É
difícil exagerar a importância da beleza. Filósofos, cientistas,
artistas, poetas, escritores, publicitários não se cansam, cada um à sua
maneira, de exaltá-la. Beleza vende, motiva, apaixona, inspira, traz
benefícios. Porém, a busca indiscriminada de padrões inviáveis pode
trazer prejuízos à qualidade de vida e até matar, como ocorre na
anorexia nervosa e na bulimia.
Os transtornos alimentares se constituem num dos mais graves problemas
de saúde de nosso tempo. Existem relatos de mulheres anoréxicas desde a
idade média, onde “candidatas a santas” jejuavam visando purificação.
Em nossos dias, o fator desencadeante é a busca indiscriminada do corpo
ideal baseado em padrões arbitrários e ditatoriais de beleza. Nessa
busca, meninas e mulheres estão aumentando as estatísticas de patologias
em que o fator nuclear é uma distorção da auto-imagem , da imagem
corporal.
Para compreendermos essa interface beleza – doença, precisamos voltar no
tempo e analisar a atuação da mulher na história recente. Em 1920, nos
EUA adquire a cidadania, na medida em que lhe é conferido o direito de
votar.
Na década de sessenta, com o advento da pílula anticoncepcional,
ocorrem mudanças significativas no comportamento sexual das pessoas.
Em 1964 a manequim Twiggy espalha sua magreza para os meios de comunicação da época, deforma até então inusitada.
A profissão de modelo se populariza e em 1990 a revista Vogue inglesa
elabora uma espécie de “ranking”, classificando as “super modelos”,
depois denominadas de “Top Models”. A modelo supera a Miss enquanto
ícone de beleza.
Na década de 50 e início de 60, os comerciais de TV mostram a mulher
como “garota propaganda”, vendendo produtos para o lar e para a família.
Como eletrodomésticos, por exemplo.
Na medida em que se emancipa no mercado de trabalho e consegue sua
independência econômico-financeira, passa de “rainha do lar” para objeto
do consumo. O mercado a descobre como força econômica ativa e se volta
para ela, produzindo e vendendo para ela. Em nosso tempo, mais da
metade das decisões de compra tem a sua participação, inclusive de
objetos outrora muito mais cobiçados pelos homens, como automóveis.
Decide por 45% das compras de veículos novos e participa da decisão de
compra de outros 35%. É titular de 40% das contas bancárias, de 42 % das
cadernetas de poupança e de 33% das aplicações em fundos. Crescem os
cargos de chefia que têm a frente mulheres bem como sua participação na
massa salarial. Da mesma maneira, aumenta a percentagem de mulheres que
se tornam chefes de família.
Nesse cenário, iguala-se ao homem e o supera em inúmeras atividades, mas torna-se refém do próprio corpo.
Paralelamente, na cultura contemporânea, ocorrem consideráveis mudanças
na “exigência estética”. Dois pesquisadores da Jonhs Hopkins School of
Public Health, em Baltimore, revisam os arquivos do Concurso de Miss
América de 1922 até 1999. Relatam que as misses de 1970 para cá,
apresentam IMC menor que 18. O peso corporal diminuiu 12% no mesmo
período. As modelos, que há 30 anos pesavam 8% a menos em relação às não
modelos de mesma estrutura física, hoje pesam 23% a menos.
Desenvolveram-se crenças implícitas do tipo “o corpo humano é
infinitamente maleável e o corpo ideal pode ser obtido através de muita
dieta, malhação e esforço. Se obtido, trará o sucesso, a realização
afetiva, pessoal, profissional” A perene Felicidade, o trabalho ideal, o
príncipe encantado, a fortuna, a terra prometida. Mas, principalmente,
torna-se um critério de inclusão.
A moda decreta: “o quadril de uma modelo de passarela não pode exceder
90 cm!” Está ditatorialmente estabelecida uma lei. Um dogma dos
estilistas em benefício da própria comodidade e conveniência de suas
roupas. Uma medida que as próprias modelos tem dificuldade em manter.
