01/02/2012 10h39
- Atualizado em
01/02/2012 15h01
Comer demais, sem vontade, engolir rápido e sentir culpa são sinais.
Três a cada quatro pessoas diagnosticas com o problema são obesas.
Comer demais de vez em quando é um problema que a maioria das pessoas
enfrenta, principalmente nos finais de semana ou eventos especiais. Mas
há aqueles que se descontrolam sempre na frente da comida, mesmo sem
fome. Resultado: passam mal ou se sentem culpados.
O assalto à geladeira durante a noite também é característica da
compulsão alimentar, um problema que atinge até 4% da população geral e
6% dos obesos – podendo alcançar metade dos indivíduos mórbidos, segundo
dados da Associação Americana de Psiquiatria.
O compulsivo não tem hora para comer: é um "saco sem fundo" e abocanha
qualquer coisa o tempo todo, mesmo quando o corpo não precisa de
energia.
Como consequência, 75% das pessoas com esse distúrbio químico nos
mecanismos da saciedade ganham muito peso, pois consomem mais calorias
do que precisam por dia, principalmente na forma de doces e gorduras.
Aquelas que não engordam, segundo o endocrinologista
Alfredo Halpern, é porque têm compensação calórica inconsciente ou um metabolismo muito bom.
Além disso, muitos indivíduos compulsivos também sofrem de depressão,
ansiedade e outros transtornos psíquicos, como explicou o psiquiatra
Adriano Segal.
O especialista disse que alguns pacientes chegam a comer alimentos crus
ou congelados, não por prazer, mas por descontrole. E, num prazo curto
de 2 horas, essa ingestão pode chegar a 15 mil calorias, sendo que um
adulto normal precisa em média de 2 mil calorias por dia para viver.
De acordo com Halpern e Segal, a compulsão também pode estar associada a
um transtorno bipolar e a uma personalidade de excessos, como acontece
com compras e drogas, por exemplo. E os episódios de "ataque" são mais
frequentes no fim da tarde e à noite, quando a pessoa chega a consumir
até 50% das calorias totais daquele dia.
Alguns pacientes fazem misturas inacreditáveis, como pão com leite
condensado e chocolate, biscoito de chocolate recheado com queijo branco
ou biscoito salgado com iogurte – e por aí vai.
As mulheres costumam sofrer mais, e aliar esse comportamento a dietas malucas ou remédios para emagrecer sem prescrição médica.
Tratamento
No caso de doenças crônicas e psiquiátricas, como a compulsão alimentar, raramente se fala em cura, mas em tratamento.
Os cuidados são comportamentais, com a mudança de estilo de vida,
reeducação alimentar e a prática de exercícios, ou farmacológicos, com a
administração de medicamentos antidepressivos (que modificam os
caminhos da serotonina no corpo) e indutores de saciedade.
Os médicos aconselham a atividade física para esses pacientes porque os
exercícios diminuem os níveis de depressão e ansiedade, com a liberação
de endorfina, hormônio que dá sensação de prazer e substitui a
serotonina liberada pela comida, cujo efeito é semelhante.
Quem pratica exercícios também queima mais calorias e tende a comer
menos gordura, o que facilita o controle de peso e melhora o
funcionamento intestinal, contribuindo de forma ampla para o tratamento
do problema.
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