Endocrinologia | ||||
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Engordamos quando comemos mais do que gastamos. Isso é um fato, incontestável. Mesmo assim, a maioria das pessoas não reconhece como sua a responsabilidade pelo ganho de peso. Há sempre uma justificativa, fora do seu controle, para o curso progressivo da obesidade. O pior é que há uma crença, generalizada, de que esse estado de coisas vem impondo a algumas pessoas a triste sina de uma doença. Trazendo consigo estigma e limitações. Quando observamos a literatura médica, lá estão, novamente, as explicações para o avanço da obesidade, sempre com um foco em industrialização dos alimentos, globalização, stress, carga horária extenuante e estilo de vida. Justificativas que apresentam o obeso como vítima e retiram dele suas chances de mudar sua história. Apesar de bem conhecida a natureza multifatorial da obesidade, ainda se fala em poder aditivo dos alimentos industrializados e de uma força demoníaca que nos faz comer sem parar. Até quando continuaremos culpando forças sobrenaturais e alheias à nossa vontade para justificarem nossas escolhas alimentares? Questiona o Dr David Gratzer, médico do Manhattan Institute. O pessimismo é tamanho, que alguns estudiosos do assunto aconselham os governos a desistirem dos adultos, pois eles não teriam mais salvação e focarem seus esforços nas crianças. Vendo por esse lado, o obeso seria uma grande vítima. Governos, escolas, indústrias de alimentos e agronegócios, supermercados, redes de fast food e até a poluição do ar estariam conspirando contra ele. Como se fosse possível que lhe fosse retirado todo o poder de escolha. Essa cultura de "vitimização" do obeso retira dele a sua responsabilidade pelo quadro de obesidade e ensina-o a pensar que o seu mal seria causado por fatores externos à sua vontade e que alguém deveria dar a ele a solução. De acordo com o IBGE em seu recente Censo, o Brasil, como todos os demais países emergentes, vem liderando o ritmo de crescimento dos índices de sobrepeso e obesidade em todo o mundo. Por aqui, cerca de 50% dos adultos e 30% das crianças e adolescentes encontram-se acima do peso normal. Nos Estados Unidos, as estatísticas dão conta de que o número de obesos tende a dobrar nos próximos 25 anos. O saldo disso tudo é uma conta amarga de se pagar, tanto para os governos, quanto para a sociedade civil, com o alto custo do tratamento das complicações da obesidade. A verdade é que a grande maioria dos casos de obesidade poderia ser prevenida. Os governos não podem se omitir. As escolas devem dar sua contribuição e os subsídios devem premiar os alimentos saudáveis, normalmente mais caros, e taxar, duramente, os alimentos ricos em gordura e açúcar. Além disso, cada um de nós deve fazer sua parte, entendendo que a responsabilidade é primordialmente nossa e que uma escolha alimentar ruim é, quase sempre, fruto de uma opção pessoal. Os entraves ao tratamento da obesidade são mesmo difíceis de serem transpostos. Tratamentos milagrosos, falsos remédios, profissionais inescrupulosos dão sempre a impressão de que não há mesmo saída, pois enchem de ilusão e desilusão o sonho de perder peso. A opção pela estética e não pela saúde agrava ainda mais a perspectiva do obeso em alcançar seus objetivos, principalmente quando ele tem metas impossíveis de serem alcançadas. Sabemos que, ao longo da vida, pequenos ganhos de peso podem causar lesões irreversíveis. Por outro lado, sabemos também que perdas consideradas pequenas, causam grandes benefícios à saúde. Um exemplo disso é a taxa de 60% de prevenção de diabetes entre pessoas susceptíveis, através de programas de mudança de estilo de vida envolvendo pequena perda de peso e atividade física leve. Mesmo que as políticas públicas fossem suficientes e autônomas para impedir a veiculação de propagandas de alimentos engordativos. Mesmo que proibissem o excesso de açúcar e gorduras dos alimentos. Mesmo que fosse obrigatória uma hora de atividade física diária para as pessoas em geral, nada seria eficaz caso as vítimas da obesidade continuassem se omitindo do seu papel principal no combate à obesidade. Assim, enquanto procurarmos um culpado para a obesidade sem incluir o próprio obeso, continuaremos impossibilitados de combater esse mal. E você, como vê suas escolhas? Você sente que elas são influenciadas ou até conduzidas pela mídia, pela correria da vida moderna e pelas redes de "fast food"? Sente-se vítima? Como vê o seu papel na prevenção e tratamento da obesidade? http://www.citen.com.br/endocrinologia/seria-o-obeso-uma-vitima-.aspx |
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:
Mens sana in corpore sano ("uma mente sã num corpo são") é uma famosa citação latina, derivada da Sátira X do poeta romano Juvenal.
No contexto, a frase é parte da resposta do autor à questão sobre o que as pessoas deveriam desejar na vida (tradução livre):
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A conotação satírica da frase, no sentido de que seria bom ter também uma mente sã num corpo são, é uma interpretação mais recente daquilo que Juvenal pretendeu exprimir. A intenção original do autor foi lembrar àqueles dentre os cidadãos romanos que faziam orações tolas que tudo que se deveria pedir numa oração era saúde física e espiritual. Com o tempo, a frase passou a ter uma gama de sentidos. Pode ser entendida como uma afirmação de que somente um corpo são pode produzir ou sustentar uma mente sã. Seu uso mais generalizado expressa o conceito de um equilíbrio saudável no modo de vida de uma pessoa.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mens_sana_in_corpore_sano
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