Anita Mills tinha 173 quilos quando um médico lhe deu quatro regras
simples para perder peso: comer 225 gramas de alimentos a cada 3 horas;
não tomar bebidas açucaradas; não pular refeições e não contar a ninguém
o que estava fazendo.
109 quilos mais leve, Anita agradece a última dica para passar pelos
meses mais difíceis de sua viagem à perda de peso. Não ter alguém para
questionar cada mordida ou tentar convencê-la a relaxar nos finais de
semana lhe ajudou muito a se concentrar no seu objetivo.
“É muito melhor entrar em uma sala e alguém dizer: ‘ei, você está
fazendo alguma coisa de diferente?’, do que anunciar: ‘estou em dieta’, e
ter pessoas apontando o dedo para você”, conta.
O conselho parece contraintuitivo. Vigilantes do Peso e grupos
semelhantes dizem que apoio é uma das principais razões para o sucesso
dos seus programas. Estudos descobriram que a responsabilização é
importante na realização de um objetivo.
Mas, segundo alguns especialistas, contar a família, amigos e
Facebook sobre seus planos de dieta pode ter um efeito prejudicial.
Jon Walz, médico de Anita, culpa a necessidade de sigilo sobre a
cultura da obesidade. Desde a infância, nós procuramos pessoas que se
parecem e agem como nós. “As pessoas que são obesas vivem com pessoas
obesas, acham amigos obesos. A maioria dos pacientes não reconhece o
quão ruim é o estilo de vida que têm, porque acham normal”.
Como seres humanos, temos dificuldade com mudanças. Então, quando
alguém que amamos altera seu estilo de vida, temos um problema em lidar
com isso – mesmo que a transformação seja positiva.
“Deliberadamente ou não, a família, os amigos, e outras pessoas que
fazem parte da cultura do indivíduo ‘resistem’ à mudança”, diz Walz.
Há outras razões para manter seus planos de emagrecimento para si
mesmo. O Dr. Peter Gollwitzer, professor de psicologia, estuda como
metas e planos afetam a cognição e o comportamento.
Em seu trabalho de pesquisa, “Quando as intenções se tornam
públicas”, Gollwitzer descreve como ‘contar a verdade’ – e a resposta
resultante – pode alterar as ações de alguém.
Todo mundo tem o que Gollwitzer chama de um “objetivo de identidade”
de algum tipo, seja ser uma boa mãe ou um melhor cientista. No caso da
perda de peso, o objetivo é ser um “perdedor de peso” de sucesso.
Para alcançar uma meta de identidade, você precisa de indicadores de
suas realizações. Para um cientista, isso pode significar publicar
trabalhos de investigação ou o reconhecimento de um chefe. Para alguém
em dieta, isso pode significar perder alguns quilos ou receber elogios
de amigos e família.
Gollwitzer descobriu que, quando você diz às pessoas o que você
pretende fazer, e essa intenção é reconhecida, o reconhecimento se
qualifica como um indicador de realização. “O perigo é que você acha que
já atingiu a meta e por isso não tem mais que agir sobre ela”, diz.
Em outras palavras, quando você conta a um amigo que você está
planejando perder tantos quilos e ele percebe sua boa intenção, você já
não sente a necessidade de ir até o fim, através de exercícios ou uma
alimentação saudável.
Há uma série de maneiras de evitar esse fenômeno. “Uma delas é
simples – manter a boca fechada”, diz Gollwitzer. “Outra é formar
diferentes tipos de intenções. Não só dizer o que você quer fazer, mas
também quando, onde e como você deseja fazê-lo”.
Esse planejamento ajuda a criar ações de controle da situação. Quando
você estiver na academia antes do trabalho, a situação que você traçou
mentalmente ajuda a controlar o seu comportamento, em vez de meramente
sua intenção de se exercitar, por exemplo, que pode “te enganar”.
A terceira maneira é contar seus planos apenas para uma ou duas
pessoas que “detêm poder” sobre você (metaforicamente), para que eles
possam ajudá-lo a manter as suas intenções.
Selecione as pessoas com cuidado. Pessoas com energia negativa ou um
treinador que não se encaixa no seu estilo não vão ajudar. Mas se você
encontrar alguém que o responsabilizará de uma boa forma, compartilhe
suas intenções. Assim, ele vai lhe ajudar a não desistir.[
CNN]
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