Essa qualidade, que faz de nós pessoas muito especiais, pode ser desenvolvida. Cultive-a e se torne criativa, resistente às frustrações, hábilna procura de solução para os problemas e capaz de fazer de um limão uma fábrica de limonada
por Patrícia Zaidan | fotos Harry Heleotis, Getty Images
Uma atitude importante: não considerar prejuízo as perdas que ocorrem. Com 2 anos, Elisa Boéssio, 22, perdeu a mãe, que sofria de câncer. Foi então criada pelo pai, o maestro gaúcho José Pedro Boéssio, que lhe ensinou a ser livre, positiva e a viver de bem com o mundo. Há três anos, o maestro morreu num acidente de carro com outros dois filhos do segundo casamento. "Sofri muito, mas não considero só o fato de perdê-los. O episódio me levou a mudanças de rumo", declara Elisa, que mora sozinha, em Porto Alegre. "Aprendi que o meu centro de apoio deve estar em mim. Se estivesse centrada na presença física do meu pai, que amei tanto, teria enlouquecido." Ficaram os valores que ele ensinou. "Parece que escuto sua voz dizendo onde erro, quando acerto... me educo com essas lembranças." Desde pequena, Elisa não permite que tenham pena dela. "Por que deixaria que me considerassem uma coitada? Ouvi fitas gravadas pela minha mãe, ainda doente, em que ela pede para eu ser feliz, ter amigos, ir à praia." A mudança de rumo a que Elisa se refere incluiu alterações até de ordem prática. Ela havia passado no vestibular de direito uma semana antes do acidente que vitimou a família. O episódio, que parecia atordoá-la, colaborou na reflexão sobre outros setores. "Estava indo para algo que não era minha verdadeira vocação", conta. Meses depois, trancou a faculdade, fez cursinho e entrou em medicina. "Nas dificuldades, também reside a oportunidade de crescimento", diz Olga Falceto, professora de psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. "A crise é representada, no ideograma chinês, por um símbolo que traduz perigo e oportunidade ao mesmo tempo", lembra. Para perceber as chances que a crise traz, Olga sugere: "Dê um tempo para pesar prós e contras. Assim, a ansiedade diminui". O próximo passo é se nutrir das pequenas vitórias que você conquistou, mas que acabou minimizando. Depois, conecte-se com a forma utilizada para atingir aquelas vitórias. Por último, inspire-se nos ídolos que superaram problemas. "Trabalhando os recursos pessoais, o lado saudável, você se fortalece muito mais do que se ficar enfatizando as suas deficiências e os seus conflitos", diz. Pronto, agora ficou mais fácil iniciar um projeto de resiliência para melhorar a sua vida.
http://claudia.abril.com.br/materias/1728/?pagina4
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