A área de saúde concomitantemente se debate com o crescimento mundial
da obesidade, que se torna uma autêntica pandemia. De maneira alarmante
os índices crescem mundialmente. Nos EUA 64 % dos americanos pesam mais
do que deviam e no Brasil chegamos a 40%. Estudos prospectivos indicam
que, a continuar nessa proporção, em 2250 todos os norte americanos
serão obesos. A OMS alerta para o fato de a obesidade e seus efeitos
matarem mais que a fome. A industria do emagrecimento fatura bilhões de
dólares/ano e vêm crescendo de maneira pronunciada. A avidez por
cirurgia plástica, inclusive em adolescentes, cresce assustadoramente.
Lipos, silicones, pillings, são sonhos de consumo de muitas meninas.
Estudo realizado no Rio de Janeiro com 100 adolescentes de classe
média-alta, de 15 a 18 anos, revelou que 35% delas ambicionavam
submeter-se a cirurgia estética algum dia (Pereira 2000) Segundo a Assoc
Brasileira de Cirurgia Plástica, 15 % das intervenções estéticas são
praticadas em adolescentes. Há cinco anos atrás esse número não
ultrapassava 5 %. Em dez anos as lipos cresceram de 30 mil /ano em 1994
para 200 mil em 2004. Entre as adolescentes a o crescimento da procura
de lipo e silicone aumentou em 1000%. A ONU informa que o uso de
medicamentos para emagrecer cresceu 500% no Brasil em 5 anos. O CEBRID,
em pesquisa realizada em 2002 em São Paulo e Brasília revelou que 60%
das mulheres que utilizam medicamentos para “tirar a fome”, tinham IMC
abaixo de 30. O Brasil é o maior consumidor mundial de fenproporex, um
derivado anfetamínico utilizado como “moderador de apetite” que deve ser
receitado com todo rigor médico. Somos o primeiro do mundo em cirurgia
plástica em números relativos e perdemos apenas para os EUA em números
absolutos. Hoje assistimos à banalização da cirurgia hiperbárica,
utilizada como recurso derradeiro em obesidade mórbida, praticada e
almejada com fins estéticos.São conhecidos os “botox day”, onde um
técnico visita um grupo de pessoas que se reúnem para uma conversa
e...uma aplicação de botox.
As pesquisas a respeito da satisfação feminina em relação ao próprio
corpo, à avaliação da própria beleza, revelam enorme descontentamento.
Todas convergem para a insatisfação em relação ao próprio corpo, busca
do emagrecimento, qualquer que seja o peso, e dos “idéias de beleza”.
Em 2000, foram entrevistadas 659 estudantes da Universidade Federal
Fluminense e da Gama Filho. O estudo revela 100% de insatisfação
feminina com o próprio corpo. As estudantes queriam emagrecer em média 3
kg, mesmo as muito magras. O descontentamento masculino atingia 98% e
os homens queriam ser mais fortes. Melin (2003) entrevistou 3512
estudantes de 13 a 20 anos. 74,2 % estavam insatisfeitas com seu corpo ,
77,9% se sentiam culpadas quando comiam demais e 84,9% escolhiam os
alimentos pelo valor calórico e pelos efeitos que provocariam no corpo.
Waterhouse (2001) constata que 50% das meninas de 9 anos e 80% das de
dez anos fazem dieta por medo de engordar.
Em 2004 a Unilever – Dove, através do Strategy One, Instituto de
Pesquisa de Nova York, realizou estudo mundial. 3200 mulheres foram
entrevistadas em 10 paises do mundo, com idades entre 18 e 64 anos.
