de calorias. Não existe alimento que engorde. O que engorda é a quantidade; por isso não prescrevo dieta para nenhum paciente”, esclarece o nutrólogo. Ele instrui as pessoas a adotarem o método cognitivo e comportamental que requer disciplina e força de vontade, a partir do conhecimento de quais hábitos devem ser mudados e mantidos visando à perda de peso.
E para suportar essa redução alimentar, a ingestão deve ser feita devagar para se prolongar o prazer de saborear as comidas, já que o paladar comanda a saciedade. Prova disso é quando estamos num churrasco e mesmo estando fartos de comer muita carne, aceitamos a sobremesa. Isso porque as papilas gustativas estão saturadas da carne e nos faz parar de comê-la.
Mudança de hábitos exige reflexão. Muitas ve-zes, o alimento é usado como suborno e asso ciado a inúmeros estados emocionais, princi palmente os negativos. Por exemplo, quando uma criança se machuca, o adulto costuma lhe dar chocolate ou outra guloseima. Além disso, a alimentação é relegada a segundo plano, como uma satisfação fisiológica. Outro ponto maléfico é a tendência cultural e histórica de se alimentar depressa para não ter que dividir a comida. O homem primitivo já fazia assim e até mesmo os animais, em seu ambiente natural, o fazem desta maneira.
Medidas eficazes para evitar ou combater a obesidade:
Adotar alimentação balanceada, mantendo a variedade. Frutas, verduras e hortaliças podem ser consumidas à vontade, pois possuem baixo teor calórico e são muito nutritivas. Deve-se reduzir a quantidade dos mais calóricos (gorduras, carboidratos, proteínas e bebidas alcoólicas). Entretanto, não é necessário evitá-los por completo.
Fazer atividade física periódica.
Manter o peso equilibrado conforme índice de massa corpórea (IMC), preconizado pela Organização Mundial de Saúde. O valor deve estar entre 18 e 25; para fazer o cálculo, basta dividir o peso (em quilogramas) pela altura ao quadrado (em metros).
A.Q.
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