Para endocrinologista, Brasil está se aproximando dos países de obesos
MARIANA PASTORE - COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Os resultados de uma pesquisa anual realizada pelo Ministério da Saúde em 2009 revelaram que o brasileiro está mais gordo, sedentário e mais sujeito à hipertensão e diabetes. O estudo avaliou cerca de 54 mil adultos moradores das 27 capitais do país.
Segundo a pesquisa, as frequências de peso, obesidade, diagnóstico médico prévio de hipertensão arterial e de diabetes registraram variações temporais significativas.
Para o endocrinologista Amélio Fernando de Godoy Matos, membro da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), o resultado não é uma surpresa, pois a cada pesquisa realizada, o número aumenta. "O Brasil definitivamente está entrando para o time dos países com os maiores índices de obesidade, entre eles os EUA e o Reino Unido", disse ele.
Godoy Matos explicou que não é apenas o brasileiro que está engordando. "É uma tendência mundial, à medida que os países vão se ocidentalizando, eles vão aumentando a proporção de pessoas obesas. O Brasil adquiriu hábitos americanizados", contou.
O endocrinologista ainda explicou um fenômeno que acontece nos países em desenvolvimento, chamado transição nutricional. "Ele não é puramente alimentar. É um fenômeno cultural social, as pessoas vão enriquecendo e passam a comprar itens como televisão e celular, o que aumenta o sedentarismo. Por outro lado, elas passam a ter acesso a alimentos industrializados, ricos em calorias."
Uma pesquisa realizada há cerca de cinco anos pelo ministério mostrou que nas classes mais ricas havia diminuição da obesidade, principalmente em mulheres, e aumento nas classes mais pobres, principalmente nos homens.
De acordo com o médico, pessoas com nível baixo de educação se alimentam errado e não têm muito zelo pela saúde a apreciação pelo aspecto estético. "As classes mais educadas tendem a se proteger desse fenômeno, pois têm acesso a médicos, academias e uma série de outros fatores".
Ele ainda explicou que em um estudo semelhante realizado na Arábia Saudita os resultados foram parecidos, o que explica o fenômeno nos países em desenvolvimento, mas que mesmo em países desenvolvidos, a obesidade aumenta nas classes mais pobres.
DIABETES
Godoy Matos também comentou o resultado relativo ao número de diabéticos. Segundo a pesquisa, 5,8% afirma sofrer de diabetes, o que pode ser relacionado à ingestão de grande quantidade de açúcar, massas e alimentos calóricos.
"Acho que há um erro, há muito mais diabéticos. Em estudos feitos há 20 anos, já tínhamos 7% da população diabética", explicou. Ele calcula que pelo menos 10% dos brasileiros têm diabetes e que o erro pode ter ocorrido porque a pesquisa foi realizada pelo telefone e era o entrevistado que dizia quanto pesava, por exemplo, ou se era diabético ou não.
De acordo com o endocrinologista, muitas pessoas desconhecem o fato de ter a doença ou minimizam o diagnóstico.
Quase 50% dos brasileiros estão acima do peso, mostra pesquisa
DA AGÊNCIA BRASIL - 21/06/2010
Há cada vez mais pessoas acima do peso no Brasil.
Pesquisa do Ministério da Saúde realizada nas capitais do país mostra que, em 2009, a proporção de adultos com excesso de peso alcançou quase metade da população: 46,6%. Em 2006, esse percentual era de 42,7%.
O aumento é atribuído pelo governo a mudanças no padrão alimentar e ao crescimento do número de pessoas sedentárias.
Entre os homens, o percentual de gordinhos é de 51%, e de 42,3% entre as mulheres.
A capital em que o problema é mais grave é Rio Branco (52,2%), seguida por Campo Grande (50,8%) e São Paulo (50,5%). O Distrito Federal tem a melhor posição, com 36,2% das pessoas acima do peso.
A obesidade quadro mais grave do excesso de peso também cresceu, e já atinge 13,9% dos brasileiros. Em 2006, essa taxa estava em 11,4%. A capital com a pior posição é o Rio de Janeiro, com 17,7% de obesos. São Paulo tem 13,1% e, na melhor posição, está Palmas, com 8,8%.
A pesquisa do ministério utilizou o IMC (Índice de Massa Corporal), que é calculado a partir da divisão do peso pela altura elevada ao quadrado. Quando o resultado foi maior do que 25, foi identificado excesso de peso. Quando foi maior do que 30, foi classificado como obesidade.
A ocorrência do problema está relacionada a fatores genéticos, mas há uma influência significativa do sedentarismo e de padrões alimentares inadequados no decorrer da vida.
No sexo masculino, a situação é mais comum a partir dos 35 anos, mas chega a 59,6% em homens entre 55 e 64 anos. Na população feminina, o índice mais que dobra na faixa etária dos 45 aos 54 anos (52,9%) em relação a 18-24 anos (24,9%).
Já a prevalência da obesidade entre homens quase triplica do grupo etário de 18 a 24 anos (7,7%) para o de 55 a 64 anos (19,9%). Entre as mulheres mais jovens, na faixa etária de 18 a 24 anos, o índice é de 6,22%, menor que o masculino nessa mesma etapa. Já nas mulheres entre 55 a 64 anos o percentual supera o masculino, ficando em 21,3%.
Para a coordenadora de Vigilância de Agravos e Doenças Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, Deborah Malta, o expressivo crescimento no número de pessoas com sobrepeso e obesas, em um curto período, é uma tendência mundial. "O Brasil não está isolado nessas estimativas. É mais um reflexo da queda no consumo de alimentos saudáveis e a substituição deles por produtos industrializados e refeições pré-prontas", comenta.
De acordo com a Vigitel 2009, 24,4% da população brasileira foi diagnosticada com hipertensão arterial e 5,8% afirma sofrer de diabetes. O consumo excessivo de sal e gordura é apontado como fator de risco para a pressão alta, enquanto a incidência de diabetes pode estar relacionada à ingestão de grande quantidade de açúcar, massas e alimentos calóricos.
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