O que é obesidade?
A obesidade
é uma doença crônica que afeta indivíduos física, psíquica e
socialmente, podendo ser causada por múltiplos fatores tais como doenças
endocrinológicas e psiquiátricas, genética, ausência ou diminuição da
atividade física, comportamento alimentar inadequado, além dos fatores
emocionais.
No mundo, há mais de um bilhão de adultos com excesso de
peso. Destes, pelo menos 300 milhões são obesos.
A prevalência da obesidade está aumentando em todo o mundo. As condições associadas à obesidade, como doenças cardiovasculares, diabetes, dislipidemia, hipertensão, alguns tipos de tumores como o câncer de cólon, reto e próstata em homens obesos e de câncer de mama, vesícula e endométrio em mulheres obesas, também estão aumentando. A obesidade ainda predispõe a doenças como colelitíase (“pedras na vesícula”), osteoartrite, osteoartrose, esteatose hepática, apnéia obstrutiva do sono, alterações dos ciclos menstruais e redução da fertilidade.
Todas estas situações podem ser melhoradas com o emagrecimento. Uma
redução de 5% a 10% no seu peso corpóreo é uma medida efetiva ao combate
das condições mórbidas que aumentam o risco cardiovascular. Basta você
decidir se quer ou não mudar os seus hábitos.
A Organização Mundial de Saúde
(OMS) considerou esta doença como a epidemia global do século XXI.
Depois do tabagismo, ela é considerada a segunda causa de morte passível
de prevenção.
O que causa a obesidade?
As condições médicas que podem levar à obesidade são responsáveis por menos de 2% dos casos de obesidade.
Noventa e cinco por cento das pessoas tornam-se obesas por dois
motivos: ou porque comem exageradamente e/ou porque gastam poucas calorias, mesmo que algumas insistam em dizer que não comem quase nada.
O excesso de gordura
resulta de sucessivos balanços energéticos positivos, ou seja, a
quantidade de energia ingerida é superior à quantidade de energia
dispendida. Os fatores que determinam este desequilíbrio podem ter
origem genética, metabólica, ambiental e comportamental.
Quais são os fatores de risco?
É possível se tornar obeso e não apresentar os fatores de risco
descritos abaixo, mas quanto mais fatores de risco você tiver, maior
será sua predisposição para se tornar obeso.
-
Dietas calóricas e pobres em nutrientes fazem com que o indivíduo ingira mais calorias do que as que queima a cada dia, aumentando o risco de se tornar obeso.
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Sedentarismo: caso você não faça exercícios físicos o suficiente para queimar calorias, você corre o risco de se tornar obeso.
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Turnos variados de trabalho: aumentam o risco de obesidade.
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Doenças e medicações: o uso de certas medicações, algumas doenças
hereditárias e desequilíbrios hormonais como doenças da tireóide ou
Doença de Cushing aumentam o risco de obesidade. Além disso, há uma tendência familiar para o desenvolvimento de obesidade, mas a razão disto ainda não é bem entendida.
-
Fumo: quando alguém pára de fumar, o seu peso pode aumentar. Entretanto, esta tendência pode ser superada pela redução das calorias ingeridas e pelo aumento das atividades físicas neste período. De modo geral, os benefícios para a saúde quando uma pessoa deixa de fumar excedem os riscos do ganho temporário de peso nesta situação.
-
Idade: a incidência de obesidade
mais do que dobra entre as idades de 20 a 55 anos. Entretanto, isso
pode estar relacionado à diminuição das atividades físicas nesta faixa
etária.
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Raça: há uma alta incidência de obesidade entre grupos étnicos. Nos Estados Unidos, a obesidade afeta 66% das mulheres negras de meia idade; 68% das mulheres mexicanas, comparado a 45% das mulheres brancas.
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Ansiedade: estudos mostram que um em cada quatro casos de obesidade está associado com alterações do humor ou ansiedade, mas a relacão causal ainda não está clara.
-
Residência em zona urbana: quanto mais urbanizada é a zona de residência, maior é a prevalência de obesidade.
-
Grau de informação dos pais: quanto menor o grau de informação dos pais, maior a prevalência de obesidade.
-
Gravidez e menopausa: podem contribuir para o aumento do armazenamento da gordura na mulher com excesso de peso.
Você é obeso?
O índice de massa corporal
(IMC), é a medida mais usada na prática para saber se você é
considerado obeso ou não. Ele é calculado dividindo o peso corporal em
quilogramas pelo quadrado da altura em metros. A partir do resultado
deste cálculo, basta olhar a tabela abaixo e saber a zona de risco em que você se encontra.