Entre os resultados, apenas 2% se definiram como “belas”. No Brasil essa
percentagem caiu para 1%.54% das brasileiras fariam cirurgia plástica
se pudessem e 7% já haviam feito, número significativamente mais elevado
que os demais países. 12% trocariam 25% de inteligência por 25% de
beleza. O estudo revela correlação positiva entre satisfação com a vida e
com a percepção da própria aparência. Mulheres mais satisfeitas em
outras áreas de suas vidas são mais indulgentes na avaliação da própria
beleza e incluem outras características além da atratividade física,
como humor, simpatia, cultura, integridade, dignidade e inteligência. 13
% acreditam que a verdadeira beleza feminina é a apresentada pelas TOP
Models e que beleza traz felicidade. Se isso fosse verdade, modelos,
população que supostamente é possuidora do “padrão” deveriam estar
felizes com a própria aparência. Em estudo por mim realizado,
entrevistei 140 modelos, todas com mais de 18 anos. Todas estavam
insatisfeitas com a aparência física. Também elas queriam emagrecer em
média três kg. 92% fariam alguma forma de cirurgia plástica, corporal e
facial. A nota média que deram ao próprio corpo foi 6,3 e ao rosto 7,2.
Comparando-se com os dados da Unilever – Dove, revelavam
descontentamento ainda maior que as não modelos. Parece que estamos
diante de uma patologia cultural que não diferencia mais quem tem o tal
padrão de quem não tem.
Quando observamos ícones de beleza através dos tempos, verificamos que a
mulher se torna mais alta e mais magra. Marta Rocha foi vice no
concurso de Miss Universo de 1954. Tinha sua beleza exaltada em prosa e
verso. Com 1,70 m de estatura, pesava 57 kg, o que lhe conferia um IMC
de 19,72. Hoje, qualquer adolescente ao ver sua foto pergunta “quem é
essa gorda?”Marilyn Monroe receberia o mesmo julgamento. Qualquer
estilista torceria o nariz para elas em nossos dias. Juliana Borges,
nossa Miss Brasil do ano 2000, tem 1,80 m e pesa 56 kg. Seu IMC é 17,02.
Produto de nossos dias foi submetida a 18 pontos de “retoques
cirúrgicos” para concorrer a Miss Universo. Gisele Bündchen, nossa
modelo maior, inspiradora de muitas meninas, tem 1,79m e pesa 52 kg, com
IMC de 16,22. Só que Gisele é “desse jeito”. Seu biótipo é assim. E
diga-se, a bem da verdade, na fez nenhum tipo de sacrifício para tanto,
muito pelo contrário. Alimenta-se muito bem...Pode ser admirável, mas
não é padrão.Mike Tyson, o ex-campeão de boxe dos pesos pesados, em
condição de luta, subia ao ringue com 100kg, para seu 1,82 m. Seu IMC é
de 31. Gisele seria classificada como “subnutrida” e Tyson como “obeso
grau 1” Nem a “obesidade” de Tyson, nem a “desnutrição” de Gisele
constituem valores normativos. Valem para eles, são “normais” para eles,
mas não como “padrão”. Padrão ou norma é um atributo que 50% das
pessoas apresentam em torno de um valor mediano. A inteligência de
Einstein é admirável mas não é “normal” nem “padrão”.
A auto-imagem pode ser definida como a visão que temos de nós mesmos, o nosso “retrato mental” baseado
em experiências passadas, vivências e estímulos presentes e
expectativas futuras. Inclui a forma o tamanho, as proporções do nosso
corpo, nossos sentimentos em relação a ele e suas partes segundo nossa avaliação. Essa avaliação depende
de nossas experiências, histórico de vida, dos estímulos positivos e
negativos que recebemos, dos padrões com os quais fomos confrontados,
dos valores culturais vigentes incluindo os estéticos, de nossas emoções
e sentimentos. A formação da auto-imagem integra informações visuais,
percepção e interpretação de estímulos diversos confronto com modelos ou
padrões, mesclados com nossa experiência pessoal acerca de nosso
próprio corpo. É a representação mental de nosso corpo.
A
aquisição da auto-imagem se dá por aprendizagem. Ao interagir com as
pessoas que lhe são importantes a criança recebe retorno verbal e não
verbal que reforça suas particularidades. A avaliação que faz de si
surge a partir da avaliação que os outros fazem dela. É através da
auto-imagem que a mente avalia aquilo que o espelho mostra. Cada vez
mais o “peso estético” se fasta do peso clínico. Uma mulher com 1,70 m e
62 kg e, portanto, um IMC de 22, 1, absolutamente normal, com certeza,
não estará satisfeita com seu peso! Fatalmente desejará emagrecer.
