Orçamento apertado não é mais desculpa para comer de forma errada. Veja opções econômicas e saudáveis
Por
que os alimentos saudáveis sempre são mais caros? Eis uma pergunta que
passa pela cabeça de muitas pessoas ao visitar as gôndolas dos
supermercados. Mas tudo é uma questão de saber onde e o que procurar.
VivaSaúde consultou diversos especialistas que provam que não é preciso
gastar muito para ter refeições balanceadas e diversificadas.
A carne moída é mais bem metabolizada pelo corpo, pois já vem em parte triturada
A
proteína é importante para o funcionamento do corpo e das células, e
sempre que pensamos nela, as carnes vermelhas vêm imediatamente à
cabeça. Mas, infelizmente, este item nem sempre sai barato,
principalmente os cortes nobres. Mas dá para aproveitar os tipos mais em
conta, que têm o mesmo aporte deste e de outros nutrientes, como a
vitamina B12. "Você pode escolher a moída, por exemplo, que é mais bem
metabolizada pelo corpo, pois já vem em parte triturada", ressalta José
Alves Lara Neto, médico nutrólogo e membro da Associação Brasileira de
Nutrologia (Abran).
Uma
carne também saudável é a dos peixes. E a boa-nova é que dá para
investir naqueles mais baratos e ainda assim, nutritivos. Uma das
melhores pedidas é a sardinha: "Ela tem 110 mg de cálcio e é rica em
ômega-3, um óleo de natureza importante para o organismo", lista Lara
Neto. O atum também é opção, mas o que compramos aqui no Brasil não tem o
ácido graxo em sua composição, por ser criado em cativeiro no Chile e
não vir de águas geladas, como esclarece o especialista. Outra boa
pedida é o porco. A ideia de que ele é mais gorduroso se provou falsa.
"Estudos recentes revelaram que atualmente a carne suína tem menos
colesterol do que a de boi e a de frango", indica a nutricionista Camila
Barrella, da Parâmetro Nutricional (SP).
LISTINHA SALVADORA Veja os alimentos saudáveis que não podem faltar no seu carrinho de compras, e como não pesam tanto assim no bolso.
ALIMENTO | | NUTRIENTES | VALOR MÉDIO* |
Arroz Integral | | Fibras, fósforo, ferro, cálcio, vitamina B | R$ 6,50 (1 kg) |
Feijão-Carioca | | Ferro, potássio, fósforo e cálcio | R$ 4,00 (1 kg) |
Carne Moída | | Proteínas, vitamina B12, ferro, vitaminas A, D e E | R$ 5,20 (1 kg) |
Lata de Sardinha | | Ômega-3, cálcio | R$ 2,50 |
Ovos | | Proteínas, colina, ácido fólico, ferro, zinco | R$ 2,80 (a dúzia) |
Batatas | | Vitamina B, fósforo, ferro, potássio e cálcio | R$ 1,59 (1 kg) |
Pera | | Sódio, potássio, ferro, vitaminas A e C | R$ 3,50 (500 g) |
Banana-Nanica | | Potássio, vitaminas A, B6, C e K | R$ 2,00 (1 kg) |
Abacate | | Potássio, vitamina A, ácido fólico | R$ 1,50 (1 kg) |
Escarola | | Zinco, ácido fólico | R$ 1,85 (maço) |
Alface | | Cálcio, fósforo, ferro, vitaminas A e C | R$ 1,80 (maço) |
Repolho | | Fibras, vitamina C, potássio, cálcio e fósforo | R$ 1,40 (1 kg) |
Abóbora-Moranga | | Fósforo,potássio, cálcio, magnésio, ferro, vitaminas A e complexo B | R$ 1,60 (1 kg) |
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*Preços
calculados pela média dos produtos no site dos supermercados sonda em
Abril/2012. Fonte do quadro: Daniela Jobst, nutricionista funcional
Muita variedade
Mesmo
assim, não é preciso comer carne todo santo dia; ela pode ser trocada
por outros alimentos. Uma opção são os ovos, encontrados por preço bem
em conta. Como indica a nutricionista clínica Janice Chencinski (SP):
"eles são versáteis nos tipos de preparações e dá para consumi-los até
duas vezes por semana". Além disso, não se deve esquecer que a gema é
rica em colina, nutriente importante para o funcionamento do cérebro. E
como variar sempre é bom, algumas leguminosas podem trazer um aporte de
proteínas. "Misturas como ervilha com milho, soja com trigo integral...
Esses são 'casamentos proteicos' muito interessantes na substituição das
carnes em dietas saudáveis", enumera Janice. E a dupla mais brasileira
da alimentação, o arroz com feijão, é um dos maiores exemplos de
benefícios. "Um tem um aminoácido que falta no outro, eles se completam.
Essa junção nos dá a proteína de alto valor biológico, isso se forem
misturados na proporção de duas colheres para uma concha", diz o
nutrólogo. O tipo de feijão não importa. Se a ideia é emagrecer, invista
no carioca, menos calórico.
Ervilha com milho e soja com trigo integral são casamentos proteicos que substituem as carnes
Já
no caso do arroz, é bom gastar um pouco mais e privilegiar o integral,
que tem maior quantidade de fibras, nutrientes que formam um gel no bolo
alimentar e fazem que a glicose e o colesterol sejam absorvidos
lentamente. "Ele também contém proteínas e sais minerais, como fósforo,
ferro e cálcio, e vitaminas do complexo B", ressalta Camila. Mais um
ponto contra os refinados é um estudo recente feito em Harvard (EUA).
