Café de coco de gato – Kopi Luwak
Café mais caro do mundo sai das fezes de um gato. Eu provei...
A Indonésia tem um café que é fabricado de uma maneira muito especial. É um tipo de café expresso: expressamente saído das entranhas de um animal, que parece uma cruza de raposa com gato.
Eu estive, recentemente, numa fazenda produtora desse café, o Kopi Luwak. Segundo especialistas, é o mais saboroso do mundo.
Kopi é uma palavra na língua local para "café", enquanto luwak é o nome do civeta, um pequeno mamífero realmente exótico, que não faz parte da família dos felinos, apesar de também ser chamado de "gato-de-algália".
O tal do bichinho seleciona criteriosamente os grãos de café, que fazem parte da sua alimentação diária. Ele gosta muito da polpa, a parte que consegue digerir. Já os grãos saem inteiros do processo digestivo. Mantém até a forma! Mas eles sofrem uma transformação provocada pelas enzimas do sistema digestivo do animal. Depois, as fezes são recolhidas e preparadas para o consumo humano. É... basicamente, um café feito de cocô. Mas, com certeza, não é um cocô de café!!!
Confesso que eu era uma brasileira de meia-tigela porque nunca gostei muito de café. Sempre preferi os chás ou o mate das praias cariocas. Por isso, tomei o cafezinho desconfiada e, ao mesmo tempo, curiosa. Mas depois dessa experiência, tudo ficou diferente e virei fã.
E dá para perceber como a passagem pela intestino do animal faz diferença. Na fazenda, eles promovem uma degustação, servindo uma xícara do café que não foi comido pelo bicho e outra com o mesmo tipo de grão depois do "fabricação intestinal". Realmente, o café digerido é mais aveludado e tem o tal sabor achocolatado que o outro não tem.
Dizem que os grãos torradas do café estimulam áreas do cérebro relacionadas ao prazer. Mas no caso do Kopi Luwak, esse prazer é bem carinho. Comprei uma caixa de 100 gramas na fazenda, que saiu por R$ 120,00. Aqui no Japão, são vendidas caixas de meio quilo por cerca de R$ 1.200,00. É o mais caro do mundo!! A explicação é simples: a produção é muito pequena. Pouco mais de 220 quilos por ano. Por ser tão raro, é tão caro.
Pena que o meu bolso não tenha acompanhado o upgrade no mundo dos sabores do café....
Vou ficar devendo a foto do bicho. Fui à fazenda de dia, quando ele está dormindo. O civeta só sai à noite para se alimentar.
O Vietnã também tem um café semelhante ao Kopi Luwak, é o Weasel. Só que a "fábrica", digo, o animal é outro: uma doninha local. Esse eu ainda não provei, mas espero poder contar, em breve, as minhas impressões.
Considerado o café mais caro do mundo (US$ 600.00 por meio kilo), o Kopi Luwak
(ou Civet Coffee) é com certeza também o mais exótico.
Você tomaria uma bebida feita com fezes de animal? Antes de responder, saiba que é esse o ingrediente especial do café mais raro, saboroso e caro do mundo, o Kopi Luwak, originário da Indonésia. Essa, digamos, excentricidade do café sempre foi considerada uma lenda urbana, até que um estudo realizado pelo pesquisador italiano Massimo Marcone, em 2004, confirmou o que deve ter feito o estômago de muitos apreciadores da iguaria revirar.
Os preciosos grãos são mesmo processados pelo sistema gastrointestinal e depois retirados dos excrementos da civeta, um mamífero parecido com um gato, que não existe no Brasil (na Indonésia, as palavras Kopi e Luwak significam, respectivamente, café e civeta). O animal come somente os frutos mais doces, maduros e avermelhados do café, que são digeridos pelo seu organismo, com exceção dos grãos, que são excretados junto com suas fezes. E é justamente essa produção limitada dos grãos (menos de 230 quilos por ano) o motivo de sua raridade, preço alto (cerca de mil dólares o quilo) e sabor inigualável, garantem os apreciadores. "Uma mistura de chocolate e suco de uva. Menos ácido e amargo do que os cafés comuns", descreve Marcone.
Pesquisa valiosa
O pesquisador explica que à medida que o grão passa pelo sistema digestório do animal, ele sofre um processo de modificação parecido com o utilizado pela indústria cafeeira para remover a polpa do grão de café, mas que envolve bactérias diferentes das usadas pela indústria, além das enzimas digestivas do animal. É isso que dá ao Kopi Luwak seu sabor característico inigualável. Mas esse processo um tanto quanto esquisito de produzir café não representa riscos à saúde? "Os resultados dos testes que fiz em meus trabalhos mostraram que a bebida é perfeitamente segura", garante Marcone.
Não existem registros precisos sobre a história do Kopi Luwak, mas acredita-se que sua origem data de cerca de 200 anos atrás, quando os colonizadores holandeses iniciaram plantações de café nas ilhas de Java, Sumatra e Sulawesi, onde hoje é a Indonésia.
É nessas ilhas que vivem as civetas, que começaram a se alimentar da planta. Para evitar o desperdício, os plantadores de café começaram a coletar os grãos que saíam intactos das fezes dos animais. Em algum momento alguém resolveu experimentar essa variedade aparentemente pouco apetitosa e descobriu o que hoje é considerado o café mais saboroso do mundo. E você, ficou com vontade de encarar?
Receitas para perder a fome
O Kopi Luwak não é o único alimento excretado por animais que consumimos. Veja outros exemplos :
Vômito de abelha: O mel nada mais é do que isso. O néctar é transportado para o sistema digestório das abelhas, onde é misturado a enzimas que convertem seu açúcar em glicose e frutose. Ele se transforma em mel e é regurgitado pelas abelhas. É esse o produto final que consumimos.
Saliva de pássaro: É o ingrediente de uma sopa considerada uma iguaria na China (também conhecida como "caviar do oriente"). O pequeno pássaro constrói ninhos com sua própria saliva. Esse ninho (que literalmente vale ouro) é usado para o preparo da sopa. O prato é consumido em várias partes do mundo, inclusive nos EUA, que são o maior importador.
Fezes de cabra: É essa a origem de um tipo de óleo usado no Marrocos. O animal se alimenta de um tipo de fruta similar à oliva, que origina o óleo, depois seu caroço é coletado de suas fezes e se transforma em um óleo usado para cozinhar, como cosmético e na medicina local.
Cerveja de cuspe: A chicha é um tipo de cerveja produzido no Equador. Os grãos de milho são mastigados e cuspidos em um recipiente, onde as enzimas da saliva quebram o amido que depois será fermentado e misturado ao álcool.
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