Diversos autores, entre os quais ADLER, discípulo de FREUD, apontam o
corpo como a maior fonte de sentimentos de inferioridade na criança, que
se vê rodeada de pessoas maiores e mais fortes que ela. As primeiras
observações e experiências seriam fundamentais para o relacionamento com
o próprio corpo no futuro. Muitas mulheres e homens atraentes levam
consigo uma sensação de ”feiúra” que os faz agir como se fossem,
efetivamente feios e rejeitados. A auto-imagem indevidamente formada os
faz atuar da forma pela qual se avaliam. Esta avaliação errônea produz
comportamentos distorcidos. Mais importante do que ser ou estar é SENTIR-SE bonita. E beleza, sem dúvida, é questão de imagem E DE AUTO-IMAGEM.
A auto-imagem é mutável e influenciada por estímulos externos, internos, sentimentos e emoções.
A mídia divulga e propaga ideal de beleza baseados nas modelos, sem
dúvida, uma forma especial de beleza, mas não a beleza em si. A enorme
maioria das mulheres que aparecem na TV, filmes, publicidade, novelas,
está abaixo peso. Umas poucas “normais” e uma minoria acima do peso,
fazendo papeis jocosos.
Mensagens publicitárias, outdoors, comerciais de TV, associam o produto
com um tipo de beleza vincado na exceção e não na regra geral. Ou,
melhor ainda, associam a magreza com saúde, sucesso, modernidade.
Bombardeadas por estímulos de toda sorte, inclusive subliminares, as
pessoas vão mudando a forma pela qual percebem a realidade,
especialmente como vêm a si mesmas.
A força da mídia pode ser ilustrada em pesquisas como as realizadas nas
Ilhas Fiji, no Pacífico, por pesquisadores de Harvard. Em 1995,
imediatamente antes da chegada da televisão, mulheres nativas foram
entrevistadas. Não havia preocupação com peso ou forma do corpo. Dieta
não era um conceito familiar. Em 1998, com três anos de TV, os dados
revelavam que 69 % das mulheres faziam dieta e um oitavo eram portadoras
de bulimia nervosa!
Estudo da Universidade de Toronto revela que meninas e mulheres
revelavam insegurança e raiva ao serem expostas a fotos de modelos. O
Journal of Social and Clinical Psychology em setembro de 2002 revelava
que 400 adolescentes estudantes do segundo grau na Austrália foram
expostas a 40 comerciais de TV de vários produtos como roupas, alimentos
e carros. Aquelas que presenciaram comerciais focados na aparência
feminina mostraram insegurança em níveis significativamente superiores
às que assistiram comerciais relativos a outros produtos. Em 1999,
durante a novela “Terra Nostra”, Maria Fernanda Cândida foi eleita “a
brasileira mais bonita do século” em enquete entre os telespectadores,
após alguma horas de exposição na novela. Sem entrar no mérito da
escolha, qual seria o resultado do levantamento caso fosse outra a
imagem revelada pela TV? Esse resultado seria mantido hoje, em nova
enquête?
Onde chega a ocidentalização, impondo a beleza baseada nas Top Models,
mulheres altas, magras, claras, o fenômeno se repete. Na China ocorrem
cirurgias de alongamento ósseo e a mulher procura “crescer” alguns
centímetros para se contrapôs às ocidentais, inclusive no mercado de
trabalho. Orientais e africanas tingem os cabelos de loiro. A tintura
loira é responsável por 50 % das vendas em todo o mundo e ocorre no
mercado em cerca de quinhentas tonalidades. Em estudo publicado no
Singapore Medical Journal, em agosto de 1999, os pesquisadores alertam
para uma transição das expectativas do tamanho do corpo em relação à
magreza ocidental, na medida em que sua cultura se torna mais
ocidentalizada. Pesquisadores do Hospital Psiquiátrico Geha, em Petha
Tivka, Israel, revelam que a incidência de anorexia nervosa tem
aumentado mundialmente desde a década de setenta, provavelmente como
conseqüência das mudanças em normas e conceitos culturais de beleza
feminina e a influência dos valores ocidentais em outros paises.
