Na receita médica de quem não quer sofrer
com a doença deve estar prescrito o levantamento de peso. Somado ao
exercício aeróbico, ele tem o mesmo poder de um medicamento no controle
do açúcar no sangue.
por THEO RUPRECHT / design PILKER / fotos DERCÍLIO / Infográficos PILKER e
O halter é mais do que um instrumento em prol do vigor e da beleza.
Peça básica das academias, ele também dá uma força e tanto para domar o
mal que eleva a glicose na circulação. É o que comprova um trabalho da
Universidade do Estado da Louisiana, nos Estados Unidos.
Lá, cientistas
separaram 262 diabéticos do tipo 2 em dois grupos: um se concentrava nas
práticas aeróbicas, como a corrida; já outro aliava as passadas a
exercícios anaeróbicos — a famosa musculação. Após nove meses, os
pesquisadores averiguaram o índice de açúcar dos últimos 90 dias.
Entre
os que adotaram a combinação, houve uma redução de quase 7% nesses
níveis, o dobro em relação à outra turma. "Estudos feitos com remédios
mostram diminuição semelhante", diz Carlos Eduardo Barra Couri,
endocrinologista da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto, no
interior do estado.
Além disso, o aumento no uso de medicamentos
ficou em torno de 18% nos participantes que fizeram o treino duplo,
contra 22% em quem se limitou às pedaladas. "Aparentemente, atividades
aeróbicas e resistidas são complementares, porque mexem com mecanismos
diferentes no corpo", ressalta o fisiologista Timothy Church, que assina
o estudo.
Na hora de tirar um peso do chão, a via utilizada pelo
organismo para conseguir energia é diferente da empregada em uma
caminhada. "A atividade anaeróbica tende a usar glicose, enquanto a
aeróbica se vale, dependendo da duração, mais da gordura", esclarece o
educador físico William Komatsu, da Universidade Federal de São Paulo, a
Unifesp.
Não custa reforçar: é a mistura entre supino e esteira
que traz melhores resultados. Isso porque, se por um lado erguer barras
pesadas torra glicose aos montes, são as passadas largas e rápidas que
diminuem a barriga. "E o acúmulo de gordura na região abdominal
prejudica o trabalho da insulina", explica Marisa Passarelli,
fisiologista do Laboratório de Lípides da USP.
Se esse hormônio não
funciona corretamente, a glicose fica fora das células e, logo, sobra
nas artérias. Mais do que esvaziar os pneus da cintura, esportes como a
natação condicionam o sistema cardiovascular. Isso, além de facilitar o
trabalho da insulina, serve como proteção contra infartos e afins.
"Problemas no coração são, disparado, a principal causa de morte entre
diabéticos", reforça Nabil Ghorayeb, médico do esporte e cardiologista
do Hospital do Coração, na capital paulista.
Para se valer dos
benefícios dessa união, no entanto, é importante visitar a sala de
ginástica com frequência. Em contrapartida, exagerar na malhação é um
tiro pela culatra (saiba o porquê no quadro acima, à esquerda),
especialmente para quem tem diabete e, portanto, necessita de cuidados
antes de pôr o calçado esportivo. Um deles, aliás, é usar tênis
adequados e meias para evitar feridas nos pés que podem passar
despercebidas e, então, culminar em problemões (observe na lista ao lado
outras medidas essenciais). Desde que tudo esteja em ordem, tenha
certeza: qualquer academia é bem-vinda aos diabéticos em busca de uma
vida saudável.
NADA DE EXCESSOS!
Os
níveis de açúcar de quem não maneira na atividade física ficam
instáveis. Em alguns casos, caem drasticamente, gerando hipoglicemia. Em
outros, são catapultados. "A sobrecarga pode aumentar a presença de
hormônios como a adrenalina, que estimulam a descarga de glicose na
circulação", atesta William Komatsu, da Unifesp. Esse quadro, se mantido
por muito tempo, afeta os vasos sanguíneos.
CHECKLIST DO DIABÉTICO
›› Fazer testes ergométricos regularmente
›› Medir a glicose antes, ao longo e depois da atividade
›› Realizar exames oftalmológicos
›› Não se exercitar com glicemia acima de 250 mg/dL
›› Andar com identificação de diabético
›› Coordenar, com o médico, o uso dos medicamentos
›› Fazer uma avaliação cardiológica completa
›› Levar sachê de açúcar líquido para eventual hipoglicemia
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