Primeiramente, vamos entender o que é gula. A gula é quase uma compulsão por comida. Em poucas palavras: é comer sem que seu corpo necessite de alimento naquele momento. Tem gente que acha que ser guloso é, por exemplo, comer três brigadeiros na hora do lanche. Então, vamos analisar: se você está com muita, muita fome na hora do lanche, comeu os três brigadeiros e se sentiu satisfeito, isso não é gula. Se você comeu os três brigadeiros e ainda sentiu fome, é porque seu corpo ainda está com déficit de comida e precisa ser alimentado. Se você comeu dois brigadeiros, ficou satisfeito mas ficou de “olho grande” em cima do terceiro e acabou comendo, isso sim, é gula.
No meu primeiro livro, “Dieta Nota 10″, eu explico que quem come exageradamente é um dependente químico, que usa a comida como poderia usar outra droga. É triste, mas é verdade.Para emagrecer e se manter magro, os gulosos precisam encarar o fato de que são viciados.
A luta que os gulosos travarão será igual à de qualquer outro viciado e incluirá até crises de abstinência. Sempre conto a historia de um cliente que emagreceu, engordou, emagreceu, engordou. Um dia, finalmente, confessou-me que iria desistir, porque simplesmente não conseguia abandonar o vício de se empanturrar de salgadinhos. Tenho certeza de que, se ele tivesse procurado ajuda de um terapeuta, seu problema poderia te sido resolvido. Mas ainda bem que tamém existe o outro lado: conseguir sair dessa. Tive uma paciente que, ao entrar pela primeira vez em meu consultório, confessou-me a sua dependência em refrigerantes. Acordava durante a noite para beber vários copos. Após alguns meses e muitos quilos perdidos, ela me relatou seu esforço para se adaptar ao paladar do refrigerante light. Mas conseguiu. E o mais interessante: parou de se levantar durante a madrugada para satisfazer a gula. Esse último relato é a prova cabal de que o refrigerante que bebia na madrugada nada mais era do que uma compulsão por algo do qual ela conseguiu se desfazer.
Por que usamos a comida como válvula de escape?Quem come demais estabelece com os alimentos vínculos físicos e emocionais. Não duvide: a grande, imensa maioria dos gordos são pessoas ansiosas, que comem à procura de um alívio temporário de suas tensões. E o problema maior é justamente esse: ser temporário. Porque depois, quando termina o prazer, vem a culpa de ter comido o que não devia –o gordo lembra que esse excesso vai resultar em mais quilos no corpo.
A comida é serotoninérgica. Isso quer dizer o seguinte: nela (e nos doces ainda mais) existe um grupo de substâncias que imitam a ação das serotoninas, que são substâncias fabricadas pelo nosso organismo e funcionam como “calmantes”, provocando uma gostosa sensação de bem-estar. Quando, por qualquer que seja o motivo, você se sente mais triste, mais estressado, mais agitado, mais deprimido (ou seja: quando você se sente muito incomodado com alguma coisa) há uma diminuição no nível de serotonina do seu corpo. Então, o que você faz? Vai buscar algo que proporcione a você a mesma sensação da serotonina que está faltando. E onde encontra? Isso mesmo: na comida.
Após comer para se saciar em “falsas serotoninas”, os problemas emocionais não mudaram. E você está mais gordo. E mais feio. E mais frustrado. E essa frustração faz diminuir ainda mais a sua serotonina natural, e então você vai buscar, mais uma vez, na comida. E o ciclo vicioso não se rompe, e os quilos aumentam, e sua infelicidade também.
Sistema de recompensa e busca
Sistema de raiva
Sistema de medo/ansiedade
Sistema de pânico
Qual é o seu? Pare e pense um pouquinho. Em qual deles você se encaixa? Se você conseguir olhar para si mesmo, para seu dia a dia, para sua vida, talvez você perceba que alguma coisa incomoda e podetentar consertar isso. Mas, se não conseguir decifrar o motivo de suas insatisfações, não importa. O importante é que você precisa entender que esse comportamento deve mudar. E, talvez mais importante do que tudo: você pode mudar!
Declare guerra!
Em sua cabeça, você abriga um inimigo que o obriga a conviver com um hábito destrutivo: o de comer em excesso. Ao contrariar esse vilão, seu corpo e sua mente começam a conspirar contra você. A “memória” do corpo luta para reaver os quilos extras com os quais ele já estava acostumado e você começa a ficar irritado, enjoado, de mau humor etc. A dependência emocional “cria” situações que o empurram de volta ao aditivo químico que você mesmo tirou de sua vida: a comida. Não se desespere nem desista. Existem muitos recursos para você se libertar do vício que lhe prejudica a saúde e a estética.
Quero deixar rigorosamente claro é que a Dieta Nota 10 não é um pirlimpimpim milagroso que vai fazer com que de uma hora para outra você emagreça feliz da vida e sem esforço nenhum. A Dieta Nota 10 emagrece, sim. Mas, como qualquer dieta, ela exige uma cota de sacrifícios.
Emagrecer e continuar magro significa mudar completamente de vida.
Todos os que conseguiram se livrar do peso extra descobriram que não há descanso na luta contra a balança. Quem emagreceu e se conserva magro identificou por que embrulhava a comida para presente e a empurrava goela abaixo. Raiva? Compensação de perdas? Ansiedade? Sejam quais forem os seus motivos, diga NÃO a eles. E lembre-se do que a Dieta Nota 10 ensina: você pode comer aquilo que lhe dá prazer, basta não exagerar. Então, tá triste? Ok, coma um pedacinho de chocolate para suavizar a tristeza. Mas não esqueça de considerar o valor dele no seu cálculo diário de notas. Mantenha-se dentro da sua cota.
Preste muita atenção: isso é para você
Retirado do site: Globo.com - EGO
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