Ninguém começa uma dieta para der anoréxica. Mas a busca indiscriminada
de um padrão de beleza confundível com magreza pode em pessoas
predispostas biológica e psicologicamente, desencadear esse gravíssimo
problema.
Anorexia quer dizer, literalmente, “ausência de fome”, o que é, ao
menos no começo da doença, irreal. A anoréxica passa fome de propósito
para emagrecer e, mesmo estando muito magra, se vê gorda total ou
parcialmente. Sua auto-imagem está patológicamente alterada. Como se
entre ela e o espelho houvesse lentes deformantes que alteram sua
percepção.
Tudo pode começar com uma dieta inocente e até bem orientada que a
pessoa começa a restringir. Retira carne vermelha, depois pode reduzir
carboidratos, eliminar refeições intermediarias e essa restrição vai se
generalizando, até chegar a um semijejum auto-induzido, onde poderá
comer apenas alface e água. Paralelamente, o emagrecimento não é
observado pela anoréxica. Cada vez mais magra, se vê muito gorda, total
ou parcialmente. Pode se dizer “gorda” ou possuidora de “pneus”. Muitas
fazem exercícios de forma compulsiva para queimar calorias. Há aquelas
que provocam o vomito quando acham que “comeram demais”. A vida passa a
girar em termos de dietas, calorias, magreza, forma física.
Há emagrecimento súbito e afastamento social. A menstruação se altera e
com o tempo desenvolve amenorréia (cessa a menstruação). O
prolongamento desse estado pode gerar esterilidade futura por atrofia de
útero. Problemas cardíacos, osteoporose e, segundo alguns autores,
atrofia cerebral. Ocorre anemia, queda de cabelos. as unhas se tornam
quebradiças e cresce um tipo de penugem no corpo chamada “lanugo”,
semelhante aos pelos que crescem no bebê. Vinte por cento das anoréxicas
morrem por suicídio, parada cardíaca, inanição. A comorbidade com
depressão pode atingir 75% ou mais. A vulnerabilidade para outros
transtornos psicopatológicos é acentuada.
Bulimia, ao pé da letra, quer dizer “fome de boi”. Nela a pessoa
apresenta o “binge eating”, mal traduzido como “ataque de comer”, onde
ingere uma grande quantidade de comida, significativamente maior que a
maioria das pessoas e que ela mesma fariam nas mesmas condições, em
curto espaço de tempo,. O alimento é ingerido de maneira muito rápida,
praticamente sem mastigar, habitualmente às escondidas e acompanhado de
sensação de falta de controle em relação ao que e ao quanto come. Após a
ingesta a pessoa sente-se arrependida, com medo de engordar e busca
eliminar as calorias ingeridas através de comportamentos chamados de
“compensatórios”. Entre eles o vomito auto-induzido é o mais freqüente,
ocorrendo em 95% das bulímicas. Porém não é o único. Exercícios físicos
feitos de forma compulsiva, jejuns entre os ataques de comer, laxantes,
diuréticos, hormônio de tiróide, outros “remédios para emagrecer” e até
drogas ilícitas. Habitualmente há uma combinação desses comportamentos.
Há extrema preocupação com a forma e peso do corpo. A bulímica se vê
gorda, embora muitas vezes seja evidentemente magra. Essa preocupação
com o corpo se torna prevalente em sua vida social e profissional.
Na anorexia ocorre emagrecimento súbito. Na bulimia o peso se mantém
constante, um pouco acima ou abaixo do normal. Estudos mostram que a
bulímica irá procurar tratamento entre cinco e oito anos após o início
da doença, onde graves conseqüências podem ter ocorrido.
Os transtornos alimentares, como todos os demais transtornos
psicopatológicos, na apresentam “causa única”. Falamos em causas
multifatoriais, onde “diversas causas” interagem produzindo um efeito.