Legenda Recomendada pela Organização Mundial de Saúde
IMC (Kg/m²) |
Definição |
Risco de comorbidade
|
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| Baixo peso |
|
18>
18.6 a 24.9 |
Normal |
|
25 a 29.9 |
Pré-obeso |
Aumentado |
30 a 34.9 |
Obesidade classe I |
Moderado |
35 a 39.9 |
Obesidade classe II |
Grave |
> 40 |
Obesidade classe III |
Muito grave |
Existem diferentes tipos de obesidade?
A forma como a gordura se distribui em seu corpo também contribui como fator de risco para doenças. Para classificar a distribuição do tecido
adiposo no seu organismo, é usada a medida da relação cintura-quadril
(RCQ), que consiste na relação entre a menor circunferência entre o
gradil costal e a cicatriz umbilical e a maior circunferência da extensão posterior da região glútea. Quanto maior a RCQ, maior a correlação com isquemia coronariana, diabetes mellitus, hipertensão arterial e dislipidemias.
Existem dois tipos básicos de distribuição de gordura:
Obesidade ginóide ou em forma de pêra: gordura
concentrada na região subcutânea (abaixo da pele), particularmente da
cintura para baixo, acomete mais as mulheres. Neste tipo de obesidade, a RCQ é menor que 0,8 para mulheres e menor que 0,9 para homens.
Obesidade andróide, em forma de maçã ou obesidade visceral: a gordura
concentra-se no abdome, profundamente entre as vísceras e acomete mais
os homens. O tipo andróide é o que mais se relaciona com um maior risco
cardiovascular. Neste tipo de obesidade, a RCQ é maior que 0,8 para mulheres e maior que 0,9 para homens.
Quais as consequências da obesidade para a saúde?
A obesidade pode acarretar sérios riscos à saúde. Segundo a cartilha da Organização Pan-Americana de Saúde, o índice de massa corporal acima do ideal contribui para cerca de 58% do diabetes, 21% das cardiopatias isquêmicas e entre 8% e 42% de certos tipos de câncer.
Consequências da obesidade para a saúde:
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Aparelho cardiovascular: hipertensão arterial, arteriosclerose, insuficiência cardíaca congestiva e angina do peito.
-
Complicações metabólicas: hiperlipidemia, intolerância à glicose, diabetes tipo 2, gota.
-
Sistema respiratório: dispnéia, fadiga, síndrome de insuficiência respiratória do obeso, apnéia do sono e embolia pulmonar.
-
Aparelho gastrintestinal: esteatose hepática, colelitíase, refluxo gastroesofágico e carcinoma do cólon.
-
Aparelho genito-urinário e reprodutor: infertilidade e amenorreia, incontinência urinária de esforço, hiperplasia e carcinoma do endométrio, carcinoma da mama, carcinoma da próstata, hipogonadismo hipotalâmico e hirsutismo.
-
Outras alterações: osteartroses, insuficiência venosa crônica, risco anestésico, hérnias e propensão a quedas.
-
Alterações socio-econômicas e psicossociais: discriminação
educativa, laboral e social; isolamento social; depressão e perda de
auto-estima.
Como prevenir?
A prevenção da obesidade adulta deve ter como alvo prioritário o tratamento com êxito da obesidade infantil. Cerca de 30 % das crianças obesas tornam-se adultos obesos. Além disso, a obesidade da criança que persiste na vida adulta é uma forma mais grave de obesidade, trazendo mais doenças e mortalidade do que a que se instala na vida adulta.
A prevenção da sobrecarga ponderal ou a reversão de pequenos ganhos de peso é mais fácil e potencialmente mais eficaz do que tratar uma obesidade instalada.
As principais medidas de prevenção baseiam-se em conhecer o problema e
melhorar a capacidade de lidar com ele através de estratégias de
educação, alteração do comportamento e a redução da exposição a um
ambiente promotor de obesidade.
A promoção de padrões de alimentação saudável e atividades físicas
regulares colaboram muito para que esta doença seja evitada.
Como tratar?
O tratamento deve ser baseado em uma mudança em seus hábitos alimentares, com a restrição na ingestão de calorias
e a prática regular de atividades físicas de acordo com o que for
adequado e orientado para cada pessoa. Todas essas modificações exigem
sua participação ativa e a conscientização em relação à importância de
suas atitudes no futuro de sua saúde.
O médico deve detectar os fatores que interferem de forma negativa no
sucesso do seu tratamento para que este seja sustentável a longo prazo,
antes de iniciar a perda de peso propriamente dita.