Cientistas, depois de analisarem pesquisas orientais e ocidentais,
apontaram uma ligação do consumo do grão refinado com o diabetes tipo 2.
Outro
grupo rico em proteína é o dos laticínios, que contêm muitos
carboidratos e o cálcio, importante para os ossos. Mas o leite pode
pesar na conta. Mesmo assim, é mais barato que seus derivados. "Ele é
indispensável para a alimentação", aponta Camila. O ideal é consumi-lo
desnatado, evitando as gorduras. Os iogurtes também são liberados para a
lista e são fáceis de encontrar. E não se deve esquecer das gorduras
insaturadas, por aumentarem o colesterol bom (HDL). O azeite é rico
neste nutriente, mas você pode substituí-lo também pelo óleo de canola,
que tem vários ácidos graxos, como os ômegas 3 e 6.
Direto da horta
Já
que o arroz integral sai mais caro, mas é essencial para uma dieta
saudável, ele pode ser alternado com a batata, estrela das promoções na
feira e outra fonte importante de carboidrato, que muitas vezes é
considerada uma vilã. Tudo bem que ela é altamente calórica, mas quando
consumida na hora certa, traz benefícios, por ser rica em vitaminas do
complexo B. "Ela deve ser consumida cozida, assada ou ensopada e o ideal
é que seja no almoço, e numa porção de até 150 gramas", explica a
nutróloga Sylvana Braga (SP).
Uma
boa dica são as hortaliças da estação. Por haver mais itens delas para
vender, os preços tendem a ser menores. No caso das frutas, também dá
para congelar. "Algumas valem mais a pena: a goiaba, a manga, a acerola e
o morango... Mas evite fazer isso com aquelas de casca durinha, como a
maçã, pois por ter capa de peptina, elas estouram e perdem o sabor",
ensina Lara Neto. Mas é bom lembrar que o valor nutritivo diminui
conforme o tempo armazenado. O ideal é congelar a polpa, para depois
fazer sucos e doces. "O resfriamento de frutas inteiras ou em pedaços
não é a melhor forma de conservação, pois elas ficam moles ao serem
descongeladas", ressalta a nutricionista Janice. A única que pode ser
lavada, secada e resfriada é a jabuticaba.
Já
os vegetais sem agrotóxicos, encontrados a preços mais altos, não são
tão vantajosos assim. Para o nutrólogo, apesar de não conterem os
venenos, eles são suscetíveis a bactérias, mais perigosas. Mas se você
tem medo dos pesticidas, a nutricionista funcional Daniela Jobst (SP) dá
a dica: "prefira alimentos convencionais com menor risco de estarem
intoxicados: cebola, aspargo, brócolis, abacate, abacaxi, manga, kiwi e
banana".
Outra
forma de economizar nestes itens é aproveitar os talos em várias
preparações. "Uma frase popular diz que a vitamina está na casca. Se
você não consumi-la perde as fibras, e dependendo da cor, alguns
nutrientes como carotenoides que se concentram ali", explica Janice.
Essas partes, consideradas restos, podem ser usadas na preparação de
sopas, tortas, omeletes e até saladas.
De grão em grão
Quando
o assunto são os grãos, a aveia é uma boa pedida. "É uma pechincha
nutricional, por ser barata e ter propriedades, como a redução do
colesterol", explica a especialista. Encontrada em farelo, flocos e
farinha, permite variedade de consumo. Nozes, amêndoas, sementes de
abóbora e gergelim também fazem parte de um cardápio saudável.
Estes
itens podem sair mais baratos ainda se comprados a granel. Porém, é
preciso ficar de olho nas condições em que o produto está exposto, já
que o recipiente também serve para proteger o alimento de algumas
condições do ambiente. "A exposição à luz, ao ar e ao calor afeta o teor
de vitaminas como a C, sensível a estes fatores", explica Janice. Tente
descobrir quando os supermercados recebem estes itens, para comprá-los
nesse dia. Confira se os sacos expostos estão bem lacrados, pois é
possível que ocorra a proliferação de fungos. Por isso, verifique o
local e a forma como estes itens foram acondicionados. Com essas dicas,
falta de dinheiro não é mais desculpa para não se alimentar melhor.
Economizar!
A quantia que você gastará no mercado está em suas mãos. Coloque em prática estas dicas:
> Faça uma lista de compras. Já
saia de casa sabendo o que colocará em seu carrinho. Uma boa ideia é
planejar de antemão os pratos e combinações que pretende fazer na
semana.
> Não faça compras com fome. Quando
o estômago está roncando, é mais fácil comprar aquelas tentações ricas
em sabor, mas pobres em nutrientes para o seu prato e sua saúde.
> Evite pratos prontos e industrializados. Além
de sair muito mais barato fazer a comida em casa, quanto mais naturais
forem os ingredientes, menos químicos e conservantes eles têm.
> Aposte em outros condimentos além do sal. As
ervas como salsinha, tomilho e manjericão são cheias de nutrientes e
fitoquímicos, que atuam como antioxidantes, anti-inflamatórios, entre
outras funções.
FONTE: por Natasha de Franco
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