Fatores genéticos, biológicos, psicológicos e familiares atuam
concomitantemente. Porém, o desencadeante atual é, sem duvida, a
distorção da auto-imagem provocada por autêntica lavagem cerebral
provocada pela overdose de exposição aos estímulos da moda, publicidade,
TV, novelas, cinema, da mídia em geral, que baseiam suas mensagens nos
padrões ocidentais idealizados de beleza. E o tal “padrão”,
paradoxalmente, é uma exceção genética. Uma característica física que
apenas 0,5% da humanidade, se tanto, possui.
Outros transtornos psicopatológicos têm em seu núcleo central uma
distorção da imagem corporal. Embora fujam do escopo deste artigo, devem
ser ao menos mencionados.
O transtorno dismórfico corporal (TDC) ou, como era chamado,
“dismorfofobia”, constitui acentuada preocupação com a aparência, com um
“defeito físico” corporal ou facial, habitualmente imaginário que causa
intenso sofrimento ou prejuízo no funcionamento social, ocupacional
e/ou em outras áreas importantes da pessoa. Uma espécie de “feiúra
imaginária” ou um medo de ser ou de ficar feia. Ocorre, oficialmente, em
2% das pessoas, embora esses dados sejam claramente subestimados, já
que os portadores procuram ajuda em clínicas estéticas, dermatológicas
ou em cirurgiões plásticos. Estima-se em 10% a ocorrência em pessoas que
se submetem a cirurgia plástica. Atribuem o problema a um defeito de
imagem e não de auto-imagem.
A vigorexia ou “Síndrome de Adonis” consiste na obsessão por aquisição
de musculatura hipertrofiada e forte. Portadores desta síndrome,
preferencialmente homens, se vêm fracos, embora muito fortes. A pessoa
se exercita excessivamente, aponto de sofrer lesões físicas.O faz em
detrimento de outras atividades, sejam elas sociais, profissionais ou
outras. Avalia-se diante do espelho, mede-se constantemente e mostra-se
insatisfeito cronicamente com seu corpo, em sua visão, fraco. Pode
utilizar grandes quantidades de suplementos nutricionais, como
aminoácidos, concentrados protéicos, substâncias como creatina,
anabolizantes hormonais e outros, que promovam crescimento da massa
muscular. Não raramente endividam-se para comprar suplementos e drogas
que acreditem essenciais para seu desenvolvimento muscular. Também aqui
se verifica acentuada distorção entre o que o espelho reflete e o que a
mente elabora.
A anoréxica se vê gorda. A portadora de TCD se vê feia e o vigoréxico se vê fraco.
O ponto comum destes transtornos é a presença de baixa auto-estima. A
ausência de uma referência interna de beleza que leve em consideração as
características pessoais da pessoa, seu biotipo, suas peculiaridades e,
principalmente, que seja absolutamente vinculada à saúde. A ausência de
uma “identidade estética” que considere os diferenciais de cada um e
não um “padrão”, qualquer que seja.
Culturalmente há a necessidade de um conceito democrático de beleza que
leve em conta diferentes tamanhos, formas, tamanhos, idades e etnias,
onde não exista o “mais que”, mas o “diferente de” e que seja
intimamente ligada à auto-estima, intimamnetne ligada à felicidade. A
única unanimidade em termos de beleza é a presença de auto-estima
adequada.
Bulimia, ao pé da letra, quer dizer “fome de boi”. Nela a pessoa
apresenta o “binge eating”, mal traduzido como “ataque de comer”, onde
ingere uma grande quantidade de comida, significativamente maior que a
maioria das pessoas e que ela mesma fariam nas mesmas condições, em
curto espaço de tempo,. O alimento é ingerido de maneira muito rápida,
praticamente sem mastigar, habitualmente às escondidas e acompanhado de
sensação de falta de controle em relação ao que e ao quanto come. Após a
ingesta a pessoa sente-se arrependida, com medo de engordar e busca
eliminar as calorias ingeridas através de comportamentos chamados de
“compensatórios”. Entre eles o vomito auto-induzido é o mais freqüente,
ocorrendo em 95% das bulímicas. Porém não é o único. Exercícios físicos
feitos de forma compulsiva, jejuns entre os ataques de comer, laxantes,
diuréticos, hormônio de tiróide, outros “remédios para emagrecer” e até
drogas ilícitas. Habitualmente há uma combinação desses comportamentos.