O primeiro passo a ser avaliado é se existe uma motivação real para o
desejo de perder peso. Um programa de perda de peso vai exigir
dedicação e disciplina por parte de quem deseja emagrecer. Toda mudança
de hábito é inicialmente complicada, mas as vantagens advindas dessa
mudança fazem com que as pessoas permaneçam buscando melhorias
concretas.
Motivação através da informação sobre as dificuldades e os benefícios
das mudanças de comportamento necessárias e suporte para que estas
mudanças possam realmente acontecer são de extrema importância para o
sucesso do tratamento.
A história dos seus hábitos alimentares é importante tanto para
estabelecer um plano dietético como para a identificação de distúrbios
de comportamento alimentar, que podem impedir a obtenção de resultados
satisfatórios. A compulsão alimentar, o comer noturno e a necessidade de
comer induzidos por certas condições emocionais devem ser explorados e
tratados com cuidado.
O médico deve informar que a tendência ao ganho de peso não
desaparece com o tratamento, sendo geneticamente determinada. Você
precisa ter em mente que a predisposição para ganhar peso é um problema crônico.
Isto ajuda a adotar as mudanças nos hábitos alimentares e a entender
que a prática de exercícios físicos regulares deve persistir por toda a
vida. Por isso, é importante que a atividade física a ser realizada
traga prazer e o plano dietético deve começar a fazer parte de um hábito
alimentar normal.
Mudanças exigem, muitas vezes, um longo período de adaptação e o
encontro de fontes alternativas de prazer que substituam o ato de comer.
Assim sendo, as vantagens e desvantagens de tais mudanças devem ser
avaliadas e você deve sentir-se livre para decidir, levando em conta as
perspectivas do ponto de vista médico.
O estresse e a depressão são condições que podem predispor ao
descontrole para comer, principalmente naqueles que não se sentem
motivados para começar um tratamento. Estas condições associadas à
auto-imagem negativa e à baixa auto-estima, dificultam os
relacionamentos sociais, interferem no comportamento sexual e são
fatores importantes que levam à falta de motivação e à sensação de impotência
quanto às mudanças necessárias.
É importante que o seu médico esteja
atento e elimine estas barreiras deixando que você expresse os seus
sentimentos. O aprendizado de técnicas de relaxamento, ioga e meditação
podem ajudar a lidar com este tipo de descontrole para comer.
A obesidade tem relação com a idade?
Com o avançar da idade a quantidade de músculos tende a diminuir e a de gordura passa a representar maior porcentagem do peso total do corpo. Esta menor quantidade de massa muscular significa diminuição no metabolismo e diminuição na necessidade de calorias.
Se você não diminuir a ingestão calórica com a idade, certamente você
ganhará peso. A menos que aumente a quantidade de exercícios que
realiza.
A incidência de obesidade
na infância está aumentando em todo o mundo, assim como suas
complicações clínicas. Ela predomina no primeiro ano e após o oitavo ano
de vida e é maior nas famílias de maior renda. Atualmente as crianças
ficam muito em casa, sentadas ou deitadas na cama, jogam video-game por
tempo prolongado, navegam pela internet, assistem vídeos ou estão
ligadas na TV. Diminuíram suas atividades ao ar livre, com conseqüente
diminuição do gasto energético e aumento do peso.
É em torno dos dois anos e meio que se definem o número de células
gordurosas de uma pessoa adulta. Uma criança com excesso de peso pode
ter maior número de células gordurosas que uma criança com peso normal.
Na fase adulta, tendo maior número de células gordurosas, essa pessoa
terá maior dificuldade em se manter magro. As pessoas que possuem menor
número de células gordurosas, mesmo que venham a ganhar algum peso, não
serão obesas, já que possuem poucas células que armazenam gordura.
Perguntas que você pode fazer ao seu médico:
- O que muda na minha rotina após o diagnóstico de obesidade?
- O que acontece se eu não conseguir fazer um bom controle do meu peso?
- Quais as minhas chances de ter um filho obeso?
- A obesidade implica em alguma mudança na minha vida profissional?
- Quando são indicados medicamentos para o controle da obesidade?
- Por que o controle do peso e as atividades físicas regulares são tão importantes?
- Quanto de peso eu devo perder? Em quanto tempo?
- Como minha família e meus amigos podem ajudar no controle do meu peso?
- De quanto em quanto tempo devo checar o meu peso?
- Qual o melhor tipo de atividade física para mim?
Fontes:
Ministério da Saúde
Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) – Cartilha sobre Doenças Crônicas
Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica
ABC.MED.BR, 2008. Obesidade.
Disponível em:
. Acesso em: 1 dez. 2012.
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