Desde que o emagrecimento se tornou mais aparente, o olhar dos outros
mudou. Antes eu ainda tinha paciência para ouvir, respirar e responder
com calma, mas foram tantos comentários com uma visão errada do meu
processo que eu apenas desisti. Aí nos últimos dias, vi a mesma cena se
repetindo comigo, com colegas e amigas próximas que também estão
passando pela reeducação alimentar. Comentários do tipo: “não coma isso
porque engorda”, “não me vá engordar uma grama”, “mantenha o foco na
dieta e atividade física”, etc.
A primeira coisa que passou pela minha cabeça sem saco pra estes
tipos de comentários foi: “quando eu tinha 17kg a mais, NINGUÉM teve a
boa vontade, amizade e preocupação de chegar até a mim e conversar sobre
alimentação e academia. Aí agora que eu aprendi como a coisa funciona,
vem um monte de sabichão dar pitaco”. Mas, ao invés disso, resolvi ser
mais educada e tentar esclarecer aqui o que acontece de uma forma bem
didática. Desculpe-me até se o post ficar grande ou se vai doer em
alguém, mas acho que vale a pena ser lido até o final.
Acho que o primeiro GRANDE equívoco é achar que reeducação alimentar é a mesma coisa que dieta. Penso até que muitos nem ouviram falar em R.A., como nós adeptos da mudança carinhosamente a chamamos. Reeducação alimentar é um processo pelo qual o interessado vai passar para mudar seu estilo de vida.
É aprender a comer melhor todos os dias e se exercitar periodicamente.
Já a dieta é feita por um período de tempo bem menor para atingir um
certo peso.
Na reeducação alimentar a gente evita industrializados não porque um
médico mandou ou a revista está sugerindo, mas porque a gente sabe a
quantidade de sal embutida no produto e consequentemente evitamos
hipertensão. Na R.A. nós preferimos fruta e fibras porque entendemos o
benefício de ter um intestino regulado. Na R.A. a gente investe em
salada porque temos ciência das vitaminas, minerais e dezenas de outras
substâncias que farão bem ao nosso organismo. Na R.A. a gente evita
(olha o verbo!) açúcar e a fritura porque sabemos dos riscos de diabetes
e colesterol. Adeptos da reeducação alimentar não são apenas pessoas
acima do peso. Algumas com o IMC dentro do normal precisam de novos
hábitos porque NÃO SABEM COMER BEM.
Na dieta a gente corta isso tudo que está aí em cima como na R.A., emagrece o que tem que emagrecer, mas sem mudança de hábitos muitos engordam tudo de novo. E às vezes até mais do que antes.
Vou citar a minha nutricionista Marina Pantoja pela enésima vez neste blog:
“a vida em sociedade é rodeada de comida. Socializar, na
maioria das vezes, tem comida envolvida. Desde criança somos adestrados’
a comer tudo para ganhar um doce e aprendemos que o doce é sempre uma
recompensa para uma coisa ruim. Não acredito em contagem de calorias,
mas em uma reeducação. Se você comer bem na grande maioria dos dias, não
há problema algum em sair para comer uma pizza, um hambúrguer, etc
porque seu organismo sabe que aquilo ali é o corpo estranho e não a
regra. Ele estará limpo e funcionando diferente”.
Eu só entendi isso quando limpei mesmo meu organismo. Desculpa o
exemplo, mas é o que eu estou passando neste momento: durante 2 dias da
última semana degustei doces para fechar o buffet do casamento e passei
dois dias com diarreia. Por que? Porque meu organismo não está
acostumado mais com a quantidade de açúcar que eu comi, estranhou e está
botando tudo pra fora.
Então vamos pra parte que o povo não entende. Eu, assim como alguns
dos meus colegas, não estamos de dieta. Estamos nos reeducando. Assim
como a Marina falou, há momentos que eu quero comer um sorvete e não um
picolé de frutas ou diet, há momentos que eu quero ir pra um churrasco e
comer carne vermelha com farofa, há momentos que eu quero comer uma
torta de chocolate, etc. Isso NÃO vai me doer, machucar ou engordar 40kg
porque é apenas um momento. Na refeição seguinte, voltarei com minha
salada e irei para a academia normalmente sem peso na consciência.
Quem passou pela reeducação sabe que esses desejos não acontecem
todos os dias. Eles viram exceções mesmo. Já recusei chocolate, por
exemplo, porque não estava a fim. Sem vontade de comer. Não porque iria
engordar. Já recusei pizza porque vi a quantidade de gordura escorrendo
da bichinha e sabia que iria passar mal no dia seguinte.
Pra turma que está de dieta e me lendo:
desista disso e invista na R.A. Tire esse negócio de “quero ser magra a todo custo” da cabeça. Só a R.A. vai te ajudar a emagrecer e MANTER
O PESO desejado pro resto da vida. Fora isso, um outro benefício é
LIBERDADE. Liberdade de você comer porcaria SIM. A gente merece de vez
em quando. Não há problema algum quando isso for, de novo,
EXCEÇÃO E NÃO REGRA.
Chegar na fase da liberdade é duro, difícil e demora tempo. Há caídas
e recaídas. Bater muita cabeça na parede até você tomar controle da
situação. Passei uns 10 meses brigando com minha consciência, sofrendo
por qualquer caloria ingerida a mais e chorando achando que nunca ia
poder voltar a sair com amigos e comer batata frita, por exemplo. Hoje
eu saio, como umas 5 e tô bem. Sabe aquela coisa de só sentir o
gostinho? Pois é. Me satisfaço com pouco e não prejudico a minha R.A.
Ainda preciso perder 7kg para chegar no IMC normal. Os 68kg não foram
definidos por número de calça ou estética imposta, mas sim por questão
de sobrepeso e gordura no fígado. Confesso que no início deste blog eu
pensava mais na estética de entrar em um vestido de noiva sem parecer o
bolo do casamento do que na saúde, mas saúde é muito mais importante que
qualquer P. Claro que a barriga e os braços gordos ainda me incomodam.
Qual mulher não reclama da sua aparência? Mas saber que estou com uma
auto estima que não tinha há mais de 10 anos é o melhor presente desta
jornada.
Repense os motivos porque você entrou nessa e mude da maneira correta. R.A. e não dieta.
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