Há extrema preocupação com a forma e peso do corpo. A bulímica se vê
gorda, embora muitas vezes seja evidentemente magra. Essa preocupação
com o corpo se torna prevalente em sua vida social e profissional.
Na anorexia ocorre emagrecimento súbito. Na bulimia o peso se mantém
constante, um pouco acima ou abaixo do normal. Estudos mostram que a
bulímica irá procurar tratamento entre cinco e oito anos após o início
da doença, onde graves conseqüências podem ter ocorrido.
Os transtornos alimentares, como todos os demais transtornos
psicopatológicos, na apresentam “causa única”. Falamos em causas
multifatoriais, onde “diversas causas” interagem produzindo um efeito.
Fatores genéticos, biológicos, psicológicos e familiares atuam
concomitantemente. Porém, o desencadeante atual é, sem duvida, a
distorção da auto-imagem provocada por autêntica lavagem cerebral
provocada pela overdose de exposição aos estímulos da moda, publicidade,
TV, novelas, cinema, da mídia em geral, que baseiam suas mensagens nos
padrões ocidentais idealizados de beleza. E o tal “padrão”,
paradoxalmente, é uma exceção genética. Uma característica física que
apenas 0,5% da humanidade, se tanto, possui.
Outros transtornos psicopatológicos têm em seu núcleo central uma
distorção da imagem corporal. Embora fujam do escopo deste artigo, devem
ser ao menos mencionados.
O transtorno dismórfico corporal (TDC) ou, como era chamado,
“dismorfofobia”, constitui acentuada preocupação com a aparência, com um
“defeito físico” corporal ou facial, habitualmente imaginário que causa
intenso sofrimento ou prejuízo no funcionamento social, ocupacional
e/ou em outras áreas importantes da pessoa. Uma espécie de “feiúra
imaginária” ou um medo de ser ou de ficar feia. Ocorre, oficialmente, em
2% das pessoas, embora esses dados sejam claramente subestimados, já
que os portadores procuram ajuda em clínicas estéticas, dermatológicas
ou em cirurgiões plásticos. Estima-se em 10% a ocorrência em pessoas que
se submetem a cirurgia plástica. Atribuem o problema a um defeito de
imagem e não de auto-imagem.
A vigorexia ou “Síndrome de Adonis” consiste na obsessão por aquisição
de musculatura hipertrofiada e forte. Portadores desta síndrome,
preferencialmente homens, se vêm fracos, embora muito fortes. A pessoa
se exercita excessivamente, aponto de sofrer lesões físicas.O faz em
detrimento de outras atividades, sejam elas sociais, profissionais ou
outras. Avalia-se diante do espelho, mede-se constantemente e mostra-se
insatisfeito cronicamente com seu corpo, em sua visão, fraco. Pode
utilizar grandes quantidades de suplementos nutricionais, como
aminoácidos, concentrados protéicos, substâncias como creatina,
anabolizantes hormonais e outros, que promovam crescimento da massa
muscular. Não raramente endividam-se para comprar suplementos e drogas
que acreditem essenciais para seu desenvolvimento muscular. Também aqui
se verifica acentuada distorção entre o que o espelho reflete e o que a
mente elabora.
A anoréxica se vê gorda. A portadora de TCD se vê feia e o vigoréxico se vê fraco.
O ponto comum destes transtornos é a presença de baixa auto-estima. A
ausência de uma referência interna de beleza que leve em consideração as
características pessoais da pessoa, seu biotipo, suas peculiaridades e,
principalmente, que seja absolutamente vinculada à saúde. A ausência de
uma “identidade estética” que considere os diferenciais de cada um e
não um “padrão”, qualquer que seja.
Culturalmente há a necessidade de um conceito democrático de beleza que
leve em conta diferentes tamanhos, formas, tamanhos, idades e etnias,
onde não exista o “mais que”, mas o “diferente de” e que seja
intimamente ligada à auto-estima, intimamnetne ligada à felicidade. A
única unanimidade em termos de beleza é a presença de auto-estima
adequada.
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